Monday, February 28, 2011


Das anotações de Haley McGregor Warrick

Domingo, depois do meio dia

- Ela está dormindo demais....Isso não é comum.- disse Keiko, perto de minha cama, e ouvi um comentário de Clara:
- Que ela tenha perdido o café da manhã é normal, mas o almoço?Deve estar em coma alcóolico.
- Ela está em sono profundo?- quis saber Penny e Leslie respondeu:
- Haley não está em sono REM, ou como dizem os incultos, sono profundo. Não há tremor em suas pálpebras, caracterizado por movimento rápido dos olhos. Ouso dizer que ela está fingindo dormir, para ver se vocês vão cuidar de suas vidas e a deixam em paz. Eu teria optado por uma barreira mágica, ou até mesmo uma placa de ‘não perturbe’ em hidrocor.
- Obrigada por suas explicações, Leslie, sinto que hoje aprendi um pouco mais sobre como não ser incomodada quando estiver em minha cama.- disse abrindo os olhos e olhando feio para a nossa colega de quarto, que não entendeu a minha ironia e disse:
- Por nada, Haley. É sempre bom poder colaborar com os menos afortunados intelectualmente. Agora que a crise no Império foi resolvida, vou tentar recuperar o meu tempo para almoçar, não posso atrasar porque já combinei com alguns colegas de discutirmos a teoria da relatividade no mundo bruxo. Será tão instrutivo.- ela saiu e eu me sentei na cama encarando Clara e Keiko e Penny.
- Hey! O que é que você tem? Sua cara está péssima.- disse Clara direta e eu respondi:
- Não dormi direito à noite...
- Isso percebemos, você se mexeu bastante. Foi por causa da discussão com o Justin? Ou o Roger fez algo? O que aconteceu?- quis saber Keiko ansiosa e eu respondi:
- Tive uma noite péssima, com vários sonhos misturados, o baile, depois com ataques de monstros...Vampiros atacando inocentes....
- Bom, sabemos que há uma guerra em curso...Isso não deveria te afetar tanto, nós estamos seguros....
- Sei que estamos seguros, mas o que me assustou foi que nós estávamos no meio da luta e éramos atacados aqui.
- Foi um sonho premonitório?
- Não, eu não tenho premonições, até porque depois apareceu Willie Wonka, correndo atrás de mim para que eu provasse os novos chocolates de lama da fábrica dele.- rimos.
- E então não vai almoçar com a gente? O dia está legal e Roger já andou perguntando por você. Ele é bonito.- disse Penny e eu respondi:
- Não estou com fome. Quero ficar aqui e dormir um pouco mais. Depois vou até a cozinha e pego alguma coisa para comer. – elas ainda insistiram, mas dada a minha certeza, foram para o salão.
Voltei a dormir e acordei algumas horas depois, faminta. Tomei um banho e depois de passar pelo salão comunal, e não encontrar nenhum dos meus amigos, abri a passagem para ir para os corredores, quando encontrei Justin sentado no chão, defronte a passagem da Sonserina. Ficamos parados nos olhando e ele se levantou dizendo:
- Oi! Você está bem?Não apareceu no salão comunal na hora das refeições. Não está doente, está?
- Não, eu não estou doente, está tudo bem.- comecei a me virar, mas ele me segurou pelo braço.
- Eu queria saber se você aceitaria sair comigo para conversar? Nós poderíamos até fazer um picnic. - E ele mostrou que tinha uma sacola de papel numa das mãos e de lá saía um cheiro delicioso. – olhei para onde estava a sua outra mão, e ele me soltou:
- Desculpa, eu realmente preciso falar com você, é importante. Por favor?- acenei positivamente e o segui até os jardins, ele me conduziu para um lado mais afastado, próximo da cabana de tio Hagrid. Fomos até a área que tio Hagrid usa para nos mostrar criaturas maiores e algumas vezes perigosas, em suas aulas. Encontramos uma árvore caída e eu me sentei enquanto ele me fitava:
- Muito bem, estamos aqui. Qual o problema?
- Eu não fui honesto com você, lá na Austrália. Quando disse que não tinhamos nada a ver, eu menti.
- E?- perguntei seca e ele se sentou ao meu lado me olhando:
- Eu devia ter confiado em você, pois eu sei que você tem caráter, e não nas coisas que aquele ex colega do Texas disse. Ele e eu já...disputamos a mesma garota, e não terminou bem.
- Certo...Então você e aquele pavão, acharam que eu era o troféu da vez.
- Não, Haley. Eu...Droga, eu estava assustado com a possibilidade de estar envolvido demais com você. Não entendia como, mesmo saindo com outras garotas eu só tinha você em mente.Isso nunca tinha me acontecido antes e...
- Você estava com medo de gostar de mim, e a melhor forma de demonstrar isso foi sendo um ogro e me afastando, fez um ótimo trabalho. Mas o problema não era só este Justin. No pouco tempo que ficamos juntos, nós não conversávamos, era muito...intenso.
- Sim, era...- ele sorriu maroto e eu fiquei vermelha, mas continuei:
- Você sempre está conversando com a Clara, Arte...
- Elas são nossas amigas! E quanto a estarmos sempre juntos, é porque eu posso ajuda-las a conviver com as suas habilidades, você já me viu treinando com a Artemis, em Avalon.
- Sim, já vi e acho ótimo porque isso traz equilibrio para a Arte e a faz ficar segura, e mesmo eu não entendendo direito o que você faz pela Clara, sei que depois que ela começou a treinar com você, e o Hiro, ela está mais calma e não se transforma mais na Lassie homicida.- sorrimos, pois sabiamos o quanto Clara ficava irritada em ser chamada assim.- ele me olhou sério e disse:
- Quero te contar uma coisa que vai ajudar a explicar o porquê de eu estar ajudando a Clara.- ele se levantou e meu queixo caiu quando seu rosto e corpo começaram a se dilatar mudando de forma. Comecei a tremer assustada quando ouvi os sons de ossos se partindo e em segundos se reajustando, olhei para seu rosto esperando ver sinais de dor, mas tudo o que via eram os seus olhos calmos me encarando. Logo havia um enorme lobo na minha frente, distante de mim por apenas alguns passos.
- Justin?- perguntei com receio quando a criatura começou a se mover devagar, e encostou a cabeça pela minha mão. Alisei o pêlo do lobo e logo ele se afastou e antes que eu me recuperasse, ele se transformou numa águia, e veio pousar ao meu lado. Após alguns minutos, eles se transformou em si mesmo, e não pude evitar de me aproximar e colocar minha mão em seu rosto e disparei a fazer perguntas, enquanto o olhava de cima a baixo vendo se todos os seus ossos estavam no lugar:
- Você está bem?Isso dói? Você é um animago?
- Sim, eu estou bem, e agora não dói mais, é como respirar. Eu não sou um animago. Sou um transmorfo, desde os 13 anos...
- Foi por isso você pediu ao Julian fosse ficar com você na reserva?- ele assentiu e continuou:
- Posso me transformar em vários animais, e algumas noites eu saio com a Clara para que ela possa ter companhia enquanto gasta energia. Nesta forma, podemos nos comunicar caso haja algum perigo. São alguns dos poderes que tenho como xamã.
- Os nossos amigos sabem?- quis saber e ele disse:
- Julian foi o primeiro a saber, depois contei ao Rupert, claro que ele não ficou muito surpreso. Artemis sabe porque conseguiu ler a minha mente e por causa de Chronos começamos a trabalhar juntos. - olhei-o curiosa e ele explicou:
- Foi Chronos quem me explicou o que estava acontecendo comigo, após alguns apagões da minha memória quando estudava no Texas, e Clara soube, quando nos esbarramos numa noite na floresta e o jeito foi revelar a ela o que sou, pois ambos perseguíamos um outro lobisomem. Os outros só viram algumas coisas ao longo do tempo...
- Como os poderes que você liberou para lidar com o vampiro no trem e o que tem feito com os túneis do nosso QG...E nesta ocasião você já sabia que podia ver espíritos? – e ele assentiu e continuou:
- Posso manipular os elementos, e não preciso de uma varinha para fazer magia.E quanto aos espíritos...Posso vê-los mas dificilmente algum deles se aproxima para falar comigo.- lembrei-me de algo e quis saber:
- Porque Pirraça tem medo de você? E mesmo os outros fantasmas do castelo, não se aproximam de nosso grupo quando você está por perto, mesmo o Frei Gorducho mantém distância.
- É porque como xamã, eu posso manda-los seguir em frente.- compreendi o que ele quis dizer, o encarei séria e disse:
- Acho tudo isso muito legal e fico contente que tenha confiado em mim.- comecei a levantar e ele segurou a minha mão:
- Não foi só por isso que eu pedi para conversar com você. Eu tenho que lhe pedir desculpas. - e ele se levantou e ficamos próximos um do outro. Ele era mais alto que eu, e eu precisei levantar a minha cabeça para olhar em seus olhos, percebi que nossas mãos estavam entrelaçadas, mas não me importei:
- A minha reação de ontem ao ver você e MacMillan juntos, me mostrou o quanto eu estava sendo idiota, esperando que você adivinhasse os meus sentimentos. Eu sou apaixonado por você, desde a primeira vez que eu te vi e fui orgulhoso demais para dar o braço a torcer e agora pode ser tarde demais, mas acho que você tinha o direito de saber. – abri a boca para falar, mas ele continuou me puxando para mais perto:
- ...e mesmo que eu seja página virada na sua vida, eu ainda quero...Melhor dizendo, eu gostaria que fossemos amigos, sei que posso ser um bom amigo para você, sempre, porque podemos confiar um no outro. – Passei a língua pelos meus lábios e respondi:
- Eu também.- ele ficou confuso e quis saber:
- Também o quê?
- Também sou apaixonada por você. – sorrimos e ele segurou meu rosto em suas mãos e me beijou. Ficamos nos beijamos por um bom tempo, e ele disse sério, me olhando nos olhos:
- Sei que você não gostaria de rotular o que temos, mas é serio entre nós, ok? Sou um pouco ciumento.
- Eu também sou e com você eu não tenho medo da palavra com N. – sorrimos, enquanto eu ficava na ponta dos pés para beijá-lo novamente.

