Tuesday, May 29, 2007


‘Se você pudesse estalar os dedos para que uma pessoa caísse morta, você estalaria?’

Mean Creek

Estava duelando com Dolohov e havia acabado de derrubá-lo quando ouvi alguém gritar atrás de mim e virei para ver quem era. Remo estava atirado no chão e sacudia o corpo quase sem vida de Louise. Esqueci por completo que ainda estavam lançando feitiços contra mim e corri até ela, ajoelhando ao seu lado. Um corte enorme em forma de cruz atravessava seu peito e a quantidade de sangue era tanta que formava uma poça e começava a deixá-la pálida.

- O QUE VOCÊ FEZ?? – Remo berrava com raiva, mas Snape ainda estava com a língua presa
- Lou, acorda! – sacudi Louise desesperado – Por favor...
- Seu asqueroso, o que fez com ela?? – Alex e Yulli agarraram as vestes dele e o sacudiram com violência

Snape conseguiu empurrar as duas para longe com a ajuda de Dashwood e todos correram na direção do castelo, deixando Louise desacordada no gramado. Remo e Quim a ergueram do chão e caminhavam depressa para a enfermaria, mas eu, Ben e Lu corremos atrás dos sonserinos. Eles ainda estavam longe de alcançar a entrada do Hall quando Lu acertou o primeiro com um feitiço estuporante, mas todos conseguiram escapar com exceção de Snape, que ficou retido pelos nossos feitiços.

- QUAL É O CONTRA-FEITIÇO?? – Ben agarrou Snape pela gola das vestes e o atirou na grama com violência
- Ela teve o que mereceu! – Snape já estava livre do feitiço trava-língua – Foi muito abusada em usar meu próprio feitiço contra mim! Se depender de mim, vai morrer de tanto sangrar...
- Seu nojento! – Voei para cima dele, mas Lu e Ben me seguraram e deixaram ele levantar do chão
- Deixa Scott, não vale a pena. Dumbledore vai puni-lo melhor! – Lu me empurrou para trás, me afastando de Snape
- Isso Foutley, não faça nenhuma bobagem – Snape bateu as vestes sujas de grama e me encarou cheio de arrogância – Pode acabar morto como a sua amiga...
- CRUCIO!

Um jato roxo saiu da ponta da minha varinha e acertou Snape em cheio no peito, o derrubando na mesma hora. Continuei apontando a varinha para ele enquanto ele se contorcia no chão, do mesmo jeito que os pelúcios se contorceram quando tivemos aula de Arte das Trevas. Mas dessa vez não estava com dó, e sim com raiva. Estava com tanta raiva que se os meninos não tivesse quebrado o contato da varinha com Snape, ele teria desmaiado de dor.

- Chega Scott – Ben segurou a varinha e encarou Snape encolhido no chão – Ele já teve o que merece

ººº

- Como ela está?

Chegamos correndo na enfermaria, mas as portas estavam fechadas e madame Pomfrey não deixava ninguém entrar. Tiago e Sirus tinham saído para procurar pela professora McGonagall e o professor Slughorn e os demais estavam esperando nervosos no corredor. As meninas estavam chorando e Remo se mantinha calado, uma expressão no rosto que nunca havia visto antes: ódio. Quando os dois voltaram com os professores nos calcanhares todos ficaram de pé em um único salto.

- Onde está a Srtª Storm? – McGonagall falou assustada
- Lá dentro, madame Pomfrey não nos deixa entrar – a professora quase não entendeu o que Alex falou por causa do choro
- Horácio, foi um aluno de sua casa que fez isso! – ela se virou para Slughorn furiosa – Espero que tome as providencias necessárias, ou eu tomarei!
- Se acalme Minerva, vamos entrar primeiro
- SE ELA MORRER, EU MATO ELE!

Remo estava vermelho de raiva e sem duvida não estava raciocinando, pois tinha acabado de gritar com Minerva McGonagall. Mas ao invés repreende-lo, ela apenas o olhou cansada e abriu a porta da enfermaria, fechando depressa para que não víssemos nada.

- Aluado, aonde você vai? – Tiago levantou do chão quando Remo saiu andando pelo corredor
- Acertar as contas

Todos se entreolharam assustados, mas não foi preciso palavras para se chegar a um consenso: íamos todos atrás dele. Ele andava depressa sem olhar para trás e ia esbarrando em quem estivesse no caminho, até mesmo professores. Seguimos Remo até o salão principal e Sirius e Tiago impediram que entrássemos atrás dele e vimos de longe quando ele parou na mesa da sonserina e arrancou Snape do banco, desferindo um soco bem no meio daquele nariz torto.

Snape foi a nocaute no primeiro round, mas Remo não parecia disposto a encerrar antes de fazê-lo desmaiar. Quando os capangas dele ameaçaram intervir, invadimos o salão e os prendemos com as varinhas. Snape estava levando uma verdadeira surra e não reagia, talvez porque ainda estava debilitado da maldição cruciatus que lancei nele. Mas eu estava com tanta raiva de Snape que não interferi e deixei que Remo o esmurrasse cada vez mais. Eu torcia para que ele desmaiasse de tanto apanhar.

- Já chega! – a voz calma de Dumbledore encheu o salão e todos olharam para ele – Acho que já tivemos danos o suficiente para o resto do ano. Sr. Lupin, Sr. Foutley e Sr. Snape, se puder ficar de pé, os três na minha sala agora. Os demais esperem cada um no escritório do diretor de sua casa.
- E a Louise? Quero saber como ela está? – Remo perguntou sem sair do lugar
- A Srtª Storm está sendo levada ao St. Mungus por madame Pomfrey, saberemos mais ao anoitecer.
- Quero ir com ela! – Remo tornou a enfrentá-lo e parei ao seu lado
- Também quero ir com ela!
- Ninguém vai a lugar algum por hora, que não seja a minha sala. Por favor, queiram ir à frente, discutiremos lá sobre visitas ao hospital em Londres.

