Tuesday, December 19, 2006

Apertem os cintos, o avião sacudiu!

Do diário de Scott Foutley

- última chamada. Passageiros do vôo 815 com destino à Nova York, embarque imediato no portão 4L. Embarque imediato.

- Gente, esse não é o nosso vôo?

Sam saiu do banheiro com uma cara assustada, o cabelo ainda pela metade sem pentear. As aulas já haviam terminado e estávamos de férias, rumo à Nova York, sem qualquer tipo de pai por perto. Puxei a passagem do bolso depressa e constatei que ela tinha razão, aquele vôo que estão chamando insistentemente era o nosso. Catamos as malas no chão de qualquer jeito e saímos desabalados pelo aeroporto de Heatrow, esbarrando nas pessoas sem cerimônia, não tendo tempo de pedir desculpas ou licença. Já estávamos perto do portão 4L quando o autofalante tornou a chamar.

- Atenção. Os passageiros do vôo 815 com destino a Nova York, Scott Foutley, Louise Storm, Yulli Kinoshita, Alexandra McGregor e Samantha Wood, queiram comparecer ao portão de embarque 4L, a tripulação os aguarda para a decolagem.
- Ah ótimo, muito legal mesmo! – resmunguei enquanto empurrava a passagem de qualquer jeito na mão da mulher no portão e entrava correndo

Quando alcançamos a porta do avião, paramos de correr. O avião inteiro estava nos esperando e todos os olhos estavam voltados para nós 5 enquanto percorríamos o corredor até nossos acentos. Infelizmente não tinham mais acentos na 1ª classe quando compramos as passagens e tivemos que passar por mais da metade do avião até encontrarmos os nossos, lá no fundo.
Depois que nos acomodamos, as portas do avião foram fechadas e levantamos vôo.

- Sam? Alex? Estão se sentindo bem? – Louise falou com uma voz preocupada e olhei para elas

Sam estava mais branca que os fantasmas de Hogwarts, colada no acento olhando fixamente para o banco na sua frente. Peguei a mão dela e estava gelada. A situação de Alex não era muito diferente, com a diferença que ao invés de ficar imóvel, estava batendo os dedos nervosamente na poltrona. Yulli, Lou e eu nos olhamos e rimos na mesma hora: elas nunca tinham andado de avião e estavam com medo.

- Não se preocupem meninas! Acidentes de avião são raros de acontecer – Yulli falou sem conter os risos
- É verdade, é muito difícil cair algum... – Lou completou entrando na brincadeira – mas quando cai, bom, melhor nem contar...
- Parem com isso, estão piorando a situação. – falei sério e elas riram ainda mais – podem ficar calmas, é seguro. Logo estaremos pousando em Nova York e vocês nem vão ter sentido a viagem.

As meninas pararam de rir e pediram a uma das aeromoças para trazer dois calmantes, forçando as duas a tomar. A viagem seguiu tranqüila depois dos tranqüilizantes. Alex e Sam apagaram por boa parte dela e nós três íamos jogando carta para passar o tempo. Já havia amanhecido, estávamos perto de chegarmos ao aeroporto de Newark, quando o avião começou a sacudir. As aeromoças que faziam o serviço de bordo naquele momento correram de volta aos seus acentos e a voz do piloto ecoou no avião. Infelizmente, Sam e Alex acordaram com o barulho.

- Atenção Srs. Passageiros, no momento estamos passando por uma pequena turbulência. Permaneçam em seus acentos com os cintos afivelados. Logo estaremos voando com estabilidade outra vez.
- Ai Merlin, é agora que eu morro! – Sam gritou apavorada
- O avião vai cair, o avião vai cair! – Alex gritava com ela
- Calma, é só uma turbulência, daqui a pouco para! – falei tentando em vão acalmá-las
- Que diabos é turbulência e por que ela sacode o avião?? – Sam agarrou a gola da minha camisa com jeito de que seria capaz de me assassinar ali mesmo
- Aeromoça, aqui por favor! – Louise chamou estalando os dedos – precisamos de mais dois calmantes, rápido!
- Não quero calmante, quero descer daqui! – Alex falou de olhos fechados. Acho que estava rezando.