Need you by my side.
Cause everytime we touch, I feel this static.
And everytime we kiss, I reach for the sky.
Can't you hear my heart beat slow
I can't let you go.
Want you in my life.


N.Autora: trecho da música: Everytime We Touch, Cascada

Saturday, February 12, 2011

Answer will be found

If you love, I’ll love. Don’t be scared, you’ll be safe, this I swear.

Lembranças de Artemis e Tuor

Na visão de Tuor


- Senhorita Chronos? – Um elfo doméstico chamou Arte, assim que entramos no salão principal.

A contra-gosto, Arte se virou para ele e sorriu, enquanto ele tirava um bilhete de cor rosa de uma bolsa e entregava a ela. O elfo fez uma reverência e entrou no salão indo atrás do restante dos alunos que tinha que entregar. O salão ainda não estava cheio, pois era bem cedo e muitos ainda estavam descendo. Arte me pediu que fossemos cedo parar Hogsmeade, pois queria falar comigo e não queria muitas pessoas em volta.

- Francamente, esses garotos estão me irritando. – Ela falou, e, sem olhar o bilhete, o amassou e jogou em uma lixeira. Isso me fez rir, e ela me olhou um pouco feio, mas relaxou o olhar. Ela estava muito chateada, eu sabia disso, mas até agora não tínhamos conversado ainda. Eu estava respeitando o seu tempo e esperava, até mesmo ansioso.
- Concordo com você. Quer ir logo para Hogsmeade? Os elfos não vão lá. Podemos levar algum lanche e comer no caminho.
- Obrigada. – Ela respondeu, aliviada. Meu coração batia forte e eu não sabia o porque.

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- Eu terminei com ele ontem, Tuor. – Arte falou. Nós estávamos em uma zona bem afastada do vilarejo, quase em seus limites. Ficava perto de uma árvore muito antiga e bela, que começava a ter suas primeiras flores, agora que o inverno começava a recuar e a primavera já começava a surgir. Era uma cena bonita: a natureza voltava à vida mesmo entre os últimos flocos de neve, com energia renovada, em um grande e eterno ciclo. Com a presença da Arte, esse ciclo pareceu se intensificar e logo a árvore parecia ainda mais viva e mesmo os flocos de neve pareciam mais puros. O céu também parecia mais claro e límpido, com uma luz mais intensa e pura. Eu jamais consegui me acostumar com o modo como ela era capaz de mexer na natureza e no mundo.
Arte sentou-se em uma das raízes da árvore, que pelo seu comando, surgiu acima da terra, fornecendo-nos um lugar para sentar e conversar. Arte gostava daquele lugar, principalmente quando queria conversar. Apesar de estarmos afastados de todos eu percebi quando ela conjurou uma barreira ao nosso redor. Dificilmente alguém ouviria ou veria algo. Ela estava muito chateada, como eu nunca vi. Desde que ela e o Stefan brigaram eu sabia que eles não voltariam, pois sabia o que ela pensava sobre aquilo. Mas foi duro pra ela e ela estava muito triste.
Ela apontava a varinha para o chão e fazia pequenas pedras levitarem, ou acariciava o tronco de árvore. Eu não sabia o que dizer, mas senti vontade de reconfortá-la, só não sabia como. Nossa briga nas Olimpíadas tivera uma reação estranha: nós nos aproximamos ainda mais. Agora os nossos olhares diziam muito e os sorrisos mais ainda. Mas também nós dois ficamos mais sem graça em algumas situações que antes não ficávamos. Era como se tivéssemos medo de nos aproximar demais...
- E como você está? – Eu perguntei, de forma meio idiota.
- Não sei, não dá pra ver? – Ela perguntou, olhando fundo e m meus olhos. Seus olhos eram assim mesmo difíceis de encarar, pois eram cheios de força, pareciam capaz de ler sua alma.
- Não fica assim. – Eu falei, sentando ao lado dela na raiz da árvore. Ela recostou a cabeça em meu ombro e eu a abracei. – Se está triste porque terminou com ele, vá falar com ele, vocês ainda têm chance de dar certo.
- Não é isso. Eu não sei disser como estou. Estou confusa. – Eu notei o modo como sua voz estava frágil, o que eu nunca vira. Senti um aperto no peito e a abracei com força, mantendo-a com a cabeça encostada em meu ombro. – Eu já não sinto o mesmo pelo Stefan. Nem pelo Damon. E não quero os dois brigando por mim, cansei disso.
- Ei, está tudo bem. Tem alguém na jogada já é? – Eu falei, forçando um sorriso. Senti ela sorrindo.
- Não seu bobo. Na verdade... Não sei. – Ela falou num sussurro e eu senti meu estômago afundar e meu coração disparar. Só que eu não sabia se era de felicidade ou outra coisa.
- O que foi? – Eu falei, olhando para ela.
- Nada... – Ela falou, levantando um pouco a cabeça e me olhando fundo nos olhos.
- Ei, eu estou aqui tá? Seu viking fiel, alteza! – Eu falei, tentando animá-la. Ela sorriu, mas ainda havia tristeza e dúvida em seus olhos.
- Eu até gosto quando me chama assim. Me sinto próxima a você. – Ela falou baixinho e eu não sei por que fiquei feliz. A voz de Keiko e Tricia me assombravam, dizendo que eu gostava dela.
- Então, minha princesa, que tal ficar mais animada, hein? – Eu falei, balançando-a levemente e com carinho.
- Por que todos não podem ser como você? Seria mais fácil. – Ela falou, em um sussurro fraco. – Você é especial, Tuor, não sabe o quanto.
- Ei, Arte, não fica assim. – Ela começava a chorar e eu não sabia o porquê. Eu a abracei com força, deixando-a chorar em meu ombro. Era uma cena estranha. Arte sempre foi alguém forte, muitas vezes mais do que eu.

Desde que entrei em Hogwarts, Arte foi a primeira pessoa que eu falei. A primeira que eu conversei, a primeira que brinquei, a primeira que sorriu comigo e para mim. Crescemos juntos nesse dois anos e nunca me senti tão próximo de uma amiga assim. E esse era meu medo: como saber se o que eu estava sentindo não era apenas amizade? Como saber se aquela vontade louca de querer tê-la para mim não era apenas amizade? Eu também nunca tinha amado de verdade alguém, então não sabia ter certeza. Amei muito Keiko, e ainda a amo, pois ela tornou-se alguém especial. Mas era um amor diferente, principalmente de amizade. E o que eu sentia agora pela Arte? Seria amor?

Eu nunca tinha sentido isso, era difícil saber. Vê-la ali chorando, me fez perceber que eu faria tudo para deixá-la bem e que eu queria protegê-la.

- Eu estou aqui com você, não estou? – Eu falei, levantando seu rosto com as mãos. Ela, porém, pareceu ficar com os olhos ainda mais tristes e eu percebi o porque: por quanto tempo eu estaria ali? Olhar em seus profundos olhos azuis quase me deixou sem ar.

Eu enxuguei suas lágrimas com carinho usando a minha manga, e, enquanto ela fechava os olhos para eu secá-los, beijei seus olhos com ternura, como minha mãe costumava fazer comigo. Ela então abriu os olhos e sorri para ela, e ela sorriu também, depois de um pequeno soluço. Ela parecia serena. Estava linda.

Então aconteceu lentamente. Naturalmente.

Nossos olhos ficaram fixos um no outro e eu não era mais capaz de ver, sentir ou ouvir mais nada que não fosse seus olhos, seu perfume e a maciez de seu rosto ainda em contato com a minha mão, a respiração ofegante.

Nos aproximamos lentamente, ainda com os olhos fixos um no outro. Então fechamos nossos olhos ao mesmo tempo e nos beijamos. Naquela hora eu tive certeza de uma coisa: aquele beijo foi o melhor e o mais especial de todos os que eu beijei. E nenhuma garota jamais me fez sentir o que ela me fez sentir naquele momento. Especial, completo.

ººººººº

Na visão de Artemis

Foi um momento mágico, onde o tempo parou.

Eu não conseguia perceber mais nada além de seu beijo.

Não pensava em Stefan e Damon, em como briguei com eles, em como terminei com ele. Eu só conseguia pensar em uma pessoa: em Tuor.

Foi um beijo doce, calmo, e até inocente. Nossos lábios se tocaram de leve e não conseguíamos mais nos afastar. Seus lábios deixaram uma marca em meus lábios. Eu não pensava em mais nada. Jamais um beijo mexeu tanto comigo.

Ele me abraçou docemente, e eu me soltei em seus braços, enquanto nos beijávamos.
Não sei quanto tempo ficamos assim, sentados e nos beijando.
Depois de um tempo nos afastamos e eu abri os olhos. O vi de olhos fechados e notei como ele ofegava, assim como eu. Aquele beijo também tinha sido diferente para ele.
Ele abriu os olhos e nos olhamos novamente. Eu me sentia vermelha, mas feliz.
Eu entendi o que era aquilo. Era amor.

