Monday, March 19, 2007

Um caso a três

Por Scott Foutley

- Não vai entrar?

Ouvi a voz de Ben e me virei para encarar ele, Mark e Lu parados atrás de mim, me olhando intrigados. Eu estava parado na entrada do salão principal decidindo se entrava ou não, embora já soubesse a resposta antes mesmo de chegar até ali. Desde o sábado em Hogsmeade onde Sandy e eu ficamos, eu andava evitando ela e Wayne. Não porque estava arrependido do que havia feito, mas exatamente pelo motivo contrario.

Havia contado aos meninos o que tinha acontecido e eles me incentivavam a contar a verdade a Wayne, pois ele não poderia continuar namorando uma menina que ficava com o irmão dele ao mesmo tempo, mas eu não tinha coragem. Wayne me mataria, sem sombra de duvida. Mas eu precisava colocar um ponto final naquela situação e uma coisa estava clara: eu não poderia resolver aquilo sozinho.

ººº

- Sandy?
- Scott, oi...

Esperei até que Wayne tivesse entrado na aula de feitiços e abordei Sandy no corredor antes que ela fosse para sua aula de Runas. Estávamos ambos desconfortáveis com a situação, estava claro. Eu não sabia porque havia feito aquilo e ela parecia arrependida das coisas que tinha dito.

- Isso está errado
- Sim, não foi certo o que fizemos. Eu... – ela parecia mais desconfortável que eu – eu gosto do Wayne, de verdade. Só estava com raiva dele aquele dia, havíamos brigado e...
- Acho melhor sermos só amigos, não vejo problema nisso
- Sim, podemos ser só amigos. Não sou do tipo que fica com dois irmãos
- É... E nem eu sou do tipo que rouba a namorada do meu irmão, por mais idiota que ele seja
- Amigos então?

Sandy estendeu a mão para que eu a apertasse e nos encaramos por alguns segundos. Ela se aproximou mais e me beijou de leve.

- Isso foi um beijo de amigo?
- Não sei...

Nos encaramos de novo e, completamente confusos, nos beijamos outra vez.

ººº

Nos dias que se passaram eu já não conseguia mais evitar a Sandy. Em toda oportunidade que tínhamos, nos encontrávamos e ficávamos juntos. Eu não queria admitir, mas estava gostando dela de verdade. Nós tínhamos muito mais em comum do que ela tinha com Wayne, não conseguia entender o que ela tinha visto em meu irmão. Mas a cada dia que se passava, com mais peso na consciência eu ficava.

Era aniversário de um garoto da Corvinal e teríamos festa no salão comunal. E como de costume, todos iriam. Estava em dúvida se deveria ir, pois certamente encontraria Wayne e Sandy por lá e não saberia como agir com eles juntos. Tinha receio de fazer alguma besteira e deixar que Wayne soubesse de tudo. Mas ele precisava saber, uma hora ou outra. Lembrei de uma das vezes que minha mãe contou como ela e meu pai se conheceram, e de como ele falou que tinha valido a pena brigar com o melhor amigo dele por causa dela. E lembrando disso, havia tomado minha decisão: não ia deixar as coisas continuarem como estavam, ia arriscar e por um ponto final nisso de uma vez por todas.

Encontrei Wayne no caminho do salão comunal da Corvinal e tomava coragem para falar com ele, quando ele começou a falar sobre a Sandy. O jeito com que ele falava dela, de um jeito que nunca vi Wayne falar antes, me fez dar para trás.

- Gosta mesmo dela, não? – me sentia péssimo por constatar isso
- Sim... - então ele disse algo que nunca vou me esquecer - A sandy me faz ser um cara melhor do que sou... Seja lá o q isso signifique

E então percebi quem era na verdade o cretino. Era eu. Eu era pior do que um cretino, era menos do que um rato. Eu era podre.

Quando chegamos na festa eu já me sentia a pior de todas as criaturas do mundo bruxo. Não falei mais nada com Wayne, fomos mudos até o salão comunal, quando Sandy nos abordou e pediu para conversar com ele a sós.

Eu não podia ouvi-los, mas não precisava. Sabia o que significava. Sai andando ofuscado pela idéia de que ela tivesse rompido com ele, ou que não tivesse rompido com ele. Foi então que a vi sozinha na festa alguns minutos depois e sabia o que tinha que fazer

- Sandy, não pode se separar do Wayne – disse decidido me aproximando dela
- Eu já me separei
- E o que ele disse?
- Ele se sentiu mal e eu também
- Ele sabe sobre a gente? – ela balançou a cabeça negando - Não devíamos ter feito isso – falei sincero. Estava realmente arrependido
- Scott eu quero ficar com você de verdade. Temos tanto em comum...

Olhei para ela sem saber o que dizer. Se ela tivesse dito isso mais cedo, um minuto antes de ouvir de Wayne o que ouvi, talvez pudesse ter um pensamento diferente. Mas sentia que agora era tarde demais. Não poderia fazer isso com ele. Virei o rosto para o outro lado do salão e vi Wayne sentado sozinho na escadaria que dava para os dormitórios.

- Eu tenho que falar com ele...

Deixei-a sozinha perto da lareira e atravessei pelo meio das pessoas, parando ao lado de Wayne. Ele mal levantou a cabeça para me encarar e voltou à atenção ao copo de cerveja amanteigada.

- Oi, como está? – mas ele não respondeu - Wayne, eu... É que...
- Eu briguei com a Sandy – ele falou de repente e me sentei ao seu lado
- O que?
- Dei um fora nela
- Fez isso?
- Fiz. Não tava dando. Não era o meu tipo. – ele parou de encarar o copo e olhou para mim - O fato é que eu não quero ser filosófico – meu irmão deixou escapar um arroto e revirei os olhos - mas eu acho... sabe, ela ta machucada. E mesmo que ela ache que ninguém gosta dela e que fique sozinha, foi melhor terminar rápido, porque ela terá mais chance de se recuperar... Algum dia...
- É... Um dia quem sabe – Encarei Wayne sem saber o que falar e ele esboçou um sorriso fraco, voltando a encarar a cerveja amanteigada.