Sem mais argumentos para lutar, sai do salão principal com Remo até o escritório de Dumbledore. Snape não conseguia levantar e o diretor mandou que dois de seus colegas o levassem à enfermaria, onde um ajudante de madame Pomfrey cuidaria dele até que ele pudesse ir até seu escritório. Ainda pudemos ver a maca com Louise saindo da escola com a enfermeira e dois curandeiros do St. Mungus antes de Dumbledore abrir a passagem secreta e nos apontar as escadas. Sei que passei dos limites, mas se Louise não acordar mais, não sei do que sou capaz de fazer...

Monday, May 28, 2007

Clube dos duelos

Por Louise Graham Storm

- Lou, já leu isso? – Scott me cutucou
- Hã? O que?

Ele estendeu o exemplar do Profeta Diário ainda dobrado e peguei da mão dele. O que queria que eu lesse estava estampado na primeira pagina. Antes de olhar o jornal, notei que a maioria dos alunos estava lendo a mesma coisa, todos no mais absoluto silêncio. Olhei preocupada para Scott e abri o jornal.

FUGA EM MASSA DE AZKABAN
Ministério teme que Hunt seja o líder da rebelião


O Ministério da Magia anunciou à noite passada que houve uma fuga em massa da prisão de segurança máxima dos bruxos, Azkaban.

Em entrevista aos repórteres, o Ministro da Magia Bartolomeu Crouch confirmou que oito prisioneiros escaparam no inicio da manhã de ontem, e que ele já comunicou às autoridades responsáveis pela captura dos fugitivos.
‘Nós infelizmente nos encontramos em uma péssima situação’, comentou Crouch. ‘E temos motivos para achar que as fugas estão relacionadas ao desaparecimento de Edward Hunt, ex-funcionário do Ministério. Hunt era um inominável e recentemente descobrimos que ele é partidário do lorde das trevas. Cremos que muito provavelmente esses indivíduos se agruparam em torno de Hunt como seu líder. Estamos, no entanto, enviando todos os reforços para capturar os criminosos, e pedimos à comunidade bruxa que se mantenha alerta e cautelosa. Todos os fugitivos foram os primeiros comensais da morte a existirem, e são altamente perigosos. Em nenhuma circunstância devem se aproximar de qualquer pessoa suspeita e desconhecida’


- Como devemos nos manter alertas, se eles não dão os nomes?? – falei quase em pânico quando acabei de ler a manchete principal do jornal
- Exatamente! – Scott estava tão assustado quanto eu – Os primeiros comensais a surgirem! Isso deve significar que são mais experientes e perigosos que os outros!
- E sem contar que devem ser poderosos – Alex abaixou o jornal e falou baixo – Ninguém nunca escapou de Azkaban antes, não é? Aquele lugar é uma fortaleza.
- Estamos seguros em Hogwarts pessoal – Yulli era a mais calma – Nenhum comensal, por mais perigoso que seja, se atreveria a invadir a escola de Alvo Dumbledore.
- Yulli tem razão, não há motivo para pânico – Ben também se mantinha calmo – Agora vamos, ainda temos algumas horas até o jantar e estou louco para testar os feitiços que conseguimos decifrar nesse livro!

ººº

- Levicorpus! – Alex apontou a varinha para Mark e pronunciou o encantamento. No mesmo instante ele foi erguido do chão e virado de cabeça para baixo
- Ok, muito bem Alex... – Mark tentava se livrar da capa enquanto falava – Mas agora como eu desço??
- Espere, tem um contra-feitiço aqui, eu me lembro de ter lido – peguei as folhas espalhadas no gramado e passava as paginas afobada – Ah, achei! Liberacorpus!

Meu feitiço atingiu Mark em cheio e ele caiu embolado no gramado. Todo mundo riu enquanto ele tentava ficar de pé outra vez e parecer normal. Estávamos nos jardins da escola há mais de meia hora, testando todos os feitiços que conseguimos traduzir dos garranchos de Snape, e até agora todos tinham funcionado e produziam efeitos interessantes. O melhor de todos era o Muffliato, que impossibilitava que pessoas indesejáveis ouvissem conversas particulares. Esse definitivamente fora eleito o melhor de todos já testados.

- Falta testarmos esse, é o único que não tem descrição – Yulli apontou a varinha pra Ben – Sectu-
- PARA! – Ben se atirou no chão e Yulli se assustou – Aponta isso pra árvore, não sabemos o que ele faz!
- Ah é, desculpa – ela riu da cara de desespero dele e mirou na árvore – Sectusempra!

Um jato de luz amarela saiu da varinha de Yulli e atingiu a arvore ao meu lado. A principio nada aconteceu, mas logo a luz amarela formou um desenho de um X, como se uma espada estivesse cortando a arvore. Corremos para ver de perto e o corte no tronco dela era tão fundo que se a arvore fosse um pouco mais fina, teria se partido em duas.

- Acho que seria bom não usarmos esse contra pessoas, certo? – falei espantada e todos murmuraram em concordância
- Oh-oh – Scott se afastou da arvore olhando para o castelo – Confusão à vista

Viramos para ver do que Scott estava falando e vimos Snape marchar na nossa direção, ladeado de uma dúzia de sonserinos. Reconheci os todos eles como sendo os que estavam na reunião que Scott havia nos contado, quando Snape lhes ofereceu a oportunidade de serem comensais da morte. Pelo jeito que eles caminhavam ao seu lado, como se Snape fosse uma espécie de líder, eles haviam aceitado a proposta. Todos apertamos as varinhas entre os dedos e estávamos preparados para nos defender de qualquer ataque repentino. Remo, Tiago, Sirius, Quim e Pedro estavam saindo de uma aula quando viram a movimentação e correram para o nosso lado, já com as varinhas apontadas para os sonserinos.
Snape parou e ergueu a mão ordenando que os outros parassem também, e eles obedeceram.

