Friday, March 27, 2009


‘Querida mamãe

As coisas por aqui estão bem. Após minha última detenção, eu não fiz mais nada de errado, bom, você deve saber disso não é? Não recebeu mais nenhuma carta da diretora. Estou estudando bastante e acompanhando os jogos de Quadribol da escola e me mantendo fora de encrencas. Aliás, o jogo que você me mandou pelo meu aniversário, é muito legal, e todos os presentes que recebi dos tios foram demais. Adorei tudo. Os meus amigos aqui também me deram coisas incríveis, sabia que a irmã do Ty McGregor é minha amiga? Ela me deu duas figurinhas de colecionador autografadas por ele. Não é demais?? E eu adorei o bolo que você mandou, chegou inteiro e todos comeram um pedaço. Valeu mãe, tava sentindo falta do seu bolo de chocolate. Agora preciso dormir um pouco, porque amanhã terei o dia cheio.
Beijos e te amo.
Julian”


“E ai Tonto?
Queria agradecer o presente de aniversário que você mandou. Sabe que não precisava...

A quem eu quero enganar? Adorei receber um livro sobre as lendas dos índios americanos, e também o desenho da Lana de nós três na reserva, diz obrigado a ela ok?
Ficou sabendo das detenções?? Aposto que sim, minha mãe ficou doida rsrs, acredito até que ela foi contar ao professor Blade Silverhorn, e perguntar se eu era assim tão bagunceiro e seu pai garantir que eu estou numa fase de autoafirmação, que todos os meninos passam por isso, blá, blá, blá. E ela engolir o discurso dele rsrs.
Bom, a ultima detenção eu procurei sabe? É que foi assim: fiquei sabendo que aquele pessoal que virou meu amigo aqui, ia cumprir uma detenção na floresta proibida, dada pela própria diretora, imagina que doido. Óbvio que eu não queria perder isso, então eu e Rupert, jogamos fogos Weasley dentro dos caldeirões de uns alunos da Lufa-Lufa, a coisa explodiu e respingou poção de arrepiar os cabelos pra todo lado. Foi engraçado huahuahua Aí quando o professor Yoshi perguntou quem fez aquilo, eu e Rupert nos apresentamos, ele nos deu bronca, disse que íamos ter que ver a diretora, então quando ela olhou para nossa cara, disse que era pra mandar ao Hagrid. Perdemos pontos para a casa, mas Rupert e eu somos bons alunos, já recuperamos dois terços :P. Acho que ela já sabia o porque fizemos aquilo. *pensando*.
E cara valeu a pena, pois foi muito legal! Não, Tonto não tô doido, foi legal, porque eu e a’galera do mal’ JJ, Jamal, Hiro, Ártemis, Clara, Keiko e Haley, fomos ajudar o professor de TCM, Hagrid, o meio gigante, a cuidar de testrálios. A tarefa era simples: íamos cuidar dos testrálios, enquanto o professor entrava na floresta para capturar dois testralios adultos que haviam fugido. Quando o professor nos deixou sozinhos, juntamos nossa meias e fizemos uma bola pra jogar futebol, tudo ia bem, até Hiro, tropeçar nos pés, e cair de encontro às cordas que seguravam os bichos e soltar os ganchos do chão, ai eles com o susto, fugiram. Como sei que eles fugiram sem os ver? Simples! Haley e Rupert gritavam: “segura eles, segura eles” agora eu dou risada, mas no dia foi um desespero. Os únicos que os viam eram Haley e Rup, o resto seguia as orientações deles.
Foi muito engraçado ver Kika (o nome é Keiko, mas apelido dela é Kika), segurando um bife sangrento com nojo e gritando: bichim, bichim, bichim, como se eles fossem gatos sabe?? Haley ficava indignada, mas estávamos tão desesperados com medo de sermos expulsos que apelávamos para tudo, para atrair os bichos. Depois de muita luta, conseguimos juntar todos antes do professor voltar. Claro que ele estranhou estarmos todos sujos e cansados, mas não falou nada, pois viu que os animais estavam bem, e isso é o que mais importa para ele. Todos adoraram a detenção, mas não deixamos o professor perceber né? Como a galera é amiga do professor de TCM desde pequenos, vão pedir pra ele, nos levar em uma excursão na floresta em um fim de semana, claro que é um sonho, mas de repente, vai que ele topa? Imagina ver um unicórnio?? *__*
E ai? Gostou da figurinha?? Haley que conseguiu pra mim, afinal Ty é irmão dela, e ela disse que quando tivermos férias vai me convidar para ir até a casa dela, conhecer ele. Claro que perguntei se posso levar meu amigo indiozinho rsrs. Acho que pareci um pouco folgado, mas é o TJ McGregor, nosso ídolo, ela só riu e disse que sim. Já te falei que ela é muito legal não é? Tonto, não olha com esta cara de ‘ele gosta dela’ como se eu tivesse ‘gostando’ dela. Aliás, do grupo das meninas, se eu fosse ‘gostar’ de alguém seria a Kika, apesar das aparências, ela é muito inteligente, bonita e tem bom humor.
Ok, não tão linda quanto a Rebecca Storm, ou a Gaia Chronos, prima da Arte, mas você entende o que eu quero dizer, quando falo delas. A Haley, Arte e a Clara, são daquelas meninas que todos os garotos querem como amigas porque não são frescas, não ficam com nojo de se sujar, até você que é irritadinho, vai gostar delas, eu sei disso.
Na Páscoa a gente se vê, vou ter folga aqui e vamos nos empanturrar de chocolate e ficar até tarde acordados, ok?
Do seu amigo
JT”

Final de Março, numa cafeteria, perto do prédio do jornal, Rangers, Texas. Um homem e uma moça, ambos loiros e com traços parecidos, acabam de ler um pergaminho, que foi dado por uma jovem mulher morena de olhos azuis. Pode-se ver a preocupação nos olhos dela...

