Wednesday, July 26, 2006

Cowboy do asfalto

Diário de Alex McGregor

I keep a close watch on this heart of mine
I keep my eyes wide open all the time
I keep the ends out for the tie that binds
Because you're mine, I walk the line


O calor era escaldante e ainda não era meio da manhã. Para quem estava conduzindo gado desde o alvorecer, aquela pausa para um gole d’agua do cantil era bem vinda. Apesar de estar entre bruxos, algumas coisas ainda eram feitas á moda do velho Oeste. Conduzir gado, acampar sob as estrelas eram algumas delas. Ele olhou para o céu e viu um pássaro descrever um circulo no céu e começar a descer.
- Que pássaro é aquele? – ele perguntou ao velho cowboy que mascava fumo do seu lado.
- Correio. Alguma coisa urgente, para terem usado um falcão.
A ave veio em sua direção e ele esticou o braço e ela pousou. Nunca havia segurado um falcão como aquele antes. Pegou a mensagem e deu um pouco de água para a ave antes de ela alçar vôo novamente.
Abriu a carta e começou a ler seu conteúdo, preocupado. Mas logo isso se desfez.
- Problemas?
- Não. Acho que é mais uma chance que tenho... Preciso resolver umas coisas. Avise ao meu pai, que volto em alguns dias. - cavalgou de volta ao seu acampamento, pegou suas coisas e foi para a cidade mais próxima.

- Alex, vamos logo. Temos que ir à estação e trem. Meu convidado chega hoje. - foram estas palavras que me tiraram da cama cedo, nos arrumamos e fomos até a estação, eu e minha prima conversávamos enquanto ela não dizia nada sobre seu convidado misterioso. Um trem estava chegando e vimos Kyle entrar apressado na plataforma, e vir em nossa direção.
- Oi, vieram se despedir de mim ou receber alguém?- disse sorrindo.
- Receber um convidado, primo. Mas vamos te dar um abraço de despedida. Volta logo?
- Não tenho previsão. Cuidem-se. - nos deu um beijo no rosto e foi em direção do trem. Nesta hora um tipo estranho descia e eles pararam um em frente ao outro se encarando. As pessoas desciam ou embarcavam do trem não sem antes uma boa olhada no tipo que usava calças jeans surradas, botas e chapéu de cowboy. Trazia no ombro uma mochila, também surrada e quando ele levantou a aba do chapéu, eu arregalei o olho de surpresa, enquanto os via trocar algumas palavras:

- Warrick. O que faz aqui? Que eu saiba você a Alex terminaram.
- O mundo é livre, Kyle. Fui convidado por uma moça chamada Elizabeth McGregor, para passar uns dias em Londres. Incomodo?
- Não. Saiu de algum filme trouxa? Ou quer impressionar bancando o cowboy?
- Quando recebi o convite, estava no meio do deserto conduzindo gado. Você sabe como é... A gente nem pensa direito quando o assunto é a garota que a gente ama.


find it very, very easy to be true
I find myself alone when each day is through
Yes, I'll admit that I'm a fool for you
Because you're mine, I walk the line


Logan olhou para onde eu estava e abriu um sorriso, não tinha outra palavra para descrever: lindo.
- E ai? Vai lá pegar o cowboy no laço. – cochichou Elizabeth rindo.
Caminhei até eles e Kyle ainda ficou nos olhando sério, enquanto eu pegava a mão do Logan.
- Boa viagem Kyle. Oi Logan. – sorri de volta e o levei para onde estava minha prima.
- Elizabeth este é o Logan Warrick, meu... Quer dizer....
- Sou amigo da Alex, prazer em conhecê-la. - ele disse gentil, enquanto apertava a mão da minha prima. Enquanto íamos para o carro, começamos a conversar.
- Tudo bem?- perguntei
- Desculpe as roupas. Tava no meio do deserto quando a carta chegou. Só peguei minha mochila e vim para cá.
- Sem problemas, mas seu jeito de falar... Tá diferente.
- Eu sempre procurei esconder meu sotaque de caipira, quando estava em Hogwarts. Achava que com isso seria mais bem aceito. Agora que me formei, vejo que foi bobeira minha. Não se pode apagar o que a gente é. Espero não envergonha-la enquanto estiver aqui. - disse tirando o chapéu.
- Não. Não, você nunca me envergonha você... É perfeito. – disse baixo.
O que está havendo comigo? Perdi a noção? Nunca diga a um cara que ele é perfeito. Mesmo que ele esteja te olhando de um jeito que suas pernas começam a fraquejar. Ele pareceu ou fingiu não ter escutado minhas ultimas palavras.

As sure as night is dark and day is light
I keep you on my mind both day and night
And happiness I've known proves that it's right
Because you're mine, I walk the line


Voltamos para o hotel e Elizabeth havia reservado um quarto para ele, e disse:
- Vamos ficar por aqui, mais este fim de semana. Alex, por favor. Por favor, leve-o ao quarto dele, que os outros devem acordar daqui a pouco para o café.
Pegamos a chave e subimos lado a lado. No corredor vazio antes que eu pudesse fazer alguma coisa ele me puxou para um abraço e quando achei que ele fosse me beijar, me soltou.
- Senti saudades de você. Desculpe, estou todo empoeirado. O que vamos fazer hoje?
Abri os olhos meio aparvalhados e tentei dizer em um tom natural:
-Vamos sair pela cidade, e depois podemos ir até algum pub de noite, comer alguma coisa, dançar um pouco.
- Bem, nos vemos daqui a pouco. Preciso de um banho. Até depois. – disse tocando a aba do chapéu, ao entrar no quarto e fechar a porta na minha cara. Fiquei algum tempo olhando para a porta, e me perguntando o que estava acontecendo, antes de reencontrar minhas primas, que tinham muitos comentários a fazer.
Mais tarde nos encontramos e ele foi apresentado aos outros. Todos gostaram dele. Enquanto estávamos no pub, e Jack pediu para falar a sós com Elizabeth. Todos estavam em expectativa por ela, quando começou a tocar uma musica e começamos a dançar. Como ele me olhasse demais, eu resolvi falar o que estava em minha mente.
- Desculpe, tirá-lo do seu trabalho. Elizabeth não me disse que iria perturbá-lo.
- Você nunca me perturba... - disse e ficou vermelho quando levantei uma sobrancelha do tipo: “você é indiferente á mim”? Enquanto o abraçava mais forte.
Sabia que fazer isso era como brincar com fogo, e poderia por nossa amizade em risco.

You've got a way to keep me on your side
You give me cause for love that I can't hide
For you I know I'd even try to turn the tide
Because you're mine, I walk the line


Ok, a quem eu queria enganar? Não consegui pensar em nada disso, enquanto íamos para um canto mais escuro e começávamos a nos beijar. Não sei quanto tempo ficamos por ali, só sei que em dado momento ouvi muito longe uma das meninas me chamarem:
- Alex, Ian quer ir embora, e está te procurando.
Paramos ofegantes e nossas roupas estavam um pouco amassadas. Eu queria me jogar nos braços dele de novo, porém um pouco de razão começou a penetrar a minha mente quando ele disse:
- Fica comigo? – e pelo seu olhar, percebi que o seu convite ia além daquele momento.
- Agora eu estou com você.
Ele sorriu um pouco triste e disse:
- Melhor você ir na frente encontrar seu irmão. Vou daqui a pouco.
Voltamos ao hotel, e ao nos despedirmos ele me puxou para um beijo demorado.
- Vou embora amanhã cedo. – avisou enquanto beijava minha testa.
- Por quê? - mas eu sabia o motivo.
- Você sabe o por que.Vim aqui com a esperança de te levar comigo, mas você não iria, mesmo que desejasse.
- Somos muito jovens ainda... - comecei e ele me calou com um beijo.
- Eu sei. Mas eu tinha que tentar, pelo menos mais uma vez. Ei, vamos até o alto do prédio, quero ver as estrelas com você uma última vez antes de ir.
Subimos ao alto do prédio e embora o céu de Londres fique encoberto na maioria das noites, hoje ele estava cheio de estrelas ou seriam meus olhos que brilhavam demais?

keep a close watch on this heart of mine
I keep my eyes wide open all the time
I keep the ends out for the tie that binds
Because you're mine, I walk the line


N.AUTORA: I walk the line – Johnny Cash

Tuesday, July 25, 2006

Round one - Fight?!

Diário de Alucard W. Chronos

Hahauahuahauhauahua. Ai Merlim, agora que tudo passou, diário, não paro de rir de tudo que aconteceu hoje. Foi um dia muito divertido, apesar de na hora eu ter sentido medo de levar uma porrada do sogrão...Ainda bem que ele não te lê, porque iria me matar dolorosamente ao descobrir como estou me referindo a ele. Antes, relatório da minha atual saúde (vou manter um diário da minha saúde pra eu pesquisar mais depois): Não mudou nada, continuo tendo que tomar apenas as poções regulares, ou seja só uma por dia. Só houve uma mudança na minha visão, ela agora está mais aguçada e não arde mais se eu ficar muito tempo olhando pro céu, isso é bom, adoro olhar o céu...Principalmente se a Mirian estiver junto...ta calma uma coisa de cada vez...
Como eu tinha te falado ontem, hoje acordei bem cedo e sai com o Sr. Capter para um bosque perto da casa. Só agora notei que a casa é bem grande e a região muito calma e divertida pelo que pude notar. Saímos de casa por volta de 5 da manhã, ainda estava amanhecendo. Ele queria que cada um levasse uma pequena arma trouxa, ele me explicou que era para caçar raposas se alguma aparecesse...Na verdade eu tive é medo dele tentar me matar escondido e dizer pra Mirian que eu tinha fugido...Eu avisei que não precisava delas, com meus poderes eu sabia me defender...e caçar...Ele apenas fez que sim com a cabeça e deixou as armas em casa, eu cheguei a respirar aliviado.
Estávamos andando a cavalo e saímos da propriedade andando calmamente. Conversávamos pouco, mas pelo que eu pude notar, ele queria falar algo comigo, mas eu sabia esperar e tentei me mostrar o mais a vontade possível, o que era difícil com o pai da minha namorada ainda me dirigindo alguns olhares rabugentos...Chegamos finalmente perto da vila trouxa da cidade e ele decidiu me mostrar o local antes de irmos para o bosque.
OC: Bem Alucard, aqui é a padaria trouxa. As vezes compramos uns pães daqui.
AC: Sim, parecem gostosos, já dá para sentir o cheiro. E Senhor, se quiser pode me chamar apenas de Lu.
OC: Hum...por enquanto não...Aqui é uma casa de festas dos trouxas, não sei porque eles gostam tanto!! É só um monte de “música”, parecem mais um bando de barulhos estranhos...
AC: Eu sei como são, se chamam boates como os trouxas as chamam. Tem uma perto da minha casa
OC: Humm...Entendo...Espere ae, espero que não a freqüente!! Não vou deixar minha filha andando com alguém que freqüenta esses lugares constantemente!
AC: Claro que não! Com isso o Senhor pode ficar tranqüilo! Não vou muito nessas festas...
OC: Meus sobrinhos sim adoram esse lugar...Sempre que vem passar um tempo aqui eles passam a madrugada inteira aqui...
AC: A Mirian também vêm? – eu tentei perguntar o mais naturalmente possível, mas não escondi uma pitada de ciúmes e insegurança, que o Sr Capter com certeza notou
OC: Humm...Não...Ela só pensa em você, então está sempre em casa treinando novos feitiços. Ela só sai com as primas e não vem aqui não...A propósito, a família virá aqui amanhã. Todos querem te conhecer Alucard.
Confesso que eu fiquei alegre quando ouvi o “Ela só pensa em você” e também o “Todos querem te conhecer”. Mas também fiquei muito apreensivo. Mal chegara na casa deles e já iria passar pelos sermões dos primos delas, interrogatórios das primas dela, comentários das tias dela e pelas conversas dos tios dela...Férias divertidas não? Mas iam sem bem legais com certeza...Ele fez sinal para continuarmos andando e aumentamos a velocidade nos divertindo correndo até o bosque. Lá andamos por vários minutos em silêncio, um esperando o outro falar algo. Meus sentidos notavam as modificações do cheiro dele, dos batimentos cardíacos dele, dos músculos dele, ele estava se modificando completamente por nervosismo...Ele definitivamente queria falar algo...
OC: Lu... – isso me assustou, ele nunca me chamava assim – Sei que gosta muito da minha filha, então trate-a bem ouviu?
AC: Claro Oswald, eu sempre cuidarei bem dela
OC: Se fosse magoar minha princesa...eu juro que te mato Alucard...Controle seus poderes perto dela ouviu?
AC: Eu sei me controlar Sr. Capter, nunca a machucaria
OC: É o que eu espero...venha eu conheço um belo lugar aqui perto...
Seguimos andando novamente calados e chegamos a um monte de onde vimos o nascer do sol. Era realmente lindo o lugar e marquei como chegar lá para voltar com a Mirian. Ele falou que já estava na hora de voltar e começou a descer o monte trotando e olhando para trás me convidando a correr. Iniciamos uma corrida louca pelo bosque voltando para casa. Era uma disputa acirrada. Estavam competindo os dois homens de uma garota: o pai enciumado e inseguro e o namorado...O pai queria mostrar que era melhor que o namorado, e o namorado queria mostrar que estava a altura da garota. O pai tinha medo do que ele podia fazer com e para a filha, já fora jovem, sabia muito bem o que ele poderia querer...O namorado queria mostrar que não queria apenas o superficial da garota, que ele a amava de verdade...Eu e o Sr. Capter corríamos de verdade, corríamos lado a lado um tentando passar o outro. Estávamos levando a sério e queríamos chegar primeiro a qualquer custo. Instigávamos mais os cavalos e eles já estavam se cansando, mas nós não queríamos parar. Íamos chegando perto da casa e Mirian e a Sra. Capter ouviram o tropel de cascos e olharam da varanda a ponto de ver duas “crianças” correndo para ver quem chegava primeiro. A cena era hilária e ambas riam muito! Eu tentava passar a frente do Sr. Capter e ele tentava me deixar para trás. Nossos cavalos se colidiam e corríamos juntos, não podíamos segurar o sorriso. Chegamos juntos na casa e ele gritou meio sorridente “Duvido que chegue primeiro que eu lá em cima!” e saiu correndo pela casa. Eu sorri e simplesmente usei meus poderes vampíricos e pulei...pulei mais alto que ele poderia imaginar e cheguei rapidamente à varanda e saudei as duas beijando a Mirian de leve no rosto e passando meu braço pelo ombro dela. O Sr. Capter chegou nessa hora e a cara de decepção dele foi a melhor de todas!
OC: Droga...pensei que ia ganhar...isso não vale! Você trapaceou!
AC: Não trapaceei! Você não disse como iríamos competir para quem chegasse primeiro, eu apenas dei meu jeitinho.
AngC: Deixe de ser bobo Oswald! Vocês dois pareciam duas criancinhas correndo!
OC: Que nada! Estávamos apenas...exercitando os cavalos!
MC: Vocês quase mataram os pobres animais! Mas foi muito engraçado ver vocês correndo, papai. – Mirian o abraçou e beijo no rosto deixando ele um pouco mais alegres – Merecem um prêmio, eu e mamãe preparamos o café.
Nós quatro nos dirigimos para a cozinha e tomamos café juntos sorrindo e conversando. O clima entre eu e o Sr. Capter deu uma melhorada após a nossa “competição” e ele estava bem mais amistoso. No meio do café mais ou menos, eu e ele pegamos o mesmo pedaço de bolo. Sabe aquelas cenas de filme em que duas pessoas se encaram e ficam se olhando séculos com uma faísca entre elas? Foi exatamente isso que aconteceu!!! Ele puxou tentando pegar o pedaço de pão de mim. Eu puxei de volta decidido a não deixar. Os dois mantinham sorrisos no rosto do tipo, “não vou largar de jeito algum”. Sra. Capter e Mirian nos olhavam apenas com um olhar de choque e viravam o rosto como se falassem “Meninos”. A luta continuou e nenhum dos dois queria desistir. Eu por fim larguei o pão e ele quase caiu da cadeira e eu falei cordialmente que ele podia comer. Ele insistiu que não e tentou me empurrar de volta o pão, mas como não aceitei ele resolveu comer o pão logo. Começamos a comer devagar...Quando nossos olhares se cruzaram de novo depois de eu dar um beijo de leve no ombro da Mirian e um beijo no rosto dela. Novas faíscas e sem tirar os olhos um do outro começamos a comer mais rapidamente. Eu pegava o pão e botava manteiga. Ele balançava a varinha e fazia vários pães e facas passarem manteiga sozinhos. Eu levantava a varinha e fazia a jarra de suco de abóbora levitar até meu copo e enchê-lo novamente. Comíamos como doidos, disputando quem comia mais. Acabávamos um prato e queríamos enchê-lo de novo. Mi e a Sra. Capter não paravam de rir da cena, mas eu e o pai da Mi nem notávamos de tão entretidos estávamos na competição. Os dois finalmente engasgaram ao mesmo tempo e quase morremos sufocados enquanto tentávamos comer um pedaço de bolo gigante e tomar suco ao mesmo tempo! Mirian e a Senhora Capter riram novamente e cada uma brigou com seu respectivo “homem” nos dando bronca e falando que era bem feito. Eu e o Sr. Capter só podíamos ouvir calados enquanto olhávamos a bagunça que tínhamos feito...
Depois da luta no café da manhã eu e a Mi subimos porque eu precisava trocar de roupa e ela também. Essa foi a desculpa dada... Assim que chegamos no segundo andar ela me puxou para um armário de perto do quarto dela e ficamos lá hum...não vou te dar os detalhes seu diário safado!!! Mas ficamos lá nos beijando um bom tempo...Só paramos quando notamos que eu já estava sem camisa (Eu nem notei!) e ela com metade da blusa aberta *muito vermelho* Sorrimos um pro outro segurando o riso e resolvemos maneirar um pouquinho...só um pouquinho...até porque se o Sr. Capter me pega daquele jeito...Era uma vez um meio vampiro! Vou indo diário, vou passar a tarde ajudando a arrumar as coisas pra família da Mi e namorando mais um pouco com a Mirian...E vamos ser mais espertos, não queremos ser pegos...
Alucard Wingates Chronos às 5:44 PM