- Devolve meu livro, Storm – ele disse calmo
- A comitiva ai atrás é só por causa disso? – claro que não devolvi, precisava responder
- São os guarda-costas dele, Louise – Tiago falou debochado – Não sabia que o ranhoso não enfrenta nem criança sozinho porque tem medo de levar uma surra? Ele precisa dos capangas pra baterem por ele
- Cala a boca, Potter! – Snape respondeu ríspido e Tiago e Sirius riram – Não me lembro de ter dirigido a palavra a você
- Huuuu, o ranhoso virou macho – Sirius provocou e vi Snape apertar a varinha na mão
- Meu livro Storm, não vou pedir outra vez
- Senão vai fazer o que? Vai contar pra mamãe? – Yulli retrucou depressa e todos riram, ate alguns sonserinos
- Não estou com o seu livro, seboso. Já devolvi ao professor Slughorn
- Mentira, sei que está com você
- Se não acredita em mim, só posso lamentar por você – falei debochada – Já copiamos tudo que nos interessava e devolvemos ao professor ontem, pode ir lá procurar
- Vocês o que?
- Co-pi-a-mos-al-gu-mas-coi-sas, não limpa os ouvidos? – Alex falava como se ele fosse uma criança – Olha esse que legal: Levicorpus!

Por mais que Snape fosse rápido, não esperava ser azarado naquele momento. O jato que saiu da varinha de Alex acertou ele em cheio e o deixou pendurado no ar com as vestes caindo e cobrindo seu rosto. O que veio em seguida, no entanto, era o esperado. Todos os sonserinos começaram a lançar feitiços contra o nosso grupo e nós os azarávamos em defesa, iniciando um verdadeiro clube dos duelos nos jardins. Algum deles lançou o contra-feitiços em Snape e ele estava de volta ao chão, duelando direto comigo.

- Rictusempra! – gritei apontando a varinha para ele
- Protego! – ele gritou mais rápido – Muito lenta, Storm...
- Ah é? Langlock! – Meu feitiço dessa vez foi certeiro e vi Snape parecendo engasgar quando sua língua ficou presa no céu da boca – O feitiço virou contra o feiticeiro... Tente lançar alguma coisa agora, quero ver se consegue

Comecei a rir da cara dele e Snape parecia concentrado em desfazer meu feitiços, mas não conseguia pronunciar nada daquele jeito. Ele então fechou os olhos e quando pensei que ia desistir, Snape tornou a abri-los e apontou a varinha pra mim. A expressão no rosto dele era tão ruim que não tive reação. O mesmo jato amarelo que acertamos na arvore saiu da varinha dele e me atingiu em cheio. Dois riscos cruzaram meu peito como se fossem espadas e cai no chão, vendo o jardim desaparecer quando fechei os olhos.

Monday, May 14, 2007

Loucuras da Idade Média

Por Benjamin O’Shea

- Ah não, como você aprendeu isso?? – Mark deu um soco na grama rindo – Faz outra vez!

Kegan fechou os olhos pela 5ª vez e antes que pudéssemos piscar, estava invisível. Desferi um soco na direção que ele deveria estar, mas os treinamentos na Academia de Auror deixaram meu irmão com a agilidade de um gato, e logo senti meu braço torcer nas minhas costas. Os garotos começaram a rir, mas não consegui me soltar.

- Boa tentativa, Benji, mas sou mais rápido que você – disse voltando a ficar visível – E também sou um bom legilimente, sabia que você tentaria me acertar.
- Se parasse de usar suas habilidades, teria lhe acertado.
- Ok, chega de exibição, quero ver o que vocês sabem fazer – ele soltou meu braço e massageei o pulso – Stroke me disse que vocês tiveram uma aula de arte das trevas, e que estão na turma de DCAT avançada. Imagino que já estejam praticando patronos, feitiços estuporantes, e essas coisas.
- Patronos ainda não – Scott falou decepcionado – Ele disse que só vamos praticar isso no ultimo ano, só os alunos do 7º estão tendo essa aula.
- Mas já estamos aprendendo o feitiço estuporante, como forçar um animago a voltar a sua forma, o obliviate também, e alguns feitiços de ataque menores – Fabio ia listando o que estávamos fazendo nas aulas
- Parece que o Stroke vai reservar o ultimo ano inteiro para aprenderem a produzir um patrono... – Kegan falou pensativo
- O que você sabe que não sabemos? – Joey encarou meu irmão intrigado
- Nada, e não adianta forçar com a legilimencia, Mark. Também sou um bom oclumente. – Mark sacudiu a cabeça contrariado e meu irmão riu – Lu, venha até aqui...

Meu irmão fez sinal para que Lu ficasse de pé e explicou algo em seu ouvido que não conseguimos escutar. Lu deixou escapar uma risada e puxou a varinha do bolso, apontando para o lago.

- Espectro Patronum! – Lu falou baixo, mas firme, e uma bolinha prateada saiu da ponta de sua varinha, mas logo se dissolveu – Eu fiz um patrono??
- Não exatamente, mas como imaginei você conseguiu produzir o começo de um sem desmaiar. Não tem como definir que animal é ainda, mas acho que você não terá muita dificuldade nas aulas...
- Vamos Kegan, nos ensine a fazer um! – falei animado e todos me apoiaram
- Está louco? Não tenho autorização para isso, Stroke comeria meu fígado!
- Prometemos não contar a ele, não é? – Scott virou para os outros e todos confirmaram
- OK, ok, vou pensar no caso de vocês... – o sinal tocou e ele sorriu, continuando a falar – mas infelizmente, ou felizmente, hoje não teremos tempo! Podem ir circulando para a aula, que eu tenho coisas a fazer!