A certeza disso me acertou ao mesmo tempo que dúvida. Mas ele era e sempre foi meu melhor amigo?! Mas eu não queria mais pensar em nada. Então, nesses poucos segundos em que olhei em seus olhos eu finalmente entendi tudo: entendi porque nunca soube escolher entre Damon e Stefan, entendi porque nenhum dos dois me fazia realmente feliz. Entendi o porquê de eu só me sentir realmente bem e calma ao estar do lado de Tuor. Era de Tuor que eu sempre gostei, era sempre ele que me completava. Foi por gostar dele que eu jamais consegui me decidir de quem gostava, e por causa dele que briguei tanto com Milena. Foi por causa dele também que eu cresci tanto, querendo me tornar alguém digna e importante para ele.

Não sei bem o que deu em mim, mas me levantei e tentei andar, apesar de ter as pernas bambas.
Ele segurou minha mão e ficou de pé.

- Arte. – Havia ansiedade e dúvida em sua voz. – Me desculpa, eu não deveria...

Novamente eu não soube o que deu em mim. Eu o olhei novamente, tapando seus lábios com a mão e o fitei longamente. Então o beijei. Ele retribuiu o beijo com carinho.

Nos apoiamos no tronco da árvore e eu me deixei cair em seu peito, ainda beijando-o. Nos entregamos a esse beijo, abraçados, como se não existisse mais nada. E acho que não existia. Eu só sentia e me preocupava com ele. Só queria ele. Nunca me senti tão protegida, tão completa. Eu estava amando meu melhor amigo.

ººººººº

Visão de Tuor

Quando ela me beijou novamente, eu senti como se minhas pernas ficassem bambas. Aquilo era diferente de tudo que já experimentei.

Nos apoiamos na árvore e nos beijamos por um tempo que me pareceu a eternidade.
Quando finalmente terminamos aquele beijo, nossas testas se encontraram e ficamos um olhando o outro, sem fôlego. Eu me sentei, recostado na árvore, e ela sentou comigo, se deixando abraçar. Os últimos flocos de neve misturavam-se às pétalas e folhas enquanto simplesmente ficamos abraçados, olhando o céu. Nossos corações batiam juntos, nossas mãos entrelaçadas.

Eu estava amando a minha melhor amiga.

Now it is time for you to close your eyes
They´ve seen much pain it´s slowly filling your mind
Pretty as they are but now so pale
You better leave all your worries far behind

Not long ago when you had the Fire
Burning inside of you brighter than any flame
You were the one that I believed in
Keeping our hopes up high where are you now?
Where do you aim?

Let me take you there
To the place you know
Why don´t you Dream With Me
The answers will be found

Now it is time to open your eyes again
See how all the sorrows have disappeared faded away
I am right here waiting for your call
If you still need me to guide your pace
Through the day

Let me take you there
To the place you know
Why don´t you Dream With Me
The answers will be found


ººººººººººº

No baile de Dia dos Namorados, Artemis e Tuor foram juntos. Foram como amigos, dançaram como amigos, conversaram como amigos... Mas estavam abalados e confusos, sem mais saber ser era apenas amizade. Aquela tarde havia mudado a forma como eles se viam, mudou a forma como se sentiam um perto do outro. Não se beijaram durante a festa, na verdade, eles beijaram-se apenas enquanto estiveram na árvore do vilarejo. Eles queriam primeiro entender o que sentiam, mas não queriam se afastar. Aquela tarde havia mostrado a ambos como um era importante para o outro. Eles voltaram para o castelo no final da tarde, de mãos dadas, e ele prometeu que a buscaria às 19hs. Ela sorriu para ele e foi contar para suas amigas o que tinha acontecido, que a esperavam, ansiosas e curiosas.

ººººººº

- Eu vim avisá-lo. – O homem falou, surgindo diante de Chronos que estava sentado no chão com as costas para o trono de Arturia. Chronos sabia como aquele momento era importante para sua querida Artemis e lhe deu privacidade.
- Há quanto tempo... – Chronos respondeu, ainda de olhos fechados, respirando fundo.
- Sim, muitos séculos... As escolhas foram feitas, Chronos. Ele está começando a ganhar forma. – O homem falou, tocando com uma das mãos em um livro acorrentado a seu braço. Chronos abriu os olhos e reconheceu o homem de capa e manto negro.
- Imagino que não me deixará vê-lo novamente, deixará?
- Você não precisa lê-lo para saber ou imaginar... Ela é preciosa a você não?
- Sim, muito. – Chronos respondeu, sua voz marcada por cansaço e preocupação.
- Não guardo rancor de você, pelo contrário, eu o respeito agora. Espero sinceramente que as escolhas tenham sido as corretas. – Ele então pareceu perceber algo e tocou o livro novamente. Ele olhou novamente para Chronos, apesar de seus olhos serem vazios e cegos. - Na verdade, resta uma única escolha. A mais importante delas e você sabe quem deverá fazê-la.
- Obrigado. – Chronos falou, e o homem desapareceu diante de seus olhos. – As escolhas foram feitas. Agora não há retorno e só me resta esperar e confiar.

Música: Dream With Me, Stratovarius.
Título: The Misery, Sonata Arctica; Dream With Me, Stratovarius.



- Não se esqueçam de pegar os trabalhos corrigidos comigo antes de sair – o professor Longbottom ergueu a mão quando o sinal tocou – E bom fim de semana pra todos.

A turma foi levantando aos poucos e caminhando até a bancada dele para receber os trabalhos antes de sair, mas fiquei por último. Não estava com a menor pressa de sair e ficar a mercê dos elfos cupidos que estavam perseguindo alunos pelos corredores. Recebi alguns bilhetes durante a semana que não eram nada anônimos, e por mais que não conseguisse negar que gostava mais de James do que Zach, não estava com vontade de sair com nenhum dos deles justo no dia dos namorados.

- Fugindo dos cupidos? – não vi que MJ estava atrás de mim quando sai da estufa.
- Eles já estão me irritando, todo mundo para pra olhar!
- Por que não pede logo pra eles pararem de mandar os bilhetes, já que você sabe de quem estão vindo?
- Acha que já não tentei? – bufei impaciente e ele riu – Você também recebeu uma boa quantidade de recadinho... – notei que ele ficou sem graça – Já escolheu quem vai convidar pro baile?
- Nenhuma – ele deu de ombros e me espantei – Não estou com a menor vontade de ir ao baile, pra falar a verdade.
- Ah não, você tem que ir! Você é da Lufa-Lufa, como pode não estar animado pra uma festa?
- Não, não é isso, é só que é tanta pressão de ter que convidar alguém – ele agora parecia realmente desanimado – E se eu não quiser? Não sou obrigado a ir acompanhado, sou?
- Claro que não, você faz o que quiser – de repente ouvi um estalo, uma luz no fim do túnel – Ok, tive uma idéia que pode ajudar a nós dois.
- Estou ouvindo.
- Vamos juntos na festa. Desse jeito James e Zach não me amolam e ninguém fica te perturbando pra convidar alguém.
- Isso pode dar certo – ele agora estava mais animado e estendeu a mão para eu bater – Nos vemos amanhã no café então, nosso encontro vai ter que ser o dia inteiro, ou não vamos ter paz.
- Até amanhã então.

Nos separamos quando chegamos ao corredor que levava à Lufa-Lufa e Sonserina, indo cada um pro seu lado. A perspectiva para o dia em Hogsmeade e o baile dos namorados começava a melhorar.

ºººººº

Acordei animada na manhã seguinte. Além de ter conseguido um O no trabalho de Herbologia, o que me dava um novo ânimo para a carreira que cogitava seguir, ia passar o dia sem ser pressionada a escolher uma companhia para o baile. Os meninos já haviam saído do salão comunal apressados para ir para o vilarejo, mas ficamos para trás. Não estávamos com pressa de sair e tínhamos assuntos que não necessitavam da presença deles.

- Vai com o Roger, então? – Keiko perguntou e Haley confirmou – Jeremy me convidou ontem, disse que ia com ele.
- Quadribol da Lufa-Lufa fazendo sucesso na Sonserina – brinquei.
- Falando em quadribol da Lufa-Lufa... – Haley me olhou com um sorriso idiota.
- Não vou com ele, nem com James. Vou com o MJ.
- Como? Que papo é esse? O que não anda nos contando? – Keiko se espantou.
- Calma, não é nada disso! – comecei a rir – Ele estava meio desanimado, disse que não queria convidar nenhuma menina pro baile e já estava de saco cheio de ser pressionado, então combinamos de irmos juntos, assim ninguém perturba a gente.
- Ele recebeu tantos recadinhos essa semana, nenhuma menina animou ele? – Haley perguntou também espantada.
- Pois é, estranho mesmo. Ele estava muito esquisito ontem, nunca vi o MJ desanimado daquele jeito – dei de ombros – Vou acompanhar ele hoje o dia inteiro, se quiserem nos fazer companhia... Quem sabe não descobrimos o que está acontecendo?

Paramos com as fofocas quando entramos no salão principal e nos misturamos ao resto da escola. MJ foi até a nossa mesa quando acabou de tomar café e se animou quando viu que Haley, Keiko e Lena iam nos acompanhar. Ele era o último dos meninos do nosso grupo a restar, nem mesmo Hiro, que já tinha saído com a entojada, e Rupert estavam lá. Arte não ia conosco hoje, ia passar o dia com Tuor. Eles tinham alguns assuntos pendentes e estávamos curiosos para saber como iam se resolver.

