Saturday, July 30, 2011

Just the beginning

Lembranças de Tuor H. E. Mithrandir

Dois dias após a comitiva dos Ministros, Noruega.

Como eu e meus pais suspeitamos, a notícia do jornal sobre a guerra declarada pelos ministérios europeus contra os vampiros renegados explodiu como uma bomba no mundo bruxo. Os mais sensacionalistas diziam que era um prenúncio de uma nova era das Trevas, com a volta do terror criado por Voldemort. Alguns diziam que era mentira, outros preferiam acreditar que estavam exagerando.

Mas eu e meus pais sabíamos bem demais que era verdade. Eu convivi com isso por três anos, mas sempre pareceu algo longínquo e distante. Meus pais trabalhavam na Execução das Leis Mágicas, por isso sabiam de coisas que não iam para a imprensa. Haviam desaparecimentos também na Noruega, na verdade em todos os países continentais da Europa. Aparentemente apenas o Reino Unido não tinha casos de desaparecimentos em massa e isso era explicado pela grande atuação dos Chronos.

Os Chronos se tornaram o foco principal das notícias. Novamente alguns os defendiam, dizendo que trabalhavam e se arriscavam para nosso bem, enquanto outros os acusavam de culpados pela guerra.

Todos me perguntavam sobre os Chronos e se eu tinha mais detalhes sobre esses casos, já que passei tanto tempo na Inglaterra, mas eu evitava essas perguntas e meus amigos aprenderam a me respeitar por isso. Todas as tardes eu passava em frente ao telefone, querendo ligar para Artemis ou pelo menos para um dos meus amigos da Inglaterra. Cheguei a discar o número da casa da Arte umas duas vezes, mas sempre desligava. Falar com qualquer um deles significaria ter que enfrentar meu medo e eu não estava pronto para me decidir agora.

- Só um instante, eu já estou indo! – Eu gritei para a porta, largando um livro que eu fingia ler nos fundos da casa e correndo para a porta da frente. Estava sozinho essa tarde, pois meus pais estavam trabalhando. Maeglin e Milena tinham saído para ir ao cinema, Turin tinha uma entrevista para o estágio de Tradutor, Tricia e Elwing tinham saído juntas para compras.

Fenrir latia animado, correndo junto de mim e tive que segurá-lo para abrir a porta, mas o larguei assustado.

- Olá Viking, estava passando e resolvi fazer uma visita. – Justin falou sorrindo para mim. Eu fiquei de boca aberta olhando para ele, enquanto Fenrir se esticava todo e cheirava-o. Ele gostou do que sentiu, pois logo recebeu um carinho de Justin e latiu animado.

- Justin? O que está fazendo aqui? Como chegou à Noruega? – Eu perguntei, abrindo espaço para ele.

- Pedi a meu pai e ele conjurou uma chave de portal para mim. Queria falar com você. Precisamos conversar. – Ele disse, entrando e olhando em volta. Fenrir latiu animado, dando as boas vindas da casa.

- Aconteceu alguma coisa? A Arte está bem? – Eu perguntei, com receio, enquanto o guiava para os fundos da casa, onde havia um pequeno jardim de inverno.

- Ela está bem sim, mas é por causa dela que vim te visitar.

- Ela pediu que você viesse falar comigo? – Eu perguntei admirado, mas ele começou a gargalhar.

- Não e se ela souber o que eu estou fazendo, vai arrancar meu couro, literalmente. – Ele falou e eu ri junto, sabendo que ele dizia a verdade. Conhecia bem demais a Arte.

- Ela é bem capaz disso. Sinta-se a vontade. Quer alguma coisa? Tenho limonada e cerveja também, se desejar, mas é um pouco forte.

- Uma limonada estaria bem. E acho que seu cachorro também gostaria de algo. – Ele disse e Fenrir latiu em agradecimento. Peguei dois copos e uma jarra de limonada e a levei para a mesa do jardim. Depois enchi a vasilha de Fenrir com água fresca e ele bebeu feliz.

- Você viu a notícia nos jornais? – Ele perguntou, após beber um gole da limonada.

- Sim e fiquei preocupado. Não é arriscado eles declararem guerra assim? Isso pode incitar mais os vampiros.

- De certa forma sim. Mas eles acreditam que assim estarão deixando a população a par do que está acontecido e eles terão a chance de se defender. E eu concordo com esse ponto. Sabia que essa idéia foi da Arte?

- Da Arte? Mas porque os Ministérios seguiriam uma idéia dela?

- Ela convenceu seus pais que deviam levar a guerra a público e depois convenceu o Ministro Britânico. Este por sua vez convenceu os demais. E não se esqueça que agora ela é um auror, além de membro de uma família muito poderosa e respeitada.

- Ela é incrível, com tanta coisa e se preocupando com os outros. – Eu falei e sabia que meu tom de voz era de admiração e talvez até mais. Justin sorriu ao ouvir. – Mas me conte mais, como ela está? E os outros? Os garotos, as garotas?

- Você está se negando até a falar com os outros? Tudo para fugir da Arte? – Ele perguntou, olhando-me severamente, e como eu fiquei calado ele tomou como um sim. – A Arte não morde. Ela pode fazer um estrago com os punhos e as espadas, mas é um doce. – Ele falou e rimos juntos. – Mas respondendo sua pergunta: estão todos bem. Tivemos um casamento em família recentemente e estavam todos lá. Muitos falando mal de você.

- Eu não os culpo... E você e a Haley?

- Nós terminamos. – Ele disse simplesmente, mas vi como estava chateado com isso e não queria comentar muito sobre o assunto, mas insisti.

- Terminaram? Por que?

- Não quero comentar disso... Só que achei melhor que ela vivesse sua vida normalmente enquanto estiver fora. Não voltarei para Hogwarts em Setembro.

- Você também? Por que?

- Preciso terminar alguns assuntos na minha terra natal. E você, voltará ou não?

- Eu ainda não sei... – Eu respondi incerto e ele me olhou severamente de novo. Ficamos um tempo calados, mas acho que ele se irritou comigo ou deixou transparecer a irritação.

- Você sabe que está sendo um completo idiota não é? – Ele perguntou, estreitando os olhos para mim. Eu o encarei e fiquei irritado também.

- Ou você por terminar um namoro com alguém que gosta tanto?