Levantamos da grama insatisfeitos e seguimos para o campo de quadribol, local da nossa aula de historia da magia. Logo esquecemos que Kegan não queria nos ensinar feitiços avançados, pois uma enorme arena estava montada no campo. Se olhássemos de longe, parecia um labirinto, mas de perto dava para perceber que eram pequenas arquibancadas feitas de feno. Muitos alunos já estavam espalhados por elas e procuramos um lugar vazio perto das meninas. A professora não estava por perto, mas antes que pudéssemos nos perguntar onde ela estaria, Karen veio caminhando dos vestiários, e o mesmo elfo da ultima aula vinha atrás dela, segurando a parte de trás do enorme vestido que ela usava. O elfo tinha um capacete na cabeça e parecia ter dificuldade em se manter em pé.

- Saudações doces donzelas e nobres cavalheiros! – Karen fez uma reverência engraçada e o elfo a imitou – Vos convido a se juntarem a essa amável dama que vos fala ao mundo de Camelot. Por obsequio, aqueles que de bom grado assim quiserem, Sir Marion pode lhes fornecer o que precisam – Karen fez outra reverência e apontou para o elfo, que sorriu para ela e retribuiu com outra reverência

Ela não precisou nem se esforçar ou pedir outra vez, pois todos levantaram das arquibancadas e correram para o elfo, que ia distribuindo as peças de roupa e indicando os vestiários para nos trocarmos. Nem mesmo os sonserinos mais invocados pareciam se opor à divertida idéia de se vestir como um cavaleiro da távola redonda. As meninas estavam todas lindas, com vestidos longos e Karen pediu que todos voltassem às arquibancadas e nos sentássemos, para que ela pudesse começar a aula.

- Sir Benjamin, já venceste um torneio de montaria? – Karen parou ao meu lado
- Nunca montei em um cavalo...
- Lady Karen... – ela falou baixo
- Ah sim, perdoe-me! – disse entrando na brincadeira – Jamais me aproximei de um cavalo, Lady Karen. Receio não estar apto para tal ato!
- Sir Alucard, este convite torna-se possível, se estendido ao senhor? – Karen encarou o Lu e todos riram
- Perdoe minha falta de habilidades neste ramo, Lady Karen, mas temo não saber como montar tal espécie – Lu falou sério, mas no fim acabou rindo
- Mas que leva de cavaleiros frouxos temos aqui, não concordam Miladies?
- Não se fazem mais nobres cavaleiros como antigamente... – Yulli falou balançando a cabeça e as meninas riram
- Que desatino és este que estais a dizer, Lady Yulli? – Scott pôs-se de pé e cruzou os braços – Eu, Sir Scott, disponho-me a salvar a honra de meus distintos colegas de montaria. Onde estás minha mula?
- Não chames a montaria de mula, são cavalos! – Karen encarou o irmão parecendo estar se divertindo tanto quanto a turma
- Como preferir, Lady Karen – Scott fez uma reverência igual à dela no começo da aula e ela agradeceu
- Pois bem, que outro valente cavalheiro estais disposto a enfrentar Sir Scott no torneio? – e ninguém levantou a mão – Vamos rapazes, é pela mão de uma gentil donzela!
- Poderia um mero visitante duelar nesse nobre torneio?

A voz desconhecido da maioria da turma fez com que os alunos virassem depressa a procura de seu dono, mas eu sabia de quem era a voz. Kegan estava parado perto de um dos cavalos e segurava uma das lanças na mão, analisando-a curioso. Karen olhou para ele sem entender, mas me apressei em explicar quem era e ela o convidou a se aproximar.

- Queres participar de nosso torneio, Sir...?
- Kegan, Sir Kegan – ele pegou a mão dela e a beijou – É uma honra conhecer a mais famosa e adorada professora de historia da magia de Hogwarts
- Estais a me galantear, Sir Kegan?
- Não ousaria tal falta de respeito com uma dama que acabo de conhecer
- Precisamos de uma frágil donzela para inspirar os cavaleiros – Karen desviou o olhar de Kegan e se voltou para as meninas – Alguma das donzelas presentes estaria disposta a selar este torneio?
- Se me permite Lady Karen... – Scott caminhou até as meninas e estendeu a mão para Yulli – Muito me agradaria se Lady Yulli fosse o alvo desta disputa
- Estais de acordo, Lady Yulli?

Vi Yulli olhar de Scott para Kegan e com um sorriso largo estampado no rosto concordar com a cabeça. Karen pediu que ela subisse no feno plantado entre dos dois cavalos e explicou as regras do torneio a Scott e Kegan. Não era nem de longe um legilimente, mas sabia muito bem que meu irmão estava querendo impressionar Karen.