- Você não acha que está na hora de contar a verdade para o Julian? Ele precisa de uma figura paterna como exemplo. - disse Lucien Montepellier, enquanto retirava um cigarro do pacote e o acendia sob o olhar irritado de sua irmã mais velha, a morena Rory.
Angelique esticou a mão e pegou o copo de wiscky de fogo que estava à sua frente e tomou um gole, trocando a bebida pelo cigarro do irmão, e disse:
- Concordo com Lucien.- e Rory rolou os olhos exasperada.
- Lucien, foi o ‘pai’ dele, durante seu crescimento, ele não poderia ter tido melhor exemplo...Papai nos ajudou e Brian, também esteve presente.
- Nenhum de nós é o pai de verdade, Rory. Isso conta muito para uma criança. Ele tem o direito, ainda mais agora, de conhecer o T...
- Você acha que eu não sei disso?A cada dia que passava eu queria contar a ele sobre o pai, mas sempre acontecia alguma coisa, e eu adiava. Não posso jogar esta bomba em cima dele agora, do nada.
- Conte a verdade ao seu filho, ele vai entender e não vai te amar menos por isso...- disse Angelique, pondo a mão em cima da mão da irmã.
- Será que não? Você não viu os olhos dele, quando comentou ter visto o herói dele na estação de trem. E agora com estes presentes do ídolo para o fã...Como posso competir com isso?
- Não precisa competir Rory, só dê ao Julian, o que ele tanto quer: saber quem é o pai dele.
Ele é maduro para a idade, vai entender os seus motivos, ou pelo menos tentar, nunca vi um garoto ser tão ligado à mãe como ele é com você.
Como Rory se mostrasse teimosa, Angelique resolveu intervir:
- Seu filho logo vai entrar na adolescência, já pensou que ele pode sem querer se interessar pela irmã do pai dele? Os meninos de hoje não são mais tão ingênuos. - e Rory reagiu assustada.
- Nem brinque com isso Angelique.
- Não estou brincando. E não seria pior, se você for levar Julian na estação e dar de cara com o Ty? Quando ele olhar pra vocês juntos, vai perceber a ligação. - disse a jovem loira, que continuou:
- Querida, até mesmo Jaeda já percebeu que Julian é parecido com o Ty, e isso porque ela conviveu pouco tempo com ele, imagina algum dos amigos dele, do tempo de Beauxbatons. Por exemplo, Gabriel e Miyako têm irmãos estudando em Hogwarts, imaginou se algum deles bate o olho em você e Julian?- respondeu Angelique.
- E pensar que você o mandou para Hogwarts, porque não queria correr o risco de dar de cara com o Ty. O destino te pregou uma peça. - comentou Lucien.
Rory suspirou cansada e acabou pondo em palavras outro de seus medos:
- Nossa mãe ainda está foragida e ela sequer imagina que Julian tem o sangue dos McGregors, meu filho pode correr perigo...
- Todos corremos perigo ao levantar da cama, minha irmã. E quanto a nossa mãe, duvido que ela tente algo contra Julian, afinal ele é o seu filho, você sempre foi a filha preferida. E até ela chegar no Julian, terá que passar por cima de muita gente. Chega de adiar o inevitável, já é hora de seu filho saber quem é o pai dele. - disse Lucien com firmeza e como Angelique o apoiava Rory acabou aceitando que o momento que temera por tanto tempo, havia chegado.
Era hora de ter forças, encarar e torcer para que seu menino não ficasse tão magoado com ela, por tantos anos de silêncio.
Julian Thomas Montpellier às 11:40 PM

Wednesday, March 18, 2009


Depois de cumprir quase uma semana de detenção, emendando uma na outra, finalmente tínhamos nossas noites livre outra vez. Mamãe estava furiosa e ameaçou me mandar um berrador se recebesse mais alguma carta da diretora com queixas sobre o meu comportamento. Não tinha medo de um berrador, não ia me sentir constrangida, mas achei melhor não testar a paciência dela até o limite, então todos nós concordamos que daríamos um tempo nas brincadeiras. Uma trégua, até que fossemos provocados e obrigados a reagir.

- Quanto tempo mais essa trégua vai durar? – JJ perguntou espetando as batatas no prato e enfiando uma inteira na boca – Estou ficando entediado.
- Não acho que vá demorar muito – respondi olhando para trás e fitando Thruston na mesa da Grifinória – Ele não vai se agüentar muito tempo.
- Sem dúvida não vai durar mais que uma semana. Eles devem estar loucos, pensando no que podemos estar armando para estarmos tão quietos – Haley falou rindo, se servindo de mais uma fatia de pudim.
- E nesse meio tempo, que tal recuperar os pontos que perdemos para a Sonserina? – Keiko sugeriu – Connor não está muito satisfeito, disse que estamos bagunçando o placar da casa.
- E se não atingirmos nossa meta de pontos individuais até Junho, vamos sofrer na mão deles – Jamal falou fazendo careta – Nick me contou isso em tom de ameaça.
- Eu não quero pagar pra ver o que pode ser o castigo dado pelos veteranos, então podemos começar não chegando atrasados pra aula de poções, o que acham? – Hiro empurrou o prato de sobremesa para o lado e levantou – Já está quase na hora, melhor irmos andando.
- Mas eu ainda nem acabei de almoçar! – JJ protestou, vendo o prato ainda pela metade.
- Você é muito lerdo, credo! – reclamei levantando também – Todos já terminamos a sobremesa e você ainda está no prato principal. Vamos embora, você come mais tarde.

JJ ainda protestou outra vez, mas todos levantaram também reclamando que ele comia devagar demais e ele se viu obrigado a nos seguir. Fomos os primeiros a chegar às masmorras e, como sempre, nos acomodamos nas bancadas do fundo. Fazia muito frio lá dentro e mesmo não gostando de poções, era bom quando começávamos a preparar alguma coisa, pois a fumaceira que saia dos caldeirões esquentava um pouco aquelas paredes geladas. Ártemis não demorou a se juntar ao nosso grupo e quando os alunos da Grifinória ocuparam as bancadas que restavam, o professor Yoshi entrou conversando com Sheldon, que sentou quase do lado de sua mesa.