- Eu ao menos tive a coragem para começar o meu namoro, Tuor. Mas e você? Do que tem medo? – Ele perguntou. Ainda estávamos irritados, eu podia sentir isso, mas ele me derrubou com essa frase.

- É complicado, não sei se entenderia.

- Tente, sou muito compreensivo. – Ele falou dando de ombros e me encarando novamente.

- Não sei se é certo começar algo com a Arte. Gosto dela, sim.

- Correção. – Ele me cortou. – A pergunta é: você a ama?

- Também não sei.

- Ótimo você é um idiota indeciso. Tem alguma coisa de que tem certeza? – Ele zombou de mim, mas eu fiquei quieto, pois já tinha pensado isso de mim mesmo. – Escuta Tuor, me responda uma coisa: você pensa na Arte o tempo todo?

- Sim.

- Tem vontade de tê-la sempre ao seu lado? Tem medo de perdê-la?

- Sim, mais do que tudo morro de medo de ficar longe dela.

- Tuor, eles estão em guerra, acho que não percebeu o que isso significa. – Ele falou e algo na sua voz me fez ficar atento. – Não estou falando das caçadas comuns deles, estou falando em guerra declarada. As batalhas entre vampiros e o clã se tornaram mais freqüentes e mais intensas. E Arte terá participação cada vez maior nelas. Ela é poderosa, Tuor, mais do que eu e você juntos e ela quer lutar essa guerra.Nesse exato momento é provável que ela esteja reunida com seu clã para decidir novos ataques ou treinando para eles. Ou até, pode estar lutando nesse exato momento.

- E o que quer que eu faça? – Eu estourei, mas frustrado comigo do que com raiva dele.

- Quero que tenha coragem para admitir o que sente! – Ele falou exasperado. – Tuor, você ama Artemis e eu sei que ela te ama. Vocês dois foram feitos para estar juntos. E nesse momento mais do que nunca ela precisa de você! Já imaginou que ela pode ir para a batalha sem saber o que você sente? Sem saber se vai voltar a vê-lo? E se o pior acontecer e VOCÊ não voltar a vê-la. – Ele frisou as últimas palavras e eu senti um medo enorme como nunca senti. Não havia visto essa guerra por esse ângulo e senti uma angústia crescente.

- Escuta, Viking, eu não tenho pressas ou uma lança ou um bastão de batedor como os irmãos e padrinho dela tem, mas posso te chamar para uma briga e te dar uma boa surra. – Ele falou, balançando o punho para mim. Ele tentava soar ameaçador, mas sabia que estava brincando, porém havia verdade em suas palavras. - A Artemis para mim é como minha segunda irmã. Eu faria tudo por ela. E não quero vê-la sofrer. Se você continuar magoando-a como está fazendo, eu juro que você vai ter que se ver comigo.

- Eu não quero magoá-la. Só quero fazê-la feliz.

- Então o que está esperando para ir atrás dela? – Ele perguntou e eu o encarei por um longo tempo.

Enquanto o encarava, todos os momentos com Arte passaram pela minha cabeça. Nosso beijo queimou meu peito como fogo, mas um fogo belo e calmo. Mas então pensei em tudo que ele falou, e meu medo de perdê-la cresceu. Eu me coloquei de pé e Justin se levantou comigo.

- Obrigado Justin, eu nunca vou esquecer o que fez por mim. Eu amo aquela garota e vou atrás dela.

- É assim que um homem apaixonado fala. – Ele falou e apertou minha mão com força.

- E você? Vai participar dessa guerra? Eu ficaria mais tranqüilo sabendo que você estaria lá também. – Eu falei, olhando nos olhos dele.

- Se eu pudesse estaria lá. Defendendo os meus amigos e pessoas inocentes, mas não estou preparado. Preciso ficar mais forte e quanto mais forte eu ficar, mais poderei enviar energia para eles e para Arte e a ajudarei ainda mais. Vá atrás dela agora, Tuor, faça a feliz e cuide da minha irmã por mim! – Ele falou sorrindo e apertou minha mão.

Eu sai correndo dali imediatamente, indo procurar meus pais. Justin veio logo depois de mim, após prender Fenrir por mim e trancar a porta que eu deixei aberta. Ele se despediu de mim diante da minha casa, enquanto eu corria na direção do centro da cidade. Lá havia um trem que ia para Oslo, onde encontraria meus pais em seu trabalho.

No final da minha rua que me toquei que poderia pedir a Justin para me ajudar a ir para a Inglaterra, mas quando voltei ele já tinha saído. A viagem para Oslo nunca demorou tanto, mas finalmente encontrei meus pais, enquanto saiam para almoçar do Ministério.

- Mãe, pai, preciso de uma chave de portal para a Inglaterra agora! – Eu falei esbaforido, após dizer que estava tudo bem.

- É sobre sua amiga, Artemis, não é? Aconteceu algo? – Papai perguntou preocupado, mas mamãe me olhou compreensiva.

- Que bom que se decidiu filho. Sabe onde encontrá-la? – Eu fiz que sim. Ela só poderia estar em Avalon, mas como explicaria isso para meus pais? Então decidi pelo mais fácil.

- Gostaria de ir para a casa dos Chronos em Londres? – Eu falei.

- Posso conjurar uma chave para você, mas não diretamente na casa. Os Chronos proíbem chaves em suas propriedades e com a guerra devem ter aumentado suas defesas. – Papai falou, pegando uma caneta e levitando-a diante de mim. – Vou mandá-lo o mais perto possível.

- Só volte dela com uma nora. – Mamãe falou, piscando e eu corei, enquanto tocava na caneta. Senti o costumeiro puxão e tudo rodopiou.

Arredores de Londres, Inglaterra

Eu surgi no meio de um beco e soube que estava na vila próxima à casa dos Chronos, sai correndo naquela direção. Assim que cheguei próximo a casa notei o número elevado de aurores que patrulhavam a região e corri até eles.

- Por favor, eu gostaria de falar com Artemis Chronos, ou algum dos Chronos, por favor. – Eu falei, tentando recuperar o fôlego. O guarda me olhou de cima abaixo, com a varinha na mão.

- Não estão permitidas entradas não marcadas. – Ele respondeu, sem tirar os olhos de mim e a mão da varinha.