Monday, July 24, 2006

Qual o custo da coragem?

Do diário de Scott Foutley

Por toda a nossa vida, procuramos por alguém pra amar, alguém que nos complete...Nós escolhemos as companhias, dançamos músicas que falam de corações partidos e de esperança e por todo o tempo pensando se, em algum lugar, de alguma forma, existe alguém perfeito que esteja a nossa procura... Mas será que estamos procurando esse alguém no lugar certo?

******************

- O que você faria se fosse ministro por um dia?

Era essa a pergunta que sempre surgia quando nos encontrávamos. Era mais um tipo de jogo, na verdade. Filho de ministro, querendo ou não, é tudo igual! Nossos pais estavam trancafiados no ministério sueco e nós, seus queridos filhos, estávamos confinados na cozinha da minha casa conversando. Éramos oito ao total, de todos os tipos. Tinha o engraçadinho...

- Ah eu decretava um feriado por mês! Uma vez por mês teríamos uma semana de recesso! – falou Kevin, filho do ministro americano.

Tinha também as ditadoras, Lorena e Shannon, filha da ministra espanhola e filha do ministro irlandês, respectivamente.

- Eu colocaria ordem nas leis bruxas! As tornaria mais rigorosas contra arte das trevas!
- Exatamente! Se fosse assim aquele bruxo maluco não estaria cada vez mais forte...

E tinha também o justo, aquele que defende as minorias, o politicamente correto Ramón, irmão da Lorena.

- Eu criaria uma lei que condenasse qualquer tipo de preconceito, de todos os tipos. Isso é inaceitável, não devemos julgar os outros pelo seu jeito de ser...
- Concordo com ele... Cada um vive a vida da maneira que quer ou pode. – Megan completou
- Fácil falar, o difícil é cumprir... Todo mundo diz que é não é preconceituoso, até que se encontre numa situação em que tenha que demonstrar isso. – falei e todos se calaram
- Você está certo. Muito se fala e pouco se faz, mas infelizmente não vivemos em um mundo perfeito. O que precisávamos era de um exemplo, alguém que encarasse suas escolhas de frente e sem se importar, mas até os que sofrem preconceito são preconceituosos! Se eles assumissem suas posições, talvez não fossem tão discriminados... – Karen falou e todos concordaram.
- Mas é difícil assumir posição em alguma coisa quando se sabe que ninguém mais vai lhe dar apoio. – Shannon falou
- Sim, não é fácil pra pessoa enfrentar todas as conseqüências de suas escolhas sozinha. – Ramon completou
- Mas aí é que está! Se ninguém tomar a iniciativa, o preconceito vai crescer cada vez mais! Eu sou totalmente a favor de todas as raças, religiões, qualquer coisa, e não entendo porque os que fazem parte dela não dizem isso também – Karen insistiu.
- É fácil assumir uma posição a respeito de alguma coisa quando não há risco nenhum envolvido – disse baixo
- Risco? Que risco pode haver, por exemplo, em uma pessoa assumir que é homossexual? – Kevin falou, ele e Wayne agora prestando atenção na conversa.
- Ora, tem pessoas que acham isso um absurdo e agridem os poucos que tem coragem de assumir isso. – Ramon rebateu – Acabam por serem reprimidos a viverem como se fossem monstros.
- Ah eu sei outro tipo de preconceito que sofremos dentro de casa! Nossos pais acham lindo que Ramon saia a hora que quer, mas eu não posso por ser garota. Temos a mesma idade, não é justo! – Lorena falou indignada e recebeu o apoio de Megan
- Machismo! Por que eles podem e nós não?
- Pois é, ai volta à questão que estou insistindo. As mulheres estão saindo por ai, lutando por seus direitos, e estão conseguindo resultados. Cansaram de sofrer esse tipo de preconceito e estão se mexendo para mudar isso. Basta que alguém tome a iniciativa e outros virão, sem duvida. – Karen falou socando a mesa
- Ok, concordo... Se alguém der o primeiro passo, outros apóiam. Mas quem vai conseguir fazer isso? - falei
- Isso eu não sei, mas tenho certeza que quando essa pessoa o fizer, vai ter o apoio daqueles que o amam... – ela disse me encarando.
- Ai estou com fome... Vou buscar o telefone daquela pizzaria e já volto! – Megan falou interrompendo o assunto e todos apoiaram a idéia.

Minha irmã saiu correndo da cozinha e felizmente o assunto morreu, passando para um impasse em decidir o sabor das pizzas. Karen continuou sentada no mesmo lugar, debruçada sobre a mesa e me olhando seria. Wayne prestava atenção em nós dois, por certo esperando que uma briga começasse. Ia me levantar para pegar água quando a porta da cozinha bateu com força e assustou a todos. Corri ate ela para abrir, mas estava trancada. Wayne chegou para me ajudar, mas ela nem se movia, alguma coisa a prensava pelo lado de fora, algo muito forte. Kevin vinha se juntar a nós quando as luzes de apagaram e as meninas começaram a gritar.

- Karen, use a varinha para iluminar aqui, só você pode fazer magia e eu estou sem a minha! – Wayne falou
- Não estou encontrando ela! – ela falou
- Aaaaaaah o que foi isso?? Senti um vento no meu pescoço!! – Shannon gritou e todos se apavoraram
- Calma, não precisam entra em pânico, estão... EI! Cadê a Megan?? – falei ao constatar que minha irmã não voltara do quarto
- Sem estresse gente, Megan esta tentando nos assustar, ela sempre faz isso! – Karen falou rindo
- Como pode ser ela? A cozinha esta trancada e alguém assoprou o meu pescoço!
- É ela, com certeza...
- Droga Megan!! Você vai se arrepender por isso! Cadê a caixa de força? – Wayne rosnava enquanto tateava a cozinha.

O pouco de luz que vinha da janela agora estava bloqueado, as luzes de fora da casa também haviam se apagado e já não era possível enxergarmos nada naquele breu todo. Não era a primeira vez que minha irmã fazia esse tipo de brincadeira, mas era a primeira com visitas e desligando a força de toda a mansão. Ouvia as vozes das pessoas ali dentro aflitas, misturadas ao barulho que Wayne fazia ao tentar arrombar a caixa de força na despensa com a mão. Agora eu ouvia passos, alguém estava se movendo e se aproximando de mim. De repente, senti duas mãos segurarem meus braços e em seguida fui beijado, um beijo intenso. Wayne gritou ao levar um choque e a pessoa me soltou assustada. Em seguida vi faíscas saindo de onde meu irmão estava e o barulho de panelas sendo derrubadas junto com mais três pessoas ecoou na cozinha.

A força voltou. Eu ainda estava parado em estado de choque e agora que podia enxergar, olhava para todos os lados a procura de um rosto suspeito. Karen ainda estava sentada no balcão e olhava espantada para as panelas espalhadas. Shannon, Lorena e Ramon estavam caídos no chão no meio das panelas e todos pareciam alarmados. Kevin saia da despensa com Wayne, que tinha os cabelos arrepiados e os dedos chamuscados, mas parecendo satisfeito. Megan entrou na cozinha com cara de quem não sabia o que estava acontecendo, balançando o papel com o numero da pizzaria e se espantando com a cena. Encarei Karen. Ela há muito tempo me ensinara legilimencia e usávamos isso para nos comunicarmos quando não queríamos ser ouvidos. Eu já sabia quem tinha me beijado e ela também. Um turbilhão de coisas passava pela minha cabeça agora. Eu não sabia como agir, o que pensar, não sabia o que fazer naquele momento. Então corri, subindo as escadas pro meu quarto depressa e minha irmã veio atrás de mim.

- Basta que alguém tome a iniciativa e outros virão, sem duvida... Será que ainda concorda comigo? – Karen falou me encarando seria, fechando a porta do quarto.

Saturday, July 22, 2006

Frio...acho que entrei numa fria...