- Se fosses tão bom com a lança quanto és manejando a varinha, eu certamente estaria perdido – Scott falou sagaz quando Karen se afastou – Monto cavalos desde que eras um moleque, não terei dificuldades em fazer-lhe beijar a areia
- Mesmo que tal vitória ocorresse certamente não me derrubaria do cavalo. Mas como é óbvio que tal fato nunca ocorrerá, não me pertubo com essas questões
- Ah, meu amigo, tua arrogância tanto me comove – Scott fingiu comoção
- Não te incomodes em ter tal sentimento – Kegan respondeu com sarcasmo
- Cavaleiros a postos! – Yulli berrou em cima do feno, sacudindo um lenço

Scott e Kegan montaram em seus cavalos, e como Scott bem disse, ele parecia saber o que estava fazendo. Kegan, por outro lado, estava um pouco atrapalhado. Eles emproaram as lanças na direção um do outro e quando Yulli deixou o lenço cair, dispararam com os cavalos. A turma inteira prendia a respiração à medida que a velocidade com que eles cavalgavam aumentava e quando os cavalos estavam a poucos centímetros de se chocarem, Scott empinou o dele e cravou a lança na armadura de Kegan, fazendo com que ele caísse direto no chão. Todos já estavam de pé nas arquibancadas e desataram a aplaudir e gritar. Karen correu até eles e fomos todos atrás dela.

- Comeste poeira como lhe profetizei, amigo – Scott estendeu a mão para Kegan e ele aceitou sua ajuda – Admitiria agora que estois à sua altura?
- Admito de bom grado quando sou derrotado com dignidade – Kegan bateu a terra da roupa e apertou a mão de Scott – Sua vitória foi merecida, tem o coração da donzela todo para você – ele ajudou Yulli a descer do feno e beijou sua mão, fazendo ela corar
- Sir Scott venceu o torneio! – Karen falou alto e animada, erguendo o braço de Scott – E devo congratulações ao senhor, Sir Kegan. Para um bruxo sem qualquer habilidade com cavalos, saiu-se muito bem.
- Obrigado Lady Karen – ele pegou sua mão outra vez e a segurou com as suas duas – Queria lhe agradecer a oportunidade de participar da brincadeira e dizer que... – mas parou de falar, pensando se deveria continuar
- Podes falar o que pensaste. Não serás repreendido – Karen falou encarando meu irmão, curiosa
- És a dama mais bela de toda a corte e certamente a mais bela que tive o prazer de conhecer em minha vida

É impossível dizer se Karen respondeu à cantada de Kegan, pois só o que se ouviu depois foram os gritos e provocações da turma frente à cara de pau do meu irmão. Os meninos riam e o apoiavam, e as meninas incentivavam Karen, mas ele beijou sua mão mais uma vez e saiu do campo, deixando ela com a turma, mais vermelha que um esplosivin. Acho que vou ganhar uma cunhada muito em breve...

Thursday, May 10, 2007

Pedaços do cotidiano de uma lufana

Do diário de Alex McGregor

- O que você tem Lu? Está tão calado hoje. - perguntei enquanto descíamos as escadarias da Torre de Adivinhação.
- Só estou cansado Alex... - respondeu Lu sem me olhar nos olhos.
- Você teve uma visão ruim não é?- insisti.
- Elas sempre são ruins. De que adianta ver se não vou poder impedir?
- Quer falar sobre ela? Talvez se sinta melhor. – sugeri e ele negou com a cabeça.
- Vamos embora, amanhã você precisa vencer os sonserinos, se quiser disputar a taça. Claro que vai perder para a Grfinória na final, mas vai valer pela disputa. – ele disse imitando o sotaque de nossa professora.
- É uma previsão? – perguntei.
- Não, é a lógica, porque meu time está melhor que o seu. – disse convencido e gargalhou. Fomos nos provocando ate a entrada do salão da Lufa e nos despedimos sem voltar ao assunto de sua visão. O que quer que fosse, que ele havia visto, ele me diria quando fosse o momento.
Isso nunca aconteceu.

Jogo de Quadribol entre Lufa e Sonserina - quartas de final

Estávamos jogando há quase duas horas e a partida estava acirrada. A cada ponto lufano os sonserinos reagiam não só marcando em cima, como aumentavam a violência em campo. Um balaço do Nott havia nocauteado Charlie Bell e jogávamos desfalcados.
Louise lançou um balaço e fez McMahon, o artilheiro sonserino soltar a goles, Joey a pegou e eu ia na esteira dele dando suporte, a poucos metros dos aros, os sonserinos vieram pra cima dele e ele mandou a goles para mim, enquanto recebia uma trombada dos artilheiros verde e prata, lancei a goles e marquei ponto. Antes que comemorasse, um balaço de Crabbe acertou meu braço esquerdo. Senti algo quebrar e a dor se instalou. Trinquei os dentes, mas não podia deixar o jogo. Seríamos desclassificados, por falta de jogadores.
Por sorte Yulli localizou o pomo e o pegou, selando nossa vitória. Suspirei aliviada. Deitei-me na vassoura e desci rápido até o chão. Já não conseguia ver mais nada além de pontos doloridos na minha frente. Não participei da festa da vitória na Lufa-lufa, tudo o que eu iria beber naquele dia seria uma deliciosa poção reparadora de ossos.

Biblioteca de Hogwarts - vésperas dos Simulados.

"...Venha passar as férias conosco. Já conhece a família de seu namorado e se ele quiser poderá ficar aqui também. Seu avô e eu temos saudades suas e não é justo sermos privados da sua presença por tanto tempo. Encare isso como uma ordem, pois seu avô tem algumas surpresas para você. Suas primas já confirmaram a presença..."