Saímos todos juntos acompanhando a multidão em direção ao vilarejo e passamos um dia muito agradável. O tempo já não estava mais muito frio, só um ventinho leve, as lojas não estavam muito cheias, já que todos os casais queriam disputar uma mesa nos restaurantes, e pudemos debochar de todos eles, com a linguagem de retardado e as caras de cachorros carentes. Será que as pessoas entram nesse modo retardado automaticamente quando começam a namorar? Eu ia cometer suicídio se um dia me ouvisse falando assim.

Era a primeira vez que saímos sozinhas com MJ, sem nenhum outro garoto junto, e acabamos descobrindo que ele era muito mais engraçado do que estávamos acostumadas. Depois que conseguimos conquistar uma mesa para seis no Três Vassouras e almoçar, passamos a tarde inteira sentados em um dos bancos da rua, as mãos carregando sacolas de doces e bobagens da Gemialidades Weasley e, segundo a Lena, acabamos estragando o MJ. Conseguimos ativar nele um modo insano, e ele entrou na nossa brincadeira de fazer comentários maldosos de todo mundo que passava. Na verdade, depois de um tempo ele estava mais venenoso que nós quatro juntas.

Estávamos nos divertindo tanto que ninguém nem lembrou que há menos de 24 horas atrás ele estava cabisbaixo, e acabou que não descobrimos o motivo. Quando voltamos para o castelo, já no fim da tarde, ele se despediu dizendo que me encontrava no saguão às 19h e nos separamos. E foi a vez das meninas entrarem no modo insano, desesperadas para se arrumarem a tempo para seus pares do baile. Eu, que ia com um amigo, simplesmente tomei banho e me arrumei como uma pessoa normal, sem surtos. A festa era com temática dos anos 50, então estávamos praticamente iguais, com saias rodadas e cabelo preso com fita.

Às 19h em ponto ele estava me esperando onde combinamos. Usava uma jaqueta de couro por cima de uma camisa branca e os cabelos com um penteado meio despretensioso, estava muito bonito. A maioria das meninas olhavam pra ele esperançosas, provavelmente as donas dos cartõezinhos de coração que ele recebeu a semana inteira, mas ele parecia nem notar a presença delas. Ele abriu um sorriso lindo quando me viu e estendeu o braço todo animado.

- Vamos, já abriram a pista de dança! – assim que segurei seu braço ele saiu me puxando.

O salão principal parecia uma lanchonete dos anos 50. Um enorme carro verde-água estava estacionado perto da porta, mesas coloridas e brilhantes foram espalhadas por todos os lados, um balcão bem diversificado com comidas e bebidas, uma Jukebox, que era a atração dos alunos que ser revezavam em escolherem suas musicas favoritas e para minha total perplexidade, uma mini pista de boliche tinha sido armada em um dos cantos.

Passamos pelas mesas já ocupadas pelos nossos amigos, direto para a pista de dança. E mais uma surpresa do dia, MJ era um tremendo pé de valsa. Nunca o víamos dançando nas festas da Lufa-Lufa porque ele estava sempre atrás da mesa comandando as músicas, mas agora que ele estava solto estava se mostrando um excelente dançarino. Percebi mais uma vez as meninas olhando para ele animadinhas, e ele mais uma vez sem notar nenhuma delas. Era um pouco estranho, Jamal certamente estaria brigando com ele, mas quem sabe não tinha uma única que o interessava e não estava ali?

Não demorou e o palco montado onde normalmente ficava a mesa dos professores foi ocupado por Nick, Connor, Nigel, Otter e, para a surpresa de muitos, Becky. Ela agora fazia alguns shows com eles e adorava vê-la no palco com a banda. Os Orcs arrebentaram e sacudiram a escola. Os que já os conheciam da época em que ainda eram alunos foram os que mais vibraram, e quando achávamos que não tinha como melhorar, Connor chamou Edward ao palco e eles improvisaram algumas músicas, para o delírio das meninas.

Dançamos até o pé começar a doer, então pedi arrego dizendo que ia sentar um pouco e ele resolveu me acompanhar. Pegamos comida e bebida na bancada e nos largamos na mesa, exaustos. O show já tinha terminado e agora era o DJ contratado pela escola que estava comandando a pista e aproveitamos para observar o que acontecia pelo salão. Haley havia desaparecido, assim como Roger e Justin; Jamal, que até bem pouco tempo estava com uma menina da Corvinal, agora conversava descontraído com Penny; Rupert parecia estar em um debate com Amy, Sheldon e Leslie em uma mesa longe da pista; Julian e Lena estavam bem entretidos na pista de dança e Keiko estava em uma mesa mais afastada conversando ao pé do ouvido com Jeremy.

- Jeremy já saiu com pelo menos uma garota de cada casa – MJ comentou olhando para os dois na outra mesa – Estava inconformado que Keiko não aceitava nunca sair com ele.
- É, lembro que ela resistiu até demais, mas era porque tinha outro no meio.
- Roger, por outro lado, estava cobiçando Haley há séculos. Ficou me cercando por semanas querendo saber do que ela gostava e como convidava ela pra sair. Ele é o queridinho da casa.
- Você sabe de tudo, hein? Alguma coisa escapa dos seus olhos? – e ele riu.
- Não, sei de tudo que acontece dentro da Lufa-Lufa – ele me olhou meio sarcástico – Inclusive, sei que você e Hiro ficaram na festa de Halloween.
- O que? – quase cuspi o cupcake que tinha acabado de morder – Como você sabe disso? Quem te contou? Foi ele?
- Já disse, sei de tudo que acontece lá. Hiro não contou a ninguém. E nem você, não é?
- Foi estranho, então concordamos que era melhor esquecer isso e continuar do jeito que estava. Não achamos necessário contar a ninguém e desencadear reações exageradas.
- Sei... Concordaram mesmo que era melhor esquecer? Porque se olhar feio pra alguém fizesse mal, Brittany já teria caído morta hoje.
- Ah nem vem, eu sempre odiei ela e acho um absurdo ele namorar justo ela. Não podia escolher a Leslie, que combina muito mais com ele? Por que logo ela? – MJ começou a rir e o encarei séria – Parei de falar com você.
- Estou brincando, também não entendi qual é a do Hiro pra estar com ela. E não se preocupe, não vou contar a ninguém o que aconteceu no Halloween.
- Obrigada – olhei pra pista outra vez e vi os dois dançando. Tentei abstrair aquilo da mente – Vi que um dos recadinhos que recebeu essa semana mexeu com você. Quem é ela e porque não estão juntos hoje? Ela tem namorado?
- Nenhum mexeu comigo, só achei um deles engraçado – ele tentou disfarçar, mas não me convenceu – Por favor, deixe isso pra lá.

Ia provocá-lo mais, afinal, ele estava fazendo hora com a minha cara antes, mas algo na voz dele me impediu. Não sabia quem tinha mandado o bilhete, mas sabia que tinha sim mexido com ele e alguma coisa o impedia de estar com a menina. E o que quer que fosse, estava deixando ele chateado. Não gostava de ver meus amigos tristes e deixei aquela passar. Levantei da mesa outra vez e o puxei pela mão de volta pra pista. Quem quer que fosse a dona do bilhete, eu não ia deixar que MJ se deprimisse por causa dela. E aos poucos eu ia tentando descobrir o que estava acontecendo com ele. Com o tempo sabia que ele ia se abrir.



Das anotações de Haley McGregor Warrick
Uma semana antes do dia dos namorados

- Outro cartão pelo dia dos namorados Haley?- quis saber Lena, enquanto estávamos sentadas almoçando no salão principal. Estavamos a uma semana da visita a Hogsmeade pelo dia dos namorados, e o castelo já estava no clima romântico, afinal além do passeio ao vilarejo, à noite teríamos um baile, com apresentação dos Orc’s (Nick, Otter, Nigel, Connor, Becky e Edward). Pelos corredores já se viam casais se formando, e alguns elfos domésticos, haviam sido encarregados de entregar os cartões em sua maioria melosos. Para não haver encrenca McGonnagal determinou que eles não poderiam abordar os alunos durante o período de aulas, então os elfos praticamente não saiam do salão de refeições, ou ficavam cercando os alunos nos corredores nas saidas das aulas.
Abri o bilhete e sorri com o que estava escrito.Olhei ao redor do salão e nenhum garoto estava olhando para mim. Continuei sorrindo, enquanto dobrava o bilhete e o colocava em cima da mesa. Clara perguntou:
- O que esta escrito para você estar rindo deste jeito.
- Uma piada.- respondi e Keiko ficou curiosa:
- Er...Piada?
-Sim, daquelas bobinhas que por mais que a gente escute, a gente sempre ri.Quem está me mandando isso tem bom humor.
- Mas todos são assim?Ele deve ser criativo...- comentou Arte.
- Os dois primeiros vieram com o texto padrão: ‘você é linda’, ‘seus olhos me encantam’, blá, blá, blá, mas os mais interessantes são os com piadas, leiam esta. Passei a elas o bilhete para elas lerem e logo depois também começaram a rir.
- Viu? Eu disse que a gente acaba rindo, por mais velha que a piadinha seja.
- É, seu fã tem bom humor. Será alguém que conhecemos?- quis saber Arte e ela e Clara trocaram olhares cumplices, e eu respondi:
- Não tenho a menor idéia de quem está me enviando isso. - olhei esperançosa para a mesa da Corvinal e Justin estava envolvido em uma discussão com Julian e outro garoto, que reconheci como sendo um batedor da jogador da Lufa-lufa.
- E então, já têm par para o baile? - perguntou Keiko e ouviu resmungos.
- Não vai rolar esta bobeira novamente não é?- quis saber Clara e eu provoquei:
- É, você teria que jogar no cara ou coroa pra decidir com quem ir. Zack ou James? James ou Zach?- zombei e ela me empurrou respondendo:
- Nem brinca com isso, não estou com cabeça para encontro. Meu plano é ir ao baile e e curtir com meus amigos. Ponto. Já você tem um par em potencial, pode ser um garoto legal.
- Bom, se ele aparecer e não estiver vestido de palhaço posso pensar no caso, porque vamos combinar: é estranho alguém saber tantas piadas assim.- puxei as outras piadinhas que havia recebido e começamos a rir.
Mais tarde naquele dia
Eu estava na biblioteca e fui pegar um livro para terminar o dever de Transfiguração e ele estava no alto da estante. Fiquei na ponta dos pés para o alcançar quando um braço passou perto de meu ombro e pegou o livro. Virei-me e Roger MacMillan, segurava o livro e sorria:
- Este livro me salvou muitas vezes com os deveres do professor O’Shea. Aqui está.
- Obrigada, Roger. – sorri e estiquei a mão para pegar o livro ele demorou a solta-lo. Olhei seu rosto e ele disse:
- Como se afoga uma loira numa piscina?- e eu respondi automaticamente:
- Cola um espelho no fundo e manda ela limpar.- parei e disse rindo:
- É você quem está me mandando os bilhetes!- afirmei.
- Sim, eu mesmo. Você gostou?
- Claro que sim, eram engraçados.Mas porque você os mandou?- e ele me encarou sério:
- Queria me aproximar de você e convida-la para ir ao baile do dia dos namorados comigo. Achei que você iria dispensar alguém que ficasse te elogiando com frases feitas e como gosto do seu sorriso, apelei para as piadas, era uma forma de sempre ver você sorrindo. E ai, aceita?- olhei para ele e o vi sorrindo, notei que ele tinha uma covinha na bochecha esquerda.
- Está bem, vou ao baile com você.- ele sorriu e até sugeriu que fossemos juntos ao passeio ao vilarejo, mas eu disse que já havia combinado de passar o dia com os meus amigos, e eu queria ir com calma.