Diário de Alucard W. Chronos

Olá diário sei que ando muito tempo sem escrever em você, mas hoje resolvi tirar a poeira...Bem vou resumir o que aconteceu desde a última vez que eu escrevi em você...
Depois daquela última noite no acampamento, eu fui pra minha casa e tive que me despedi da Mirian, mas prometemos que íamos nos ver durante as férias, mas eu precisada de um tempo sozinho. Precisava testar certas coisas...Ela quis saber o que era e eu contei pra ela que ia testar meus novos poderes. Tá que ela quase me bateu de novo quando falei, mas expliquei que ia treinar em casa e longe de perigos... Então passei as duas primeiras semanas apenas treinando e testando meus novos poderes. Tomei a iniciativa no desenvolvimento das minhas poções e mesmo não sendo muito bom em poções, consegui melhorar a poção que a Celas estava fazendo pra mim, e agora só tenho que tomar uma por semana e os efeitos são maiores. E não há efeito colateral!! Meu sangue adquiriu características próprias contra o vampirismo e agora estou me controlando mais. Nas noites de lua cheia eu ainda preciso tomar uma dose grande de poções (5 de uma vez durante a manhã e mais 5 a tarde chegando a uma dose única de 10 poções na noite da lua cheia). Algo que notei, a vitalidade é característica dos vampiros, mas meu sangue sofreu certa modificação, agora estou com ainda mais vitalidade. Testei em mim mesmo diversas gripes, incluindo um gripe de dragões, mas nenhuma surtiu efeito em mim. O St. Mungus recebeu uma dose do meu sangue porque querem estudar um pouco.
Agora você se pergunta: o que eu andei fazendo então durante o tempo após as duas semanas de treinamento? Visitando a Mirian! Os pais dela, na verdade mais a mãe, me convidaram para passar duas semanas lá e é por isso que não tenho escrito muito, mas resolvi te deixar atualizado. As coisas estão hilárias ultimamente, muito divertidas. Confesso que tive medo dos pais dela não me aceitarem por ser meio vampiro, mas até que me aceitaram. A mãe dela me aceitou imediatamente ( ahaha seu sem graça! Não não usei meus poderes vampíricos para hipnotiza-la), mas o pai se mostrou meio relutante...E ainda está. Mas a Mi e a Sr. Capter falam que é puro ciúme, a Mi é a filha única e sempre foi a criancinha do pai dela, então ele se sente meio inseguro. Eu entendo e tento não mostrar meu lado namorado muito na frente dele. É lerdinho, não ficamos nos agarrando na frente dele!! *diário burro*. Eu cheguei lá através do pó de flu e meus pais foram comigo para conhecer os pais da Mirian também, eles ficaram ótimos amigos, só o pai dela que ainda me olha atravessado ^^’. Levei o estoque de poções, mas para minha sorte não vai haver lua cheia enquanto eu estiver lá, então não me preocupo muito. O primeiro contato foi muito hilário...Eu fui o primeiro a chegar na lareira e a Mi pulou em cima de mim me derrubando no chão pois eu ainda estava meio tonto...
MC: LUUUU QUERIDO QUE SAUDADES!
AC: Mi querida, eu que estou com saudades!
MC: Deixa ver se não ta com nenhum arranhão! Ai de você se eu ver que se machucou no seu treinamento! – ela bufou de irritação só de pensar e começou a me vistoriar, ela ameaçou levantar minha camisa pra olhar no peito e nas costas, mas ouvimos um pigarrear (quase um xingamento) muito alto que me fez segurar as mãos dela na hora. Era o pai dela... “Que ótima impressão eu dou! Vai pensar que eu sou um maníaco ou doido!” pensava enquanto me dirigia com respeito para ele
AC: Muito prazer Senhor Capter. Sou Alucard Wingates Chronos
OC: Humpf. Muito prazer também. Sou Oswald Capter, pai da Mirian
AngC: Lu, meu jovem que bom revê-lo! Até que enfim veio nos visitar!
AC: Olá Senhora Capter tudo bom? – eu sorri mais aliviado, eu e ela já nos conhecíamos e ela gostava de mim.
AngC: Aiaiai! Por Merlim! Já falei para me chamar de Angélica! – ela imitou estar zangada e ficou muito parecida com a filha. Nesse momento meus pais chegaram e foram todos apresentados novamente.
OC: Gostariam de conhecer a casa?
JC: Claro, por que não? Nos acompanha Integra?
IC: Não James, a Senhora Angélica vai me levar a cosinha.
MC: Eu vou levar o Lu pro quaro dele então – Mirian falou sorridente me puxando pela mão. Mas o pai dela pigarreou novamente, mas recebeu uma cotovelada e um olhar severo da Sr. Capter
OC: Ai...está bem...Voltem em 5 minutos!!!
Mirian nem já ouvi, ela apenas sorriu para o pai e subiu as escadas correndo me puxando junto. Eu também achei graça e quando chegamos ao segundo andar rimos muito, não pelo pai dela, mas porque estávamos felizes. Eu a abracei com força e ela me abraçou com mais força ainda. Me recostei na parede e a abracei contra o meu corpo sentindo o perfume tão delicioso dela
MC: Eu senti muito a sua falta seu bobo...
AC: Eu também senti muito sua falta querida. Não parava de pensar em você nos treinamentos.
MC: Você vai me contar como foram os treinamentos! E por falar nisso! – Ela me deu um tapinha no braço e abriu minha camisa com a desculpa de “Tenho que ver se está tudo direito^^”. Ela me abraçou enquanto passava a mão pelo meu tórax e se recostou mais em mim. Eu a abracei mais e a aproximei do meu corpo.
MC: Nossa Lu...Você está um gato! Ainda mais gostoso que antes meu amor... – Ela falou lentamente enquanto aproximava os lábios dos meus e ficamos nos beijando mais alguns minutos. Paramos quando ouvimos passos na escada e nos separamos, ela me puxou correndo pro quarto onde eu ia ficar e me jogou sentado em cima da cama e fingiu me mostrar o armário. Quase deu um grito quando viu que eu ainda estava abotoando a camisa e usei um feitiço logo...mas não ficou muito, pois na mesma hora o pai dela chegou...Ele e meu pai entraram conversando sobre o estado do Ministério e como aquele bruxo das trevas estavam ganhando poder. Mas o Sr. Capter ficou meio parado e me dirigia um olhar maligno como de alguém que ia me estrangular quando notou minha camisa amassada e um botão desabotoado...Meu pai nem notou e continuou conversando normalmente e isso me deu tempo de abotoar o último botão. O Sr. Capter me dirigiu um outro olhar maligno quando saiu e na porta parou e se virou para mim vindo na minha direção. Nunca senti tanto medo, pensei que ela ia me matar! Prefiro encarar dementadores e bruxos das trevas...
OC: Então, “Lu”, que achou da casa? Vamos lá embaixo tomar um chá! – ele me deu um pequeno mas forte tapa no ombro e meio que me abraçou puxando com força para fora do quarto...Juro que ouvi um “E o que achou da minha pequena seu...”
Mirian desceu junto do meu pai em seguida, os dois rindo muito da minha cara de medo e preocupação...Fomos a cozinha e lá já estava um mesa de chá completamente pronta e nossas mães conversavam alegremente. Entramos todos os quatro juntos e nos sentamos na mesa continuando a conversar normalmente. O Sr. Capter não tirou os olhos dos meus e eu mantive o olhar...Uma guerra de titãs...Eu já estava esperando ele me chutar por debaixo da mesa!!!
IC: Oswald, Angélica, obrigado pela oportunidade, e nos perdoem, temos que ir.
AngC: Por nada Integra, sei que têm muitas coisas para resolver. Vamos acompanhá-los até a porta então.
JC: Não precisa, muito obrigado, vamos aparatar.
OC: Mas não custa nada irmos juntos com vocês até a porta pelo menos. Mirian VAMOS? – falou calmamente para Mirian mas me olhou severamente...Ai Merlim o que foi que eu fiz?!
Todos nos despedimos dos meus pais na porta e eu me despedi deles com um abraço forte. Minha mãe me beijou de leve e disse que mandava meus beijos pra Celas. Meu pai me abraçou alegremente e sussurrou no meu ouvido:
JC: Juízo hein? Mas divirta-se e não se preocupe com o Oswald, ele me falou que gostou de você.
AC: É!? Obrigado pai. Ah avise ao Sergei e ao Kyle onde estou. E qualquer coruja que chegar pra mim repassa pra cá por favor? Esqueci de avisar que ia passar uns dias na casa da Mi.
IC: Claro filho e se cuide
Os dois desaparataram e voltamos conversando para a casa. O Sr. Capter sentou-se no sofá e a Mi sentou ao lado dele abraçando com força o pai enquanto dizia baixinho:MC: Obrigado papai, não sabe como estou feliz. – Ele resmungou qualquer coisa e sorriu meio encabulado. Me olhou com certa felicidade, que durou apenas um minuto antes de voltar com o rosto sério... Prometem ser longas semanas...Divertidas? Sim! Emocionantes? Sim! Humm...Quentes? Quem sabe *vermelho*. Complicadas? Talvez... depois escrevo mais, o Sr. Oswald e eu vamos caminhar um pouco pelo bosque que tem aqui perto amanhã de manhã bem cedo e tenho que ir dormir cedo. Até mais
Alucard Wingates Chronos às 3:36 PM

Friday, July 21, 2006

Face a face com o inimigo

Diário de Alex McGregor

Sergei havia ido embora e eu ficava jogando palavras cruzadas com Ian, enquanto nossas primas ficavam com os amigos dele. Os rapazes eram muito engraçados, especialmente Jack, que assim que se acostumou conosco, era o mais piadista. Meus avós precisavam ir a Londres tratar de alguns assuntos, e resolveram nos levar para um passeio. Claro que quando ela perguntou o que iríamos fazer eu e minhas primas gritamos juntas: Compras e os rapazes reviraram os olhos.
E lá fomos nós, ver as ultimas novidades da moda, e compramos algumas peças bem bonitinhas, de um estilista novo, chamado Versace. Estávamos sentados num restaurante fazendo os pedidos quando Ian começou a acenar para a entrada:
- Ei, Kyle, aqui.
Levantei meus olhos e vi Kyle se aproximando da nossa mesa, acompanhado. Ao seu lado uma moça loira, segurava seu braço sorridente.
KM -Ei, maninho, não sabia que estaria em Londres... – dizia enquanto bagunçava o cabelo de Ian, e nos apresentou:
- Minhas primas: Hanna, Alice, Elizabeth e minha irmã Alexandra. E os rapazes fazem parte da gangue do meu irmão em Durmstrang: Leonardo, Jack e Kieran. - dizia enquanto os rapazes protestavam rindo.
- Até parece que foi santo...
- Você e Kyan pegaram muita detenção lá, tô sabendo...
- Meu irmão Francesco, diz que você está devendo uma revanche numa partida de quadribol.
- os rapazes diziam saudando-o.
A moça sorriu tímida nos cumprimentando. Olhei-a diretamente. Era um pouco mais alta que eu, tinha olhos castanho claros e cabelos loiros. Sabe aquele tipo de garota calma, meiga, que parece que vai correr ao primeiro sinal de trovoada e que você quer proteger? Gostei dela.
Falávamos sobre as coisas que fizemos na férias e Kyle contava sobre suas viagens. Minhas primas riam e ao mesmo tempo ficavam vigilantes quando ele punha um braço sobre os ombros da namorada. Ou quando a garota o chamava de querido, nesta hora olhavam para minha cara como se esperassem que eu pulasse no pescoço da menina ou coisa pior.
- Vamos retocar a maquiagem?- convidou Elizabeth.- e levantamos da mesa. A namorada de Kyle estava indecisa entre vir conosco ou não e eu a chamei:
- Quer vir conosco, Vitória?
- Não se preocupe... Ela estará bem conosco. – pensei olhando para os olhos dele e ele deve ter lido a minha mente, relaxou um pouco.
- Se não for incomodar... - disse meio insegura olhando para nós.
- Claro que não. Vamos apenas enche-la de perguntas sobre como o Kyle é como namorado ou se beija bem como dizia a A...- disse Alice e parou vermelha: desculpe...
Os rapazes ficaram quietos e Kyle, tinha uma expressão séria. A garota parecia estar boiando.
AM - Não ligue para nós Vitória. Temos ciúmes dos rapazes da família e queremos saber se você vai cuidar bem do Kyle. Claro que Ian foi esperto e não convidou Megan, para nossa inspeção. - Ian começou a tossir e os rapazes começaram a rir.
- É, Ian , nós sabemos sobre a Megan.- disse Elizabeth e deixamos nosso primo vermelho sendo zoado pelos amigos.
No banheiro, após responder sobre onde estudava, e quando havia começado seu namoro com Kyle, Vitória disse de repente:
- Queria entender um pouco mais o Kyle...
- Como assim? O Kyle é um homem oras... Não tem muito que entender. - disse Alice e demos risada.
- Ele não é de se entregar emocionalmente não é?... - disse meio constrangida. Congelei.
Elizabeth parou de passar o batom para ver o que eu iria dizer.
- Kyle, apesar do jeitão dele, é muito amoroso. Tenha paciência com ele. – disse Hanna.
- Sei disso. Vi o quanto ele tem amor por vocês, e a amizade enorme pelo Sergei. Já pude ver que ele se dedica a tudo com perfeição, mas quando estamos juntos... Ele às vezes está em outro lugar. O corpo está lá, mas a alma...
AM - Ele disse que te ama?- perguntei baixinho.
- Sim, não... Quer dizer... Mais ou menos... Não sei... Eu queria que ele sentisse o mesmo que eu entende? Sei que ele amou muito uma namorada dele, pelo que pude descobrir eles tiveram um rompimento difícil, porém ele não me disse como foi. Sempre muda de assunto. Acho que depois disso, ele ficou com medo de se envolver demais.
- Tenha paciência. – disse Alice.
AM - Posso falar snceramente com você, Vitória?- disse de repente.
- Alex, não seria bom... - começou Hanna.
- Será bom sim, acredite. - disse Elizabeth com os olhos brilhando em expectativa, no mínimo esperava uma briga.
AM - Vou lhe dizer como o Kyle é: corajoso, leal, forte, amoroso. Gosta de comer bolo de chocolate quente com leite gelado. Morre de rir quando assiste os desenhos do Pica-pau, embora não admita isso nem sob tortura. Fica indignado quando o Pride of Portree perde um jogo, chegando ao extremo de xingar os jogadores. Quer ter muitos filhos embora diga que não, mas basta observá-lo com um bebê, ele fica babão. A mulher que ele escolher como companheira será a mais feliz do mundo, pois ele vai se empenhar e muito pela felicidade dela.
- Conte-me o que aconteceu, por favor.
- Eles se amavam e descobriram que não poderiam ficar juntos. Por que... Porque são irmãos, foi isso. O pai dele teve um romance com minha mãe e eu estou aqui.- disse olhando-a nos olhos.
Ela me olhou surpresa e disse:
- Você deve estar se divertido as minhas custas não? Eu pedindo sugestões de como conquista-lo, justo a você.
- Não, eu não achei engraçado. Quero que ele seja feliz com quem for; pois eu conheci alguém que me faz feliz. - disse pensando em Logan.
Ficamos paradas nos encarando e Elizabeth resolveu intervir:
- Alex, está na hora de irmos até aquela loja de discos. Kyle disse que tem que viajar hoje... E eu quero ver se Jack me pede em namoro antes que eu o faça.
Olhei novamente para a garota e agora via que ela me considerava uma rival. Não havia mais o olhar de quem queria ser aceito. Voltamos para a mesa quietas e nos despedimos. No caminho Elizabeth, disse:
- Você gosta mesmo do Logan? Mesmo estando longe dele?
- Sim. - respondi sem hesitar.
- Vamos ao correio agora. – saiu correndo me puxando pela mão e os outros nos seguiram sem entender a loucura dela. Chegamos ao correio, ela entrou sozinha, e só voltou alguns minutos depois.
AM - O que você fez Elizabeth?
- Mandei uma coruja para um amigo que se aceitar meu convite, logo estará chegando, afinal estamos todos de férias ainda... - e riu travessa e não deu mais detalhes.
Quem será que ela convidou?