Mas a aeromoça nem se mexeu. Ela fazia sinal com a mão para que esperássemos a turbulência passar, pois ela não podia sair de lá. Sam pôs as pernas em cima do banco em posição de yoga e começou a recitar um mantra que não conseguíamos entender praticamente nada. Confesso que apesar da situação estar beirando o caos, estava difícil controlar a risada. Yulli e Louise estavam quase com o punho inteiro na boca sufocando as gargalhadas para não piorar as coisas e eu puxei o saco de vomito preso no banco para rir dentro dele. A turbulência durou aproximadamente 5 minutos, mas parecia uma eternidade. Estávamos com falta de ar de tanto rir quando o avião se estabilizou novamente, já começando a se preparar para a aterrissagem.

Quando ele já estava parado na pista do aeroporto de Newark, Sam e Alex cataram as bolsas e saíram em disparada para fora dele. Saímos atrás delas com calma e as encontramos sentadas no chão ao lado da esteira das bagagens, com expressões aliviadas. Esperamos nossas malas passarem, as apanhamos e saímos no meio da multidão que aguardava seus parentes e amigos chegarem. Olhei ao redor e nem sinal dos meus tios. Bom, Long Island é um pouco distante de Nova York, eles devem estar presos em algum engarrafamento.

- Gente eu estou com fome. Aquele café do avião parecia borracha, podemos procurar uma lanchonete? – Yulli falou exausta e todos concordamos com ela

Saímos arrastando as malas para a área de alimentação do aeroporto, mas vimos que era uma péssima idéia comer ali no momento em que pisamos no andar onde ela se encontrava. Era impossível enxergar as lanchonetes e restaurantes devido ao mar de gente que se concentrava na porta delas, comprando suas comidas e lotando todas as mesas disponíveis. Alex então deu a idéia de guardarmos as malas nos armários e procurarmos um lugar fora do aeroporto. A idéia foi prontamente aprovada, estávamos todos loucos para ver um pouco da cidade antes de irmos para o interior de Nova York.

- Pronto, podemos ir! – falei guardando a chave do armário no bolso
- New York, baby! – as meninas falaram animadas

Atravessamos a porta do aeroporto para encararmos a fria manha do dia 20 de Dezembro de 1976. E naquele instante, quando avistamos as movimentadas ruas de Nova York, esqueci por completo que haviam pessoas vindo nos buscar e que não deveríamos sair do aeroporto...

Thursday, December 07, 2006

Sombras perversas

Do diário de Alex McGregor

- Vamos logo Lu. - eu apressava meus passos em direção á torre de Advinhação.
- Correr pra que? Pra sentar em posição de Lótus e meditar por horas e não conseguir fazer nada? Não sei como você consegue chamar isso de treinamento Alex, aproveitaria melhor o meu tempo com a Mirian ou até mesmo estudando... - reclamava Alucard.
- E você acha que ter a capacidade de se desligar das coisas e entrar em estado meditativo não é importante, na profissão que vamos seguir? Precisamos conhecer nossa mente.
- Ah, mas vamos caçar foras da lei, criaturas perigosas. Nenhum deles vai perguntar se sabemos fazer a saudação ao Sol.
- Deixa de ser resmungão. O seu pai concordou que o treinamento da Endora seria útil a você. E até o maior bruxo de todos os tempos, apóia os métodos dela.
- Eu até agora não entendo como aceitei facilmente participar disso. Eu devia estar muito mal mesmo...
- É você não estava em seus melhores dias, além de estar bem desesperado por uma solução, e já que ela surgiu, vamos aproveitar. Lembre-se que podia ser pior.
- Pior como?
- Já pensou se tivéssemos que raspar a cabeça?Ainda mais agora que seu cabelo está lindo comprido assim. Ou usar substancias esquisitas e aquelas roupas de hippie, não tomar banho... – enumerei enquanto chegávamos à porta da torre de Adivinhação e batíamos para entrar.
- Sem chance, Merlim nos defenda. – Ele disse revirando os olhos imaginando a cena que eu descrevia
A professora Endora nos esperava com um sorriso nos lábios e mandou que nos acomodássemos em posição de Lótus. Lu piscou para mim e disse entre os lábios: Não falei?
Estávamos ali, há mais de vinte minutos e tudo caminhava bem, quando de repente:
- Cuidado.
- Saia daí...
-Está quente demais, você vai ficar sem ar...
-Eles estão se aproximando...
Alucard estava tendo uma de suas visões e pela sua agitação a coisa estava bem feia. Ele transpirava muito, e em dado momento suas presas apareceram. Olhei para Endora pondo a mão na varinha e ela me sinalizou para esperar.
- Kyle acorde. Eles têm dementadores com eles. ACORDA CARA...
Alucard pulou e abriu os olhos vermelhos e suas presas estavam à mostra. Quando nos focalizou voltou ao normal.
- É o Kyle. Está num lugar estranho e está desacordado. Ele parece sem vida, mas não está morto, é esquisito...
- Eu vou lá. - Disse agitada.
- Não Alexandra. Seu irmão deve estar em alguma missão. E Kham não o deixaria sozinho. - respondeu Endora.
- Ele está sozinho, os outros não conseguem alcança-lo. A dor era tanta que ele desfaleceu Alex. Precisamos fazer alguma coisa... – disse Lu aflito.
-Se alguma coisa sair errada, você pode não voltar para seu corpo. – disse Endora.
- Preciso tentar professora. Eu vou até lá ajudar, ou de que vai me adiantar ter este poder? - respondi encarando Endora e ela ao olhar para meus olhos assentiu.
Deitei-me e ouvi alguams palavras antes de adormecer:
- Eu quero ir também, preciso fazer alguma coisa. – disse Lu agitado.
- Senhor Chronos sente-se e observe. Alex vai precisar de sua ajuda depois, não sabemos o que ela vai encontrar lá.