Fechei o pergaminho, e coloquei dentro do livro de poções em cima da mesa da biblioteca.
- Noticias ruins?- perguntou Louise
- Vovó disse não à minha viagem nas férias de final de ano. E eu já tinha até encomendado um chapéu novo... – respondi.
- Ainda fico pasmo quando imagino você no meio do nada dançando quadrilha e andando a cavalo. Diz a verdade: você fica mordendo capim também? – zoou Scott e rimos.
- SSHIIIIII.- fez madame Pince e nos acalmamos antes que ela nos mandasse sair.
Vimos quando um sonserino da turma de Wayne entrou e se sentou numa mesa próxima a nós e abriu um livro.
- É impressão minha ou estamos sendo seguidos? Este garoto estava sentado perto de nós no jantar. - comentei e discretamente meus amigos o olharam.
- Agora que você falou, lembro que ele ontem estava perto do nosso salão comunal. Quando Mark e eu passamos, o mandamos de volta para a Sonserina, ele foi muito contrariado, disse que estava esperando a namorada. Percebemos que era mentira. – disse Yulli.
- Por que mentira? – quis saber Louise.
- Porque ele é um dos reservas do time de quadribol, e houve treino deles ontem, e ele ainda estava com a mesma roupa. Ninguém vai ver a namorada fedendo né?- ela respondeu.
- Mas eles têm um odor natural. Algo exclusivo como "Le Gambá", disse Sam e começamos a rir. Madame Pince ajeitou os óculos no nariz e nos encarou.- ficamos sérios.
Continuamos a escrever, mas estávamos incomodados com nosso "segurança" particular. Olhei para o garoto e levantei indo até onde ele estava. Meus amigos ficaram olhando enquanto eu me sentava ao lado dele:
- Olá! Posso saber por que você está nos vigiando?
- Não estou vigiando vocês. Estou estudando, dá licença?- respondeu ríspido.
- Só que você aprenderia melhor se colocasse o livro na posição certa. Ele está de cabeça para baixo. - ao ouvir isso meus amigos não seguraram o riso, enquanto o garoto avermelhava virando o livro na posição certa. Antes que a madame Pince nos expulsasse, juntamos nossas coisas e saímos dali, voltando aos nossos salões comunais. Até que a estátua dos sonserinos fosse devolvida, ainda teríamos muitos contratempos.

Tuesday, May 08, 2007

Double, Double, Toil and Trouble

Por Louise Graham Storm

‘Prezados alunos,


Venho por meio desta anunciar o 850º Simulado de N.I.E.M.s promovido pela Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Todos os alunos do sexto e sétimo ano deverão prestar as provas, sem exceção. Abaixo, segue o calendário de datas e respectivas disciplinas:

22/05
Transfiguração
Herbologia
Aritmancia


23/05
Historia da Magia
DCAT
Adivinhação

24/05
TCM
Astronomia
Runas

25/05
Transfiguração
Estudo dos Trouxas
Poções


Atenciosamente
Minerva McGonagall
Vice-Diretora’

Deixei meus livros caírem no chão ao terminar de ler. O aviso formal pregado em todos os quadros do castelo estava mesmo nos comunicando que participaremos de um simulado em uma semana??? Meus amigos parados ao meu lado também tinham expressões de choque no rosto e talvez se o sinal não tivesse tocado, não despertaríamos do transe. Era aula de DCAT e ao entrarmos na sala, a confusão já estava instalada.

- SIMULADO EM CIMA DA HORA?? – Sam berrava em cima do professor
- NOSSOS EXAMES SÃO NO PROXIMO ANO, NÃO PODEM NOS OBRIGAR! – um menino da Grifinória a apoiava
- Se acalmem, por favor! – o professor pedia em vão

A turma inteira falava ao mesmo tempo, todos reclamando da mesma coisa. A turma só se calou quando o professor apontou a varinha para o lustre no fundo da sala.

- AVADA KEDAVRA! – o lustre se estilhaçou em mil pedaços e suas correntes caíram no meio das cadeiras. Todos sentaram no chão com o susto – Desculpem, mas era o único jeito de vocês calarem a boca!

Um a um, fomos levantando e tomando nossos lugares, ainda assustados. Depois da aula de Arte das Trevas que ele deu, estávamos mais acostumados às maldiçoes imperdoáveis, mas ainda era um baque ouvir alguém berrar a maldição da morte dentro da sala. Quando estavam todos sentados, ele tornou a falar.

- O simulado não é responsabilidade minha, é uma tradição da escola. Não tenho poder de interferir em favor de ninguém, portanto só posso dizer para estudarem. Se tiverem queixas a fazer, procurem pela professora McGonagall! E não acredito que ninguém nessa turma deva temer o exame de DCAT, todos estão indo perfeitamente bem! Agora, posso dar a minha aula?

A turma riu do tom de desespero do professor e ninguém mais tocou no assunto. Ele começou a nos passar revisões que cairiam no simulado e quando a aula terminou, tínhamos uma pilha de dever para fazer.

- Srtª Storm, pode esperar um instante? – o professor me reteve no fim da aula
- Eu fiz alguma coisa, professor? – perguntei preocupada
- Não, não fez nada. Você esta bem? Não lhe vi no enterro de sua avó
- Eu não fui. Não estava me sentindo bem e fiquei em casa com meu primo. Não sabia que tinha ido
- Não poderia ter deixado de ir, sua avó era uma grande amiga. Quero que saiba que se quiser conversar sobre o que aconteceu, tem liberdade de me procurar, entendeu?
- Sim, eu sei...
- OK então, pode ir, ou vai se atrasar para sua aula de Poções.

Assenti com a cabeça e sai da sala. Meus amigos perguntaram o que ele queria e disse a verdade, mas não dei espaço para o assunto persistir. Já estávamos atrasados para a aula do Slughorn e não dava para bater papo no corredor. Mais uma vez a turma já estava toda em sala e sobraram apenas as primeiras bancadas para nos sentarmos. Scott foi o único que gostou, era o aluno favorito do professor.

- Pelo silencio, vejo que já descontaram toda a frustração com os simulados no professor Stroke... – Slughorn falou a todos riram – Não vou passar revisão para ele, teremos bastante tempo para elas ano que vem, portanto vou dar continuidade com a matéria! Abram seus livros de Poções Avançadas na página 249, Poção Polissuco.