- É importante! – Eu falei e nesse momento o portão se abriu e a prima de Arte saiu.

- Algum problema, Stannis? – Ela perguntou, mas quando olhou para mim sorriu e eu sorri para ela.

- Gaia, preciso falar com a Arte, é urgente!

- Você é o Tuor, não? Até que enfim. Mas ela não está em casa.

- Eu sei, imagino que está em Avalon. Droga, como posso ir até ela?

- Eu levo você. Venha comigo. – Ela disse e nos afastamos. Quando ela estava afastada da propriedade pediu que eu segurasse em seu braço e aparatou comigo.

Nunca uma aparatação demorou tanto.

Avalon, Inglaterra – Lembranças de Artemis

Eu estava em Avalon treinando e meditando. Estava sozinha hoje, pois queria ficar a sós e apenas Chronos me acompanhava. Convencer meus pais e Tio Quim a declarar guerra abertamente foi uma decisão que eu tomei e não me arrependo. Cansei de ver inocentes sofrendo por essa guerra sem nem saberem porque estavam sendo caçados e até assassinados. Agora as batalhas seriam mais intensas e eu iria participar delas. Precisava estar preparada, por isso estava em Avalon. Precisava treinar meu corpo e minha mente. Mas era difícil me concentrar e meditar pensando tanto em Tuor e sem ter notícias dele. Antes de declararmos a guerra, pensei em procurá-lo e engolir meu orgulho, mas não fui capaz de fazer isso e era mais motivo para eu não conseguir me concentrar.

Estava conversando com Chronos na sala do Trono sobre os próximos ataques a vampiros, estudando alguns mapas e táticas, quando ele simplesmente sorriu e desapareceu.

Antes que eu pudesse chamá-lo e perguntar o porquê, senti quando a barca foi chamada. Curiosa, já que eu não esperava ninguém, saí de Camelot e fui andando até a cidadela. Senti quando a barca atracou no cais e senti a presença de duas pessoas, me perguntando quem seria.

Perto do Poço Sagrado ouvi a voz de Gaia e fiquei até meio preocupada, e aguardei que eles chegassem. Gaia surgiu na trilha e me sorriu, eu acenei para ela e fui em sua direção. Mas assim que a outra pessoa surgiu, fiquei paralisada.

Então eu vi o Tuor. E meu coração acelerou como se fosse sair do peito.

Ele estava lindo. Todo cansado e vermelho, parecendo que correra uma maratona, mais ainda lindo. Assim que ele me viu abriu um sorriso enorme, que misturava alívio, alegria e, para minha felicidade, amor. Toda a raiva, toda a frustração que eu senti por ele nos últimos dias desapareceram completamente e apenas a felicidade tomou conta do meu corpo. Ele saiu correndo na minha direção e eu me peguei correndo até ele também.

Paramos a poucos metros um do outro apenas para nos olharmos novamente bem perto. Antes que eu pudesse dizer ou perguntar qualquer coisa, ele me puxou para um beijo, o melhor e mais intenso beijo que eu já dei em toda minha vida. Eu não conseguia pensar em mais nada, era como se tivesse esquecido como respirar e minhas pernas não eram capazes de me segurar. Eu só não cai porque ele me segurava, e eu abraçava-o com todas minhas forças.

- Eu te amo, Artemis, e nunca mais quero sair de perto de você. – Ele falou, em meu ouvido quando paramos de nos beijar e sorriu. E como se quisesse que toda a Bretanha ouvisse, ele me abraçou e começou a rodopiar comigo, gritando. – Eu te amo!

- Eu te amo, Tuor. – Eu falei em meio a sorrisos e lágrimas de felicidade, enquanto rodopiava alegre em seus braços.

Gaia estava ao longe, sorrindo para nós dois, mas logo depois esqueci dela também, pois Tuor se ajoelhou diante de mim e me pediu em namoro. Ok, ai eu já não tinha minhas pernas e cai ajoelhada ao seu lado, beijando-o novamente. Toda a raiva que sentira dele desaparecera no momento que o vi. E agora eu só conseguia pensar em como o amava e que seríamos namorados. Essa palavra nunca soou tão bem. N-A-M-O-R-A-D-O-S.

Ele era MEU namorado!

Without you I am like
a ship without it's sails,
calling the wind to save me

I'd climb the highest mountain,
I'd cross the seven seas
just to see your smile again

All the trust that was built
along the years is coming
back to stay I know
Just look ahead
the road is free - I'm coming Home

With every step I'm closer to home
when I'm back you won't be alone
Soon I'll see the familiar door
before my eyes and you

N.A.: Coming Home, Stratovarius.


Friday, July 29, 2011


Lembranças de Artemis A. C. Chronos e Tuor H. E. Mithrandir

Casamento de Brianna e Ethan – Texas. Memórias de Artemis.

O casamento de Ethan e Brianna foi um evento em tanto. Tia Alex teve meses para preparar a festa que ela queria e minhas outras tias, até mesmo minha mãe, a ajudaram em tudo. E fizeram um excelente trabalho, como sempre! O casamento era lindo e estávamos todos muito animados com ele.

Eu estava mais animada nesse dia, mais ainda chateada com Tuor. Ainda não tivera notícias dele e queria matá-lo por isso. Doía muito não ter nenhuma palavra dele, nenhuma notícia... Mas eu tentava ignorar isso e viver minha vida. Eu amo aquele garoto, eu sei disso e acho que todos sabem, mas não vou correr atrás dele. Quero ouvir da voz dele o que ele sente por mim.

Clara, Lena, Haley e Keiko tinham ido me visitar como prometeram e tivemos um final de semana cheio de fofocas, doces, sorvetes, chocolates e falando muito mal dos garotos. Como meus pais estavam em casa, não pensamos em levar álcool, mas até que eu tinha vontade, apesar de não beber normalmente. Vimos muitos filmes, todos de terror e suspense ou aventura, não queríamos nada romântico. Jogamos muitos jogos, desde jogos trouxas até games trouxas, surrupiados por Clara de seus primos. Claro, falamos de Tuor, pois era o motivo de irem me visitar, e me abri a elas, como já tinha me aberto para Luna, mamãe, Emily e Gaia nos últimos dias. Todas foram ótimas comigo sempre me ouvindo e me consolando quando eu chorava. As lágrimas eram um misto de frustração, raiva, amor, medo, tristeza, um pouco de tudo. Queria matar o Tuor por ter me transformado nessa garota chorona, estava um saco! Depois desses dias com elas eu passei a me sentir mais leve, e como eu as agradeço por isso.