- Como de costume, varinhas na mochila e caldeirões na mesa – tio Yoshi começou a aula como sempre fazia e a masmorra se encheu com o barulho dos caldeirões sendo montados nas bancadas – Hoje vamos fazer uma poção simples, mas que requer cuidado. A poção para confundir. Alguém sabe me dizer que poção é essa? – Sheldon e Leslie, para variar, levantaram as mãos como se competissem para ver quem a erguia mais alto. Hiro, sentado do meu lado, também levantou, mas mais contido – Srta. Lupin?
- Eu? – falei espantada e ouvi Jamal sufocar uma risada, que ignorei – Er... Ela confunde? – arrisquei fazendo graça e Jamal não conseguiu prender a risada, mas o professor não riu.
- Sr. White? – ele me olhou esquisito e apontou para Sheldon – Pode me dizer o efeito da poção para confundir?
- Seu efeito produz inquietação e quentura na cabeça, tendo também uma melhor eficácia na inflamação do cérebro – Sheldon ditou como uma enciclopédia e o professor sorriu.
- Excelente, 10 pontos para a Sonserina. Srta. Lupin, quais os ingredientes da poção para confundir? – ele se virou para mim de novo e agora todos os meus amigos prenderam o riso.
- Não sei, professor. Não li esse capitulo. – expliquei logo, tentando evitar mais perguntas. O que deu nele pra me interrogar de repente?
- Srta. Taylor, pode nos dizer os ingredientes? – ele virou de costas, apontando para Leslie.
- Cocleária, ligústica e botão de prata. São 3 tipos de plantas. – Leslie recitou os ingredientes sorrindo satisfeita.
- Muito bem, mais 10 pontos para a Sonserina – ele sacudiu a varinha de leve e apareceram algumas palavras no quadro negro – Peguem os ingredientes listados pela Srta. Taylor no estoque e sigam as instruções que estão no quadro, passarei para avaliar os caldeirões em meia hora.

Levantei da bancada emburrada com as risadas e recolhi os ingredientes depressa, voltando logo para o meu lugar. Por que o professor Yoshi resolveu me perguntar coisas que ele sabe que eu não sei de repente? Para descontar pontos da Sonserina não é, pois ele é o diretor da nossa casa. Resolvi ignorar os possíveis motivos e me ocupei em tentar não errar a mão na poção. Haley, Hiro, Jamal e Ártemis misturavam os ingredientes nos caldeirões e mexiam despreocupados, enquanto conversavam, mas eu, Keiko e JJ sempre levávamos uma surra para não passar do ponto. Evitávamos até falar, para não perder alguma mexida ou acrescentar alguma coisa a mais. Vi o professor começar a avaliar as poções dos primeiros balcões dando nota na prancheta e olhei para dentro do meu caldeirão, abanando a fumaça preta que saia, igual a do caldeirão de Keiko, JJ e Penny, sentada na minha frente. Os caldeirões dos outros exalavam uma fumaça azul escura e bem mais cheirosa que a nossa.

- Muito bem, Srta. Warrick. Sua poção está perfeita! – ele mexeu no caldeirão de Haley e sorriu, riscando algo no pergaminho – Assim como as poções dos Srs. Menken e Shacklebolt e da Srta. Chronos.
- Lá vem ele... – JJ falou apreensivo e Keiko fez uma careta.
- O que houve de errado aqui? – ele parou de frente para o meu caldeirão e olhou para Keiko, que deu de ombros – Vamos lá, pensem um pouco.
- Acho que mexemos no sentido errado em algum momento – arrisquei enquanto via sair cada vez mais fumaça do caldeirão.
- É, acredito que o erro está exatamente nesse ponto – ele riscou alguma coisa no pergaminho e podia apostar que era um T de Trasgo – Evanesco! – ele apontou para os nossos caldeirões e a poção desapareceu – Para a próxima aula, quero um relatório sobre essa poção. Um rolo de pergaminho. Lupin, os dois Menken, Cohen, Warrick, Taylor, White e Hofstadter aguardem aqui, os demais estão dispensados.

A turma recolheu o material sem muita pressa e aos poucos a masmorra foi esvaziando, até restarem apenas os oito. Ficamos esperando que o professor falasse primeiro, então continuamos sentados onde estávamos, encarando-o limpando os demais caldeirões. Jamal e Ártemis ficaram parados na porta, mas ele se virou pedindo que saíssem e eles obedeceram, fechando a porta.

- Bom, acho que quatro de vocês já imaginam que estão aqui porque não estão tendo um bom desempenho nas minhas aulas – ele começou a falar e eu, Keiko, JJ e Penny nos olhamos – As provas não estão muito longe e se continuarem nesse ritmo, temo dizer que não irão passar. Portanto, vou interferir. Vocês terão aulas de reforço duas vezes por semana e terão que me apresentar um relatório sobre cada aula, para que eu possa avaliar se elas estão surtindo efeito. E as aulas, como imagino que já tenham entendido, serão dadas pelos seus colegas, que são os quatro melhores alunos de poções do primeiro ano. Haley irá ajudar Joshua, Leslie irá ajudar Keiko, Hiro irá ajudar Penélope e Sheldon irá ajudar Clara.
- Por que ele? – não agüentei e protestei – Por que eu fiquei logo com o Sheldon? Não posso trocar?
- Não, não pode trocar. Seus amigos não iram lhe ajudar em poções, pois irá dobrá-los. Duvido que tenha sucesso em fazer o Sr. White desistir de lhe ensinar a matéria – ele falou e emburrei de novo. Haley riu, mas transformou a risada em uma tosse quando ele a olhou sério – Cada dupla pode fazer seu próprio horário e comecem ainda essa semana. Quero o primeiro relatório na minha mesa segunda-feira, mesmo que não tenhamos aula. Venham até aqui me entregar. Agora podem sair.