o-o-o-o-o

O dia passado em Hogsmeade com Lena, Clara, Keiko, e MJ, foi simplesmente incrivel. Passamos o dia vendo o quanto as pessoas se tornam ridiculas quando começam a namorar e se prestam aos maiores vexames, com excesso de apelidos melosos e formas bizarras de demonstrar a sua carência de amor. Claro que as meninas não deixaram de me lembrar do meu passado com o ‘Ursinho’ Graham, mas isso não atrapalhou o nosso passeio. Descobrimos que se nós podiamos ser maldosas, MJ conseguia nos superar quando estava à vontade. Ao final do dia bateu o desespero porque precisávamos nos arrumar para o baile, e ao chegarmos ao castelo, foi um salve-se quem puder. Mas as 19 horas, estavamos prontas e fomos encontrar os nossos pares. Quando nos aproximamos do salão principal, vi que os meninos estavam usando ternos, e vinham ao encontro das garotas. Justin se aproximou de nós, junto com Julian e ao me olhar de cima a baixo, sorriu aprovador, e fez menção de esticar a mão para mim, para que eu o acompanhasse, mas antes que ele falasse algo eu me virei e disse para as garotas:
- Nos veremos lá dentro ok?- e elas assentiram.
- Onde você está indo?- quis saber Justin me olhando confuso.
- Encontrar o meu par.- não precisei nem sair do lugar porque Roger, se aproximou e estava incrivel em suas roupas escuras, fazendo contraste com seus cabelos loiros e olhos azuis.
- Hey, linda! Eu sei que combinamos de nos encontrar na frente do salão, mas eu estava ansioso para te ver e te dar isso. – esticou a mão e nela havia uma linda rosa amarela, que dava para prender no meu pulso. Sorri e agradeci, peguei seu braço e fomos em direção ao salão principal.
Na entrada do salão todo decorado ao estilo anos 50, passamos por um arco todo feito de balões em forma de corações vermelhos, no teto as velas estavam iluminadas, as mesas estavam agrumadas de forma a deixar espaço para a pista de dança bem de frente ao palco. Não demorou muito e Nick, Connor, Otter, Nigel e Becky subiram ao palco e logo o show dos Orc’s começava. Cantaram muitos sucessos deles e de outras bandas, e após um tempo, chamaram Edward para o palco, e o show que já era bom, ficou melhor ainda. Dancei muito com Roger, e ele sempre pegava em minha mão ou minha cintura, me girando enquanto dançávamos, e no embalo das músicas começamos a nos beijar. No intervalo do show, fomos nos sentar na mesa dos meus amigos. Roger disse que iria buscar algo gelado para nós e eu me sentei na mesa. Justin estava lá sentado sozinho, bebendo uma cerveja amanteigada. Mal me sentei e ele quis saber:
- Porque você veio com ele?
- Porque ele me convidou.
- Vocês não têm nada a ver, você não podia...
- Não podia o porquê Justin?
- Porque eu ia te convidar pra vir ao baile comigo. Achei que a gente podia tentar se entender.
- Ah é? E eu ia adivinhar isso? Porque você sempre está conversando com a Clara, com a Arte mas não comigo, então quando quiser que eu saiba alguma coisa tome uma atitude antes. – respondi tensa.
- Você também não tem facilitado as coisas...
- E porque eu tenho que fazer isso Justin? Você mesmo disse que não daria certo entre nós, então não entendo esta sua reação. – ele passou a mão pelos cabelos e me olhou sério.
- Haley...Você e ele...É sério?- ele pareceu se esforçar para perguntar. – nesta hora Jamal já havia se aproximado, e prestava atenção ao que falávamos.
- Jura que você vai me perguntar isso? Se você precisa perguntar é porque é mais cego do que penso.- levantei da mesa e encontrei Roger no meio do caminho. Ele viu que eu estava nervosa, e me chamou para irmos aos jardins. Comecei a ir com ele em direção a uma das saídas, quando virei a minha cabeça e olhei para a mesa. Percebi que a cerveja havia acabado e Justin virava um copo de whisky de fogo sem nem fazer careta, e Jamal o acompanhava enquanto conversavam. Quando Roger me abraçou novamente, não consegui me soltar e logo fiquei com dor de cabeça. Me desculpei com ele e disse que iria voltar para o salão sonserino e ele me acompanhou até lá. Ao nos despedirmos ele me beijou novamente, mas algo em meu rosto me denunciou, pois ele disse chateado:
- Não vai rolar não é?- fiz que não com a cabeça e disse:
- Desculpa?
- Você é uma ótima companhia Haley, e se em algum momento quiser sair comigo, é só me dizer. Mas antes disso...Resolva o o seu problema com o Justin ok? Foi dificil não perceber que existe algo não resolvido entre vocês. – ele foi embora e eu subi para o dormitório. Por sorte, nenhuma das meninas havia voltado ainda.

- Tsc, tsc...E você se diz um especialisa em mulheres, Índio. Como pode ter sido tão lerdo assim?- disse Jamal batendo a mão nas minhas costas e colocando um copo de whisky de fogo na minha frente, que eu bebi sem pestanejar.
- Vai pode começar a falar, posso abrir o consultório sentimental por alguns minutos e sem cobrar.
- Eu sei que vacilei, mas eu não penso direito quando o assunto é a Haley...Eu não a vi com ninguém depois das Olimpiadas, então presumi que poderia tentar novamente. Achei que meus sentimentos fossem evidentes...
- O fato de você olhar para ela como se ela fosse o ultimo pedaço de bolo em festa de criança e vice versa, não significa que vocês não precisem conversar as coisas básicas não é?
- Mas eu não sabia deste encontro dela com o MacMillan.
- Justin, você sinceramente achou que a Haley não iria ter companhia para o baile? As nossas amigas são garotas que podem se dar ao luxo de dispensar os caras.E o MacMillan está de olho nela há algum tempo, só agora teve coragem de chegar junto. É, isso! A palavra de ordem aqui é: coragem.
- Ok já entendi, e agora o que eu faço?
- Como assim o que você faz? Se você gosta dela, e ela pelo jeito ainda tem uma queda por você, vá atrás dela, e se for preciso rasteje, implore, mas fale com ela, exponha seus sentimentos. Se tivesse feito isso antes, você estaria com ela agora e não aqui comigo.
– acenei positivamente e sai do salão, talvez eu tivesse oportunidade de vê-la e conversar, mesmo que tivesse de pedir licença ao Roger. Caminhei pelos corredores e encontrei Roger indo em direção da Lufa-Lufa. Pelo horário era muito cedo para terminar um encontro, fiquei animado, talvez ainda não fosse tarde demais.

Saturday, February 05, 2011

Winds of Destination

Lembranças de Artemis A. C. Chronos

Eu evitei por mais duas semanas falar com Stefan. Eu não sabia o porque de evitar tanto: não sabia se era medo, tanto de magoá-lo quanto de ser fraca na hora e voltar com ele, ou se era ansiedade. Nem mesmo nos treinos de Quadribol nos falávamos. Os treinos estavam ficando mais regulares e intensos, pois o final da temporada de Quadribol se aproximava. Neles, Lizzie e John sabiam de todo o ocorrido e me ajudavam e tudo mais, e em todo final de treino, eu e ela saíamos juntas. Não era da minha índole fugir, mas ainda não queria falar com ele. Sei que eu fui errada também, mas ele me magoou. Mas principalmente: eu precisava descobrir o que eu realmente queria.

Algo crescia dentro de mim, algo que eu nunca senti e eu não entendia. Cada vez mais eu procurava o olhar dele, cada vez mais queria estar ao lado dele... Mas ele era meu melhor amigo, será que isso era normal? Será que eu não estava apenas imaginando coisas ou confundindo-as? Não sei...