- Você está melhor do que eu imaginava. – Eu ouvi a voz de Justin perto de mim e sorri para ele. Vi ao longe Haley nos olhando e ela sorriu para mim, pois sabia como eu e ele éramos amigos. Eu já imaginava que ele iria querer ter uma conversa comigo, sabia disso pelo seu tom na carta que recebi alguns dias antes.

- Não podia estar melhor. – Eu falei sorrindo, enquanto me sentava em uma mesa mais afastada. Eu estivera dançando com Luky e assim que ele foi dançar com a Haley, Justin me chamou.

- Bom, nós dois sabemos que uma pessoa te faria muito melhor. – Ele falou rindo e eu corei, dando um tapa de leve em seu braço. Ele sentou-se ao meu lado rindo e olhou para Haley. – É sério, Arte, está tudo bem?

- Estou. O final de semana das garotas foi excelente, falamos muito mal de todos vocês. – Eu falei e olhei para ele, mas na mesma hora afastei os olhos. Droga, não podia manter contato visual com ele.

- Então fala isso olhando nos meus olhos, só assim vou acreditar. – Ele falou, me olhando fixamente. Eu não sou de baixar meus olhos para ninguém e o olhei de volta. Deixei minha mente mergulhar na mente dele e ele fez o mesmo na minha. A confiança que tínhamos um pelo outro apenas crescera ainda mais nesse último ano.

- Eu estou bem, na medida do possível. – Coloquei em palavras, medindo o tom de voz com cuidado. Justin sorriu cansado, mas satisfeito.

- Agora sim, você está falando a verdade. A Haley me falou que o Tuor não falou mais nada com você desde a Estação?

- É... Ele nem me disse adeus. – Eu falei e segurei as lágrimas, mas senti um soluço em meu peito. Na mesma hora Justin me abraçou e eu me senti mais calma. Eu então me deixei chorar e Justin apertou mais o abraço, sem nada dizer. Seu abraço foi rápido mais cheio de carinho e quando nos afastamos ele me entregou um lenço.

- Chorar faz bem, é a sua alma falando através de seu corpo. – Ele enunciou e eu assenti.

- Aff porque amar tem que ser tão confuso? Estou morrendo de ódio do Tuor! – Eu desabafei, irritada. Justin segurou um sorriso e me deixou continuar falando. – Odeio ele por me deixar esperando, por não dizer o que sente, por não tomar uma atitude, por não me dar notícias, por me fazer chorar o tempo todo! Odeio não conseguir parar de pensar nele, de querer ficar com ele o tempo todo! Ai que saco! – Eu praguejei, quando as lágrimas continuavam a descer e Justin deu uma gargalhada. De início eu fiquei chocada, olhando para ele de boca aberta, ainda com as lágrimas descendo, mas depois comecei a gargalhar também e sequei as lágrimas mais facilmente.

-Assim é muito melhor, acredite! – Ele falou, limpando as lágrimas que o riso causou. – Mas é assim mesmo, eu e você sabemos disso. Ter tantos sentimentos conflitantes pela mesma pessoa, todos ao mesmo tempo é o que define o amor. – Ele falou e voltou a olhar para Haley que ria com Luky. – Arte, você sabe que te considero como minha irmã, não sabe?

- Sim, e eu também, a sua amizade e apoio tem sido muito importantes, Justin.

- Por isso estou preocupado com você. Sei que é normal sentir tudo que está sentindo, mas queria poder ajudar.

- Não pense em ir atrás dele, Justin Silverhorn, ou eu prometo que ranço seu couro negro e faço um casaco para mim. – Eu ameacei e ele sorriu, mas entendeu a ameaça. – Por falar em lobo negro... Já falou com a Haley?

- Érr... Não. – Ele falou, parecendo desconfortável. Eu na mesma hora briguei com ele e ele ficou ainda mais sem jeito, levantando as mãos para o alto em rendição. – Calma, calma. Ainda não achei o momento certo.

- Justin, cuidado, se ela descobrir de outra forma vai ser muito pior.

- Eu sei, mas ainda não consegui fazer isso. Tenho receio dela ficar irritada por ter escondido por tanto tempo. E tem outra coisa, queria que fosse a primeira a saber.

- Você vai voltar para o Texas no próximo ano, não é? – Eu perguntei e ele me olhou admirado. – Na primeira vez que treinamos juntos, Chronos deixou claro que você precisaria treinar mais os próprios poderes de Shaman. Eu imaginava algo assim...

- É verdade. Arte há uma pequena chance de eu ser capaz de mudar o que há no futuro para ela. E eu preciso estar preparado.

- E como vocês vão ficar?

- Eu não quero que ela deixe de viver por minha causa. – Ele falou e vi que seus olhos estavam tristes e foi minha vez de abraçar seu ombro e consolá-lo, pois eu sabia o que essa frase significaria.

- Justin, isso não é justo. Não tome decisões sem a participação dela.

- Eu acho que vai ser melhor... Está tocando uma música mais animada, quer dançar? – Ele falou, levantando-se e me estendendo a mão. Eu olhei para ele e bufei, balançando a cabeça, mas aceitei seu convite e fomos dançar. Não queria me meter no relacionamento deles e confio que Justin sabe tomar as decisões corretas.

Condado de Østfold, Noruega – Memórias de Tuor.

Voltar para casa foi muito bom, pois pude rever meus amigos.

Depois de tantas confusões nas Olimpíadas fiquei com receio de ser recebido de forma diferente por eles, que poderiam ainda estar ressentidos. Com Tricia e Turin eu sabia que não precisava me preocupar. Agora com Maeglin, Elwing e Milena, principalmente Milena, era outra história.

Ainda durante as aulas, três meses antes do final das aulas, Maeglin me mandara uma coruja dizendo que ele e Milena haviam começado a namorar. Ele dizia que não guardava rancor de mim, mas sabia que ela estava fazendo isso para tentar atingir-me. Eu desejei com todas minhas forças que Milena percebesse o quão bom namorado Maeglin seria e que ela percebesse que gostava dele de verdade.