Ele nos dispensou abrindo a porta com um aceno de varinha e sai pisando forte da masmorra, inconformada. Quatro pessoas de opção e ele me deixa na mão da pior delas? Já ouvia os outros combinando, mesmo que a contragosto, quando teriam a primeira aula e senti uma mão cutucar meu ombro. Parei de andar e virei de costas, dando de cara com Sheldon.

- Para que não tenhamos problemas com horários, por favor, faça uma tabela com todas as horas disponíveis que tem durante o dia e deixe comigo, pois vou comparar com as minhas horas e encontrar dois dias na semana que possamos estudar – disse num fôlego só – Pode me entregar até a aula de Astronomia, eu aguardo.
- Ok... – foi tudo que consegui responder e ele deu uma espécie de sorriso, saindo em seguida.
- Ele não é ruim, só é estranho – Hiro parou do meu lado, vendo Sheldon caminhar pelo corredor – Tenha paciência com ele.
- Está me pedindo demais, Hiro – falei azeda e ele riu – Aturar Sheldon White duas vezes por semana, sabe Merlin por quanto tempo. Isso sim é uma detenção!

Eles riram da minha revolta e refizemos o caminho até o saguão. Os meninos disseram que iam procurar por Julian e Rupert e fui direto para o jardim com as meninas, ainda reclamando. Elas tentavam me convencer de que não seria tão ruim assim, mas nada adiantava. Tinha certeza que pagaria todos os meus pecados nessas aulas de reforço...

Thursday, March 12, 2009


Quarta-feira era sempre um dia longo. Depois que as aulas terminavam, ainda tínhamos um imenso intervalo até a aula de Astronomia, a meia noite, e nunca conseguíamos preencher todo aquele tempo à toa. Tudo cansava. Ficar no salão comunal era chato, ler na biblioteca era algo fora de cogitação e perambular pelos corredores não dava, pois o zelador ficava atiçando a gata pestilenta para nos seguir, então agora passávamos as tardes deitadas no gramado perto do lago, esperando o dia terminar.

- Ai que tédio! – Keiko resmungou de repente - Detesto não ter o que fazer nesse intervalo gigante até Astronomia!
- É, é um saco... – Haley concordou com ela, bocejando - Vamos perturbar alguém?
- Boa idéia, tenho receio do tédio me matar... – Ártemis logo se animou
- Mas quem iremos atormentar? – perguntei animada também.
- Que tal aquela menina ali? Não vou com a cara dela, sem contar nas olhadas que ela dá no Olívio... – Keiko apontou para uma menina da Grifinória de traços asiáticos.
- Ah, a Maya Patil. Ela está no meu dormitório, também não curto muito ela – Ártemis comentou com cara de nojo.
- Não gente, Maya Patil está fácil demais – falei sacudindo as mãos como se a espantasse – Acho que ela tem problemas psicológicos, não sei explicar, mas me enjoa só de olhar pra ela.
- Pois eu agora fiquei afim de apurrinhar a indiana – Haley levantou da grama e começou a caminhar na direção do muro do pátio.
- Aonde ela vai? – Keiko perguntou me olhando com cara de quem não estava entendendo nada.
- Eu que sei? Vamos atrás!

Haley subiu no murinho e sentamos do lado dela, enquanto ela observava os alunos que atravessam o pátio a caminho de suas aulas. Ela estava tão concentrada que achamos melhor não interromper e esperar para ver o que faria.

- Que isso na sua mão? – Keiko perguntou apontando para o punho fechado dela
- Bombinhas fedorentas – respondeu dando um sorriso esquisito e nos olhamos, rindo.

Maya Patil, alheia a nossa conversa, veio passando com uma amiga da Corvinal de cabelos loiros e volumosos, rindo distraída. Haley esperou até que ela estivesse em sua mira e atirou a bombinha no seu pé. Ela explodiu de leve, fazendo a garota pular e gritar de susto. As pessoas em volta soltaram gargalhadas e as duas saíram apressadas do pátio, nos olhando atravessado.

- Genial! – Ártemis riu alto da reação delas e Haley abriu a mão - Me passa algumas.
- Fiquem a vontade... Só mire no alvo pra não desperdiçar.
- Com prazer... – falei pegando algumas e olhando as pessoas no gramado - Quem é aquele menino ali? Ah, quer saber? Não interessa, me parece querer levar uma bombinha no pé – e atirei a bombinha, fazendo o garoto da Lufa-Lufa levar um susto tão grande que derrubou os livros que carregava.

Ficamos as quatro sentadas no muro, acertando quem passava com as bombinhas, e ninguém parecia disposto a começar uma confusão com a gente. Talvez fossem nossas caras cínicas ao atirar as bombinhas que diziam que não adiantava reclamar que não pararíamos. Timothy MacNamara, o gordinho da Grifinória que sempre levava a pior, levou uma chuva de bombinhas no pé e saiu tropeçando nas vestes, nos fazendo quase chorar de rir. Levou mais de meia hora até que alguém fizesse queixa com algum professor e a diretora McGonagall aparecesse marchando na nossa direção.

- Oi professora – falei sorrindo para ela – Veio tomar sol?
- Poupe-me de suas gracinhas, Srta. Lupin – McGonagall respondeu seca e me calei – O que pensam que estão fazendo?
- Esperando a aula de Astronomia começar, professora – Keiko respondeu e mesmo com todo seu esforço, o tom de deboche era nítido.
- O professor Creevey veio até meu escritório avisar que vocês estavam aqui fora atirando bombinhas fedorentas nos alunos que passavam. Se bem me recordo, todos os artigos das Gemialidades Weasley estão proibidos na escola!
- Ah, mas não são dos Weasley, professora – Haley falou mostrando uma bombinha a ela e me segurei para não rir – Compramos na Zonkos mesmo.
- Quem é professor Creevey, diretora? – Ártemis perguntou totalmente fora do assunto e demos de ombro, também esperando a resposta.
- É o nosso professor de Estudo dos Trouxas, o Sr. MacNamara se queixou com ele, que veio me alertar da atividade não-autorizada das senhoritas.
- Ah sim, mas porque o próprio professor Creevey não veio aqui, então? – perguntei olhando para ela, brincando com uma bombinha nos dedos.
- Parece que os professores desistiram, mas eu não posso desistir de vocês, sou a diretora – ela respondeu tremendo de leve e apontou para o castelo, firme – Para dentro, agora. Sermão não funciona mais com vocês, então só me resta passar detenção. Vão ajudar Hagrid nas tarefas pela floresta amanha a noite.
- Que demais! – Ártemis saltou do muro sorridente – Excursão autorizada pela floresta! – rimos da animação dela e McGonagall revirou os olhos
- Andem, voltem para seus salões comunais e só saiam de lá na hora da aula. Se souber que estavam perambulando pelos corredores, descontarei 20 pontos de cada uma! – já estávamos voltando, mas ela pigarreou alto e viramos outra vez – As bombinhas, Srta. Warrick.