Sentado lá, ouvindo a dor de meu irmão, e as mentiras que ele disse para encobri-la, eu não sabia mais o que fazer. Eu sabia que ele estava dizendo aquelas coisas para ele mesmo e que o que eu queria era ficar com a Sandy. Mas no final, fiquei com meu irmão. Porque, afinal de contas, ele era meu irmão.

- Babaca – Wayne falou bebendo mais um gole da cerveja
- Miolo mole – puxei a cerveja da mão dele e bebi o que sobrou
- Imbecil
- Trasgo

Os anos 70 foram cheios de eventos improváveis, coisas estranhas e acontecimentos inesperados. Mas nada tão improvável como eu me envolver com a namorada do meu próprio irmão na cara dele e não deixar que ele ficasse sabendo, mas a mentira às vezes dói menos que a verdade. Eu nunca contei a Wayne o que realmente aconteceu e que sabia que Sandy tinha terminado com ele, e não o contrario. E pensando bem, talvez nunca conte...

Tuesday, March 13, 2007

Vínculos Perdidos

Era dia de visita em Hogsmeade, a última delas. Os alunos que tinham permissão para visitarem o vilarejo estavam empolgadíssimos e levantaram mais cedo para aproveitarem bem o dia. Seguindo a onda, acordei cedo e desci com as meninas para tomarmos café da manhã. Como era aniversário do Remo, Louise e ele saíram rápidos, e eu e Alex saímos alguns minutos depois acompanhadas de Mark, Scott e Ben. Tomamos o Saguão de Entrada, e nos posicionamos ao fim da fila de alunos que esperavam Filch revisar os formulários. A conversa ali estava alta. Logo Alex e Mark começavam a traçar comentários sobre diversas coisas, Scott e Ben riam da cara amarga de Filch ao sempre ser encarregado daquela tarefa monótona, e eu me abstive observando algo que achei fora do comum...

Dois passos à nossa frente, Tiago e Sirius vinham conversando muito baixo sobre algo que parecia ser sério, a julgar pelas expressões tensas nos rostos deles. Nem mesmo Lílian Evans e suas amigas, logo atrás, conseguiam chamar a atenção dos marotos. Fiquei curiosa e aproximei mais a cabeça, tentando em vão escutar o que eles diziam, mas antes que pudesse me prender a alguma palavra, Filch os interrompera, arrancando bruscamente o formulário de Tiago para análise.

TP: Bom dia para você também, Filch! – Tiago pareceu se distrair um minuto do assunto, e sorriu zombador para Filch, que fez uma careta desgostosa. Sirius e ele foram liberados e saíram andando do castelo, novamente conversando.

Quando chegou nossa vez, empurrei sem cerimônias meu papel e Filch deu uma olhada atravessada, balançando a cabeça positivamente.

YH: Alex vou andar depressa, quero passar no correio ainda e mandar uma carta para casa, ok? A Hilla está com a asa machucada, e não gosto muito das corujas do castelo...

Alex interrompeu o assunto com Mark, concordando com a cabeça e dizendo “até mais”. Sem esperar mais um segundo, saí quase correndo do castelo, e uns metros à frente os vi. Me aproximei tentando não fazer muito barulho até ficar em uma distância razoável. Eles não conversavam mais tão baixo...

TP: Estou te falando, Almofadinhas... Não é pessoal, nem nada disso, mas aquele tal de Yoshu, ou seja lá qual for o nome, não é nada confiável!
SB: Pontas, você está exagerando. Ok, as semelhanças são grandes, mas ele me parece bem diferente em outros aspectos...
TP: É porque você não viu a expressão do rosto dele ao anunciar a Cruciatus contra o pelúcio! Eu vi. Ele quase sorria.
SB: Certo, mas se o professor Stroke o convidou, mesmo ele sonserino, adorador de poções e um tanto caladão demais, é porque confia nele!
TP: Pode ser que o Stroke confie nele, mas como é que podemos confiar nos julgamentos do Stroke??? Ele não deixa nem o Pedro participar dessas aulas! O Pedro me parece bem mais centralizado do que um sonserino estranho...

Nesse momento parei de escutar. Senti o sangue passar gelado em cada parte do meu corpo, e me aproximei ainda mais deles, agarrando Tiago pelas vestes. Acho que eu tinha uma expressão muito assustada no rosto, pois Sirius logo arregalou os olhos e Tiago soltou um sorrisinho, mesmo parecendo incomodado.

TP: Wow, vai parando aí, Hakuna! Assumi um compromisso com a Evans e não quero problemas... Adiciono o seu nome da lista de espera, se você quer tant...
YH: Você estava falando do Y-O-SHI???
TP: Isso, Yoshi, não Yoshu! Sabia que estava falando errado!
YH: Chega Tiago! – Puxei o colarinho dele com mais força, e ele tirou o sorriso do rosto. – Era dele que vocês estavam falando?

Tiago continuou me encarando sério, como se estivesse com medo de responder. Foi Sirius quem me faz soltar Tiago e disse “sim”. Olhei para o rosto de cada um deles, longamente, e eles permaneceram sérios. Aquilo me assustou, mais do que qualquer coisa. Se fosse um tipo de brincadeira, eu veria no fundo dos olhos deles o prazer de estarem me deixando com medo.

TP: Não era para você ter escutado isso, ok? Eu sei que ele é seu meio irmão, afilhado, parente, familiar...
YH: Você está falando sério? Sabe, da expressão dele?
TP: Acredite você ou não, sei ser sério quando quero. Não brincaria com uma coisa dessas, Yulli.

Ele me encarou e depois de uns segundos abaixei a cabeça, sem saber o que dizer ou pensar. Sempre achei Yoshi calado e sozinho demais, mas nunca entrou na minha cabeça a perspectiva de que ele fosse mais um desses sonserinos nojentos que adorariam fazer outra pessoa sofrer. Com a cabeça doendo, passei por eles depressa e continuei caminhando para Hogsmeade, mesmo sem saber o que ia fazer lá...

°°°

Tia Yhara, como você está?