Cheguei em casa na parte da tarde, através de uma chave de portal dos meus pais. A primeira coisa que fiz foi abraçar com força Fenrir, meu Husky e enquanto brincava com ele ouvi a campainha tocando. Eram justamente Tricia, Turin, Maeglin, Milena e Elwing. Todos me receberam muito bem e com abraços apertados. Depois do momento inicial de constrangimento com Milena, tudo voltou ao normal e conversamos muito colocando as coisas em dia.

Em dado momento, Milena pediu para falar a sós comigo e fomos conversar na rua, sentados no meio-fio. Ela me pediu desculpas por ter sido tão infantil nas Olimpíadas e me pediu desculpas por ter sido tão cruel com Artemis. Não pude evitar de falar dela e senti um nó na garganta. Milena percebeu.

- Tuor, eu demorei, mas percebi que Maeglin era um garoto excelente e começamos a namorar e estou muito feliz com isso. Mas e você e a Artemis? Por que não têm nada?

- Porque eu tenho medo de estragar o que sinto por ela, parece tão puro que não quero estragar. – Eu respondi depois de um tempo calado.

- Eu odeio admitir, mas Artemis é uma garota especial, Tuor, não a perca de jeito algum. Em seu lugar, eu não pensaria duas vezes em ir atrás dela... – Ela falou e levantou-se em seguida, voltando para minha casa e sentando-se ao lado de Maeglin. Eu fui logo atrás, mas as palavras dela não saiam da minha mente. Eu sei que deveria correr atrás da Arte, mas porque não fazia isso? Eu a amava? Ainda não sabia...

Uma semana depois

Já haviam se passado alguns dias desde que voltei e ainda não tinha conseguido reunir a coragem para ir atrás da Arte ou mesmo para mandar uma carta para ela. Mas o que escrever? Fingir que nada aconteceu? Fingir que eu não voltaria para Hogwarts? Fingir que nosso beijo não aconteceu? E escrever o que sendo que ainda não entendia nem tinha certeza do que sentia? Será que eu a amava? O que eu sentia por ela era muito mais intenso que tudo que senti por qualquer garota, mas seria amor? E o que fazer para não destruir esse sentimento puro? E se acabássemos nos magoando? Eu não suportaria vê-la chorar...

Era de manhã cedo e eu estava deitado em minha cama, olhando para o céu pela minha janela, com Fenrir deitado ao meu lado na cama. Aquele beijo foi muito importante para mim, muito mais do que eu podia imaginar. Eu então entendi que sempre senti ciúmes dela, e com aquele beijo eu vi como eu a queria só para mim. Lembrar que tanto o Stefan quanto o Damon também já a beijaram me deixava confuso e angustiado. E como eu sentia falta dela. O beijo foi o melhor que já tive e jamais me sentira daquele jeito: completo. Eu ainda podia sentir os lábios de Arte nos meus.

Por mais que eu dissesse a todos que eu ia aprender a aparatar e nos prometêssemos nos ver sempre que possível. Eu sei que não seria mais o mesmo. E eu sentiria falta deles. E como sentiria falta dela. A verdade é que eu não queria revê-la com medo da separação... Eu estava me sentindo um covarde, mas não queria encarar a possibilidade de lhe dizer adeus. Pensar nela fazia meu peito doer. Eu pensava em sua mão tocando a minha, seu rosto próximo do meu. Seu olhar junto ao meu. Seu perfume...

E foi nesse momento que ele surgiu diante de mim.

- Mithrandir. - Uma voz poderosa e antiga me chamou e eu a reconheci. Porém, era a primeira vez que o via longe dela.

- Chronos, o que você faz aqui?! – Eu perguntei, pulando na cama e me sentando assustado. – A Arte, ela está bem?

- Ela está bem na medida do possível...

- O que quer dizer? – Eu perguntei preocupado.

- Você sabe o que eu quero dizer... Você está sentindo o mesmo. – Ele falou me olhando severamente.

- Ela também está com saudades? – Eu perguntei, com algo no peito que eu não sabia explicar.

- Está, mas não admite e não falara com você até você procurá-la. Ela é orgulhosa.

- Ela é cabeça-dura isso sim... – Eu falei rindo, e ele sorriu. Havia uma ternura em meu sorriso e no dele também.

- Você é como eu, Mithrandir. É bondoso e especial, e a bondade é o que eu mais preso nesse mundo. – Ele falou. Ele continuava parado diante de mim, os braços cruzados, olhando diretamente dentro de meus olhos. Era uma sensação engraçada, ao mesmo tempo acolhedora e ameaçadora. Chronos conseguia transmitir um amor incrível, mas os seus olhos tinham o brilho de alguém que era extremamente poderoso.

- Obrigado. – Eu agradeci sem jeito pelo elogio e por aquele olhar intenso.

- Você sabe por que estou aqui? Justamente por isso, por você ser especial. Eu vejo que você gosta da Artemis com um carinho verdadeiro e vocês ficam bem juntos. Sempre foram amigos, por que se separar agora?

- Meu tempo de intercâmbio acabou...

- Você sabe que pode fazer com que aumentem ele. Seus pais o apoiariam.

- Eu não sei... Será que meu futuro está lá?

- Tuor... Aprenda a lição mais importante que eu posso lhe dar: o Destino não é fixo, são suas escolhas que o moldam. Você sabe o que significa seu nome?

- Meu nome?! Como assim? Tuor Huorson significa: Tuor, Filho de Huor.

- E seus sobrenomes?

- Nunca perguntei. – Eu comentei pensativo, perdido em sua fala. Um dos problemas de falar com Chronos era o fato de ele ser muito misterioso.

- Seus pais não sabem, pois o significado se perdeu com o tempo... Earendil significa “O Abençoado” e Mithrandir “Peregrino Cinzento”, em uma língua muito antiga, esquecido ao longo dos milênios. Agora, será que você sabe o que eles querem dizer?

- Chronos, é sério, você está me deixando confuso.

- Quem sabe você um dia entenderá? – Ele falou rindo, um riso que me fez lembrar de Arte, me causando uma dor no peito que eu nunca senti. – Tuor, pense bem... Seu coração mostrará para você o caminho a seguir... Vim falar com você por ela... Pense em quanto ela poderá sofrer...