E ainda tinha o fato de que esse era o último ano dele em Hogwarts. Doía só de pensar que ele iria embora... E eu tinha até medo de falar disso, como se não falar pudesse evitar de acontecer.

- Arte? – Keiko perguntou, me cutucando. Eu balancei a cabeça e olhei em volta, como perdida. Estávamos eu, Keiko, Haley, Lena e Clara na biblioteca terminando um exercício de Herbologia. Os garotos já tinham ido embora, terminar outros exercícios, pois já estava ficando tarde. Nós ficamos pra trás para terminarmos esse e também até para conversarmos.

- Desculpa, acho que estou cansada por hoje. Não consigo manter o olho aberto! – Eu falei, desconversando e empilhando minhas coisas.

- Você não nos engana. – Clara falou, me olhando acusadora. – Você estava pensando em Stefan, ou no Damon.

- Não! Não estava! – Eu falei, rápido demais e elas riram. – Não no sentido que estão pensando. – Eu falei baixinho e dei de ombros. Elas se aproximaram, meio curiosas e preocupadas.

- Conte-nos tudo, não esconda nada! – Lena falou e eu sorri, contando pra elas o que sentia. Contei que ainda tinha receio de falar com o Stefan, por medo de na hora ser fraca e dar a ele outra chance. E contei também que começava a sentir algo por outro garoto, o que as fez darem risadinhas.

- Arte, termina de vez com o Stefan. Quando conversou com o Damon tudo se resolveu, não foi? E quanto mais tempo você demorar para dar um fim nisso, mais parecerá ao Stefan que ele ainda tem chances. – Haley falou e eu concordei com ela.

- E também esse seu relacionamento só te fez mal em vários sentidos. – Keiko falou, solidária e eu sorri pra ela. – Não dá mais, Arte.

- Eu concordo com a Kika. Chegou um ponto que não dá mais. Ele te acusar do jeito que acusou e não confiar em você foi a gota d’água. – Lena falou.

- Eu vou terminar de vez com ele amanhã... Chega a ser irônico, tão perto de completarmos um ano de namoro. – Eu falei e elas deram de ombros, mas riram. Me senti mais leve e sorri.

- Agora, não pense que eu esqueci. – Clara falou, com os olhos brilhando. – Você falou que acha que está gostando de outro garoto!!

- Droga, você lembrou. – Eu falei, ficando vermelha. Tentei levantar, mas Haley e Lena me puxaram de volta e eu sentei derrotada, corando ainda mais.

- Quem é? – Haley perguntou curiosa. Eu as olhei fundo nos olhos e sabia que podia confiar nelas, mesmo que fosse para dividir minhas dúvidas.

- O Tuor. – Eu sussurrei e recebi olhares que misturavam alegria com vitória.

- Eu sabia! – Keiko gritou, batendo na mesa e assustando todos. Eu fiquei ainda mais vermelha, enquanto dizia que ainda não tinha certeza...

****************

- Stefan. – Eu o chamei no salão comunal, com a voz mais calma que eu consegui fingir.

- Arte. – Ele falou, já se virando pra mim. Vi que seus olhos misturavam esperança, alegria e até arrependimento, mas pisquei, apagando isso.

- Gostaria de falar com você, mas não agora. Depois do almoço, me espere nos jardins, a caminho do campo de quadribol.

Eu terminei de falar e me virei logo, antes que ele pudesse falar algo. Sai dali apressada, mas na saída encontrei com Lena, que me parou.

- Arte, o professor Storm pediu que você e o Tuor fossem ao seu gabinete. É para a entrevista sobre aconselhamento profissional.

- Obrigado. Por que nós dois? – Eu perguntei, curiosa.

- Também não sei. – Ela deu de ombros, e piscou pra mim, olhando em seguida para Tuor. Eu devo ter ficado vermelha demais e ralhei com ela, que riu antes de continuar. – As entrevistas seriam só em Abril, mas pra vocês dois ele deve querer adiantar, já que você já tem o grau de auror e bem... – Ela falou sem jeito, sabendo que era um assunto delicado. – E o Tuor precisa terminar o intercâmbio.

- Obrigada, Lena. – Eu agradeci também sem jeito e ela subiu para pegar seus materiais. Tuor sorriu para mim, levantando de uma das poltronas onde estivera lendo um livro de Aritmancia.

- Vamos juntos, então? – Ele perguntou.

- Claro. – Eu falei e descemos juntos para o 2ºandar, conversando sobre a temporada de Quadribol. Ele evitou falar do Stefan, pois me viu falando com ele, mas tenho certeza que o Tuor sabia o que eu falaria. Eu evitava a todo custo pensar nos sentimentos que começavam a surgir por ele, mas quanto mais eu tentava não pensar nisso, mas eu pensava.

Quando chegamos na porta do gabinete de Tio George, professor Storm diante dos demais, ficamos um tempo parados e nos olhamos sem saber o que fazer. Então, Lizzie saiu da porta e sorriu pra nós.

- Arte, o professor Storm disse que você já pode entrar.

- Boa sorte! – Tuor falou e batemos as mãos no ar e entrei no gabinete de Tio George, que eu já conhecia bem. Essa manhã ele estava empilhado de folhetos e até mesmo mapas e fotos de locais que eu conhecia como escolas de diversas áreas do mundo bruxo e trouxa. Haviam até mesmo alguns informativos de faculdades trouxas.

- Bom dia, Arte, como está? Primeiro deixe-me lhe dar os parabéns! A mais nova auror da história!! – Tio George falou sorrindo para mim. Ele levantou-se e permitiu que eu o abraçasse e sentou-se ao meu lado, em vez do outro lado da escrivaninha.

- Tudo ótimo, tio. Achei que as entrevistas seriam apenas em Abril. E você esteve na cerimônia já me deu os parabéns!

- Não custa dar de novo, fiquei muito feliz. Bom, no seu caso resolvi adiantar a entrevista já que você já conseguiu dar início a sua carreira e achei que gostaria de alguma ajuda nisso. Ter se tornado auror tão jovem é um passo importante para seu futuro e deixou a mim e todos da escola muito orgulhosos. – Ele sorriu de forma amável pra mim e retribui o sorriso sem graça mas feliz. – A Diretora Minerva também ficou orgulhosa! – Eu balancei a cabeça afirmativamente, agradecendo pelo carinho dele, e agora, da Mimi. – Bem, vamos seguir o protocolo... – Ele falou e pegou uma prancheta que eu vi conterem minhas informações. Ele passou um olho rápido e a devolveu, sorrindo. – Não preciso de dados para vocês. Vamos conversar, é melhor... Tem algo que gostaria de saber a mais?

- Sei que parece já estar definido que quero ser auror, mas ainda estou um pouco na dúvida. Quero ajudar as pessoas, e como auror eu posso fazer isso, mas queria poder ajudar mais.

- Querida, com suas notas e seu histórico extra-escolar você tem capacidade de entrar em qualquer instituição do mundo bruxo. Seu histórico de detenções poderiam atrapalhar um pouco. – Ele falou, me olhando feio e eu fiquei sem jeito. – Mas isso há como se contornar, pois podemos escrever cartas de recomendações, apesar de você não precisar. Sua nomeação como monitora é prova de que você tem a confiança tanto minha quanto da Diretora.

- E eu agradeço muito pela confiança! – Eu falei sincera e ele sorriu.

- Então, voltando, você tem interesse de seguir a carreira de sua mãe e irmão? Você seria uma excelente curandeira.

Eu disse que sim, e logo falei o que eu realmente queria ser: uma Inominável. Tio George ficou admirado e surpreso, mas sorriu, dizendo que eu tinha capacidade para me tornar uma. Como meu padrinho, ele disse que eu precisava me especializar em algo além de auror e por isso decidi que gostaria de seguir o ramo de curandeiro. Mas para ter certeza das minhas chances, Tio George disse que seria bom eu ter uma terceira ou até mesmo quarta formação. Eu então pensei em botânica ou tratos de animais mágicos e ele logo lembrou dos meus dons com os dragões e disse que eu deveria treinar com os tratadores das Hébridas. Sai de lá com diversos folhetos, um sobre a carreira de curandeira, outro sobre tratamento de dragões e um sobre botânica. Sorri para Tuor e disse que o esperaria.

**********

- Bem vindo, senhor Mithrandir. – O professor Storm me saldou, indicando a cadeira com a mão e sorrindo. – Se importa se chamá-lo de Tuor?

- Não, senhor. – Eu respondi, sentando-me.

- Pode me chamar de George se achar melhor. Você já é parte daquela turma, como seu histórico de detenções me mostra. – Ele balançou um pergaminho e eu sorri sem jeito. – E como eu os conheço desde crianças, nos permitimos alguma proximidade... Agora vamos ao assunto dessa entrevista.

- Sim, professor. Eu imagino que seja sobre a carreira que gostaria de seguir? – Eu perguntei e ele fez que sim. – A questão é que estou em dúvida.

- É normal na sua idade. A adolescência é marcada por dúvidas e incertezas, mas é uma das melhores fases da vida. – Ele disse sorrindo e eu pensei em Arte. Eu sempre gostei do Tio George do pessoal, mas hoje estava gostando ainda mais. – Seus pais são influentes no ramo da Execução das Leis das Magias, já pensou em seguir esse ramo?

- Sim. Quando vim pra cá eu pensei em continuar nesse ramo, mas agora não sei. Aqui eu conheci muitas coisas e começo a pensar na carreira de auror. Também já pensei na carreira como professor. – Eu falei e seus olhos se iluminaram.