Thursday, July 20, 2006

Ligações Perigosas

Do diário de Yulli Hakuna

Dizem que quando se está em família, se está completo...

- ACORDA YULL! Chegar muito tarde em Kyoto não tem graça... A Sabrina está vindo pra cá, ela vai com a gente...

Levantei depois da quinta sacudida brusca que Yuri me deu, me vesti e desci pra tomar café da manhã. Estava um dia claro, apesar de não ter sol e sim muita névoa... Uns minutos depois, a namorada do meu irmão chegou. Era uma menina muito bonita, mais ou menos da idade dele, morena e de olhos pretos, com aqueles velhos conservadorismos japoneses. A princípio ficou calada e eu me apresentei gentilmente tentando deixá-la mais a vontade.

SK: Podemos ir?
YH: Podemos sim papai! Onde mamãe e tia Yhara estão?
SK: Foram no mercado cedo comprar algumas coisas pra viagem e já estão lá fora esperando...

Saímos de casa e entramos no carro. Tia Yhara, eu e Yoshi fomos no carro dela, e o restante com meu pai. Kyoto não ficava muito longe de Tokyo e a viagem foi ótima. Ao contrário de mamãe, tia Yhara tinha comprado um estoque de bobagens pra comermos no caminho, enquanto cantávamos alto o som de Susi Shinty, uma adolescente que estava fazendo sucesso no Japão.

Quando paramos na frente da casa, pude ver Sabrina e Yoshi admirando o jardim em volta.

A casa que costumava passar todas as minhas férias de verão quando era criança, continuava idêntica. Até o cheiro de eucalipto. Despachamos as coisas e fomos para o centro almoçar.

SK: Então, o que vamos fazer hoje de tarde?

Mamãe e tia Yhara convenceram meu pai a voltarem pra casa e passarem o restante da tarde caminhando pelo jardim e conversando. Yuri disse que iria levar Sabrina em um pub movimentado da cidade, lugar onde eu e Yoshi não podíamos entrar ainda por sermos menores de idade tanto para os bruxos quanto para os trouxas. Diante disso, ou voltávamos pra casa com nossos pais e ficávamos curtindo sessão “de volta ao passado com adultos”, ou ficaríamos na cidade por nossas próprias contas.

YH: Bem, então acho que vou levar Yoshi pra andar pela cidade... Ele ainda não conhece aqui.

Ele, que estava preocupado encarando um pombo caminhando pela calçada, levantou a cabeça e me dirigiu um olhar um pouco assustado.

YH: Quero dizer, se ele quiser ir...

Ficamos em silêncio nos encarando um momento, até que ele balançou afirmativamente a cabeça soltando um sorriso pequeno. Tia Yhara que aprovou prontamente, nos deu algum dinheiro de trouxa pra comermos alguma coisa durante a tarde, e seguiu com papai e mamãe pra casa.

YH: Agora é com a gente... Vem, vamos, o dia é pequeno e a cidade é grande! – disse segurando com firmeza o braço dele e o arrastando avenida abaixo. – Vamos na sorveteria primeiro, está muito calor!

Caminhamos até a sorveteria, cheia de pessoas conversando enquanto se refrescavam com as delícias geladas. Saímos com dois grandes sorvetões nas mãos e continuamos a desfilar pela cidade, totalmente despreocupados.

YH: Não entendo como você gosta de Poções. É um saco ficar misturando um caldeirão o tempo todo...
- Exatamente por isso, é muito bom! Ou seja: eu não tenho que ficar enfrentando nenhum hipógrifo, nem levitando coisas, nem plantando coisas com dentes e nem guardando bichos-papões. É só eu abrir o livro, cortar os ingredientes, seguir as regras e pronto, lá está uma poção pronta pra ser tomada com algum meio significativo... O que é?
YH: Nada, não é nada... – disse voltando a atenção pro sorvete e dobrando uma esquina.
- Fala. Porque estava me olhando daquele jeito?
YH: Você mostra tanto entusiasmo quando fala de poções que me surpreendo não estar fazendo parte do “Club do Slug”...
- Ele me convidou pra fazer parte, eu é que não aceitei. Aquele clube é... patético!
YH: Ao menos uma pessoa sensata! – ele sorriu, e quando nossos olhos se encontraram, ele abaixou a cabeça, sério.

Ta, isso estava começando a me preocupar. O que eu tinha, que deixava ele com aquele medo todo de me encarar?
Passamos a maior parte da tarde andando por aqueles pontos turísticos tradicionais. Pontes, praças, museus, lojas... Quando estava anoitecendo, resolvemos voltar pra casa.

Estava tão distraída olhando o céu salpicado de estrelas que acabei tropeçando em um galho e caindo. Não, nada grave, só uns arranhões e um pé um pouco mais torto do que o original... O que acontece é que Yoshi prontamente me ajudou a levantar e foi me amparando até chegarmos em casa.

Paramos no alpendre e eu me encostei na porta. Ele me olhava intensamente, um daqueles momentos constrangedores de silêncio e... ele se aproximou, se aproximou, agora estava a menos de um palmo...

YH: Er... Acho melhor entrarmos não é? Ta frio aqui fora, e meu pé ainda não está muito legal...

Ele parou onde estava e afirmou com a cabeça, abrindo a porta para que eu passasse. Papai veio me ajudar a sentar enquanto fazia uns curativos com a varinha. Yoshi passou pro quarto e não o vi mais.

Sabe, acho até melhor não tomar muita proximidade daqui pra frente, até ter certeza de que ele não está confundindo nada...


Wednesday, July 19, 2006

Divinos segredos

Do diário de Louise Graham Storm

- Aaaaargh SUSAN SAI DESSE BANHEIRO!
- Não enche Louise, eu entrei agora!!
- Suzie, você ta ai dentro há quase uma hora!!
- Você não pode falar nada, Chelsea! Você ficou aqui um tempão também!
- Será que dá pra vocês pararem de gritar?? Tem um bebe na casa tentando dormir!

Fernanda apareceu irritada no corredor com Eduardo no colo, o afilhado dela de 8 meses, filho do tio James. Já estávamos no Brasil há 2 semanas e o que no começo era festa, agora se transformara em situação caótica. Adoro minhas primas, de verdade, mas conviver com elas o tempo inteiro, tendo que dividir tudo, não era fácil. E posso falar por experiência própria que o convívio diário com garotas é uma árdua tarefa, pois divido um dormitório com mais 4 durante o ano inteiro. Há uns 4 dias nós andamos nos estranhando, brigando por qualquer motivo besta, a situação estava ficando insustentável.

Ignoramos a reclamação da Fernanda e começamos a socar a porta insistentemente, até que Susan saiu com a cara amarrada, batendo a porta do quarto quando passou. Os meninos já tinham saído para um kart e nós íamos passear na cidade, mas claro, se conseguíssemos terminar de nos arrumarmos. Na hora de procurar os sapatos, descobrimos que tia Cátia amontoou todos no sótão da casa e subimos as 4 para procurar cada um o seu. Já estávamos quase saindo quando a luz apagou e a porta do sótão bateu com força.

- O que foi isso?? – Susan falou assustada
- Acho que faltou luz...
- A porta ta trancada e não abre sem energia.
- Como não abre? Não é só puxar?
- Não... Meu pai adora inventar e criou um mecanismo esquisito que faz a porta travar quando falta luz
- Ah que ótimo, então vamos ficar presas aqui até ela voltar?
- Socoooorro! Tirem-me daqui! – Chelsea começou a berrar na janela, mas parece que não havia mais ninguém em casa.
- Será que da pra pular? - arrisquei
- Ta louca?? Estamos no 3° andar!

Diante da perspectiva de que ficaríamos trancadas naquele lugar escuro por no mínimo uma hora, cada uma sentou em um canto e se calou. Acho que passamos meia hora assim, caladas, encarando os sapatos, até que Susan levantou e começou a revirar o sótão. Ao que parecia, ali era o depósito de coisas velhas da família. Tinha caixa com coisas de bebe, roupas velhas, brinquedos, quadros... Mas o que chamou a atenção de Susan foi um álbum de fotografias antigo. Ela o apanhou e sentou de novo, abrindo.

- Nossa Lou, olha essa foto que pré-histórica! Acho que foi da última vez que viemos aqui...

Sentei ao lado dela para ver a tal foto e comecei a rir quando olhei. Devíamos ter no máximo 7 anos e estávamos na praia. Eu estava cercada de baldinhos e pás, brincando na areia com ela e a Fernanda. Chelsea se juntou a nós duas e a cada foto que passávamos, tinha uma historia pra contar. Nanda desfez a cara emburrada e sentou ao meu lado também, ajudando a relembrar da nossa infância, quando nós vínhamos para o Brasil quase todo ano e quando não vínhamos, eles iam a Londres. A gente cresceu e acabamos nos afastando um pouco, mas sempre fomos muito amigas.

- Lembra da vez que eu fui a Londres e nós nos perdemos no Museu de Historia Natural?
- Como ia esquecer? Minha avó ficou louca achando que tínhamos sido seqüestradas, chamou ate a policia!
- Ah olha essa aqui, foi nas férias que fomos esquiar... Nossa, eu devia ter 9 anos.
- Foi a ultima vez que nos vimos... – Nanda falou olhando pra foto
- O que é esse caderno aqui? – Chelsea falou puxando um caderno velho da caixa
- Meu Deus! É o meu diário velho, escrevia nele nas férias... Pensei que Sergio tinha jogado fora!

Fernanda puxou o diário da mão de Chelsea e começou a folhear, lendo uma pagina ou outra que considerava engraçada. A cada capitulo daquele diário eu ia ouvindo coisas que nem me lembrava mais, coisas de quando não tínhamos mais que 10 anos, como da vez em que Susan, Julian e eu pegamos Fernanda e Brendan se agarrando atrás das bananeiras e usamos chantagem pelo resto do verão para não contarmos aos pais deles.

- E você e o Brendan hein? E não faz essa cara afetada porque eu sei que vocês têm se encontrado, ele me contou!
- Que fofoqueiro! Mas não foi nada, só uma fraqueza, ele é tão bonitinho... Só não contem pra ninguém!
- Adoro meu primo sabe, mas ele não serve pra namorar, é muito safado – Susan concluiu e rimos.
- O que foi Nanda? Você ta meio vaga... - perguntei
- É que... Olha, não contem isso a ninguém pelo amor de Deus, mas... Eu acho que estou grávida.
- O QUE?? – falamos ao mesmo tempo
- Não tenho certeza de nada, é só impressão... Mas a mulher sente essas coisas, sabe?
- É do Brendan? – perguntei já sabendo a resposta
- É né...
- Meu Deus, a vovó vai morrer!
- Não piora as coisas, Susan! Ele já sabe? – Chelsea falou tentando controlar a voz
- Não, nem contei. Melhor ter certeza antes, não tem necessidade de alarmar ele à toa...
- Ok, uma coisa de cada vez. Fernanda, quando sairmos daqui vamos ao medico com você.
- É, sem pânico, pode ser alarmo falso.
- Eu acho bom ser! Meu pai vai me matar, capaz de me obrigar a casar com ele, do jeito que é antiquado...
- Argh casamento? Nem sob tortura! – Susan falou
- O que tem demais em se casar? Julian e eu nos casamos...
- Desculpe, acho que não ouvi direito... VOCES O QUE?? – falei espantada
- Não era pra eu contar nada, mas nos casamos na 1ª semana de férias. Ninguém sabe, ainda estamos pensando em como contar.
- Bom, é melhor vocês acharem uma justificativa realmente boa, porque tia Claire vai dar um ataque.
- Nem me fale... Ainda não sei como concordei com essa loucura, mas agora já está feito.
- Bom, já que estamos falando tudo... Quem quer apostar que até amanha a Lou fica com o Serginho?? – Susan falou rindo e a acertei com o álbum
- Que papo é esse? Não sei do que você ta falando...
- Ora Lou, ate eu que sou meio lerda percebi que o Serginho ta afim de você. – e todas concordaram.
- Ah gente, não tem nada a ver, eu tenho namorado.
- Então diz isso pro meu irmão, porque ele a empenhado em ficar com você.
- Era só o que me faltava...

Realmente só faltava essa. Agüentei ate agora as investidas do meu primo, mas estava a ponto de gritar. Confesso que por algumas vezes me peguei considerando a idéia de ceder, mas logo desistia. Tinha acabado de me acertar com o Remo e não ia me perdoar se traísse a confiança dele. Contei isso a elas, que concordaram comigo e me incentivaram a dar logo um fora em Sérgio antes que ele me agarrasse no meio do corredor. Passamos horas trancadas lá, presas a memórias e dividindo segredos umas com as outras, sabendo que o que fosse dito ali, permaneceria lá. A luz voltou muito tempo depois, mas só percebemos quando a porta do sótão abriu e Sérgio entrou preocupado, procurando por nós. Elas desceram as escadas depressa para irmos com Fernanda ao medico, mas ele me reteve lá em cima.