Uma Haley muito contrariada estendeu a mão cheia de bombinhas fedorentas e entregou a diretora, que fez o saco evaporar com um rápido aceno de varinha, sem restar nem mesmo o cheiro delas. Nos despedimos da Arte e voltamos pro nosso salão comunal, as moscas aquela hora da tarde. Quase nenhum aluno circulava por ele, apenas um ou outro do primeiro e do segundo ano. Nos largamos pelas poltronas e já pensávamos em como seria legal passear na floresta durante a noite quando a passagem abriu e Hiro, JJ e Jamal entraram conversando e vieram até o sofá quando nos viram.

- Onde estavam? – Jamal perguntou sentando do meu lado – Pensamos que iam para a biblioteca fazer o dever de Poções.
- Brincou, ne? – Haley soltou uma risada irônica e JJ riu – A próxima aula de Poções é só sexta, podemos fazer amanha.
- Que cheiro é esse? – Hiro se aproximou cheirando o ar, até que parou nas mãos de Keiko – Sua mão ta fedendo, Kika!
- É bombinha fedorenta – ela explicou, puxando a mão para longe dele – Estávamos brincando com elas lá fora, mas a diretora tomou o saquinho.
- Levaram detenção, não é? – JJ perguntou já sabendo a resposta e riu quando confirmamos – Deve ser um recorde. O que terão que fazer?
- Ajudar o Hagrid com as tarefas na floresta amanha a noite! – falei animada e Jamal levantou do sofá, incrédulo.
- Isso não é detenção! – falou indignado e Hiro e JJ concordaram – Também quero entrar na floresta a noite, não é justo!
- É, eu também queria ir – Hiro o apoiou e até olhamos assustadas pra ele – Deve ser legal.
- Será que a McGonagall nos dá a mesma detenção? – JJ perguntou esperançoso.
- Vão explodir alguma coisa para descobrir – Keiko sugeriu
- Agora só ela nos passa detenção, disse que os outros professores desistiram – Haley falou rindo.
- Lembra que comentamos de igualar as cores das ampulhetas? – sugeri sorrindo marota e eles riram
- Vamos, sei que feitiço usar! – Hiro se animou e motivados pelo espírito rebelde dele, os outros dois saíram correndo do salão comunal.
- McGonagall vai se aposentar mais cedo por causa de vocês – Nick ouviu nossa conversa e riu – Vocês vão deixar ela louca!
- Nick, você já cumpriu detenção na floresta? – perguntei curiosa. Nick também era campeão de detenção.
- Várias vezes, desde o quinto ano que Hagrid me deixa entrar sozinho, já conheço toda a área usada nas detenções – ele respondeu rindo, sentando do nosso lado.
- O que vamos fazer lá amanha? – Haley sentou com as pernas pra cima da poltrona e virou para ele, os olhos brilhando – Hagrid vai nos deixar mexer com os animais?
- Com 11 anos vocês vão no máximo ajuda-lo a localizar algum animal perdido ou prender os fujões.
- Ah que sem graça – Keiko reclamou e ele riu
- Acharam que iam sair caçando testrálios ou hipogrifos? – agora era ele que ria – Não se preocupem, pelo histórico de vocês em 7 meses de Hogwarts, vocês terão muitas oportunidades de caçar os animais com Hagrid até se formarem – Nick levantou batendo no meu ombro e sumiu pela passagem dos dormitórios, rindo.
- Bom, é um começo – dei de ombros – Mas a Arte vai ficar desapontada...
- Será que eles vão mesmo mexer nas ampulhetas? – Keiko perguntou descrente, mudando de assunto, e começamos a rir.

Duvidamos que os meninos fossem mesmo aprontar com o placar das casas para levar uma detenção de propósito, mas em menos de uma hora eles estavam de volta e entraram rindo alto, se gabando. McGonagall havia aplicado a mesma detenção neles, embora soubesse que havia sido proposital. Amanha entraríamos os 7 juntos na floresta. Hagrid não daria conta sozinho...