- É um bom ramo... Eu por exemplo me formei como auror e depois me tornei professor e me orgulho disso. Nesses folhetos há algumas informações que podem lhe ser úteis. – Ele disse me entregando um folheto da Academia de Aurores, um do Ministério Britânico do Departamento de Execução das Leis da Magia e por fim um folheto sobre a carreira no magistério. Eu os folheei rapidamente e agradeci. – Agora sobre o outro motivo dessa reunião.

- Qual? – Eu perguntei, curioso.

- Sobre seu intercâmbio. É por isso que decidi adiantar sua entrevista, pois elas costumam ocorrer em Abril, mas se esperarmos até lá já será muito em cima. – Ele falou e eu assenti. – Ele termina esse ano, por isso você deve preencher alguns formulários e relatórios sobre sua estadia. Conforme estava no acordo, você deve prestar os N.O.M.’s aqui em Hogwarts, pois finalizará os seus estudos na Noruega, onde realizará os N.I.E.M.’s. Além disso, gostaria de perguntar se você está preparado para voltar a seu país natal.

- Exatamente. – Eu falei e ficamos um tempo quietos. – Professor, há alguma forma de estender esse intercâmbio?

- Em geral não. – Ele falou, depois de pensar um pouco e eu me senti triste. – Mas você tem interesse em continuar conosco? Seu desempenho conosco foi exemplar, com suas notas acho que você conseguiria aumentar o intercâmbio com facilidade. – Ele falou e eu fiquei um pouco mais animado, mas ainda estava chateado. Ele sorriu pra mim e naquela hora eu vi como ele se preocupava tanto com seus alunos. Se eu realmente seguisse o ramo de docente, ele seria meu ídolo. - Isso é algo que seus pais seriam capazes de conseguir, mas você deveria conversar com eles e entrar com o processo a partir do Ministério de seu país.

- Entendi... Obrigado, professor. – Eu falei, meio cabisbaixo e acho que ele notou. Me levantei e fui encontrar Arte, pois sabia que me esperava.

**********

Eu esperava Tuor voltar para que fossemos para as aulas juntos, e enquanto isso lia os folhetos que Tio George me entregou. A entrevista dele demorou mais do que a mim e quase meia hora depois de ter entrado, ele saiu, porém estava meio cabisbaixo e fiquei preocupada.

- O que houve? Tio George disse que suas notas são muito ruins? – Eu perguntei tentando brincar, mas ele sorriu pouco.

- Não... Arte, não tem mais como fugir. – Ele falou e me olhou fundo. Senti meu coração tremer e por um segundo pensei que ele poderia me beijar ali. Me peguei desejando isso, mas tirei isso da mente.

- O que foi? – Eu perguntei e ele ficou calado mais um tempo antes de responder.

- Eu não sei se poderei voltar ano que vem. Meu intercâmbio acaba esse ano e o professor disse que em geral não permitem a permanência.

Assim que ele falou, aquilo que eu vinha bloqueando de minha mente o ano inteiro, o fato de que esse talvez fosse o último ano estudando com ele, veio com uma força monstruosa e eu senti lágrimas nos olhos. Quando percebi eu chorava e ele me abraçou.

- Não quero que vá embora. – Foi a única coisa que consegui dizer.

- Eu também não. Mas não sei se vai ser possível... Mas vou tentar. – Ele disse, tentando me animar, mas eu não conseguia deixar de sentir aquele sentimento de “adeus”. Voltamos para as aulas calados e o meu preparo emocional ia pro saco.

***************

- Artemis. – Stefan falou, levantando-se ansioso. Ele estivera me esperando sentado em um banco mais ou menos na metade do caminho até o estádio de quadribol. Assim que me viu ele levantou-se e veio na minha direção, mas eu fiquei parada, mantendo a distância.

- Queria conversar com você. – Falei a voz fria. Eu tinha medo de conversar com ele e meu lado sentimental dar a ele outra chance ou até eu não resistir ao seu carinho. Mas eu estava abalada e por mais que tentasse não conseguia esquecer que Tuor iria embora dentro de alguns meses... E por mais que nós prometêssemos que sempre iríamos nos ver, eu sentia que seria como um adeus... Isso me deu as forças e o preparo para acabar de vez o meu relacionamento com Stefan. Haviam coisas mais importantes que eu precisava me preocupar do que ficar fugindo dele ou aturando suas tentativas inúteis.

- Eu também queria. – Ele falou, e ficou um tempo parado me olhando. Podia sentir a vontade que ele tinha de me abraçar e me beijar, mas ele sabia que eu não deixaria. Respirei fundo, limpando minha mente, pois precisava estar calma. Por mais que eu soubesse que eu sempre gostei mais do Damon e por mais que eu soubesse que meu relacionamento com Stefan nunca daria certo, foi quase um ano da minha vida ao seu lado, sentindo seu carinho e sua amizade. Não era fácil o que eu estava prestes a fazer.

- Arte, me desculpa. Eu fui um idiota. – Ele falou e tentou ficar mais perto de mim, mas eu dei um passo atrás e ele se calou. Vi em seus olhos que ele não sabia o que fazer e que ficou chateado com meu afastamento. – Olha, eu não quero pedir que esqueça as coisas que eu fiz, mas quero te pedir desculpas.

- Tudo bem, Stefan. Eu não preciso que me peça desculpas, eu também devo desculpas a você. – Eu falei, olhando-o nos olhos. Ele me olhou confuso, mas vi que ele entendeu errado a minha frase e vi quando ele achou que iríamos voltar.

- Eu não quero que me peça desculpas, só quero que voltemos a ser como antes. – Ele falou se aproximando de mim novamente. Ele pegou a minha mão e me olhou nos olhos, mas os acontecimentos dessa manhã me deram forças para soltar a mão e passar por ele, ficando de costas para ele.

- Stefan. – Eu falei e voltei a olhar pra ele. – Olha eu não fui sincera com você. Eu sempre tive dúvidas entre você e seu irmão e você sabe disso. – Eu falei, sem rodeios, e vi em seus olhos que ele ainda tinha mágoas do Damon.

- É culpa dele, que sempre ficou te atormentando e ficando em cima de você o tempo todo. – Ele falou.

- Não, a culpa é totalmente minha, que nunca soube realmente em quem gostar... Na verdade eu nunca soube o que era gostar de verdade de uma pessoa.

- Não, o nosso relacionamento não é uma mentira. – Ele respondeu rapidamente e eu suspirei, exasperada.

- Stefan, nosso relacionamento sempre foi uma mentira. E por culpa minha! – Eu falei, agora com a voz mais alta. Senti lágrimas nos olhos, mas as segurei. Ele tentou se aproximar novamente, mas me afastei. – Fique longe, por favor.

- Artemis, não... Deixe-me estar perto de você, vamos voltar como éramos. – Ele continuou se aproximando e tentou me abraçar, mas eu o afastei.

- Não, Stefan. Não tem mais como.

- Não entendo... Eu estou te pedindo desculpas, quero que voltemos a ser como antes.

- Stefan, não tem como!! – Eu falei alto. – Eu quero terminar nosso namoro, digo, quero terminar oficialmente, pois ele terminou naquela visita a Hogsmead... Na verdade acho que antes até.

Ele ficou calado me encarando, com os olhos arregalados como se não acreditasse. Eu o olhei e senti lágrimas em meus olhos, lágrimas que já não conseguia segurar.

- Acabou, Stefan.

Eu falei e comecei a andar, passando por ele. Ele porém me segurou e me abraçou e por um momento, por estar tão confusa e perdida, me deixei ser abraçada. Mas então ele tentou me beijar e eu o afastei com força.

- Não ouse... – Eu senti raiva quando ele tentou me beijar e veio a minha mente o rosto de Tuor.

- Arte, por favor, me dê mais uma chance. – Ele me pediu e vi que tinha lágrimas nos olhos também. – Não quero acreditar que acabou por culpa de meu irmão.

- Deixe de ser idiota! – Eu me irritei com o modo como ele se recusava a aceitar que a culpa era minha e dele. – O Damon não tem culpa. Na verdade nem você. Eu já falei que a culpa é minha! Nunca devíamos ter começado a namorar. Eu não estava preparada e tentando fugir do que sentia e ao mesmo tempo tentar entender o que eu sentia, eu aceitei namorar com você. Mas nosso namoro nunca daria certo. – Eu falei cruzando os braços para me abraçar. Apertei meu braço enquanto abaixava a cabeça e sentia as lágrimas.

- Não... Por favor, Arte, dê mais uma chance. – Ele pediu. Sua voz estava embargada e cheia de tristeza. Eu o olhei com ternura, mas não havia ali um pingo de “gostar”, “paixão” e nem sinal de “amor”, era apenas amizade.

- Não posso Stefan, não tem como. Para o seu bem, para o bem de Damon e para meu bem, não tem mais como continuarmos com esse namoro... Acabou. – Eu falei, sentindo um cansaço emocional como nunca senti. Eu só queria sair dali e ficar sozinha. Senti que Chronos estava ao meu lado e podia sentir sua mão na minha, apoiando-me sempre.

- Isso não está certo... Eu prometo que mudarei e nunca mais duvidarei de você... Por favor. – Ele falou, tentando se aproximar novamente. Eu me afastei antes de responder, mantendo uma distância entre nós, mas peguei sua mão e olhei fundo em seus olhos.