Comigo está tudo bem, pelo menos teoricamente... Nenhuma novidade ruim na minha vida, calma! Tudo continua como sempre. Aulas, deveres, monitorias, treinos...
Estou com saudades!
Mas não é bem por saudades que eu estou escrevendo essa carta. Você pediu que eu te deixasse informada sempre sobre o Yoshi, e até agora você está recebendo notícias muito boas dele por aí, não é? Hoje, talvez isso mude um pouco...
Estou confusa. Talvez eu esteja me deixando levar demais pelas aparências, mas temo que o Yoshi talvez esteja se desviando do “caminho certo”.
Você sabe, ele sempre foi calado e introspectivo, e eu também não o julgo por preferir ser sozinho. E você sabe também das preferências dele, como em poções... De uns tempos para cá, ele vem agindo diferente. Mais calado, mais sozinho, um pouco esforçado demais em tentar entender as Artes das Trevas... Talvez eu só esteja arrumando desconfianças demais pelas coincidências, mas achei que seria importante que você soubesse disso...
Vou te manter informada de tudo! Mande beijos para papai, mamãe e Yuri! Com carinho, Yull.

°°°

Professor Stroke mandou todos guardarem suas varinhas e dispensou a turma. Fui até o pufe no fundo da sala apanhar minha mochila com Alex, ambas em silêncio. Era sempre assim. No final dessas aulas extras, sempre ficávamos em silêncio, como se tentássemos absorver tudo que tínhamos feito naquele dia.

Sai com meus amigos da sala e aos poucos eles foram dispersando. Sam e Josh foram para a Corvinal. Lu, Scott e Mirian foram para Grifinória, e eu, Louise, Alex, Mark e Ben seguíamos caminho para a Lufa-lufa. Estávamos perto da cozinha quando senti alguém me puxando pelo braço. Era Yoshi.

- Preciso conversar com você!
YH: Não precisa me machucar, ok? – disse seca, e ele me olhou sem graça, soltando em seguida. Virei para meus amigos, que pararam e ficaram me esperando. – Podem ir... Vou logo em seguida.

Esperei um tempo até eles se distanciarem, para me virar novamente para Yoshi.

YH: O que você quer?
- Desculpa... Pelo braço! – ele pediu mais uma vez, parecendo alarmado pela maneira que tinha falado com ele.
YH: Tudo bem... Então?
- O que está acontecendo? Acho que tenho pelo menos direito de saber por que você está me tratando mal ultimamente!
YH: Ah Yoshi, agora não, ok? – fiz menção de virar as costas e ele falou em um tom mais alto.
- O que disseram sobre mim? Você não estaria assim comigo, só pelo fato de saber que gosto de você. Não é assim que você vai conseguir me fazer gostar de outra pessoa.
YH: Já tinha até me esquecido disso, se quer saber! – falei fria. Estava estranhando a maneira com que eu estava falando com ele, mas desde o dia que ouvi os marotos conversando, alguma coisa no Yoshi me fazia sentir um nojo grande de estar perto dele. Desde então, eu realmente tinha me afastado mais.
- Yulli, eu não sou quem eu transpareço ser... Pensei que você entenderia isso, já que me conhece melhor do que os outros.
YH: Pois é, não te entendo! Não consigo entender porque uma pessoa como você, bonita, inteligente, simpática e jovem, adora estar sempre sozinha! Não consigo entender porque você vive enfurnado em frente a um caldeirão e nem entendo porque você escolheu ser um... um... – não terminei a frase, as palavras entalaram. Ele me olhava surpreso, mas se manteve firme. – Esquece! Faz o que você achar melhor!

Sai andando e não ouvi passos dele vindo atrás. Sentia uma vontade tremenda de sacudi-lo, de “limpá-lo”! Uns segundos depois ele correu e saltou na minha frente me fazendo parar para olhá-lo.

- Do que você está dizendo? Sério, não estou conseguindo entender nada. Escolhi ser “um” o que???

Ele falou depressa e a raiva que eu sentia aumentou. Sem pensar duas vezes, dei um tapa forte no rosto dele, e instintivamente, ele segurou meu braço, tão sério como nunca tinha visto.

- Escuta aqui, Yulli. Não sei o que disseram para você sobre mim, e nem quero saber. Aposto que foi um daqueles marotos engomadinhos que se acham o máximo. Eu sei quem eu sou, e pensei que você também soubesse. Se prefere acreditar neles, o problema é seu, não vou mais correr atrás de você para tentar limpar minha imagem. Faz você o que acha melhor!

Sem dizer mais nada, ele soltou com violência meu pulso e saiu andando depressa. Fiquei encarando a parede até ele sumir, e senti uma lágrima escorrer pelo rosto. Limpei-a antes de entrar na Lufa-lufa, e assim que cheguei, fui até o dormitório e apanhei uma pena e um pergaminho, escrevendo um bilhete, com ódio.

Tia Yhara, espero que você esteja preparada, pois não tenho mais dúvidas de que Yoshi está do outro lado. Sinto um nojo dele, e por isso, espero que compreenda se eu simplesmente passar a ignorá-lo. Yulli”


Monday, March 12, 2007

Broken Hearts and Burgers

Era o nosso ultimo final de semana em Hogsmeade do ano e por coincidência, era aniversário do Remo. Mesmo tendo insistido por uma semana inteira, ele não estava inclinado a ceder aos meus apelos de deixar que organizássemos uma festa. Dizia que não gosta de chamar a atenção dos outros e que preferia apenas que ficássemos pelo Três Vassouras, sem tumulto.

Então, atendendo ao pedido do aniversariante, fomos para o pub perto da hora do almoço. Estava cheio como sempre e sentei em uma mesa no canto perto da janela enquanto ele ia pedir algo para comermos. Fiquei prestando atenção enquanto ele estava no balcão, sendo atendido por uma menina bem nova, aparentando ter a nossa idade. Ela não parava de sorrir para ele e fiquei observando atentamente, ouvindo o que ela dizia sem perder uma única palavra.

- Aqui está – ela empurrou a bandeja com os sanduíches para ele – Eu pus o molho no canto para você
- Obrigado

Meus olhos só faltaram soltar faíscas quando vi que ela encostou por alguns segundos na mão dele, e quase cuspi fogo quando vi que ele sorriu para ela de volta. Quando Remo virou para vir até nossa mesa, eu já estava de pé.

- O que foi? – disse cínico colocando a bandeja na mesa
- Vocês são todos iguais...
- O que eu fiz? Ei, aonde você vai?
- Sentar com as minhas amigas. E não venha atrás de mim!

Sai de perto dele indo sentar com as meninas, que já tinham visto minha cara e entendido o que tinha acontecido, deixando ele sozinho com a bandeja na mão na outra mesa.