Dizendo isso ele desapareceu, me deixando com uma angústia e uma confusão ainda maior... E não conseguia tirar Artemis de meus pensamentos...

No dia seguinte

- Tuor, quero que veja algo. – Papai falou, enquanto jantávamos. Ele me estendeu uma edição do Profeta Diário e imaginei que seria a edição dessa manhã, mas mamãe falou antes que eu o pegasse.

- Essa edição irá à público amanhã. Mas queríamos que você visse primeiro, então conseguimos uma edição para você. – Ela falou e eu peguei o jornal apreensivo. – Essa comitiva foi realizada a menos de 2 horas atrás.

“Estamos em Guerra”, dizia a manchete enorme do jornal e assim que a li senti meu estômago revirar. Mas a sensação ficou pior quando vi a foto que a acompanhava. A foto ocupava um terço do jornal e mostrava um palanque repleto de Primeiros-Ministros da Europa e diversos aurores, cheios de flashes e repórteres fazendo perguntas. O Primeiro-Ministro Britânico falava no palanque e aparentemente a frase era dele. Mas o que me chamou a atenção assim que vi a foto foi ela, Artemis. Ela estava de pé do lado direito do palanque, junto de seus pais e irmãos, além de seus tios e padrinho, além de uma figura que eu reconheci como um vampiro. Ele vestia o uniforme do clã Chronos e tinha no peito os dois emblemas, de sua família e da Academia de Aurores. Ela estava linda, mais linda do que eu me lembrava, mas séria também. Fiquei alguns segundos olhando apenas para ela, para só depois ler a matéria.

Era uma matéria séria, até mesmo perigosa e eu a li sem nem piscar os olhos. Ela falava sobre a guerra que havia entre os Ministérios Britânicos, Alemães e Francês contra um grupo de vampiros renegados. O Ministro Britânico declarava abertamente a guerra a eles e explicava a situação, atribuindo os vários casos de desaparecimentos de vilas inteiras a eles. Logo depois dele, a tia de Arte falou, explicando que o clã Chronos estava envolvido na guerra e passava a palavra para o vampiro, que se identificou como Siegfried e dizia-se líder dos vampiros aliados. A matéria seguia com mais perguntas e explicações deles, dizendo que tomaram aquela decisão para proteger e dar a chance da população se defender. A própria Arte não respondeu a nenhuma pergunta, mas foi citada na matéria, por ser a mais nova aurora da história e promessa para a guerra, assim como os demais novos aurores.

A edição inteira do jornal era dedicado a isso, com as demais notícias reduzidas para dar mais espaço a esse assunto. Haviam cartilhas, fornecidas pelos Chronos, de primeiras defesas contra vampiros. O irmão de Arte, Seth, explicava as lendas e verdades sobre vampiros, enquanto seu padrinho, Tyrone, explicava a forma correta de matá-los. Grifon e Mirian diziam que eles estavam usando Inferi e criaturas piores e por isso os cuidados deviam ser redobrados.

Eu larguei o jornal em cima da mesa, olhando-o assustado e boquiaberto. Artemis participaria de uma guerra aberta... E eu aqui parado em minha casa sem nada dizer ou fazer. Meus pais me olhavam sérios, pois sabiam do meu relacionamento com ela e esperavam minha reação.

Levantei apressado e corri para o telefone e cheguei a tirá-lo da base e começar a discar seu número. Mas parei a meio caminho. Agora não era momento para eu ser egoísta e querer ela para mim ou quere impedi-la de lutar. Perdi a coragem tão rápido quanto ela surgira. Ela iria para a guerra, teria tempo para mim? Senti um sentimento de tempo perdido, como se não pudesse voltar atrás, como se tivesse perdido minha chance... Me senti péssimo.


Sunday, July 24, 2011


Algumas anotações de Haley McGregor Warrick

Quando voltamos para casa para as nossas férias de final de ano letivo, eu, Julian, Daniel, Luky e Bela estavamos animados: meu irmão Ethan iria se casar com Brianna e estavamos ansiosos para vê-lo sendo pressionado pelo exército, liderado pela minha mãe. Se havia alguém que adorava festas como o ar que se respira, eram mamãe e minhas tias, e ai daquele que pisasse fora do caminho traçado por elas para as celebrações. No casamento do Ty, ela nos enlouqueceu, e isso porque era apenas uma cerimônia íntima, e feito às pressas e mesmo assim, havia pelo menos oitenta pessoas , mas com o do Ethan, que ela esta tendo algum tempo para organizar? Ela como uma boa lufana, irá organizar O evento do ano.

Na véspera do casamento, Emily e Rory que eram as encarregadas da despedida de solteira, levaram Brianna e as outras para um lugar desconhecido, mamãe, tia Louise e Tia Yulli eram as mais empolgadas. Griffon e Ty, levaram Ethan e os outros homens para algum outro lugar também desconhecido. Julian e Jamal ficaram contrariados por não poderem ir, afinal ainda são menores de idade. Então como ficamos com a casa só para nós, fizemos a nossa versão de ‘despedida de solteira’ sem a noiva, com direito a jogos, muita comida, dança, sessão de cinema trash e muitas guloseimas. Quando eles chegaram estavamos dormindo espalhados pela sala, como num acampamento, mas felizes.

Após um mês cheio de preparativos frenéticos, o dia do casamento havia amanhecido claro e com um lindo céu azul. Havia tendas brancas espalhadas pelo rancho, muitas flores, comida excelente, e todos os parentes e amigos estavam presentes.
Connor estava recuperado e era um dos padrinhos, junto com Becky, Edward com Lizzie, Brian e nossa prima Sofia, e Gaia junto com Nick. Todos estavam muito bem vestidos.
Eu, Keiko, Clara, Artemis e Lena fomos as damas de honra e minha sobrinha Selene, e Eicca, filho da tia Miyako, levaram as alianças. Estávamos todos a postos no altar, junto com Ethan que estava fantástico em seu traje formal, quando a marcha nupcial, tocada por gaitas de foles começou, vimos a frente da tenda se abrir e Brianna, surgiu de brço dando com seu pai. Entedia agora, porque mamãe dizia que minha prima seria a noiva mais bonita que eu havia visto. Ela estava tão linda, que nos emocionava. Olhei para minhas amigas e todas sorríamos com lágrimas nos olhos. Quando tio Ian, a entregou para Ethan, vimos que os noivos irradiavam felicidade.