Monday, March 09, 2009


Por Haley McGregor Warrick

No dia seguinte ao da briga, num dos intervalos das aulas, encontramos Connor no corredor e ele nos deu uns papéis verdes enquanto dizia:
- Galera, detenção hoje depois do jantar, na sala de troféus. Não se atrasem.
- Ai não faxina? Minhas unhas vão ficar nojentas. - resmungou Keiko e rimos.
Connor nos acompanhou e lá encontramos os grifinórios acompanhados pelo do monitor da Grifinória. Nos encaramos e dava para ler as promessas de desforra escritas na testa de James, Brittany e sua turma, mas ficamos calados. Connor passou uns papéis verdes ao McKenzie, que disse:
- Chronos, você fica aqui. Os outros me acompanhem até a sala das armaduras. Até depois Connor.- e Arte soltou o ar aliviada por ficar conosco. Connor nos mandou entrar na sala de troféus e deu as intruções:
- Alguns de vocês de já conhecem a sala de troféus, de cor e salteado. - e olhou para Clara, que sorriu marota:
- Então já sabem que a tarefa de vocês será limpar todos os troféus, quero tudo brilhando. Ah! Suas varinhas, por favor. - e a contragosto entregamos nossas varinhas a ele.
- Vocês têm até o toque de recolher para deixar tudo limpo. Divirtam-se! - e saiu assobiando uma das melodias da banda.
Ficamos nos olhando desanimados quando Rupert disse:
- Uau! Isso é tão legal!
- Hein? Detenção é legal? - perguntou Ártemis de olhos arregalados:
- Socaram a cabeça do Rup na parede, só pode. - disse Clara.
- Eu nunca tive uma detenção na vida, nunca ninguém mandou carta ao meu pai reclamando de meu comportamento, e eu nunca, mas nunquinha briguei com uma pessoa quanto mais com um bando inteiro. Isso é demais! - começamos a rir da animação de Rupert.
- Clara, qual o lado menos sujo? Você já esteve aqui não é?- Julian perguntou:
- Já, nem faz muito tempo, mas a sala parece enfeitiçada para ficar suja rápido.
- Vamos atacar logo esta sala, quem sabe terminamos logo e aí Connor nos libera mais cedo. - sugeri e começamos a limpar a sala, e íamos conversando sobre as coisas do dia a dia.
- Como vocês nos acharam? Que eu me lembre vocês não estavam na biblioteca. - Julian perguntou e JJ disse distraído lustrando uma enorme taça dourada:
- Estávamos jogando snap explosivo no salão, ai a Haley ficou toda esquisita, então ela disse que iam acabar com você e saiu correndo. Aí viemos atrás, acho que foi um dos fantasmas. - e eu fiquei calada. Clara e Keiko ficaram do meu lado quando Julian perguntou:
- Ah um fantasma te avisou...Foi a Dama Cinzenta?
- Não. - e me virei para pegar outro troféu para limpar.
- Que mané Dama Cinzenta. Esta só fica atravessando a parede com ar esnobe. Foi um dos desgarrados da Haley, que vivem pedindo a ajuda dela. - disse JJ.
- JJ! - fez Jamal e ele parou de falar:
- Que foi? Ah, Você ainda não sabe disso não é Corvo? Desculpa Haley.- disse JJ sem graça, fiz que tudo bem e aguardei as perguntas que viriam. Julian me encarava sério:
- Fantasma desgarrado? O que é isso? É alguma coisa tipo o Pirraça?
- Não, o Pirraça é um poltergeist, que é um espírito da desordem que mesmo tendo a substância de um fantasma, tem controle maior sobre os objetos podendo atirá-los contra as pessoas, gerando o caos. Isso está em... - dizia Hiro quando Keiko disse numa vozinha irritante:
- ‘Hogwarts uma História’. Todo mundo sabe disso. - e rimos da cara indignada dele para a irmã gêmea, mas Julian e Rupert esperavam a minha explicação. Então falei logo:
- Eu vejo fantasmas que não deveriam mais estar aqui.Muitas vezes são pessoas que deixaram algo por fazer e precisam de ajuda para terminar seus assuntos e seguir em frente.
- Certo e como é? Quer dizer, ele chega em você e diz: ‘Ae, garota to precisando resolver uma parada ali com meu cumpadi, seja minha intérprete’. - disse Julian e não pude deixar de rir do jeito dele imitar um rapper.
- Não, mas me pouparia de alguns sustos. Nem todos são bonitos de se ver. - respondi enquanto estremecia lembrando de alguns eventos e continuei:
- Na maioria das vezes, eu apenas os vejo e eles nem se aproximam. Alguns falam comigo só para confirmar se já morreram mesmo, e na maioria das vezes eles continuam a seguir seus parentes, mas o de ontem veio a mim pedindo ajuda.
- Como ele era?- quis saber Rupert e meus amigos prestavam atenção:
- Bem jovem, devia ter a mesma idade do Connor, mas as roupas...Parecia um daqueles rebeldes dos anos 60 sabe? Com jaqueta de couro e topete, tipo o Elvis. Ele veio até a mim e disse agitado: 'salve o garoto, ele precisa de ajuda...' Vi medo nos olhos dele. Então eu o segui, o mais rápido que pude.
- Como você sabia que era de mim que ele falava?- Julian perguntou:
- Porque eu já tinha visto aquele rapaz na estação de trem perto de você. Ele parecia vigiar você, e ele percebeu que eu o enxergava. Deve ter algum laço com você...
- Não lembro de ninguém da família com estas características...Mas que bom que ele me ajudou não é? Os grifinórios batem bem, sinto reconhecer. - ele mudou de assunto e ficamos conversando enquanto limpávamos os troféus e Julian ia contando sobre como foi emboscado e Rupert ia pegando dicas de como se sair melhor numa briga.
Notei que às vezes ele me olhava esquisito e evitei comentar isso com as meninas, ou elas iriam tirar satisfações com ele. Depois de algum tempo, quando as meninas estavam mais afastadas Julian se aproximou, com a desculpa de me ajudar a levantar um troféu enorme.
- Posso te perguntar uma coisa?
- Se forem os números da loteria bruxa, eu não os tenho. Meus fantasmas, ainda não se preocupam com isso. - tentei fazer graça, mas percebi que ele estava tenso e não sorriu, levantei os ombros e esperei. Ele tomou coragem e disse:
- Você acha que este fantasma que você viu perto de mim pode ser algum parente meu?
- Pode ser, ele não falou mais nada comigo. Apenas pediu ajuda para você. Porque? Você conheceu alguém como ele?
- Não. - depois de alguns segundos ele disse:
- Será que ele... Poderia ser o meu pai?
- Seu pai? Ele morreu?- perguntei e ele disse sem jeito:
- Eu não sei... Nunca vi uma foto do meu pai, não sei como ele é. - senti pena, mas tentei disfarçar e disse.
- As roupas do rapaz eram bem antigas Julian, talvez ele fosse algum parente mais velho, tipo um avô ou tio. Você deveria perguntar pra sua mãe, talvez ela lembre de alguém com este estilo e se o seu pai morreu, talvez agora ela te conte...
-Ela nunca fala sobre ele, por isso minha pergunta. Não que ela não seja uma boa mãe. Ela é, só não se sente preparada para falar dele. - ele se apressou em defendê-la, e eu disse:
- Não estou julgando ninguém Corvo, fica tranqüilo. - e ele disse:
- Mas você deve ter razão, deve ser algum avô ou sei lá, algum fantasma entediado, que resolveu fazer uma boa ação. - e enquanto ele voltava para o outro lado do salão para continuar a limpeza, eu ficava pensando no que ele havia me falado.
Já estávamos terminando a limpeza quando JJ, gritou animado:
- Olhem o que eu achei. - eu e meus amigos nos aproximamos para ver, a taça brilhante que ele tentava por num lugar mais alto:
- Esta é a taça do campeonato de quadribol interescolar, ganha pelas nossas mães e pelo tio Lu.- disse Hiro reverente. E até Clara que não ligava muito para quadribol, quis ver mais de perto.
- Vejam aqui depois destes nomes: Louise Storm, Yulli Kinoshita, George Storm, Alucard Chronos e Alexandra McGregor, campeões de 1979/80.
- Alex McGregor? Mas ela é a mãe do Ty McGregor, o melhor batedor da liga mundial. - disse Julian e eu ri:
- Sim, ela é, e também é a minha mãe. Ty é meu irmão.
- Não! E você só me diz isso agora? Eu sou o maior fã do Ty!- disse Julian.
- Ah é? Deixa ver se tenho algum autógrafo dele aqui no bolso e quanto vai custar...- remexi minhas vestes e observamos Julian procurar dinheiro e rimos:
- Não seja bobo, Corvo. Se eu tiver alguma coisa do meu irmão, no dormitório te dou. Ty sempre me manda as figurinhas novas, para dar aos meninos. - e apontei com o queixo para Hiro, JJ e Jamal.
- Sério? Vou ficar te devendo o resto da vida. Tem como me arrumar uma figurinha autografada? Tenho um presente de aniversario para enviar, e se mando uma figurinha autografada do melhor batedor da liga, o Tonto vai surtar. Eu tenho algum dinheiro guardado, posso pagar por ela. - e dispensei com a cabeça.
- Tonto? É nome, apelido ou um estado mental permanente? - perguntou Keiko e rimos.
- É o apelido de meu amigo Justin Silverhorn. Ele é meio índio, nós crescemos juntos e...
Enquanto ouvíamos Julian contar sobre seu amigo, e lustrávamos o troféu que tinha os nomes de nossas mães, o horário da detenção chegava ao fim.
Connor estranhou nos encontrar tão animados sentados conversando e ficamos melhor ainda quando percebemos que os grifinórios, saíram da sala das armaduras, com alguns arranhões e caras de poucos amigos, mas o que fazer se nós conseguimos tirar coisas boas, até de situações ruins?