ººº

- O que aconteceu, Aluado?

Meus amigos haviam chegado no Três Vassouras e sentaram na minha mesa assim que me viram sozinho. Tiago logo quis saber o que tinha acontecido e contei a eles o surto que Louise teve ao ver a balconista conversando comigo. Sirius olhou por trás do banco e viu que ela estava sentada com as amigas em uma mesa do outro lado do pub. Todas conversavam concentradas e de vez em quando lançavam um olhar assassino na nossa direção.

- Deixa comigo, vou resolver isso
- O que? Vai resolver o que, Sirius? – falei assustado vendo ele levantar
- Vou falar com a Louise, ora
- Não, não vai falar com ninguém, senta aqui!
- Relaxa cara, vai dar tudo certo
- Sirius, não! Volta aqui! – mas ele me ignorou e saiu andando até a mesa das meninas

Tiago, Pedro, Quim e eu viramos as cabeças depressa para acompanhar o que Sirius ia fazer. Senti meu estomago afundar quando ele parou ao lado da mesa delas e pediu para falar com Louise a sós. O que eu não esperava era que ela fosse topar. Sirius se afastou alguns centímetros da mesa e ela o seguiu, prestando atenção ao que ele dizia em um tom de voz muito baixo. De longe parecia que ele estava a convencendo de que não tive culpa, mas de repente, numa fração de segundos, Louise acertou um tapa no rosto dele e se sentou furiosa na mesa, mas não sem antes me fuzilar com o olhar. Sirius deu meia volta com uma cara feliz até demais para quem tinha levado um tapa e sentou ao meu lado outra vez.

- É cara, boa sorte com a sua namorada...
- O que você falou pra ela?
- Ora, o que poderia ter dito? – ele me indagou como se a resposta fosse obvia – Expliquei a ela que é normal para os homens paquerar outras meninas, que é uma coisa que toda mulher deve se acostumar a conviver sem nos questionar e...
- Eu não acredito que você falou isso pra Louise! – o interrompi não querendo ouvir o resto
- E você queria que eu dissesse o que??
- Nada, pra começar! Não pedi que fosse lá!
- Não precisa ser mal agradecido também!
- Pois me diga uma única razão pela qual devo agradecer você pelo que acabou de fazer?
- Remo, vai conversar com ela – Quim pôs um fim na discussão – Vocês se gostam, não tem porque brigarem por besteira
- É... Eu vou até lá

Levantei da mesa ignorando os resmungos do Sirius e marchei até a mesa das meninas. No caminho ia pensando nos prós e contras de me aproximar da Louise quando ela estava cercada pelo esquadrão feminino que ela chamava de amigas, mas não podia ficar sentado sabendo que elas estavam envenenando minha namorada contra mim, principalmente depois da brilhante ajuda do Sirius. Quando parei ao lado da mesa, parecia que estava caminhando há 2 horas para chegar até lá.

ººº

- Ele ta vindo, Lou! – Alex falou depressa desviando o olhar do corredor do pub
- Não deixa ele te convencer de qualquer besteira – Yulli falou rápido
- Escuta ele primeiro, não tire conclusões precipitadas – Sam falava agora
- Louise? Posso falar com você um instante?

Virei o rosto para olhar para ele e automaticamente voltei a encarar as meninas, sem respondê-lo. Não foi nada planejado, eu simplesmente não lhe dei atenção.

- Lou, você não vai poder me evitar pro resto da vida
- Não, mas enquanto der, pretendo!

Levantei da mesa apressada e o empurrei com as mãos para que saísse do meu caminho e me deixasse passar. Não sabia aonde ia, mas queria sair do Três Vassouras, estava me sentindo sufocada lá dentro. As meninas ficaram na mesa e Remo veio atrás de mim pela rua do povoado.

- Quer ficar parada e me escutar? – ele agarrou meu braço quando me alcançou
- Não preciso, seu amigo já explicou como funciona – respondi azeda
- O Sirius é um idiota, eu não pedi pra ele falar nada! E o que ele falou não é verdade!
- Não seja mentiroso... Depois de ter ouvido da boca dele, até que fez sentido. Vocês são todos iguais, uns porcos!
- Não me julgue junto com eles! Garotos podem até fazer o que ele falou, mas eu não!
- E o que faz com que você seja diferente deles?
- Eu tenho uma namorada que amo e não preciso olhar pra nenhuma outra garota

Remo segurou meu outro braço com a mão livre e me puxou para perto dele, olhando dentro dos meus olhos. Eu andava me sentindo tão sem forças nos últimos dias que não fui capaz de desviar o olhar dessa vez e deixei que ele me abraçasse. Deixei que ele me abraçasse e fizesse com que eu me sentisse protegida de alguma forma. Eu não havia ficado triste por ele ter dado atenção à menina, pois sabia que não tinha motivos para me sentir ameaçada. Meu medo era de me decepcionar outra vez com uma pessoa que amava muito. E Remo parecia ter entendido o que realmente aconteceu. Ele me afastou dele o suficiente para poder me olhar meu rosto outra vez e o encarei com os olhos cheios de lagrima.

- Eu nunca vou magoar você
- Eu sei...

Ele me abraçou outra vez e permiti que algumas lágrimas finalmente caíssem, me sentindo protegida pelos braços dele em volta de mim.

Sunday, March 11, 2007

Face the thing that should not be...

Diário de Alucard W. Chronos

- Hahahahaa... Você gostou não?
- Cale a boca!
- Você quase gargalhava de emoção...
- Pare com isso!! Deixe-me em paz!!
- Você não pode fugir... Você sabe disso!! Hhauahahahahaha Você sentiu prazer em vê-lo se contorcendo... Você adorou ver a dor nos olhos daquele animal...
- ME DEIXE EM PAZ!

Inconscientemente eu gritei isso no meio da biblioteca. Os alunos em volta dirigiram olhares de raiva e de espanto, primeiro por eu estar atrapalhando o silêncio dos estudos, e também porque não entendiam minha gritaria... Ainda mais que eu estava sozinho em uma mesa da biblioteca...