- Stefan, olha pra mim. – Eu falei e ele levantou a cabeça lentamente, olhando-me fundo nos olhos. - Não tem como, não posso mais enganar você, enganar a mim mesma! O que sinto por você é carinho e amizade... Nem pelo Damon eu sinto amor em si. Vocês dois foram muito importantes para mim, me ajudaram a crescer e a amadurecer... Mas não sinto felicidade estando com um de vocês e magoar tanto o outro. Vocês não merecem isso! – Eu engoli em seco e soluçamos juntos. Eu percebi que ele começava a aceitar o fim, mesmo que de muito contra-gosto. - É melhor para nós dois. Quero que procure uma garota que mereça você... Mas principalmente quero que me prometa que voltará a falar com o Damon. Ele te ama de verdade e sente falta do irmão dele... – Stefan nada falou, mas senti que ele também arrependia-se pelo modo como tratava o irmão. – Me desculpe por tudo, mas acabou.

Eu falei e me afastei. Ele se levantou e me abraçou e dessa vez eu não fugi o abracei de volta e deixei que ele chorasse em meu ombro, enquanto eu chorava no seu.

- Me perdoe... Não queria que acabasse... Você foi mais importante pra mim do que qualquer garota, e ainda é. – Ele falou, a voz rouca.

- Não, eu fui apenas uma garota que você gostou. Você encontrará alguém que você merece e ai sim ela será especial... – Eu falei e me afastei dele.

Virei as costas e fui andando na direção do castelo, me segurando para não correr. Minhas lágrimas desciam pelos meus olhos, meu peito doía e meu corpo tremia. Eu só queria achar as meninas e chorar. Naquele momento não estava pronta para estar perto de Tuor, pois tinha medo do que minhas emoções diriam.

- Arte. – Stefan me chamou e eu olhei pra ele. Ele ainda chorava, mas seus olhos me olharam com sinceridade. – Seja feliz... E encontre alguém que te faça especial e que te considera especial.

- Obrigada. – Eu falei, após sentir uma nova onda de lágrimas.

Sai dali correndo, sem mais me segurar. Corri para o dormitório da Sonserina, onde as garotas prometeram me esperar. Aquilo doera muito... Mais do que eu imaginava... Mas eu finalmente estava mais leve e começava a me encontrar.


Friday, February 04, 2011


Bati na porta do escritório do tio Ben exatamente às 20h, como combinado. Ouvi sua voz mandando que eu entrasse e abri a porta. Ele estava sentado em sua cadeira corrigindo uma pilha de pergaminhos. Sentei na cadeira na sua frente e ele largou os trabalhos, me encarando com um sorriso.

- Faz tempo que você não vem aqui de noite conversar. Como está?
- Tudo corrido demais, se vocês não passassem tanta revisão pros exames eu já teria vindo aqui jogar conversa fora.
- Boa tentativa, mas acho que posso sobreviver sem nossas conversas semanais até os N.O.M.s passarem.
- Vou tentar vir algumas vezes. Mas então, estou aqui hoje pra que mesmo?
- Muito bem, Oclumência. Como seu pai já lhe adiantou, é o tipo de magia que sela a mente contra invasão mágica e influência. E também vou aproveitar para lhe ensinar Legilimência.
- O que é isso?
- É a habilidade de retirar memória e sentimentos da mente de alguém.
- Tipo o que meu pai faz comigo por causa desse negócio de lobo? Leitura de mentes?
- É, se falar como trouxas, mas bruxos preferem não usar esse termo. A mente não é um livro para ser aberto e lido de acordo com a vontade, como passatempo. Pensamentos não estão marcados no interior do crânio, para ser lido por todos os invasores. A mente é complexa e repleta de camadas. No entanto, aqueles que dominam a Legilimência podem, sob certas circunstâncias, invadir a mente de suas vítimas e interpretar o que encontraram corretamente.
- Então aprendendo isso, eu vou poder invadir a mente de qualquer pessoa?
- Primeiramente, lembre-se que não estou lhe ensinando isso para sair por ai invadindo a privacidade das pessoas, mas sim.
- Pode deixar, vou usar com moderação – e ele riu.
- Um bom legilimente quase sempre sabe quando uma pessoa esta mentindo para ele. Somente os mais habilidosos em Oclumência podem fechar seus sentimentos e memórias que podem contradizer a mentira, e então, enganá-lo por completo em sua presença sem que ele desconfie.
- Isso só funciona quando estou encarando a pessoa, não é? Ou tenho que fechar minha mente aqui, para impedir meu pai lá no Brasil de ler meus pensamentos?
- Tempo e espaço são importantes na magia. Contato visual geralmente é importante para as duas coisas.
- Ótimo, então só preciso me preocupar quando estiver perto dele, ou de algum outro lobisomem.
- É, por hora, sim. Vamos começar?
- Sim, por favor! Chega de falatório.
- Fique de pé e pegue sua varinha – fiz o que ele mandou e notei que ele apertava a dele na mão esquerda - Você pode usá-la na tentativa de me desarmar ou defender a si própria da forma que conseguir.
- E o que você vai fazer? - perguntei, observando a varinha dele um pouco apreensiva.
- Estou prestes a invadir sua mente - disse calmamente - Vamos ver o quanto você pode resistir. Prepare-se. Legilimens!

Tio Ben atacou antes que eu estivesse preparada, antes mesmo que pudesse começar a reunir forças para tentar resistir. A sala desapareceu diante dos meus olhos e imagens atrás de imagens passavam pela minha mente como um filme. Era um filme tão vívido que me cegou para tudo o que estava à minha volta.

Eu tinha 6 anos, era meu primeiro dia na Ginástica Artística. Eu tinha 7 anos, sentada na sala da diretora da escola e mamãe me olhava furiosa, enquanto a diretora a informava que eu estava sendo expulsa. Tinha 10 anos, havia tentado um salto mais ousado e quando bati no chão, quebrei o pé, a pior dor que já senti. Estava na Floresta Negra, rosnava para um lobo imenso, de repente me transformei e minhas amigas saíram correndo aos berros. Estava em um dos túneis da Lufa-Lufa, Hiro me pressionava contra a parede de pedra e se aproximava cada vez mais. Estávamos prestes a nos beijar quando uma voz na minha cabeça gritou que aquilo era particular.

O escritório do tio Ben de repente voltou ao normal e senti minhas pernas cederem. Ele me segurou antes que batesse no chão. Meu rosto estava molhado de suor e me sentia fraca. Ele me olhava com uma cara engraçada e comecei a entrar em pânico. Será que ele viu tudo?

- Você me deixou ir muito longe.
- Você viu tudo o que eu vi? – perguntei sem muita certeza de que queria ouvir a resposta.
- Alguns flashes. Achei que sua mãe fosse matar você quando foi expulsa.
- É, eu também.
- Bom, para uma primeira tentativa até que não se saiu tão mal - disse levantando a varinha outra vez – Não desperdice energia gritando, mantenha-se concentrada. Tente me repelir com a mente outra vez, sem gritar, e verá que não é preciso usar a varinha.
- Ok, mas como faço isso então? Se não tivesse gritado você teria ido mais fundo.
- Feche os olhos e relaxe – fiz o que ele mandou - Esvazie sua mente agora, esqueça todas as emoções, não pense em nada.

Tentei fazer o que ele pediu, mas era difícil. Como ia simplesmente parar de pensar em qualquer coisa? Meu cérebro se recusava a esvaziar, ainda mais sentindo toda a pressão de que ele ia invadi-lo outra vez se a qualquer momento.

- Vamos tentar de novo, vou contar até três. Um, dois, três... Legilimens!

Antes que eu pudesse gritar “Não, espere!” o escritório se transformou em um borrão colorido e me vi correndo pela floresta do acampamento auror, desviando de balas de tinta. A cena mudou e eu estava encostada na cerca ao lado de James e ele ia me beijar quando fomos interrompidos por Daniel. O acampamento sumiu e estava no trem conversando com minha mãe, quando ele sacudiu e vimos faíscas pela janela, e em seguida ele tombou.

- NÃO!

Dessa vez tio Ben não foi rápido o bastante e cai de joelhos no chão, as mãos no rosto já coberto de lagrimas e meu cérebro doendo como se alguém estivesse tentando puxá-lo para fora do crânio. Ele me segurou pelos ombros e me ajudou a ficar de pé, puxando uma cadeira depressa. Meu coração batia descompassado, como se eu realmente tivesse sofrido o acidente no trem outra vez. Devia estar pálida, porque tio Ben me obrigou a comer um biscoito que estava em cima da mesa.

- É melhor pararmos por hoje, já foi uma primeira aula muito intensa – ele se abaixou para ficar na mesma altura que eu.
- Foi como se eu estivesse lá, tudo outra vez – senti que minha voz saiu tremula e ele apertou minha mão.
- É só uma memória, quando elas estão muito vivas dentro de você, dá essa impressão de que estão acontecendo outra vez.
- Como eu bloqueio isso? Não quero mais reviver nada.
- Esvaziando a mente, como mandei fazer. Não vamos continuar até semana que vem, antes quero que pratique. Toda noite antes de dormir, esvazie sua mente de todos os pensamentos, tente relaxar e não pensar em nada. Quero que faça isso todos os dias, e daqui a uma semana tentamos outra vez, tudo bem?

Concordei sem dizer nada e ele me acompanhou até a Sonserina para se certificar de que eu não ia cair no meio do corredor. Já naquela noite tentei fazer o que ele pediu, mas não foi muito fácil. Ainda estava assustada com a última memória e sempre que tentava limpar os pensamentos, um trem imenso aparecia vindo de encontro a mim. Acabei dormindo com aquela imagem na cabeça e tive pesadelos com o acidente. Precisava aprender a esvaziar a mente o mais depressa possível, e não era mais porque meu pai podia ler meus pensamentos. Precisava esquecer aquele acidente ou nunca mais teria paz.