- Aonde vocês vão com tanta pressa?
- A lugar nenhum, só queremos sair um pouco.
- Espera um minuto... Eu queria conversar com você...
- Sobre o que? – perguntei, mas sabia o que era.
- É que você esta diferente, mudou muito desde a ultima vez que nos vimos e eu pensei que...
- Olha, desculpa, mas não vai dar. Gosto muito de você, de verdade, mas eu tenho namorado e amo muito ele, não pretendo trair sua confiança.
- Desculpa, eu não sabia... Você não falou nada. Tem certeza que gosta dele? – e riu
- Absoluta.
- Bom, então esquece. Mas se um dia você terminar com ele... – falou rindo
- Pode deixar que vou me lembrar disso, mas é melhor você partir pra outra, pois não tenho a intenção de me separar dele de novo...
- Nunca diga nunca
- Para de me agourar! – falei brincando e ele riu

Ainda fiquei encarando ele alguns segundos e depois passei pela porta, indo me encontrar com elas para saímos. As meninas já estavam a minha espera e me interrogaram sobre ele ter me segurado no sótão, rindo enquanto eu contava o que tinha acontecido. Não tinha mais duvidas dos meus sentimentos por Remo e agora mais do que nunca eu tinha certeza disso. O amava de verdade e nenhuma outra pessoa iria me fazer questionar isso.

Wednesday, July 12, 2006

Minha voz é a mesma, mas os meus cabelos...

Do diário de Alex McGregor

- Olha só que horrível, estou sem nada para vestir...- e Elizabeth ia pulando as pilhas de roupas espalhadas pelo quarto.
- E eu? Olha este cabelo... Será que dá pra esticar mais??? - Alice passava a escova no cabelo pela milésima vez.
- Merlim, tinha que surgir uma espinha justo agora?? Olha como estou gorda... Estou um monstro!- Hanna dizia a beira das lágrimas.
AM - Calma, garotas, são só os amigos do Ian, não é ninguém importante. - disse cínica, e desviei de uma almofada atirada em minha direção.
Após muitas trocas de roupas, penteados dos mais variados tipos, minha primas resolveram que o estilo cara saudável com roupinha de verão seria a melhor forma de receber os convidados e as deixaria com ares de indefesas hauhua. Coitados.
Descemos para frente da casa e Ian descia do carro junto com os três amigos e com ele vinha Sergei. Corri para abraçá-lo e Ian aproveitou para me apresentar aos rapazes:
- Esta é minha irmã, Alexandra e estes são: Leonardo, Jack e Kieran, estudam comigo em Durmstrang.
Leonardo tinha olhos e cabelos castanhos, covinha no queixo, e procurava se manter calmo. Kieran era loiro de olhos azuis e estava suando de nervosismo. Jack parecia ser o mais velho tinha uma expressão séria, caladão, mas não perdia um só movimento da Elizabeth. Dava pra ver as engrenagens funcionando na sua cabeça.
Cumprimentei cada um deles, e disse:
AM - Bem vindos a nossa, casa. Vocês já devem conhecer nossas primas: Elizabeth, Hanna e Alice.
Se as meninas estavam embaraçadas, os rapazes ficaram mais vermelhos ainda, e apenas sacudiram a cabeça e disseram em uníssono: Oi.
Sergei tossiu para disfarçar o riso, enquanto Ian os empurrava porta adentro. Olhei para as meninas e disse:
AM - Vão ficar paradas ai? Meninos não vêm com radar para se localizar...
Sergei não agüentou e gargalhou, minhas primas saíram correndo e foram atrás de Ian e dos outros.
SM - Alex, você foi má.
AM - Má? Elas não me deram paz, desde que Ian falou que estes rapazes viriam aqui. Ainda bem que você está aqui, não gosto de bancar o castiçal.
SM - Nem eu. O Kyle me contou que você terminou com o Logan, está tudo bem com você?
AM - Kyle está ficando fofoqueiro e você também, Sergei.(fiz um ar ofendido.Logo pisquei e disse) - Mas vou saciar sua curiosidade.
Demos risada e começamos a conversar sobre tudo que havia acontecido, nestes últimos dias.

Naquela tarde...
Após o jogo de quadribol, que terminou empatado, vovó pediu que fossemos ao pomar colher maçãs, para suas famosas tortas. Claro que ficamos lá por tanto tempo, brincando de acertar frutas uns nos outros, quando Patrícia foi nos chamar irritada:
- Sergei você é um homem adulto, não tem vergonha de ficar brincando de índio? Ian, você deveria levar seus amigos para passear, e nem falo de você Alex, você é um caso perdido mesmo. - olhava com nojo para nossas roupas manchadas de suco de frutas.
AM - Patricia já mandamos as maçãs da vovó pelos elfos, e estamos nos divertindo aqui. - respondi.
- Fica ai estragando o pomar da vovó, vou contar para ela. - e saiu marchando para dentro de casa.
- Tem certeza que seu irmão é feliz Ian? Que mulher mais estressada. - comentou Leo, seu leve sotaque italiano e começamos a rir.
Não resisti e me concentrei olhando para umas maçãs podres caídas no chão e de repente: Tum, uma delas acertou Patrícia na cabeça. Ela virou pra trás brava e nós tínhamos as caras mais santas do mundo. Quando ela foi embora, Elizabeth disse:
- Muito bem, você pegou o jeito Alex.
Sorri marota, e logo voltamos para nossa guerra das frutas.
Depois do jantar, após nos empanturrarmos com torta de maçã quente com sorvete, Patrícia solta uma das suas gracinhas para o meu lado.
- Pelo jeito você vai ficar solteirona né Alex? Não consegue segurar nenhum namorado... Até a Hanna já se arrumou com alguém.
AM - Mas eu ainda sou bem mais jovem que você, isso você nunca vai poder contrariar. - disse com um sorriso nos lábios. Sergei que ouvia tudo começou a rir e ela saiu pisando duro.
No dia seguinte na hora do café da manhã, Patrícia foi a última a entrar na cozinha. Quando o fez todos pararam de comer para observá-la. Virna rompeu o silêncio:
- Patricia minha querida você resolveu mudar a cor dos cabelos?
- Não, Virna por quê?
- Seu cabelo, está verde...
- Como verde? Eu sou loira e pegou um dos talheres da mesa para ver o cabelo. - e gritou desesperada, saindo correndo da cozinha.
Demos risada, mas Virna olhou na minha direção e disse:
- Foi você...
Olhei para ela e disse:
-Você me viu fazendo alguma coisa? Tem provas? Ou está nervosa porque sua nora usa uma tinta de gosto duvidosa no cabelo?
-Virna você não pode acusar a Alexandra sem provas. - disse minha avó.
-Posso não ter provas, mas sei que foi ela. - e saiu da mesa para socorrer a Patrícia.
Terminamos nosso café e fomos para o lago, após algum tempo, todos olhavam para mim e eu disse:
AM - Não era pra ficar verde, era pra ficar roxo, errei a poção.- disse chateada.
Sergei começou a dar risada e disse:
- Acho que vou te dar mais algumas aulas, senão você não vai entrar na Academia de Aurores.- acertei-lhe uma maçã.
Todos ríamos e logo trocávamos receitas, sobre como encher mais alguns chuveiros da casa com poções tonalizantes.

Sunday, July 09, 2006

Hiroshima, meu irmão

Do diário de Scott Foutley

Às vezes quando você é um garoto, fica acordado a noite refletindo sobre coisas que há muito tempo os adultos deixaram de se perguntar: Qual a sensação de estar morto? O tempo e o espaço são mesmo infinitos? O que havia antes de tudo começar? Ou... Por que existem pessoas como o Wayne? Eu nem podia imaginar, ate durante o sono meu irmão parecia me odiar. Acho que ele nunca perdoou algo que fiz muito cedo na vida: nascer. E para piorar tudo, eu fiquei. Wayne tentou se adaptar. Na verdade, nosso relacionamento atingiu certa estabilidade, mas eu sempre imaginei que as coisas ficariam assim. Não importa o quanto seu irmão o odeie ou o quanto você o odeie, há sempre um limite que você estabelece. Há argumentos que você poderia usar contra ele, mas não usa para não feri-lo. Ate que um dia as coisas foram longe demais.

Estávamos já na ultima semana no resort. Enquanto todos participavam das atividades e competições, eu optava por passar meu tempo observando de longe. Claro que participei de alguns jogos, pois papai me arrastou pelas orelhas até as areias quentes para o vôlei de praia em que disputamos contra a família do tio mais chato que tenho e fui forçado por ele a competir na canoagem com meu irmão... Mas ao menos tive a chance de ver meu primo Evan afundar no meio do lago quando tentou nos ultrapassar e Wayne o acertou com o remo, desequilibrando ele e a Kate e virando o caiaque.

Nunca me dei bem com Wayne, mas temos nossos momentos... Raríssimos, devo acrescentar! Ele parecia ter prazer em me torturar, não pode me ver quieto que já encosta para provocar. E não tem sido diferente desde que chegamos a esse resort. Minha escapatória era conversar com Jake, o único primo com quem me dava bem. Jake era meu cúmplice, fomos criados juntos e isso fazia dele o alvo favorito nº. 2 do meu irmão.

Estávamos sentados no chalé da vovó refugiados da chuva e sem nada pra fazer, observando seu hamster de estimação correr de um lado para o outro na gaiola, quando Wayne chegou pisando nas revistas que estávamos lendo. Já olhei pra ele irritado e levei um tapa na cabeça por isso.

WF: O que as moçinhas estão fazendo?
JV: O que você quer Wayne?
WF: Olha o tom de voz, cabelo de cuia.
SF: Vai embora, não tem mais nada pra você fazer?
WF: Não... Prefiro ficar aqui... Ooh que ratinho bonitinho, pode ver?

Mas claro que ele nem esperou a resposta e foi logo abrindo a gaiola e pegando o bicho com a mão, apertando ele. Jake tentou resgatar seu hamster antes que os olhinhos explodissem, mas Wayne o empurrou pra longe e levantou depressa, correndo pela sala com o bicho espremido entre os dedos. Fomos atrás dele, mas mesmo sendo dois, meu irmão ainda era mais forte. Ele sentou na mesa e ia nos afastando com o pé, até que acertou o nariz de Jake com força.

JV: Olha o que você fez! - disse com os olhos marejados e saiu correndo com a mão suja de sangue
SF: Satisfeito Wayne? Já conseguiu machucar alguém, agora me devolve o Charles.
WF: Não... Deixa ele fazer um pouco de exercício...

Wayne soltou o hamster no chão, que saiu correndo feito um louco pelo chalé, se escondendo debaixo dos móveis. Abaixei-me para procurá-lo e de repente senti meu cabelo sendo puxado com força. Virei assustado e meu irmão estava com o cano de um aspirador de pó na minha cabeça.

SF: Desliga isso, ta embolando meu cabelo!
WF: Vamos brincar de buraco negro? Será que um rato consegue escapar ou vai ser sugado para o desconhecido??
SF: O que? Não, larga isso!!

Levantei de um salto e travei uma batalha com ele, na tentativa de tomar aquela coisa de sua mão. Wayne ia me acertando cotoveladas enquanto vasculhava os cantos dos móveis com o aspirador de pó ligado. Começava a temer o que poderia acontecer, até que ouvimos um chiado fino e o som de algo entupindo. Ele desligou o aparelho e olhou pra minha cara. Dessa vez ele foi longe demais, não agüentei e pulei em cima dele, o derrubando no chão. Wayne me empurrou contra a cama depois que se recuperou do susto e engatinhou até o aspirador de pó, abrindo rápido. Corri atrás dele para ajudar e encontramos o hamster do Jake duro dentro do saquinho.

SF: Você matou o Charles!
WF: Desculpa, só estava brincando, não queria matá-lo...
SF: Você está sempre brincando, esse é o problema!
WF: Ah qual é, vai chorar agora por causa de um rato?
SF: Qual o problema? Eu choraria se você morresse também...

Só senti o punho de Wayne no meu peito antes de tombar em cima da mesinha de centro. Naquele momento, quando olhei para meu irmão, alguma coisa se instalou dentro de mim. Eu não odiava a maneira dele ser, eu o odiava. Eu odiava tudo nele e naquele momento eu não me importava com nada, eu só queria feri-lo.

SF: Sabe por que você levou um bolo ontem? Sabe por que a Ângela o deixou plantado no salão por 4 horas?
WF: Cala a boca!
SF: Porque ela não gosta de você.
WF: Cala a boca!
SF: Ela não gosta! Ninguém gosta.
WF: CALA A BOCA!
SF: NÃO! Você pode ser maior e mais forte que eu, mas sabe de uma coisa Wayne? Eu tenho amigos. Ninguém gosta de você Wayne! Você é sempre ruim com as pessoas, porque ninguém gosta de você! Você me da pena...

Fiquei esperando ele vir me bater, estava preparado para levar uma surra por ter dito aquelas coisas, mas ele não o fez. Meu irmão ficou parado me encarando, então largou o rato morto na minha mão e saiu do chalé, sem dizer uma única palavra. Agora quem tinha ido longe demais havia sido eu, sabia disso. Mas não fiz nada para consertar, apenas recolhi o rato e sai do chalé alguns minutos depois para devolvê-lo ao meu primo.

Quase não vi Wayne nos dias que se passaram. Eu procurava ficar o maior tempo possível com a vovó, longe das atividades familiares e ele também me evitava. Já era o dia de voltarmos para casa e eu estava sentado sozinho num banco, quando ele veio ate mim.

SF: O que está fazendo aqui?
WF: Não é da sua conta...

Ele ficou mudo e passamos um tempo olhando para a grama. Então ele resolveu falar.