Logo meu corpo astral chegava a um lugar excessivamente quente, sentia a energia de Kyle se esvair, Lu tinha razão ele iria morrer.
Aproximei-me dele e vi o quanto estava pálido.
- Kyle! Acorde, você precisa sair daqui.
Ele estava inconsciente e notei que o ar começou a ficar gelado à medida que os dementadores se aproximavam. Pude ver que ele estava separado dos outros aurores por uma barreira e eles lançavam feitiços para tentar rompe-la. Havia enormes cortes pelo seu corpo, como se tivessem lançado um feitiço de corte mal feito nele, que sangravam, bastante. Meu corpo começou a ficar iluminado, e isto fez os dementadores hesitarem em se aproximar.
- Eu preciso te tirar daqui, você precisa acordar...
- Ele precisa de algum toque de vida, Alexandra... Concentre-se. - ouvi Endora.
Aproximei-me dele e notei que minha aparência não era tão etérea. Eu estava quase sólida. Vi que pela sua boca aberta um vapor prateado começava a sair.
Toque de vida... Precisa de algo que o faça se sentir vivo. - ouvia Endora sussurrar em minha cabeça.
Aproximei-me dele, e o beijei.
Ele pareceu levar um choque pelo que eu fazia e levantou o corpo rápido, fazendo uma careta de dor. Seus olhos estavam meio desfocados.
- Selene...
- Rápido. São dementadores... - e dois deles vieram para cima de nós, pareciam famintos.
- EXPECTUM PATRONO. - Kyle gritou o mais forte que podia e da ponta de sua varinha saiu um enorme urso prateado e começou a afugentá-los.
Nesta hora alguns aurores conseguiram romper a barreira e afugentaram os dementadores, uma mulher morena correu para o lado dele e o abraçou:
- Querido, você está bem? - notou minha presença e apontou a varinha para mim, e pude ver os ciúmes em seus olhos tão negros quanto seus cabelos, e ele segurou a mão dela.
- É... Minha... irmã. – e caiu desmaiado.
Encarei a garota por algum tempo, mas comecei a sentir-me fraca e voltei rapidamente para o meu corpo estendido na torre de adivinhação.
Eu estava gelada.
- Abrace-a para se aquecer Alucard, ela demorou mais do que devia.
Alucard, envolveu-me em umas peles trazidas por Endora e me abraçou para que eu me aquecesse mais rápido enquanto a professora preparava um chá forte e despejava um líquido escuro numa xícara. Abri os olhos e meu amigo percebeu que eu havia sido bem sucedida. Sorriu aliviado. Endora trouxe o chá forte e ao tomá-lo engasguei. Sentia-me em chamas:
- O que tem nisso? Cof, cof, cof...
- Conhaque. Isso a aqueceria mais rápido. Hoje você foi ousada demais Alex, pois ainda não tem força suficiente para ficar tanto tempo fora do corpo, recebendo toda a sorte de feitiços. Mas você vai dizer que precisava tentar blá, blá, blá...- disse séria.
- Professora Endora. Isso me deixou preocupado agora, o que aconteceu com o Kyle foi agora, e eu pude reconhecê-lo. Geralmente eu sinto como as previsões fossem mais futuras e eu geralmente não consigo identificar as pessoas. - perguntou Alucard.
EB - Isso ocorre porque a dor que você sente é intensa demais para você agüentar por isso você acorda antes de entender o que está acontecendo. Só que desta vez, você suportou a dor e pode identificar o seu amigo e ajuda-lo. Por isso que após cada visão, seu lado vampírico é ativado. Ele se ativa para mantê-lo vivo, pois tecnicamente esse seu lado já está morto, não tem como sofrer dores.