Messenger of fear in sight
Dark deception kills the light
Hybrid children watch the sea
Pray for father, roaming free

Minha cabeça rodava e eu sentia uma forte dor de cabeça e no peito. Aquele maldito ainda gargalhava na minha mente e esse som terrível ecoava a todo o momento, me lembrando do monstro...

- Eu estou mais próximo, cada vez mais próximo...
- Não vou te deixar sair!
- Hahahahahaha você não pode me impedir!! Estou chegando querido Alucard...
- Já falei para me deixar em paz!!
- Vou chegar tão perto que serei capaz de engoli-lo e tomar para sempre a sua existência. Você será apenas uma lembrança...E depois o que eu farei?! Hahahahaha

Fearless wretch
Insanity
He watches
Lurking beneath the sea
Great Old One
Forbidden site
He searches
Hunter of shadows is rising...Immortal!!
In madness you dwell

A sombra da minha mente realmente crescia a cada minuto e crescia devido à sede... As poções diminuíram seu efeito e estão cada vez mais fracas. Celas tenta melhorá-las, mas está tendo poucos avanços, até outros preparadores de poção têm dificuldades... E para piorar, junto disso tudo, minhas visões estão mais freqüentes e mais claras... Sinto que o dia em que meus pais serão atacados se aproxima... Sinto nojo do que sei que vão sofrer. Tenho nojo desses homens que torturam e matam semelhantes apenas por poder. A mente humana está sedenta e insana por poder, e a aula do Prof. Stroke só me comprovou isso...

- Nojo?! Hahahahaha Você se divertiu!! Você sentiu felicidade em ver os rostos dos outros com medo daquelas “brincadeiras”, enquanto você se alimentava do medo...

Decidi combater esses males a qualquer custo, mesmo que o resto da minha vida seja perdida, darei um fim a todos aqueles que puder. Cada vez mais uma decisão cresce em meu ser...Mas ainda tenho medo de prová-la... Ainda tenho de decidir o que fazer e sei que a partir de então, tudo será diferente...

Crawling chaos, underground
Cult has summoned, twisted sound
Out from ruins once possessed
Fallen city, living death

Saí da bilbioteca ainda muito tonto e com dificuldades e na saída esbarrei com o próprio professor Stroke. Ele me segurou e olhou no fundo de meus olhos e entendeu que eu não estava bem. Eu quase desmaiei e ele me amparou, perguntando como eu estava.
- Estou bem...É só uma tontura...
- Sr. Chronos, o senhor não está bem definitivamente. Acompanhe-me à minha sala, precisamos conversar...

Olhei em seus olhos e percebi que ele sabia o que se passava em minha mente. Ele notou que eu havia percebido e apenas mexeu a cabeça. Ele me apoiou levemente nos momentos em que eu vacilava ao andar, e fomos para a sua sala. Me sentei de frente a ele e ficamos nos encarando por um momento, sabia que ele podia tentar ler minha mente e eu queria enfrentá-lo.

- Hahahahaha ele tenta invadir sua mente e você não faz nada?! Você é um idiota mesmo!! Deixe-me sair, deixe-me ensiná-lo a nunca mais tentar ler NOSSA mente!!

Fearless wretch
Insanity
He watches
Lurking beneath the sea
Timeless sleep
Has been upset
He awakens
Hunter of shadows is rising...Immortal!
In madness you dwell

- Sr. Chronos... Eu o estava procurando. Precisamos conversar. – Ele finalmente parou de me olhar no fundo dos olhos e respirei um pouco aliviado.
- Eu não sabia que me procurava, se soubesse teria vindo à sua sala antes...
- É sobre a aula extra que ministrei à vocês...
- Eu a considerei muito boa... Ela despertou em mim uma vontade de impedir essas coisas e um nojo de quem as usa.
- É sobre isso que quero falar. O interesse que o senhor teve, excedeu alguns limites.

- Ahh! Ele não é idiota! Ele sabe o que você realmente é!! Deixe-me saudá-lo, deixe-me congratulá-lo, com certeza ele teria um bom gosto...

Not dead which eternal life
Stranger eons death may die
Drain you of your sanity
Face the Thing that Should Not Be

- Não estou entendendo, Senhor... – Desviei os olhos levemente.
- Sr. Chronos – ele recostou-se na cadeira e me encarou fundo novamente – Primeiro devo lhe dar os parabéns pela força de vontade e por não desviar os olhos quando o encaro. Mas me diga, por que eu o chamei para aquela aula?
- Porque você escolheu os melhores alunos e os que já possuem uma opinião definitiva sobre as artes das trevas, para nos preparar para o futuro incerto que está a caminho. – Eu respondi, encarando-o novamente, repetindo alguma de suas palavras.
- Exato. Mas naquela aula, o senhor teve um interesse excedente. Notei certos traços inclusive de crueldade, de prazer ao ver os pelucios sofrendo. – eu fiquei quieto, sem saber o que fazer, apenas estalando os dedos, mania de quando estou nervoso – Notei que você praticamente se "alimentava" do medo dos pequenos animais e de seus colegas, e ainda mais do nervosismo que pairava na sala. Uma interessante característica, presente em caçadores... - Ele notou que eu estava sem jeito e chateado, por isso sorriu de leve e falou novamente - Mas notei que apesar disso, você também lutou contra esse "prazer". Diga-me o que se passa em sua mente, não consigo entendê-lo perfeitamente. E lembre-se que sei da sua condição especial.
- Eu... Eu... Não sei o que dizer, professor... Eu estou me sentindo confuso no momento, sinto como se estivesse perdido e ao mesmo tempo à beira de um precipício sem volta...
- Sr. Chronos, esse tipo de coisa é comum em jovens da sua idade. E ainda mais em momentos de tensão e dificuldade... E você tem um agravante. Seu estado vampiro. Você é um perigo, para você mais do que para qualquer outro. Não sei se devo mantê-lo nas aulas.
- Eu sei me controlar! – Deixei minhas emoções aflorarem e bati de leve na mesa, ao mesmo tempo em que meus olhos se acenderam em vermelho.

- Isso!! Isso!! Deixe-me sair!! Deixe-me sair!!

Ele me encarou meio assustado, mas como se já esperasse isso. Nos encaramos por um longe tempo, e lentamente me acalmei, apagando o brilho de meus olhos.
- Perdão...- Balbuciei lentamente e sem jeito.
- Sr. Chronos, acho que você não deve mais freqüentar as aulas. Você não está em condições psicológicas para isso...
Isso me deixou muito triste e frustrado. Senti a raiva dentro de mim crescendo rapidamente e a voz na minha mente gritava ainda mais.