Durante a festa, houveram muitos brindes aos noivos, tanto dos pais, quanto dos padrinhos. Depois começaram as danças, tio Ian ficou todo emocionado quando dançou com sua filha agora casada, e minha mãe que havia sido forte durante todo o evento, sucumbiu às lágrimas, enquanto dançava com Ethan. Depois da dança dos noivos, Edward pediu a palavra:
- Pessoal, eu gostaria de dizer algumas palavras. Estou muito feliz, por hoje dois dos meus melhores amigos terem se casado, finalmente! - (rimos), - Embora eu tenha crescido cercado por muito amor, só a pouco tempo eu entendi realmente o que unia estes dois (e ele deu um olhar tão apaixonado para Lizzie, que fez com que eu e as meninas suspirássemos encantadas e ele continuou):
- Eu desejo aos dois, o melhor que a vida possa oferecer, e sei que o amor deles é forte o bastante para superar tudo que vier pela frente. Eu e Lizzie fizemos uma música como o nosso presente de casamento. – e Lizzie subiu ao palco e cantou uma ds músicas mais bonitas que já ouvi:

Something in your eyes makes me want to lose myself
Makes me want to lose myself in your arms
There's something in your voice
Makes my heart beat fast
Hope this feeling lasts the rest of my life

If you knew how lonely my life has been
And how long I've been so alone
If you knew how I wanted someone to come along
And change my life the way you've done

Feels like home to me
Feels like home to me
Feels like I'm all the way back where I come from

A window breaks down a long dark street
And a siren wails in the night
But I'm alright cause I have you here with me
And I can almost see through the dark there's light

If you knew how much this moment means to me
And how long I've waited for your touch
If you knew how happy you are making me
I've never thought I'd love anyone so much

Feels like home to me
Feels like home to me
Feels like I'm all the way back where I come from

Feels like home to me
Feels like home to me
Feels like I'm all the way back where I belong
Feels like I'm all the way back where I belong


Justin segurava a minha mão com força, e sorri para ele, que sorriu de volta, porém seus olhos estavam tristes. E sem saber porque meus olhos se encheram d’agua quando ele me puxou para um abraço, enquanto dançavamos devagar. Parecia uma despedida, só alguns dias depois, foi que eu percebi que não estava tão enganada assim.

Eu e Julian haviamos ido até a reserva, onde morava a avó de Justin, porque eu queria conhece-la e logo que cheguei lá, ela me levou para a sua casa e ficamos conversando por um bom tempo, e se uniram a nós algumas outras mulheres, e uma garota, muito bonita, chamada Rachel Lockwood.
Passado algum tempo, Justin, Julian e vários outros rapazes da tribo, estavam reunidos em um circulo em frente da casa, e vi quando um deles, se transformou em um enorme lobo cinzento, e Rachel comentou:
- Agora, vão começar as exibições. Aquele é meu irmão, Seth, é auror e animago, disse que quer ver se o lobo de Justin, é tão forte quanto o dele.Já disse que um guardião é muito mais poderoso, mas ele não se convenceu. Ainda bem que no próximo ano, nosso xamã vai estar por aqui e mostrar quem manda. - sorri e disse:
- O lobo negro de Justin, é enorme e muito forte.E em setembro, voltamos para a escola. - e ela me olhou de forma estranha:
- Negro? A cor do lobo de Justin é marrom avermelhado, e ele não vai voltar para a escola em setembro, foi o que vovó Silverhorn me disse. – e para minha surpresa, vi quando Justin se transformou num lobo com as cores descritas por Rachel. E ali eu o reconheci como o lobo que me visitava em Hogwarts. Quando ele se tranformou de volta, percebeu meu olhar perplexo e parou de sorrir.
Ao final do dia, voltamos para casa de forma silenciosa. Justin disse ao pai para ir embora antes, e que o alcançaria depois, Julian percebendo o clima tenso, entrou dentro de casa mais rápido que um balaço. Tentei segui-lo, mas Justin me segurou. Virei-me tensa para ele:
- Você não vai voltar para a escola em Setembro?- perguntei direta e Justin, respirou fundo e disse me encarando:
- Não, eu não vou.
-E eu ia ficar sabendo disso quando? Quando eu não o visse no trem?- perguntei me exaltando.Respirei fundo, não podia perder a cabeça.
- Eu estava esperando o melhor momento para te dizer. Preciso me dedicar ao meu treinamento como xamã, e não posso ter outras coisas me atrapalhando.
- Sou uma destas coisas?
- Não quis dizer isso, mas lá em Hogwarts sempre há algo novo acontecendo, e não posso me dar ao luxo de não me preparar para o futuro. E você nunca me atrapalha.
- E quanto à nós?- e ele abaixou os olhos, e quando os levantou estava mais sério do que antes:
- Acho melhor terminarmos Haley, não seria justo prender você a um relacionamento à distância e...
- E com a sua falta de confiança em mim, realmente isso não daria certo.
- Eu confio em você, que idéia é esta?
- Confia tanto, que não se revelou a mim como o meu lobo. Você deve ter rido muito da minha cara com isso.
- Não, não foi assim, eu só fiquei com medo de que você achasse que eu estava mentindo..
- E não estava? Eu confessei à sua forma de lobo, que estava me apaixonando por você, mesmo antes de aceitar isso para mim mesma e você tinha a obrigação de se revelar, naquela hora. Quem mais sabia disso? Ou melhor deixe-me adivinhar: Clara e Arte sabiam não é? Os rapazes?
- Não há razão para envolvermos ninguém neste assunto. O erro foi meu.Eu omiti, porque estava com medo de sua reação. E, eu prometi a elas que eu mesmo ia te contar, não se zangue com elas, mas daí muitas coisas foram acontecendo, e o momento nunca parecia ser o certo.
- Hoje sua avó me fez ver, que você será o líder da tribo, e isso é uma enorme responsabilidade, concordo que você tenha que se preparar. Mas se você realmente confiasse em mim, teria contado tudo e buscariamos uma solução...
- Eu confio em você Haley de verdade...
- Sabe, estou chateada por descobrir estas coisas por outras pessoas, mas sou capaz de desculpar, e mesmo você tendo tomado uma decisão que afeta a nós dois sem me consultar, sei que não foi por mal. Mas olhando em seus olhos, eu percebo que há mais coisas que você não me disse, e isso é o que me magoa mais. - e como ele não negou, eu dei de ombros como se não me importasse mais, virei e entrei dentro de casa da forma mais calma possível.
Isso durou até o instante, em que ouvi o clique da maçaneta, e corri para meu quarto e me joguei na minha cama, afundando a cabeça no travesseiro. Não parei de chorar nem mesmo quando senti mamãe passando a mão sobre meus cabelos em silêncio. Ela sabia que o que eu menos precisava neste momento, era falar.