O silencio da sala logo foi quebrado com o barulho da animação de todos diante da perspectiva de finalmente começarmos a fazer essa poção. Há duas semanas o professor vem falando sobre ela, nos fazendo montar relatórios imensos sobre os perigos de se fazer essa poção, no que pode dar errado, nos efeitos colaterais de um mínimo erro, mas não nos deixava sequer tocar os ingredientes. Hoje, no entanto, seu armário de ingredientes estava aberto e o modo de preparo da poção descrito no quadro.

- Quero que separem os ingredientes listados no quadro e comecem a prepará-los para serem despejados no caldeirão. Atenção aos ingredientes, não pode faltar nada!
- Hemeróbios, sanguessugas, descurainia, sanguinária, pó de chifre de bicórnio, pele de ararambóia picada... – Yulli ia pegando as coisas no armário e entregando para Alex na mesa – falta alguma coisa?
- Não, acho que isso é tudo!
- Falta só o pedaço da pessoa que vamos nos transformar, mas isso ele não listou no quadro, acho que não está na hora – Scott falou relendo as instruções.
- Droga, não encontro meu livro! Acho que deixei em casa nas férias... – tinha acabado de despejar o ultimo item da minha mochila na mesa e não o encontrava
- Use esse livro, Srtª Storm. Mas cuidado, é de um aluno do 7º ano, ele esqueceu na masmorra. Vou precisar que você me devolva no fim da aula.
- Ok, obrigada professor.

Slughorn me estendeu um livro que parecia ter saído da livraria naquele instante, de tão bem cuidado que era. A capa não tinha sequer um arranhão, fiquei ate com medo de tocar ele. Mas como diria minha avó trouxa: por fora, bela viola, por dentro pão bolorento. Se a capa dele era bem cuidada, as páginas estavam um caos. Em praticamente todas elas tinham anotações, rabiscos que não pareciam fazer qualquer sentido aos olhos desatentos. Mas é claro que os meus estavam mais do que atentos, e logo percebi que os rabiscos eram instruções para as poções, anotações pessoais para facilitar o preparo. E em algumas páginas, tinham feitiços. Feitiços dos quais eu nunca ouvi falar.

- Preciso levar esse livro pra fora da sala! – falei batendo com ele na mesa
- O que foi, Lou? Por que tem que levar o livro? – Alex olhava pra minha cara sem entender nada
- Esse livro – bati com a pena na página com um feitiço intitulado Sectusempra – é do Snape, e ele criou esses feitiços!

Não foi preciso dizer mais nada, as caras de cobiça dos meus amigos olhando para o livro já diziam tudo. Guardei o livro debaixo da mesa, não tinha mais a intenção de usar, e nos concentramos na poção polissuco. Ela era complicada, precisava de um mês para ficar pronta, e qualquer movimento errado no caldeirão poderia nos causar sérios danos, já que Slughorn disse que beberíamos a poção quando estivesse concluída.

- Deixem os caldeirões nas bancadas, vou lacrar todos depois que saírem, e continuaremos a poção na próxima aula. Quero que façam um relatório completo sobre essa poção, vocês encontram todas as informações que precisam no capitulo 37.
- Professor Slug – fui até a mesa dele com o livro do Snape na mão – Posso levar o livro comigo? Acho que esqueci o meu em casa na páscoa, e até que meu avô me mande por coruja, não vou poder terminar o dever. Prometo devolver ele inteiro na próxima aula!
- Tudo bem, acho que não tem problema. A turma do 7º ano não tem mais aula de poção essa semana, se o dono vier atrás do livro, peço para lhe procurar.
- Obrigada professor, vou guardá-lo comigo até o dono sentir sua falta!

Meus amigos já estavam me esperando ansiosos e corri abraçada ao livro para fora da masmorra. Se o seboso sabe criar feitiços, seria egoísmo não dividi-los com seus colegas bruxos, não acham?

Wednesday, May 02, 2007

Velhos amigos, velhas rixas

Por Benjamin O’Shea

Era quarta-feira e nosso último tempo de aula do dia era de História da Magia. Desde que a irmã de Scott assumiu as aulas, passou a ser uma das mais elogiadas pelos alunos, pois Karen sempre encontrava uma maneira incomum de ensinar as maçantes batalhas entre bruxos, duendes e outras criaturas mágicas. E hoje estávamos mais animados, pois ela prometera dar inicio às aulas sobre a época medieval, mais especificamente sobre a famosa bruxa Morgana Le Fay. Mas quando entramos na sala, ela estava vazia.

- Onde está a professora? – ouvi um menino da Corvinal falar
- Tem um bilhete no quadro... – caminhei até lá e puxei o papel – ‘A aula hoje será no 7º andar, ao lado da tapeçaria do Barnabé ensinando balé aos trasgos. Repitam 3 vezes ‘aula de história da magia’ passando pela parede branca e a porta irá aparecer’

Ninguém entendeu nada, mas mesmo assim fomos para a tal tapeçaria no 7º andar. Alex pareceu reconhecer o local e as meninas abafaram risadas que não entendi, até que Lu se adiantou e resolveu seguir as instruções de Karen.

- Aula de historia da magia – Lu passou a 1ª vez pela parede – aula de historia da magia, aula de historia da magia!

Ele se afastou e no mesmo instante, uma porta apareceu. A turma na mesma hora se agitou, todos curiosos e sem saber o que esperar ao passar por ela. Dei um passo à frente e girei a maçaneta, sem imaginar o susto que levaria em seguida.
Uma lança imensa e prateada foi cravada na porta, deixando um enorme buraco. Quando o metal bateu na madeira, puxei a porta de volta assustado.