WF: Olha, desculpa, ta? Não fiz de propósito!
SF: Esse é o seu problema Wayne. Você nunca tem a intenção.
WF: Você acha que fiz aquilo de propósito? Acha mesmo?
SF: Não... Desculpe as coisas que eu disse.
WF: Papai já esta colocando as malas no carro, você vem?
SF: Vou...

Levantei do banco e caminhamos devagar ate a porta do chalé, um empurrando o outro como de costume. E enquanto meu irmão e eu voltávamos para a casa naquele dia, acho que nós dois sabíamos que as coisas jamais seriam as mesmas entre nós, tudo seria mais complicado. Agora nós dois sabíamos que eu também podia feri-lo. E o mais entranho é que eu não sabia se aquilo me agradava.

Friday, July 07, 2006

Loucas férias de verão

Das férias agitadas de Louise Storm

- Última chamada, se faltar alguém vou embora sem ela! Julian, Chelsea, Brendan, Louise, Susan, George... Susan? Onde está a Susan?
- Foi ao banheiro, vovô... – George falou
- Outra vez?? Louise, vá buscar sua prima! Diga a ela que estamos indo embora!!

Vovô começou a empurrar os netos pra fora do aeroporto e eu fui ate o banheiro procurar Susan. Desde que saímos de casa, ainda em Londres, ela estava nos atrasando. Desembarcamos a pouco menos de meia hora no Brasil e ela continuava atrasando! Vovô já estava impaciente... Entrei no banheiro e vim puxando Susan pela mochila, sem nem espera-la terminar de pentear os cabelos pela enésima vez, indo ao encontro dos outros do lado de fora do aeroporto.

- Ah, aleluia! Estamos começando as férias, Susan, não me faça perder a paciência já no primeiro dia! Vamos embora, o carro já chegou.

Três carros pararam na nossa frente e um homem saiu de dentro do primeiro, abrindo os braços na nossa direção. Era nosso tio Robert, que morava aqui há uns 15 anos. Só o vemos nas festas de fim de ano. Ele veio até nós abraçar cada um e depois ajudou a botar as malas nos carros, chamando pelos motoristas dos outros dois carros. A principio não os reconheci, mas depois lembrei: um era o filho dele, Sérgio, da idade de Brendan. Nossa, ele estava mais bonito do que me lembrava... O outro era também meu tio, seu nome era James. Dele eu não gostava muito, era meio rabugento. Nos acomodamos nos carros e fomos embora, rumo a Petrópolis, onde eles moravam.

A viagem de carro ate a região serrana foi longa, demorada, mas divertida. Entrei no carro do Sérgio com Brendan, Susan George e minha tia Claire, e fomos o caminho todo falando abobrinhas. Sergio ia nos passando alguns passeios que ele havia programado, incluindo uma visita ao Museu Imperial da cidade. A palavra ‘museu’ não agradou a principio, mas ele garantiu que mudaríamos de idéia uma vez que estivéssemos lá. Bom, se ele ta dizendo...

- Chegamos! Bem vindos a Petrópolis!
- E bem a tempo! George e Susan já estavam passando mal com tantas curvas! – Brendan falou

Sergio parou o carro em frente a um casarão estilo colonial e descemos. O lugar era lindo, quase uma fazenda, mas sem animais que não fossem cachorros. Os outros carros pararam atrás do nosso e todos desembarcaram, carregando as malas e olhando impressionados. Nossa tia Cátia veio nos receber na porta e logo estávamos dentro da casa, nos acomodando. Susan, Chelsea e eu íamos dividir um quarto com Fernanda, filha dos nossos tios um ano mais velha que eu. Os meninos iam ficar amontoados no quarto do Sérgio. Alias, ele mal nos deu tempo de trocar de roupa e já veio bater na porta...

- Já estão prontas meninas? Vamos para o museu Imperial hoje, pois amanha ele fecha para reforma e vocês vão perder a chance!
- Nossa... Mal chegamos e você já nos arrasta pra um museu? Pensei que as férias no Brasil iam ser animadas... – Chelsea falou enquanto calçava a sandália
- Ele não contou? Ah deixa, lá você vê... O museu é legal, ate eu vou pela 5ª vez!

Apressamos a arrumação das bagagens e novamente entramos no carro. Agora Fernanda dirigia o outro, nossos tios ficaram todos em casa, só saíram os primos. Enquanto rodávamos pela cidade, percebi que a maioria esmagadora das casas era no mesmo estilo da dos meus tios, parecia que estávamos na Alemanha. Demos a volta em umas ruas estreitas, passando por uma igreja meio gótica, e eles entraram em um imenso jardim cercado por altas grades. De longe via um casarão luxuoso e imaginei que fosse o tal museu.

- Fiquem aqui com a Fernanda, vou comprar as entradas.

Meu primo saiu de perto de nós e voltou minutos depois com oito ingressos, distribuindo-os. Em seguida saiu andando ate a entrada do Palácio Imperial, era esse o nome do casarão, e nos empurrou para passarmos pelo segurança que recolhia os papeis. Já ia andando tranqüilamente pelo museu, olhando as peças em exposição, quando um homem berrou, apavorado.

- Ei menina, pelo amor de Deus, volta!!
- Louise, precisa calçar esses chinelos...

Fernanda me entregou um par de chinelos imensos, dava pra surfar naquilo. Olhei para ela sem entender nada e ela riu

- É para não arranhar o chão do museu... Não me olhe assim! Mas deve dar um trabalhão encerar esse palácio todo, então acredito que seja pra facilitar...

Ela tinha razão... Encerar aquilo tudo devia dar um tremendo de um trabalho! Apanhei os chinelos da mão dela e calcei, deixando os meus sapatos no armário da recepção. Quando fiquei de pé outra vez, tive que me segurar em Sergio para não cair: o chão era extremamente encerado e aquelas coisas escorregavam! George e Brendan já estavam deslizando pelo chão, dançando com os chinelos e apostando quem se mantinha em pé por mais tempo. Fernanda dispensou o guia que se ofereceu para nos acompanhar e assumiu o posto dele, começando a andar pelos corredores do palácio.

Pra quem já conhece todos os museus de Londres e achava que nenhum outro que não fosse o Louvre pudesse impressionar, estava enganada. Esse não era um museu comum, não tinha só quadros malucos, tinham coisas da época de Dom Pedro I! Carruagens, coroas, mobílias... Caminhávamos pelo meio daquelas peças raras com medo, pois os chinelos nos faziam sambar e era uma luta para se manter em pé. Levamos mais de uma hora para percorrer toda a extensão do museu, ate que paramos em uma área quase vazia, somente com quadros nas paredes e nada no meio. Sergio parou na frente do grupo, rindo.

- Bom, o passeio terminou, mas ele só termina realmente depois dessa sala...
- Todos em linha, por favor. O primeiro que chegar na porta do outro lado, sem cair, tem direito a um passeio de charrete!
- Prontos? AGORA!

Não estava preparada para isso. Quando Sergio gritou, Chelsea e eu começamos a rir, largando em ultimo lugar. Ate tentamos correr, mas era impossível fazer isso sem cair. Susan já havia se embolado com Julian no meio da sala, Fernanda, George e Brendan resistiam bravamente às gargalhadas, se empurrando e um tentando desequilibrar o outro, mas os três ainda longe da porta. Sergio voltou devagar para nos resgatar, pois estávamos sem forças de correr de tanto rir. Chelsea veio esquiando a passos de tartaruga, agarrada na minha roupa, e Sergio vinha rebocando as duas, nos puxando pela minha mão. Notei que fiquei sem graça quando ele a segurou, mesmo que fosse em meio a uma brincadeira.

- Ok, ok, todos merecemos um passeio, ninguém conseguiu terminar o percurso sem cair mesmo... – Fernanda falou chorando de rir, caída por cima de Brendan e George.
- Concordo. Mas podemos descansar antes de descer as escadas? Estou sem forças...

Todos concordamos com Julian e ficamos sentados no chão da sala ate recuperarmos o fôlego. Depois de um tempo, quando nossa respiração voltou ao normal, fomos embora do museu. Os carros ficaram estacionados por lá mesmo e entramos em umas carruagens do lado de fora, parecidas com as de Hogwarts, com a diferença de que essas eram puxadas por cavalos e não por magia. Fizemos um longo passeio pela cidade naquelas coisas, nos pendurando na janela e acenando para as pessoas na rua que nem conhecíamos, mas que retribuíam os acenos animados. Quando voltamos para pegar os carros no palácio, Chelsea me reteve e esperou os demais se afastarem para falar.

- Você e o Remo voltaram a namorar, não é?
- Sim, um dia antes de voltamos pra casa... Por que?
- Que pena... O Sergio é tão bonitinho e está te dando tanto mole...
- O que? Que historia é essa?
- Não vem dizer que não notou, porque sei que notou! Mas não esquenta, ele desencana se você falar que é comprometida. Vai dizer a ele, não?

Chelsea perguntou rindo, me encarando. Então não foi impressão minha, ele estava mesmo me olhando diferente. Ótimo... Por que essas coisas só acontecem quando você já tem alguém? Susan nos gritou e fomos caminhando até eles, mas dessa vez eu tomei o cuidado de entrar no carro de Alice. Enquanto pudesse evitar ter que cortar ele, melhor...

Thursday, July 06, 2006

Assunto de meninas.

Diário de Alex McGregor

Desembarquei em Edimburgo olhei em volta e não vi ninguém da família para me buscar.
- Vou ter que ir sozinha arrastando o malão até em casa? Acho que vou voltar daqui mesmo... - comecei a tatear meus bolsos em busca de dinheiro quando...
- Alexandra, ei aqui.
- Alexandraaaaaaaaaaaaa
- Alexis.... Corre vô.
Olhei e minhas primas Elizabeth, Alice e Hanna vinham correndo em minha direção, puxando vovô que já estava ficando vermelho. Elas não eram minhas primas de primeiro grau como Ian, Dylan ou Kyle, eram primas dos meus pais, mas nossa amizade era bem forte.
Fui envolvida num mar de abraços e as três falando ao mesmo tempo:
- Ainda bem que chegou...
- Ela tava num acampamento trouxa gênio, demora pra chegar aqui dããã...
- Podemos ficar aqui até o fim das férias, tenho tanta coisa para te mostrar...
- Pronto! Elizabeth já vai fazer o desfile de modas de novo...
- Meninas acalmem-se, por favor. Quero ver minha neta. - a voz de trovão do meu avô, acabou com a histeria.
Ele segurou meus ombros e com aqueles olhos azuis olhou-me de cima em baixo sério, ao final da inspeção disse, enquanto me dava um abraço bem apertado:
- Bem vinda! Estávamos com saudade.
Logo estávamos em casa e elas foram ao meu quarto, contar as fofocas, pois todas estudavam em Durmstrang.
- A geleira está um caos, depois da morte do diretor Barishnikov. Dizem que um homem chamado Ivanov, vai assumir a direção da escola. Ele me dá arrepios com aquela aparência. - disse Elizabeth, a mais ligada em moda e acessórios das três. Ela me lembrava um pouco a Moon, até mesmo na escolha de namorados e seu cabelo loiro. Iria para o sexto ano como eu.
- Papai disse que desconfiava que este homem foi um comensal da morte, mas não conseguiram provar nada contra ele. – contou baixinho Alice, que ia para o sétimo ano.
- Como você sabe disso? - dissemos juntas, me ela continuou.
- Eu ouvi nossos pais conversando sobre isso quando recebemos as notificações de mudanças na escola.
- Ah, mas se for assim não vou querer voltar para lá, vou querer ir para Hogwarts com a Alex. - disse Hanna, a mais nova que iria cursar o quinto ano.
- É... Hogwarts seria o máximo, tem muitos rapazes bonitos lá não é? Pelo menos a foto do seu namorado Logan, diz isso. - comentou Elizabeth vendo a foto que eu havia tirado com Logan no acampamento. Peguei a foto da sua mão, enquanto ela ria e disse:
AM - Não estamos namorando mais, terminei com ele.
- Mas você não gosta dele?- perguntou Hanna.
AM - Gosto bastante.
Elas me olharam confusas e comecei a explicar. Mais tarde fomos chamadas por vovó para o jantar e Ian e Dylan também estavam em casa, após trocarmos abraços, ficamos conversando. Patrícia, a esposa do Dylan ficou irritada com a minha presença e ficou de cochichos com Virna. Eu resolvi ignora-las.
- Ei, garotas podemos jogar um pouco amanhã o que acham?- convidou Ian.
AM - Estou dentro. - e Alice e Hanna também concordaram.
- Ah, mas se você fizer dupla com a Alex, não vamos ter chance. Mesmo sendo 3 contra 2.- reclamou Elizabeth.
- Eu convidei uns amigos para virem para cá. Não falei não? Chegam amanhã, formaremos dois times um de rapazes e um de garotas.
Vi que as meninas ficaram meio tensas e perguntei ao meu primo:
- Quem você convidou Ian?
- O Caprese, o Mckellen e o O’Shea. Eles andam comigo na escola e aceitaram o meu convite. Chegam amanhã. Acho que vocês os conhecem. – disse cínico.
A reação das três irmãs ao ouvirem os nomes dos rapazes foi a mesma: ficaram vermelhas.
- E ai? Jogamos amanhã?- Ian insistiu.
AM - Claro. - e ele saiu de perto de nós, rindo satisfeito.
Olhei para elas e disse: Quero saber de tudo, não me escondam nada.
Patrícia que passava nesta hora, disse maldosa:
- Seria bom terem certeza antes se estes rapazes não são parentes de vocês, seria terrível mais corações partidos aqui.
- Cala a boca!- disse entredentes.
- Uh, ficou bravinha. Mas é verdade! Eu se fosse vocês, tomava cuidado com a Alex, sempre quer aquilo que não pode ter.
O que se seguiu deixou-me espantada. Ela de repente pôs a mão na garganta e começou a ficar vermelha, daí começou a inchar. Ela gritou e eu comecei a rir do balão Patrícia na minha frente. Logo Dylan a acudia e a esvaziava. Olhou-nos bravo:
- Quem foi?
- Deve ter sido a Alexandra, você sabe que ela não gosta de mim querido. -choramingou.
AM - Eu não fiz nada.
Ficamos quietas, e vovô intercedeu:
- Alguém deve ter feito um feitiço involuntário Dylan. Nem elas vão saber o que aconteceu. E veja: elas estão sem varinha.
Dylan pareceu se convencer e levou Patrícia para o quarto. Vovô piscou para nós e disse:
- Procurem ser mais discretas da próxima vez, meninas. Dylan descobriria facilmente qual de vocês fez o feitiço silencioso. Por sorte não haverá problemas com o ministério, pois há magia demais em volta desta casa.
E saiu dando risada.
AM - Aquilo foi um feitiço silencioso? UAU! Preciso aprender. Por favor, por favor, por favor...- disse com os olhos brilhando para elas.
- Droga não deu certo... - reclamou Elizabeth.
- Como não deu certo? Ela parecia uma bexiga. - disse Alice.
- Ah, mas juro que pensei em fazer a língua inchar e não o corpo. Preciso praticar mais.
- e piscou para nós, enquanto ríamos de sua cara desolada.
- Posso fazer o próximo?Assim ensinamos a Alex. – pediu Hanna.
Elizabeth riu concordando e fiquei pensando que estas férias não seriam tão ruins quanto pensei a principio: minhas primas estão animadas a jogar quadribol, teremos mais visitantes na casa, vou aprender feitiços novos e o melhor: poderemos treinar na Patrícia sem nenhuma interferência ;) muaháháhá(risadinha maldosa).
Quer férias mais divertidas???