Friday, March 06, 2009


Depois do episódio dos botões, acabei fazendo amizade com os sonserinos. E como eles eram meio que parentes do Rupert, ficou mais fácil, porque descobrimos muitos gostos em comum. E o melhor era quando nossas aulas coincidiam, ficava mais divertido. Nas aulas de Historia da Magia, eu até fazia as anotações, mas JJ e Jamal sempre tinham algum jogo para passarmos o tempo. O professor nunca percebia nada mesmo e depois Hiro e Rupert sempre me passavam o que faltava.
Nas aulas de feitiços, ninguém perdia um segundo, o professor Flitwick embora cheio de tufos de cabelos brancos, não perdia nenhum aluno de vista. Já em Transfiguração o professor O’Shea era um cara muito maneiro e muito bom professor. Era exigente, nem parecia músico aposentado, suas aulas eram as melhores, quer dizer eu também estava adorando as aulas do pai do Rup, DCAT, e adorava Herbologia, o professor Neville, na última aula nos fez comer guelricho e nos deixou mergulhar no lago com supervisão, e foi demais ver todas aquelas criaturas aquáticas. Claro que isso foi só por dez minutos ou chegaríamos até a lula gigante, mas foi o suficiente para que eu colocasse Herbologia como uma das minhas aulas favoritas também, segundo a Keiko eu era o gêmeo perdido do Hiro, afinal estava gostando de todas as matérias e sempre fazia meus trabalhos sem reclamar.
Estava na mesa almoçando com Rupert quando percebi os grifinórios me encarando. JJ, Hiro e Jamal sentaram do meu lado e as meninas vieram logo atrás, ocupando os outros lugares vagos.
- Hey, Corvo! Parece você arrumou admiradores. - comentou Haley, apontando com desprezo para a mesa dos grifinórios, onde estava Brittany, Kevin e sua turminha.
- É, andar com maus elementos dá nisso. Vai comer?- perguntou JJ enquanto roubava meu pãozinho antes que eu protegesse meu prato, quando ele mordeu o pão eu disse:
- Eu cuspi nele mesmo...- e ele cuspiu o pão no chão e eu ri, enquanto as meninas resmungavam com nojo:
- Não ia fazer isso, tonto! Comida é sagrada. - disse reverente e começamos a rir.
- Toma cuidado Julian, aqueles lá podem te pegar só porque agora você anda com a gente. - disse Keiko e eu ri:
- Não fizeram nada até hoje desde os botões, e se tentarem, bom... Eu não sou tão lesado assim e tenho mão pesada. - e Clara sorriu:
- E você sabe que pode contar com a gente Corvo. E aí vamos jogar futebol no fim de semana? Preciso treinar uns dribles. - e ficamos conversando e fazendo planos para o fim de semana e ignoramos os olhares irritados dos grifinórios.