- Marion, cuidado! – ouvimos a voz da professora parecendo aflita – Entrem, por favor, não tenham medo. Já esta tudo sob controle...

Olhei receoso para meus amigos, mas acabamos entrando. E mais uma vez, me assustei. Só que dessa vez foi um susto bom. No lugar de uma simples sala de aula, estava uma verdadeira floresta, com muitas arvores. Uma imensa mesa redonda estava montada no centro, e um verdadeiro banquete posto nela. No fundo da sala, bem pequeno, estava um castelo. E atrás da porta, fazendo um enorme esforço para tentar retirar a lança cravada nela, se encontrava um elfo domestico.

- Marion se empolgou um pouco com a armadura dos Cavalheiros da Távola Redonda e lhes deu um belo susto, não? – Karen riu e com um aceno de varinha fez a lança voltar para a mão da armadura – Bem vindos a Camelot!

Karen ria das expressões de choque dos alunos, mas também ela queria o que? Tinha até cavalo na sala! Ela nos indicou a mesa para que nos acomodássemos e mesmo que faltasse pouco tempo para o jantar, foi impossível resistir ao banquete. Enquanto saboreávamos algumas comidas típicas daquela época, Karen ia contando sobre a história do Rei Arthur, os Cavalheiros da Távola Redonda, Merlin e Morgana Le Fay. O elfo Marion a ajudava, servindo de figurante em toda a encenação. Depois que a comida acabou, o elfo fez tudo desaparecer e nós, ainda sentados na mesa, passamos a ser os Cavalheiros da Távola Redonda, e tínhamos como trabalho discutir com Karen sobre o que ela havia contado. A aula se transformou em um verdadeiro debate. Era impressionante a facilidade com que ela fazia os alunos realmente se interessarem pela historia contada a ponto de querer debatê-la em aula.

Depois do debate, Karen nos avisou que até o final do semestre, continuaríamos estudando a Era Medieval, e que esperava todos no campo de quadribol na próxima aula, mas não disse o que faríamos lá. Segundo ela, valeria a pena o mistério. A turma foi liberada quase 17hs e saímos todos comentando inusitada tarde de Historia da Magia, sem esquecer das especulações sobre o que ela nos mostraria no campo de quadribol.

As meninas foram direto para os dormitórios, Mark, Lu e Scott encontraram espaço para mais comida e foram para o salão principal e eu segui para a biblioteca pensando em terminar o dever de poções para a manha seguinte. Slughorn tinha pedido um relatório completo sobre a Felix Felicis e eu ainda não havia nem começado a pesquisar, e sem o relatório, não poderia fazer a poção na aula.

Os corredores estavam vazios àquela hora, todos estavam jantando, e ouvi passos de mais alguém atrás de mim. Olhei para o lado e vi o irmão de Scott, Wayne, vindo um pouco afastado. Fingi que não percebi que ele estava ali e acelerei um pouco os passos. Ao fazer isso, senti os passos dele ficarem mais rápidos. Continuei aumentando o ritmo dos meus, e ele aumentava os dele cada vez mais. Quando ameacei correr, não deu tempo. Wayne já estava com as mãos nas minhas vestes e me imprensava contra a parede. Ele era muito maior que eu, e por mais forte que eu fosse não conseguia vencê-lo numa briga. Ele me prendia com o corpo e mantinha o braço no meu pescoço, para eu não tentar fugir. Se fizesse isso, ia me enforcar.

- Saudade das surras que levava em Durmstrang, Benny?
- O que você quer?
- Velhos amigos não podem bater um papo sem que um já pense que o outro quer alguma coisa? Assim você me ofende, Benny! – ele me imprensou mais quando tentei sair – Você não vai a lugar algum...
- Qual é, Wayne? O que quer de mim? Estávamos muito bem fingindo que não nos conhecíamos, não podemos continuar assim?
- Uma hora as pessoas iam saber que você andava com os caras maus em Durmstrang... Onde está a estátua de Salazar Sonserina?
- Que estátua? Não sei do que você esta falando?
- Benny, Benny... Éramos amigos, esqueceu? Sei quando está mentindo. Vou perguntar mais uma vez, antes de começar a lhe surrar: onde está a estátua de Salazar Sonserina?
- Nunca fomos amigos, eu era só o seu saco de pancada!
- Agora voce me ofendeu, Benny...

Wayne soltou a mão que prendia meu braço e acertou um soco no meu estomago. Encolhi-me de dor e ele agarrou minhas vestes, me atirando no chão. Ele veio para cima de mim outra vez com os punhos fechados e só consegui proteger meu rosto, mas o soco nunca chegou a me atingir.

- Deixe-o em paz, Wayne!

Wayne soltou minhas vestes e saiu de cima de mim assustado. Eu conhecia aquela voz, mas não parecia normal ouvi-la nos corredores de Hogwarts. Aproveitei que Wayne não me prendia mais e levantei do chão, a tempo de ver meu irmão Kegan puxando ele pela gola da camisa e aplicando uma gravata tão forte que Wayne começava a ficar roxo.

- Se manda Wayne. Não quero ver você perto do meu irmão outra vez, entendeu?
- Aham – ele realmente estava roxo
- Não, não, não foi assim que lhe ensinei. Vou perguntar de novo: fique longe do meu irmão, entendeu?
- Sim senhor – Kegan soltou Wayne e ele saiu correndo pelo corredor
- O que está fazendo aqui?? – perguntei me aproximando de Kegan, mas não contendo a risada
- Salvando seu traseiro, irmãozinho, como sempre...

Kegan prendeu minha cabeça com um dos braços e bagunçou meus cabelos com a mão livre, rindo. Não sei o que ele está fazendo em Hogwarts, mas não posso negar que meu irmão sempre chega na hora certa...