- ISSO!! ISSO!! RAIVA!! DEIXE-A SAIR!! DEIXE-ME LIVRE!

Não minto, fiquei a ponto de perder a razão e o controle, mas um movimento à porta atraiu a atenção minha e de Stroke. Nós dois demoramos a parar de nos encarar, como se esperássemos o ataque um do outro, e viramos juntos para a porta. À porta encontrava-se Endora parada.
- Stroke, você pode ser professor dele, mas não o conhece como eu o conheço. Ele deve continuar nas aulas, é um direito dele e que merece.
- Endora, não posso deixar alguém que está a ponto de se deixar guiar pela raiva conheça as artes das trevas.
- Se ele quisesse trilhar esse caminho, ele já o teria feito. Ele poderia ter arrancado isso de você. Ele é um vampiro. Acha que ele não já poderia ser um Comensal?!
- Ainda não é um Comensal, mas pode se tornar... Eu vi a crueldade em seus olhos.
- Ele é meio-vampiro! A crueldade infelizmente penetrou em seu coração, mas ele é humano, e um humano de grande coração. E nisso eu o conheço bem.
Eu assistia atônito a discussão. Aprendi a gostar da Endora nas aulas que ela dá a mim e à Alex para que controlemos nossos dons. Mas não sabia que ela sentia o mesmo por mim e que iria me proteger. Eles ainda discutiram por um momento, mas eu não prestava atenção direito, a tontura voltava lentamente. Stroke soltou uma risada alegre e vi que ele havia decidido me dar novas chances, mas eu não entendia como, já não entendia direito.
- Muito bem Sr. Chronos, você assistirá minhas aulas ainda. Agradeça muito a sua professora, ela me convenceu...E se você está aqui, é porque sei que têm potencial para resistir. Caso precise de mim, pode vir aqui a qualquer momento.
- Obrigado senhor...Eu voltarei se preciso...
Ele me sorriu e apertou minha mão. Me levantei e escondi a tontura, indo na direção de Endora na porta. Caminhamos pelo corredor por um tempo ainda em silêncio, mas eu estava feliz.
- Obrigado, professora Endora. Muito obrigado...
- Não é nada, Sr. Chronos. Você e a Alex eu prezo muito e irei defendê-los.
- Como soube que ele estava conversando comigo?
- Simplesmente senti...Sr. Chronos, acalme-se, sei que será capaz de vencer esse monstro que grita em sua mente, eu sei disso. E sei também que aprenderá a controlar o seu dom. Mas saiba, que às vezes, momentos não podem ser modificados...Tenha um bom dia.
Ela me deixou no corredor enquanto rumava para sua sala. Eu pensava em suas palavras, e por um momento me senti mais calmo. Porém a tontura não sumia... E a voz apenas aumentava, gritando e se aproximando...

N.A.: Música, Face the Thing that Should Not Be, Metallica....E perdão pelo tamanho gigante do texto ^^’
Alucard Wingates Chronos às 1:11 PM

Saturday, March 10, 2007

Desconfiança...

EB - Muito bem garotos, foram ótimos. A cada dia que passa o progresso de vocês me deixa muito feliz. Até a semana que vem na mesma hora.

Alucard e eu nos despedimos de Endora e voltávamos para nossas salas comunais. Eu estava achando engraçado olhar o Lu andando de peito estufado, ombros erguidos. Era quase como se ele flutuasse.
AC: Porque ta me olhando assim?- perguntou ao perceber meus olhares.
AM: Porque você ta diferente!! Ta tão... Feliz!
AC: Você não pode falar nada! Anda rindo sozinha também. – tentou mudar de assunto, mas me postei na frente dele e o olhei nos olhos.
AM: Não acredito! Aconteceu hein?! Maravilhoso!
AC: Isso não vale! Não leia minha mente! - Ele desviou o olhar, mas riu muito vermelho.
AM: Deixa de ser bobo Lu! Você sabe que por termos aulas juntos é meio difícil, pois já conhecemos as táticas um do outro. E mesmo assim, não preciso usar legilimência, pois está escrito na sua cara!! Você anda muito feliz desde o dia dos namorados! Ownn que bonitinho minha criança tá crescendo! Snif, acho que vou chorar de emoção! – falei enquanto bagunçava o cabelo dele.
AC: Ahrr...Arrr...Deixa meu cabelo! E você não pode falar nada hein! Pensa que não dá pra notar que você também está feliz? O Logan parecia ter ganho na loteria bruxa e sozinho rsrsrs. Ele te adora. O dia dos namorados foi bom pra nós dois... Realmente tinha algo poderoso naquele suco!!
AM - Sim, aqueles garotos fizeram uma poção excelente. A verdade chegava a criar asas neste castelo huahuahua. Eles podem ganhar muito dinheiro com ela.
Já era tarde e ele resolveu em acompanhar até a entrada da Lufa-lufa quando ele ouviu algo no corredor e tapou minha boca pedindo silêncio. Ficamos calados e nos aproximamos devagar e ouvimos vozes conhecidas:
- ...Não sei se ele é confiável Bella... Não o quero em todos os nossos encontros...
- ...Ele é tão confiável quando uma cobra pode ser e poderá nos ser útil, está tão desesperado por ser alguém, que nem vão prestar atenção nas coisas que ele fizer.
- Vou aceitar sua palavra, e se ele nos trair sabe qual vai ser o destino dele. - Snape disse friamente.
- O importante é que ele está conosco e... Ora, ora... Não é tarde pra criança estar fora da cama? O que fazem aqui? – Bellatriz disse provocativa.
- Aproveitando a beleza dos quadros, e vocês? Estão vindo de algum encontro romântico??- devolvi e ela estreitou os olhos.
- Não seja tola, sou comprometida e jamais... – mas parou ao perceber o olhar furioso de Snape. – Você gosta mesmo de andar com mestiços não? – disse com desprezo e senti Alucard se enrijecer.
- Ah eu gosto sim, meu circulo de amizades é grande, e isso é pra quem pode e não para quem quer.
- E desde quando eu quero suas amizades? Não seja tola.
- Sabemos muito bem qual dos meus amigos você quer. Só que nunca em sua vida medíocre vai tê-lo.
- Como se atreve... – e ela pegou a varinha e eu já empunhava a minha.
- Chega Bellatrix! O que não precisamos agora é chamar a atenção. Vamos embora. - disse Snape entredentes e saiu andando em direção ás masmorras. Bellatrix o seguiu não sem antes ameaçar:
- Em uma outra hora.
- Quando quiser. – respondi empinado o queixo.
Guardei a varinha nas vestes e Lu apenas me olhava sério.
- Que foi Lu? Porque a seriedade no olhar? Já duelei com a Bella antes e fui bem.
- Isso não me preocupa Alex, sei que você dá conta dela.
- Então o que é?
- Desde quando a Bellatrix obedece a ordens do Snape? Ela sempre o tratou com desprezo. E quem seria a pessoa que eles falavam? Pelo jeito é alguém que pode transitar livremente por aqui.
- Tudo é possível, então vamos prestar mais atenção às pessoas que fizeram aquela aula. - respondi enquanto parávamos em frente á tapeçaria da Lufa-lufa. Notei que ele estava sério.
- Lu não fica preocupado, vamos descobrir sobre quem eles falavam, sempre descobrimos. Nem que seja para jogarmos uma bomba cheia de poção da verdade na Sonserina.
- Ah não, vocês tomaram gosto por estas poções né? Lembre-me de nunca compartilhar o mesmo espaço que vocês quando precisar esconder alguma coisa rsrsrs.
Nos despedimos ainda rindo, mas a minha mente fervilhava e não consegui dormir de imediato: quem seria capaz de trair os amigos?