AC - Entendo... Mas não são perigosos esses momentos? Digo, ainda não tenho total controle sobre esse lado, pode acontecer algo?
- Se algo acontecer, eu vou ser a primeira a te lançar um feitiço, Lu. - Alex falou rindo, apesar de ainda fraca - Mas acho que não seria preciso, você consegue se controlar.
- Espero que eu sempre consiga controlar... - Alucard baixou os olhos e vi que ele ainda se ressentia do acontecido nas férias, mas logo ele levantou o rosto com uma nova dúvida.
AC - Professora, você disse que meu lado vampírico é ativado para preservar a minha vida não?
EB - Exatamente, conversei sobre isso com o professor Dumbledore e ele concorda. Seu lado vampírico é mais forte e resistente.
AC - Mas então, porque na última visão, a dor foi muito mais intensa? Eu não conseguia sequer tocar a Mirian e a Alex.
- Isso eu ainda estou tentando descobrir. Mas ainda não consigo entender perfeitamente... Alex conte-nos como foi lá.
Comecei a contar o que havia visto e ao final perguntei:
- Porque eu fiquei quase como de carne e osso?
EB - Isso foi bom. Mostra que você está evoluindo na projeção. Seu corpo astral está tão forte que pode entrar num combate como se você estivesse lá, mas ainda sofre algumas inconstâncias, por isso o seu cansaço. Mas explicarei mais na próxima aula, você precisa ir para sua cama e dormir.
- Não seria melhor ela ficar na ala hospitalar, professora?- Lu perguntou e eu fiz uma careta.
AM - Não, ala hospitalar não. Depois deste chá de levantar defunto, eu preciso apenas de algumas horas de sono, e se eu for pra lá agora, Madame Pomfrey, não vai me deixar sair sem me entupir de poções, e amanhã cedo temos DCAT.
- Ok, Alex, vá para o seu dormitório, mas se você acordar sentindo algo estranho procure madame Pomfrey. Consegue ir para lá?- acenei a cabeça afirmativamente e sai de lá apoiando no braço de Alucard. Após descer o primeiro lance de escadas, comecei a sentir o efeito da projeção, e a sentir-me cansada...
Alucard vendo meu desconforto resolveu a situação; pegou-me no colo para irmos mais rápido:
AC - Desculpa Alex, mas quanto antes você entrar na Lufa, é melhor.
- Obrigada Lu, estou tão exausta que nem vou ligar se a Mirian arrancar minha pele amanhã... – bocejei e encostei a cabeça em seu ombro.
Chegamos a frente à tapeçaria e após dizer a senha, ela se abriu:
AM – Lu, ponha-me no chão, se eu entrar lá deste jeito, as meninas vão se assustar. – ele fez o que eu pedi e minhas amigas estavam no salão fazendo seus deveres. Ben e Mark estavam com elas e quiseram saber o que eu tinha.
Lu disse que eu precisava me deitar rápido, pois a aula havia sido estafante. As garotas me rebocaram para a minha cama, sem fazer perguntas, mas dava para ver que Louise e Yulli ficaram preocupadas. Eu até queria fazer piadinhas, mas estava tão difícil coordenar as idéias. Não lembro de mais nada depois que encostei a cabeça no travesseiro.
O mundo fica tão maravilhoso quando você se entrega ao sono...