Wednesday, July 05, 2006

Em busca da Terra do Nunca

Do diário de Scott Foutley

Crescer nunca é fácil. Você se apega a coisas que já eram, mas há momentos que percebemos que está na hora de deixar para trás tudo que passou e olhar para frente. Pensar nos dias que estão por vir. A questão é: não devemos nos odiar porque envelhecemos, mas devemos nos perdoar porque crescemos. E crescer em uma família grande e cheia de tradições não é fácil. Família a gente não escolha, se adapta a ela. Sou o caçula junto com minha irmã gêmea e posso afirmar que ser o mais novo não é tão agradável como muitos afirmam. Você acaba sendo aquele que mais sofre com as mudanças, o que mais custa a aceitar que as pessoas não vivem na Terra do Nunca...

...

Karen, minha irmã mais velha, parecia ter vindo de outro planeta. Pelo que eu entendia, sua função em nossa família era travar uma batalha sem fim com os nossos pais. Wayne era a ovelha negra, o dedo-duro, irresponsável, mandão e implicante. Megan era a princesa da casa, filha mais nova e tratada como um bibelô por meu pai. E eu, bom, eu era neutro. Tinha uma relação fria com meu pai e era paparicado pela minha mãe. Éramos quatro irmãos, cada um com uma personalidade, nenhuma delas em comum. Não tínhamos o que se pode chamar de bom convívio.

In the chilly hours and minutes,
Of uncertainty, I want to be,
In the warm hold of your loving mind

Não que minha relação com eles fosse inteiramente nula, mas não fora sempre assim. A gente costumava brincar juntos, a gente compartilhava as coisas, contávamos nossos segredos uns para os outros, nos fazíamos rir. A gente se divertia. Mas isso era antigamente... Cada um deles agora tinha seu mundo, eu tinha o meu e eles não queriam se encontrar. Até que naquele verão, as coisas pareceram se fundir.

Era nosso 3º dia no resort e meus tios, mancomunados com a minha mãe, haviam preparado diversas atividades para a comemoração dos 85 anos da vovó Martha. Alguém, provavelmente em meio a uma diarréia mental, implantou o que eles chamavam de ‘disputa entre clãs’. Traduzindo: cada família ali era rival. Eram diversos jogos, quase como nas olimpíadas, e disputávamos por um troféu idiota. Forçados a disputar é a palavra certa. Minha família parecia ser a única indiferente a toda aquela palhaçada. Wayne só fazia resmungar, Megan dizia que queria ir pra casa e Karen deixava claro a cada instante que estava perdendo preciosos minutos de sua vida ali, quando poderia estar com os amigos em alguma manifestação que sem duvida levaria papai tira-la da cadeia depois.

To feel you all around me,
And to take your hand, along the sand,
Ah, but I may as well try and catch the wind

- Scott, preciso de um favor! – ela disse de repente, entre o intervalo do vôlei.
- Que favor? – perguntei desconfiado. Karen mal falava comigo, só o necessário.
- Preciso que diga ao papai e a mamãe que estou me sentindo mal, que vou passar o dia descansando. Pode fazer isso?
- Pra que? Aonde você vai?
- Não é da sua conta. Vai me ajudar ou não?
- Não! Não vou mentir pra eles.
- Ah Scotty, por favor? Juro que não lhe peço mais nada!

Scotty? Ela não me chamava assim há anos... Via minha irmã me olhando com uma expressão angustiada no rosto e talvez por querer ter de volta um pouco do que tínhamos quando éramos crianças, acabei concordando. Ela saiu andando devagar e vi que desapareceu antes de alcançar o hotel. A questionei à noite sobre o que tinha ido fazer, mas ela não quis me contar. E meu resgate de relacionamento com Karen ficou por isso mesmo...

When sundown pales the sky,
I wanna hide a while, behind your smile,
And everywhere I'd look, your eyes I'd find


Mais dois dias se passaram. Karen parecia ter esquecido o favor que me pediu. Andava sozinho pelos jardins de manha cedo quando ela surgiu do meio do nada, me parando.

- Preciso de outro favor seu!
- Não, não adianta. Sei que você está fazendo algo de errado e não vou acobertar!
- Tudo bem, esquece... Vou pedir a Megan. Papai está esperando você para o beisebol... – e fez menção de ir embora
- Espera! Tudo bem, eu faço...

Burro, idiota, marionete... Foram esses os adjetivos que me definiam naquele momento. Mais uma vez fui ate meus pais e lhes disse que Karen estava passando mal, não participaria das competições do dia. Competi no beisebol com papai e Wayne e assim que terminou, sai à procura de Karen. Estava determinado a descobrir o que ela andava fazendo. E não foi difícil acha-la. Do lado de fora do resort tinha uma colina, e quase escondida por arvores, tinha uma clareira. Minha irmã estava lá, com algumas pessoas que não conhecia, todos cantando, tocando violão, pintando desenhos estranhos nas pedras. Eu não estava acreditando naquilo. Menti pros meus pais para Karen se juntar a um bando de hippies? Não, fiquei possesso! Fui ate lá exigir uma explicação.

- Karen! Precisamos conversar agora!
- Scott! Como me encontrou?
- Segui você...
- Você não contou a ninguém, não é?
- Não, mas...
- Ah Scotty, eu sabia que podia contar com você!!

Karen saltou do chão e me agarrou, fazendo com que eu me desequilibrasse e caíssemos os dois rolando na grama. Eu queria dizer a ela que aquilo era errado, que eles podiam descobrir tudo, sabia o quanto papai e mamãe tinham pavor de que seus filhos se tornassem hippies ou baderneiros, mas não consegui. Acabei passando o resto do dia com ela e aquelas pessoas. Bem, eu podia dizer no dia seguinte...

For me to love you now,
Would be the sweetest thing, 'twould make me sing,
Ah, but I may as well, try and catch the wind


Mas lógico que não consegui e aquilo acabou se tornando uma rotina. Eu agora inventava minhas próprias desculpas e subia a colina com ela. Megan e Wayne não demoraram muito a desconfiar e nos acompanhar também, sempre depois dos jogos matinais. Nós passávamos a tarde inteira na companhia daquelas pessoas estranhas, fazendo coisas completamente loucas. Eu aprendi a tocar violão, deixava Wayne me balançar em um cipó sem receio que ele fosse me atirar de um penhasco, cantávamos musicas que falavam de paz, pintávamos uns aos outros, meditávamos... Era engraçado, talvez porque nunca tenha me imaginado naquela situação.

Mas meus pais não eram burros e não tardou a começarem a nos encurralar. Karen, Wayne e Megan pareciam firmes quando eram interrogados, mas eu, sempre eu, escorregava. Odiava mentir para os meus pais, tinha sempre a sensação de que eles podiam ler minha mente, que tinham um detector e iam nos pegar no flagra. Na noite da fiscalização, fui ate o quarto de Karen decidido a convencê-la a contar tudo.

- Temos que contar a eles, eles vão descobrir de qualquer jeito!
- E daí?
- E daí? Ficou louca?? Não tem medo da reação deles??
- Não... Que mal pode acontecer?
- Bem, se contarmos agora eles irão entender... Vão nos prender por uns dias, mas...
- Vou estourar a sua bolha Scott. Papai e mamãe não são o sol e a lua.
- Hã?
- Eles são gente, como eu e você.
- Errado, eles são mamãe e papai.
- Olha, desculpa ter colocado vocês nessa, mas tudo vai dar certo. Você não confia em mim?
- Só se fizer um favor pra mim?
- O que?
- Tem que me prometer que não vai mais pra colina.
- Tudo bem...
- Você promete?
- Sim, sem colina. Tudo vai dar certo Scott, relaxa.

Naquela noite, tudo parecia estar bem, as coisas pareciam estar voltando para o lugar, tudo ia dar certo. Já havia adormecido, mas acordei no meio da noite ouvindo meus pais falando na sala do chalé. Karen tinha sumido, ela tinha mentido pra mim... Wayne roncava alto, alheio ao barulho. Sai da cama e fui até eles.

- Como não viu? As pessoas somem desse hotel e vocês não vêem?? – papai falava irritado com o recepcionista
- Pai... Eu sei onde ela esta.
- Mas como ninguém entrou aqui? Minha filha sumiu!
- Eu sei onde ela esta... Eu a ajudei a sair escondido, eu...

Karen tinha razão, eles nunca escutam. Eu falava repetidamente onde ela estava, mas eles me ignoravam. Dei meia volta e entrei no quarto que Megan dividia com Karen, a acordando. Em seguida tirei Wayne da cama. Não iria conseguir dormir sem ter certeza de que ela estava bem. Saímos os três com lanternas na mão a procura de Karen, tentando não pensar que talvez nunca mais visse minha irmã. Enquanto percorríamos o perímetro do resort, tentava entender porque ela havia saído da cama no meio da noite, quando tinha me prometido que ficaria quieta.

When rain has hung the leaves with tears,
I want you near, to kill my fears
To help me to leave all my blues behind


Alcançamos a colina alguns minutos depois, tendo que passar por cima do muro que cercava o resort, longe dos seguranças. Ela estava lá, sozinha. Aproximamos-nos devagar, iluminando o caminho a nossa frente. Karen se virou para nós sorrindo, mas eu não entendia do que ela achava graça. Papai e mamãe estavam preocupados e eu estava magoado, ela havia mentido pra mim, tinha feito uma promessa e a quebrara em questão de horas!

- Eles notaram que sai?
- Sim, lógico! Por que saiu no meio da noite? – Megan falou
- Queria respirar e ficar sozinha uns minutos, pensar um pouco...
- Pensar o que? Não pode fazer isso dentro do chalé? – Wayne resmungou
- Pensar no próximo passo... Ainda não contei a eles, mas vou me mudar.
- Mudar pra onde?? Que historia é essa? – agora era eu que falava
- Vou morar com o Adam, em outro bairro.
- Mas por quê?? – Megan me apoiava
- Não pretendo morar com eles pra sempre, já passou da hora. Quero viver minha própria vida e sob a vigilância do papai isso é impossível.
- Você tem certeza disso? Quero dizer, não acha que pode estar sendo precipitada? – arrisquei
- Não Scotty, já pensei o suficiente. Mas não se preocupem, pois vocês sempre serão bem vindos na nossa casa. – falou sorrindo.

Adam era o namorado de Karen, de quem papai tinha aversão. Segundo ele, Adam queria afastar sua primogênita da família. Eu ate gostava do cara, ele era bacana, mas naquele momento não estava mais gostando. Queria voltar ao que era antes no relacionamento com meus irmãos, mas a impressão que tinha era que isso ficava cada vez mais difícil de acontecer. Karen deu um longo suspiro e levantou, apanhando uma lanterna do chão e piscando em nossos rostos. Quase que instantaneamente nós três repetimos seu gesto, rindo. Karen em seguida apagou a lanterna e começou a correr, piscando-a de vez em quando. Meu irmão fez o mesmo e saiu correndo, só acendendo quando já estava quase no pé da colina. Olhei para Megan do meu lado e ela ria, piscando a luz no meu rosto e começando a correr, me puxando pela mão, exatamente como fazíamos nas noites de verão quando éramos pequenos.

For standin' in your heart,
Is where I want to be, and I long to be,
Ah, but I may as well, try and catch the wind


Não sei por quanto tempo ficamos ali, brincando pela colina. Talvez uma hora ou só alguns minutos. Era difícil contar quando se está rindo até perder o fôlego, tentando encontrar seus irmãos no escuro e sendo guiado por flashes rápidos de luz. A única coisa que sei é que naquela noite, Karen, Wayne, Megan e eu, resgatamos uma coisa que achávamos ter perdido... Nosso espírito, o espírito das crianças... O laço da memória...