N.AUTORA: Post com a colaboração de Alurcard W. Chronos

Thursday, March 08, 2007

O Triângulo

Por Scott Foutley

- Levanta, inútil!

Senti uma mão bater no meu pé sob a mesa e o derrubar, fazendo com que me desequilibrasse. Meu irmão estava parado ao meu lado de braço dado com uma garota morena e muito bonita, usando um uniforme da Corvinal. Era Sandy, a namorada de Wayne. Os dois haviam se conhecido quando ele voltou para a escola em Setembro e pouco antes das férias de Natal, decidiram namorar. Gostava dela. Além de muito bonita, ela também era legal. Talvez legal ate demais para o Wayne...

- O que quer? – falei ríspido me ajeitando outra vez na cadeira
- Pode falar, amorzinho – fiz uma careta ao ouvir meu irmão fazendo voz doce para falar com a namorada. Preferia o Wayne estúpido
- Não, fala você meu fofinho – tive ânsia de vomito quando Sandy lhe respondeu na mesma voz patética e fiz força para não rir
- Tudo bem – Wayne beijou a ponta do nariz dela e revirei os olhos – É o seguinte, panaca: Sandyzinha e eu estamos comemorando 3 meses de namoro esse fim de semana, e como teremos passeio a Hogsmeade, queremos saber se você quer almoçar conosco
- Por quê? – perguntei espantado
- Não foi idéia minha, mas a minha Sandyzinha – ele olhou pra ela com um sorriso imbecil no rosto - quer conhecer melhor meus irmãos. Megan e Karen também vão.
- Você vai, não é Scott? – Sandy se pronunciou finalmente, sorrindo pra mim
- Ahn, claro, por que não? Aonde e que horas?
- Madame Puddifoot, 11hs. Não se atrase panaca.

~*~*~*~*~*~

Sai cedo do castelo no sábado e fui para Hogsmeade com Mark e Ben. Passamos a maior parte da manha dentro da Zonko’s comprando porcarias. Enquanto meus amigos saíram com os bolsos carregados, eu tinha apenas uma sacola na mão. Quando estava perto da hora combinada me despedi deles e caminhei até o café da Madame Puddifoot. Já estavam todos lá dentro reunidos, conversando animados quando entrei. Sandy foi a primeira a se levantar e vir me abraçar e dar as boas vindas. Começava a desconfiar que ela fosse maluca. Wayne puxou uma cadeira para mim entre Sandy e Karen e me acomodei.

O almoço no café correu tranqüilo, ao contrario do que estava esperando para essa reunião entre irmãos. Apenas Sandy me parecia um pouco estranha. Ela não tirava os olhos de mim, sempre sorrindo de um jeito esquisito, e aquilo começava a me incomodar. Wayne, como já era de se esperar, não parecia perceber nada. Já estávamos lá dentro há mais de 3 horas e levantei da mesa, pedindo licença para usar o banheiro. Tinha acabado de sair dele e dei de cara com Sandy na porta, me assustando.

- Nossa Sandy, você quase me matou do coração agora – disse sincero, ainda ofegante com o susto.
- Desculpe, não queria lhe assustar – ela pôs as duas mãos no meu peito e olhei para ela desconfiado – de verdade
- Ahn, Sandy... – ela começou a alisá-lo e se aproximar mais – Acho melhor voltarmos para a mesa. O WAYNE – e frisei o nome do meu irmão – deve estar lhe procurando
- Eu não ligo para o Wayne

Não deu nem tempo de esboçar reação diante dessa declaração. Sandy me empurrou contra a parede e me beijou não me dando tempo de pensar. Consegui afastá-la de mim e nos encaramos. Mas apenas por alguns segundos, pois dessa vez fui eu quem a puxei para cima de mim para continuarmos o beijo.

~*~*~*~*~*~

- Onde estavam? – Wayne me olhou depressa e sorriu para Sandy quando voltamos à mesa
- Desculpe meu fofinho, ficamos conversando na saída do banheiro e esquecemos-nos de voltar – ela deu um beijo estalado em Wayne enquanto falava – Seu irmão é muito interessante, sabia?
- É, o panaca tem suas qualidades...

Sentei-me na mesa e estava me sentindo imensamente culpado por ter beijado a namorada do meu irmão, mas estava dividido entre esse sentimento de culpa com o sentimento de vingança. Vingança por tudo que ele já me fez, revide por todas as vezes que apanhei dele, por todas as humilhações pelas quais Wayne já me fez passar. Mas então, pensando assim, sentia-me repugnante. Como pude fazer isso? E o pior: como posso continuar com a vontade de puxar Sandy dos braços dele e continuar o que estávamos fazendo no banheiro?