o-o-o-o-o-o

Estava na biblioteca com Rupert e havia terminado o meu relatório de Poções. Havia escrito 3 folhas de pergaminho, listando os 12 usos sobre o sangue de dragão e o que eu achava destes usos, quando meu estômago roncou.
- Não é possível você estar com fome, comeu um monte no jantar. - comentou Rupert espantado. - Isso foi há duas horas atrás, uma eternidade. Vou ate a cozinha pegar comida, quer?
- Vai indo que já te encontro...
Sai da biblioteca e fui em direção á cozinha. Não percebi que fui seguido e quando virei um corredor um pouco mais escuro, tudo aconteceu rápido.
Agarraram-me por detrás, retorcendo meus braços. Vi o primeiro golpe chegando, mas não pude fazer nada para esquivar e recebi um murro no estômago. Doeu muito e comecei a ver tudo dobrado, mas vi James puxando os botões da minha camisa e guardando no bolso antes de me dar o segundo murro acertando minha mandíbula, logo vieram socos e pontapés de todos os lados, e eu não conseguia me soltar para revidar. Sempre que um me largava outro prendia meus braços, estavam em um grupo de oito e eu estava sozinho:
-Olha que fracote, igual a uma menininha. E se supunha que era durão. -disse Kevin que me batia junto com James, enquanto Graham, um cara grande que havia começado a andar com eles, me segurava.
- Você só é valente em grupo, babaca. Sozinho é um bundão. - respondi e tomei outro soco. - e senti o gosto de sangue na boca.
- Soltem ele!- era a voz de Rupert que veio correndo na nossa direção com a varinha em punho, mas Brittany foi mais rápida:
- Tarantallegra!- e ele perdeu o controle das pernas e caiu no chão, perdendo a varinha. Eles começaram a rir, e mesmo com o olho já inchado, vi que Rupert estava cercado e apanhando dos outros garotos do grupo. Senti os braços ao me redor mais frouxos e decidi reagir, esta podia ser a minha única chance. Com um rápido movimento, mandei a cabeça para trás e acertei o nariz de Graham. Apoiei meu peso nele e chutei James e Kevin. Kevin sentiu o chute, mas James, logo se recuperou e veio pra cima de mim. Enquanto nos socávamos, ouvi um barulho de gente correndo e gritos:
- Só os covardes atacam em bando mesmo...- reconheci a voz de Jamal e JJ.
E logo estávamos todos embolados no corredor. Hiro, embora errasse mais do que acertava, levou alguns socos, mas deu um soco na orelha de um garoto, que ficou tonto, mas se jogou em cima do Hiro, quebrando a varinha dele. Clara toda descabelada, estava sentada em cima das costas de Britanny, e puxava o braço dela para trás, enquanto a menina gritava, com o lábio partido. Haley tinha dado um soco certeiro no nariz de Ashley e estava descabelada também, e tinha uns arranhões no rosto, Jamal e JJ, depois de desarmar Dean e Timothy, dois garotos magricelas, lançaram neles o feitiço das pernas bambas. Mas Graham, se jogou em cima deles e eles perderam as varinhas, então se embolaram no chão trocando socos. Keiko e Ártemis trocavam socos e tapas, com Maya e Chelsea, e tudo que se via eram muitos gritos, xingos, e vergões nos rostos das meninas.
- EXPULSO!- gritou uma voz e fomos separados violentamente e jogados na parede. Eram Connor e Nick, atrás deles, vinham alguns alunos que queriam ver a briga.
- Quem começou a briga?- perguntou Connor, o monitor-chefe.
- Porque quer saber? Vai proteger a sua casa mesmo...- disse James petulante e Connor segurou Nick, que se irritou.
- Cinco pontos a menos para a Grifinória...- Connor disse sério.
- Monitores não podem tirar pontos da casa, só os professores podem, fazer isso. - disse Ashley com a voz abafada pelo nariz sangrando e Connor respondeu:
- Monitores-Chefes podem sim, tirar pontos das casas. E vou repetir a pergunta: quem começou? - e Rupert disse:
- Eles estavam em bando batendo no Julian. A gente só foi ajudar ele a se defender.
- Ele roubou uma coisa minha, só tava pegando de volta. Já eles se meteram onde não eram chamados. - disse James apontando para os sonserinos, e Clara disse exaltada:
- Seu porqueira, só é valente em bando, porque não encarou o corvo sozinho??
- Chega! Todos vocês em detenção não só pela briga, mas porque já deviam estar em seus salões comunais. E cinco pontos a menos de cada um dos envolvidos na briga.
Começamos a resmungar e Connor disse severo:
- Quero todos nos seus salões comunais já, ou vou começar a descontar mais pontos.
- Eu breciso ir bra enfermaria, fui butilada...- disse Ashely e seu nariz sangrava muito, Connor chegou perto dela, e sem que ela esperasse, ele pressionou os dedos no nariz dela, ouvimos o estalo de algo sendo posto no lugar. Os olhos dela encheram de lágrimas, enquanto ela gritava. Clara disfarçou o riso com uma tosse. Nick disse, encarando a garota:
- Agora sim seu nariz está centrado, ficou melhor que antes, serviço de primeira.
- Mais alguém precisa de cuidados médicos?? - perguntou Connor, nos encarando.
Ninguém se atreveu a falar nada, quem seria doido de passar pelos cuidados do monitor-chefe?
- Os grifinórios venham comigo. Nick acompanhe os outros, depois quero saber se houve mais algum problema. Amanhã, enviarei a cada um de vocês, a sua detenção por escrito e sim, seus pais vão receber uma cópia.
- Droga! - disse Jamal, baixinho, mas ficou mudo quando Connor olhou sério ao redor e disse para os curiosos:
- O show acabou, não tem bis. Mas se quiserem posso começar a descontar pontos de vocês também. - e os alunos começaram a voltar rápido para seus dormitórios.
Nick, quando viu que estávamos a uma distancia segura, comentou:
- Se soubesse que ia ter briga, tinha feito bolsa de apostas. Dinheiro extra sempre é bom.- rimos enquanto torcíamos os rostos de dor. Apesar da detenção e dos pontos perdidos, sabia que quando tivesse uma chance, ia terminar de acertar as contas com James Thruston.
Julian Thomas Montpellier às 12:20 AM