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N.A.: ‘Catch the Wind’, Donovan

Tuesday, July 04, 2006

Coisas e casos de família

Do diário de Yulli Hakuna

Minha mãe sempre diz: Cada casa, um caso. Na minha casa é sempre tudo igual. Todo ano, no dia que eu chego de Hogwarts para passar as férias com minha família, sempre nos comportamos da mesma maneira... Mal entro e Yuri me abraça forte, e me roda no ar com seu melhor sorriso. Mamãe, quando não vai me buscar com papai, fica logo atrás de Yuri esperando para me desejar as boas-vindas. Tia Yhara, sempre a última, me abraça e me puxa até a poltrona para conversarmos...

Esse ano, como um ano quase normal, não poderia ser diferente. Lá estava eu, sentada na poltrona da sala. Mamãe e papai no sofá, Yuri deitado no tapete (jogando xadrez com Yoshi) e Tia Yhara na poltrona do lado. A reunião de família acabara de começar...

YH: Então, o que me contam?
- Eu passei a maior parte do semestre na Escócia. – tia Yhara falou empolgada. – Cheguei há dois dias! O país é maravilhoso...

Tia Yhara relatou toda a sua viagem e depois a sala caiu em silêncio. Olhei para o tapete, Yuri e Yoshi rindo de um bispo que tinha acabado de ser decapitado. Yoshi parecia outra pessoa. Ria e conversava com meu irmão como se fosse da família desde os primórdios...

YH: Porque não foi ao acampamento Yoshi?

Ele levantou a cabeça assustado ao definir que realmente a pergunta era pra ele, e corou.

- Não me animei muito com a idéia. Não faço Estudo dos Trouxas e fiquei com medo de dar um passo em falso...
YH: Bem, talvez você tenha feito a escolha certa! Não perdeu muita coisa... – ele sorriu sem graça e voltou a encarar o tabuleiro. Antes que a sala caísse novamente em silêncio, papai disse...
SK: Aluguei uma casa em Kyoto para o final de semana... Podemos ir amanhã se vocês animarem...

Foi instantâneo. Yuri pulou no tapete com um sorriso largo, e eu correspondi à animação. Sempre passávamos as férias em Kyoto quando éramos mais novos, mas há anos não íamos lá.

SK: Pode chamar a Sabrina se quiser, Yuri...
YH: Sabrina? Quem é Sabrina? – virei para meu irmão com um sorriso no rosto...
- Sabrina é minha namorada.
YH: Uhhh, que gracinha! Eu tenho uma nova cunhada e ninguém me diz nada??? - passando a mão na cabeça do meu irmão e bagunçando o cabelo. – Dessa vez é sério mesmo?
- É... Já até apresentei aqui em casa...

Yuri arrumou os cabelos e apertou minha cintura fazendo cócegas.

YV: Uma menina muito simpática... Você vai gostar dela Yulli. Agora, vocês todos, melhor irem dormir porque amanhã estamos de viagem marcada.

Mamãe e papai subiram para dormir, e foram seguidos de tia Yhara e Yoshi. Yuri ainda demorou um tempo pra me soltar, altura em que eu já estava chorando de rir tentando me livrar... Nos sentamos recuperando o fôlego...

- E você hein? Eu tenho um cunhado e não quer me apresentar, ou continua na mesma de solteira independente?

O sorriso sumiu do meu rosto e meu irmão me encarou sério. Comecei a contar pra ele tudo. Foi como se um peso estivesse saindo de mim. Não entendo, mas desabafar com membros da família é sempre mais reconfortante, talvez os genes influenciem...

- Ah, mas tem que ser muito idiota mesmo pra desprezar minha irmã assim... Pensa pelo lado positivo: você não deixou barato, e agora está com alguém muito melhor que ele. Estou errado?
YH: Certíssimo. Nem lembro mais desse pequeno incidente na minha vida...
- É de família isso de não se deixar abater e partir pra outra! É melhor irmos dormir... Vou escrever pra Sabrina agora...
YH: Depois quero saber direitinho sobre ela viu? Ninguém namora sério com meu irmão sem passar pelo meu consentimento!

Subimos juntos e nos separamos rindo quando cheguei na porta do meu quarto. Apesar de já estar sentindo saudades dos malucos dos meus amigos, era bom estar de volta em casa com minha família aproveitando cada um deles por uns dias...


Saturday, July 01, 2006

A viagem de carro

Do diário de Scott Foutley

- Depressa Scott, o ônibus já vai sair!

Minhas amigas estavam paradas perto do ônibus trouxa terminando de acomodar as bagagens e me berrando, mas eu não estava com pressa de ir embora. Não que gostasse de acampar, mas ao menos aqui eu tinha a companhia delas e ir embora significava passar o resto das férias em casa. Muita coisa havia acontecido desde que chegamos: Tiago e Yulli pareciam ter terminado de vez e ela agora andava saindo sem compromisso com Mark. Alex também terminou com Logan e jurava que eles conseguiriam manter a amizade. E Louise, finalmente, voltara a namorar Remo. Na festa de despedida na noite anterior eles se acertaram e não se desgrudavam mais.

Já havia chegado ao ônibus e procurava um espaço vazio para empurrar minha bagagem quando ouvi alguém me chamar. Virei-me para ver quem era e avistei meu pai parado de braços cruzados perto da saída, indicando com a cabeça para ir ate ele. Já fui me despedindo das meninas, pois tinha certeza que não voltaria com elas.

- O que veio fazer aqui?
- Não tenho tempo para esperá-lo chegar a Londres nesse ônibus para então irmos através de chave de portal para a Suécia. Sua mãe insiste que devemos chegar a esse resort de carro, como o resto da família dela.
- Ela também está aqui?
- Não, já foi com Megan e Karen. Fiquei para trás para apanhar você e seu irmão. Vamos, Wayne está nos esperando em um pub aqui perto para irmos para a Suécia pegar o carro.

Wayne estava ali?? Isso quer dizer que minhas esperanças de que ele passasse as férias mais uma vez na casa daquele amigo retardado dele na Bulgária acabavam de ir por água abaixo. Respirei fundo e segui papai até o pub, arrastando minha mala. Assim que pisamos nele meu irmão veio na minha direção, me dando uma gravata e despenteamos meu cabelo.

- Irmãozinho! Quanto tempo!
- Já voltou, é? Pensei que ia ficar na casa do Wart.
- Papai me forçou a voltar, repeti o ano em Durmstrang...
- Você é o orgulho da família, Wayne... – falei debochado
- Você e suas piadas, sempre hilárias! – e deu um soco no meu braço, rindo.
- Parem de brincadeira e vamos embora, já estamos atrasados!

Papai tirou uma lata de refrigerante do bolso e estendeu a mão para que a tocássemos. Senti um puxão no umbigo e no instante seguinte meus joelhos se chocaram com o chão duro da sala da minha casa, com Wayne caindo por cima de mim. Percebi que no canto haviam três malas arrumadas e reconheci uma delas como sendo a minha.

- Vocês têm 10 minutos para pegar algo que não esteja na mala que sua mãe arrumou. Vou colocando o resto das coisas no carro. 10 minutos!

Ele saiu carregando uma das malas e mais outras coisas ate o carro e fui checar a minha. Não tinha nada ali que quisesse trocar, então fui arrastando-a para o carro atrás dele. Wayne veio me seguindo e passou a minha frente, sentando-se no banco do carona. Quando já estávamos acomodados, papai partiu rumo às estradas da Suécia.

Não me recordo da ultima vez que peguei essas estradas para uma viagem de família. Quando éramos pequenos, todas as férias de verão eram reservadas para passarmos juntos, em alguma praia. Era a época em que papai ainda não era ministro da magia e tinha tempo para a família, época que mamãe não mergulhava de cabeça nos projetos da produtora musical e tirava férias sem ligar de hora em hora para saber se estava tudo bem, época que Karen, Megan, Wayne e eu não tínhamos mais que 10 anos e passávamos horas a fio enterrando papai na areia ou fazendo castelos na beira da água enquanto mamãe tirava milhões de fotos. Agora não tem nada disso, estava tudo completamente diferente e mesmo que nunca admitisse isso, sentia falta dos velhos tempos.

Observava os outdoors passando ligeiro pelo vidro do carro, alheio a musica que Wayne botou no radio ou as reclamações de papai dizendo que não estávamos lendo o mapa direito. Paramos para almoçar em um desses restaurantes na estrada e alguma coisa me dizia que papai estava perdido. Mas não adiantava dizer nada, ele nunca iria admitir que não sabia onde estava, para ele tudo estava sempre sob controle, ele iria se recusar a pedir informação. Comemos uma torta suspeita e voltamos ao carro. Dessa vez sai antes de Wayne e sentei no banco da frente, apesar das tentativas dele de me arrancar de lá a força. Um grito de papai resolveu o problema e ele sentou emburrado no banco traseiro.

- Estamos na rodovia certa, papai? – perguntei confuso
- Claro que estamos! Não sabe ler o mapa?
- Sei, por isso estou perguntando... Aqui diz que estamos na rodovia 27 e deveríamos ter virado na 25!
- Não tem nada errado Scott, só peguei um atalho. Não se preocupe.
- Não estou preocupado, só comentando.
- Então não comente, apenas leia o mapa direito para dizer onde temos que virar agora!
- Para com isso Wayne!
- Isso o que? Não fiz nada...
- Você ta cuspindo em mim
- Ta maluco??
- Já mandei parar com isso! – virei para ele tentando acerta-lo e acabei amassando o mapa.
- Parem os dois! – papai falou e sentei novamente.

Wayne havia saído da lanchonete com um canudo na boca e estava mastigando pedaços de papel e cuspindo-os em mim com aquilo. Minha blusa já estava branca e o mapa todo salpicado de saliva, mas papai estava tão concentrado na estrada tentando não se perder mais ainda que não percebia que a todo instante uma bolinha voava perto dele. Meu irmão cuspiu mais uma vez e acertou minha orelha. Atirei o mapa de qualquer jeito no chão e voei para o banco de trás, apertando o pescoço dele. Papai deu uma freada repentina que nos lançou pra frente na mesma hora.

- JÁ CHEGA! FIQUEM OS DOIS NO BANCO DE TRAS E SE OUVIR UM BARULHO SEQUER LARGO AMBOS NA ESTRADA!

Pronto, era só o que faltava para a viagem ficar completa, papai se estressar por estar perdido e descontar na gente. Sentei do lado oposto e foquei minha atenção no mato do lado de fora. Hora ou outra Wayne cuspia outro papel, mas socava seu braço e ele revidava, ficando apenas nisso. Começava a escurecer e nada de chegarmos lá. Mamãe já devia estar preocupada... Notei que um outdoor indicando o resort, com a mesma distancia, passara pelo carro 3 vezes. Olhei para Wayne, mas ele não parecia ter percebido nada. Papai talvez, mas não confessaria. Resolvi falar.

- Pai... Acho que já passamos aqui 3 vezes...
- Não passamos não, você deve ter dormido.
- Nós estamos perdidos, o senhor esta andando em círculos!
- Não estamos perdidos coisa nenhuma, fiquem quieto ai e me deixe dirigir! Não consigo me concentrar na estrada com vocês dois me interrompendo a todo instante!
- Boa panaca, nos fez ganhar outro esporro de graça...
- Cala a boca cabeção... O QUE FOI ISSO??

Um estouro vindo de debaixo do carro ecoou na estrada deserta e papai perdeu o controle do volante, descendo o acostamento e parando a meio centímetro de uma placa. Abri a janela depressa para ver o que era e Wayne passou por cima de mim, abrindo a porta e saindo do carro. Papai fez o mesmo, com uma cara irritada.

- O pneu furou pai...
- E agora? Não tem mecânico aqui! – disse saindo atrás deles.
- Panaca, ele pode consertar com magia!
- Mamãe não vai gostar de saber disso...
- Sua mãe confiscou minha varinha, não há nada que eu possa fazer.
- Vamos trocar nós mesmo então, ue... – arrisquei
- E desde quando você sabe trocar pneu?? – Wayne falou rindo
- Pra sua informação, eu sei sim! E você por acaso sabe?
- Não, mas não tenho cara de borracheiro, não preciso saber.

Mentira, não sabia coisa alguma. Vira algumas vezes meu avô fazendo isso e o imitava no meu carrinho de pedal quando era criança, mas nunca nem senti o peso de um pneu de verdade. Papai duvidou também e me irritei, arrancando a caixa de ferramentas da mão dele e me abaixando ao lado do pneu estourado. Os 30 segundos que fiquei parado tentando adivinhar qual ferramenta deveria usar foram os mais longos da minha vida, mas por fim me lembrei e comecei a girar aquela porcaria. Era duro, minhas mãos doíam, mas eu evitava fazer cara sofrida para não dar chance deles falaram. A cada giro que eu dava naquilo e a coisa não se mexia, papai deixava escapar um riso debochado. Wayne não disfarçava e ria o tempo todo. Quando consegui fazer com que a chave se movesse, cai sentado no chão com a pressão que fiz.

- Largue isso Scott, eu mesmo faço.
- Não, eu disse que posso fazer.
- Você não sabe o que esta fazendo, admita logo – papai falou já se abaixando para pegar a chave da minha mão.
- Então você também admita que estamos perdidos e peça ajuda!
- Não estamos perdidos, quantas vezes vou ter que repetir??
- Se você não consegue pedir ajuda por orgulho, não reclame de mim! Puxei a você...

Papai me encarou serio e pensei que ele fosse me dar um tapa, mas ele cruzou os braços e saiu de perto, deixando que eu terminasse o serviço. Levei um tempo, mas finalmente consegui trocar o maldito pneu. Voltamos para o carro e fui lendo o mapa alto para ele, que dessa vez seguiu minhas instruções e em pouco menos de uma hora chegamos ao resort. Mamãe já estava com um telefone na mão prestes a chamar a policia. Saímos do carro e fui direto para o quarto, sem trocar nenhuma palavra com ele. E pelo jeito, o resto das férias vai ser do mesmo jeito...