Wednesday, March 07, 2007


Por Louise Graham Storm

Já haviam se passado dois dias desde que tivemos a aula sobre arte das trevas e os alunos que estavam presentes ainda não conseguiam comentar sobre outra coisa. A pedido do professor, os comentários se limitavam a pessoas que também estavam lá, ele não queria que toda a escola soubesse a fim de evitar aborrecimentos com o ministério da magia. Mas eu me mantinha alheia às intermináveis avaliações da aula, não tinha encarado aquilo da mesma forma que eles.

Depois de ouvir da boca do professor Stroke que minha mãe era uma comensal e torturava pessoas com aqueles feitiços que aprendemos em sala, não tinha mais animo para nada. Ia para as aulas e copiava a matéria sem nem ao menos saber o que estava escrevendo e quando não estava em sala, voltava para o dormitório querendo ficar sozinha. As meninas por diversas vezes tentavam me distrair, mas nada estava surtindo efeito. Nem mesmo Remo conseguia me animar e acabava ficando deprimido também, por não estar tendo sucesso nas tentativas. E minha cabeça, tinha a sensação de que ela ia explodir a qualquer instante e eu sequer sabia o motivo.

- Conversa com ele, meu amor – Remo falava com uma voz suave
- Não quero – respondi triste – Quer dizer, querer, eu quero, mas...
- Mas o que? O que te impede?
- Não saberia o que dizer! – falei finalmente o que me incomodava esses dias – Eu o acusei de ser um comensal e agora não sei como falar com ele. Se pudesse voltar no tempo...
- Mas você não pode, então não tem outro jeito a não ser ir até lá. Que tal começar pedindo desculpas?

Ele beijou minha testa e pela primeira em dois dias, consegui esboçar um sorriso, mesmo que ainda fraco. Deixei-o sozinho no pátio e caminhei lentamente até a sala do professor Stroke. Senti minha mão tremer levemente quando me aproximei da porta. Ela estava entreaberta e bati antes de entrar.

- Srtª Storm... Esperava-a aqui mais cedo. Dois dias mais cedo, para ser mais exato.
- Desculpe – não sabia se estava me desculpando por demorar a procurá-lo ou por tê-lo acusado injustamente
- Desculpa aceita - ele agradeceu com um sorriso sincero pelas duas coisas - Entre, por favor.

Entrei na sala ainda tremendo um pouco e sentei na cadeira em frente a ele, sem dizer nada. Não sabia nem por onde começar e depois de um tempo sem trocarmos nenhuma palavra, ele parecia ler minha mente e quebrou o silencio.

- Você não é como Elizabeth, Louise
- Como pode ter certeza disso? Aposto que com 16 anos ela também não dava indícios de que se tornaria um... – fiz uma pausa antes de falar – um monstro
- Lizzie sempre demonstrou tendências para isso, as pessoas que não enxergavam – ele também fez uma pausa antes de continuar – ou não queriam enxergar
- Por que resolveu nos ensinar aquelas coisas? Foi horrível e...
- Necessário. Como está se sentindo depois de ter aprendido aquilo tudo? Como se sente agora que sabe como torturar e até acabar com a vida de alguém?
- Péssima. Sinto-me suja, como se tivesse sido contaminada por algo incurável. Que não importa o que eu faça, nunca vou esquecer o que vi e fiz naquela aula.
- Pois então! Era esse o efeito que eu desejava! – ele largou os livros na mesa e falava olhando para mim como se estivéssemos debatendo algo interessantíssimo e tivéssemos acabado de chegar a um consenso – Vocês estão se sentindo contaminados, como você mesma descreveu, e agora querem se livrar disso. Não podem simplesmente tirar o que aprenderam das mentes, então irão se concentrar em impedir que essas coisas sejam executadas lá fora!

Continuei muda, sem saber ao certo o que responder a ele. Stroke encostou as costas na poltrona outra vez e tornou a abrir seu livro, folheando duas páginas depressa e tornando a fechá-lo. Ele debruçou na mesa e olhou dentro dos meus olhos, sério. Desviei o olhar dele, tinha a sensação de estar sendo invadida, sensação de que ele podia ler meus pensamentos e aquilo me incomodava.

- Você não é como ela, acredite em mim
- Então porque tenho a sensação que minha vida já esta traçada a seguir esse curso?
- Bobagem. Nós fazemos nosso próprio destino, Louise. Cada um tem o controle sobre sua vida, você faz dela o que quiser. E estou dizendo que você não vai ser como sua mãe. Você não é a Lizzie. Vocês não se parecem em absolutamente nada.
- Tem algo lhe incomodando também.. – disse de repente, sem pensar direito. Não sabia como, mas era como se eu tivesse acabado de ler sua mente
- Seu namorado... – ele estava pensativo e me assustei
- O que tem o Remo??
- Com ele nada, mas notou a ausência de alguém entre os amigos dele na aula?
- Sim, do Pettigrew. Por que não o chamou?
- Não me peça para lhe explicar como, mas posso ver as pessoas por dentro, posso sentir quem é confiável ou não, e aquele menino não me inspira confiança
- Também nunca gostei dele, mas o Remo o adora...
- Alerte seu namorado sobre ele – ele agora estava sério – Talvez ainda não seja tarde. Minha outra preocupação não se remete a confiança em alunos... Alucard me preocupa um pouco, ele parecia estar gostando um pouco mais que os demais das aulas.... Mas vou conversar com ele primeiro.
- Acho melhor eu ir, tenho que terminar alguns deveres – e levantei da cadeira
- Quero que se sinta a vontade de vir a hora que quiser se tiver vontade de conversar. Acredito que não possa saciar todas as suas duvidas e inquietações sobre sua mãe, mas talvez possa ajudá-la a entender muitas coisas sobra sua vida.

Agradeci a oferta com um sorriso sincero e sai da sala. Talvez ainda não estivesse me sentindo como antes, talvez tudo que eu tenha aprendido naquela aula nunca seja esquecido de verdade, mas a verdade era que estava me sentindo mais leve e relaxada depois de conversar com ele, mesmo que por apenas alguns minutos. E por alguma razão que também não sabia explicar, havia aceitado e acreditado de uma vez por todas que da minha mãe, herdei apenas a cor dos cabelos.