Nota da Autora: música usada: ‘Feels like home’, Chantal Kreviazuk

Thursday, July 21, 2011


Londres, Julho de 2015

Estava no final do primeiro mês de férias e ao contrário dos outros anos, onde só viajo para a casa do tio George em agosto, já estava em Londres. O motivo da antecipação da viagem foi uma visita a Arte com as meninas, o casamento de Ethan e Brianna e a festa para receber Connor. Levei um baita susto quando Nick ligou dizendo que ele havia levado um tiro, mas depois de passar alguns dias internado, já ia receber alta e poder ir para casa.

Estávamos todos amontoados no apartamento de Nick e Connor no West End enchendo balões e pendurando uma faixa de boas vindas quando Becky chegou. Não notei de imediato, mas quando ela passou por mim indo direto para o quarto de Nick notei que estava meio atordoada. Larguei os balões que segurava na mão de JJ e fui atrás dela.

- O dia hoje é pra ser de festa, por que essa cara de velório? – perguntei entrando no quarto e ela desviou o olhar da janela.
- Terminei com Alex. Agora pouco.
- Por quê? – reagi surpresa – O que aconteceu?
- Não dá mais, desde que ele me pediu em casamento ando surtada e não consigo parar de pensar no Connor.
- Ok, pare ai mesmo – agora estava perdida – Ele pediu você em casamento? Quando foi isso?
- No dia de St. Patrick – ela se largou na cama – E Connor bebeu todas nesse dia e não parava de me ligar e dizer que me ama.
- Obrigada por me contar isso tudo meses depois!
- Desculpa, pensei em escrever, mas não sabia nem por onde começar. E eu disse não a Alex, disse que não era hora disso ainda.
- E você se sentiu culpada por nunca ter dito ao Connor que gosta dele quando ele quase morreu e decidiu que não vai mais esconder isso?
- Não cheguei a dizer isso ao Alex, mas sim. Ele sabe, é claro, não é idiota.
- E como ele reagiu?
- Foi horrível. Ele chorou, me abraçou, pediu outra chance de me fazer feliz e esquecer o Connor. Quase cedi, mas fui até lá decidida a terminar com ele e não voltei atrás. Doeu, sabe? Eu gosto dele de verdade, mas não é ele que eu amo. Não é justo continuar com ele pensando em outro.
- Bom, eu sempre torci por vocês dois juntos, mas achei que nunca ia acontecer quando você engatou nesse namoro serio com o Alex. Que bom que acordou!
- Beijei-o no dia que ele acordou, no hospital. Ainda estava com Alex, mas não consegui me controlar. Estava me sentindo culpada e apavorada com a idéia de que ele podia ter morrido sem saber o que eu sentia. Foi só isso, no entanto. Fui embora logo depois porque o irmão dele tinha chegado e todas as vezes que voltei lá, estava cheio de gente.
- Ainda bem que Nick me avisou dessa festa de boas vindas, ia me odiar se tivesse perdido toda essa novela ao vivo! – brinquei e ela riu, já menos atordoada.
- Está rindo do que? Até onde sei, sua novela é bem mais movimentada que a minha.
- Não tem movimentação nenhuma na minha novela, dei um basta nela. Não tenho tempo pra isso.
- Ah conta outra! – ela riu – Você pode ter encontrado uma solução temporária pra se manter afastada da tentação, mas a menos que seja um namoro sério de cinco anos com alguém que você nunca tinha notado, não vai durar.
- Não precisa jogar praga.
- Não é praga – ela apertou minha bochecha rindo e levantou, parando na porta do quarto - É experiência própria.

Levantei atrás dela espantando a idéia de que minha tática de exercícios exagerados não ia durar e voltei pra sala bem a tempo. Ethan e Nick estavam chegando naquele momento com Connor. Ele parecia aliviado por estar em casa outra vez e feliz por todos os seus amigos estarem amontoados na sala para recebê-lo. Todo mundo queria abraçá-lo ao mesmo tempo e foi uma confusão, mas percebi que ele cumprimentava todos que iam ao seu encontro sem muito foco. Seus olhos não paravam de percorrer a sala a procura de alguém, e não demorou para que eu encontrasse quem era.

O olhar de Connor fixou em Becky quando a encontrou e vi minha prima sorrir e ir de encontro a ele. O abraço que eles deram foi tão longo e cheio de carinho que as pessoas começaram a se afastar devagar, sem saber bem o que fazer. Quando o abraço terminou, Connor segurou Becky pela cintura e dei-lhe um beijo digno de cinema. Nick olhou pra mim rindo e jogou as mãos pro alto.

- Foi preciso um tiro para esse beijo sair, então vamos torcer que ninguém precise ter um membro decepado pra acontecer o casamento – ele falou alto e todo mundo riu, até Connor e Becky.

Os dois se afastaram do abraço, mas não soltaram as mãos pelo resto do dia. Eles ainda teriam muito que conversar, mas agora Connor finalmente fazia parte da nossa família.

ºººººº

Nottingham, Agosto de 2015 - Sherwood Forest


As férias já estavam quase chegando ao fim e depois de uma festa de aniversario para comemorar meus 16 anos em Londres, viajei com tio Scott, meu irmão e a família dele para Nottingham. Cada um tinha seus motivos para ir até lá. Tio Scott queria conhecer alguns restaurantes da região para terminar seu livro, Maddie porque meu irmão havia transformado ela em uma maníaca por história e queria conhecer a cidade e as crianças porque só queriam passear. E eu fui porque não tinha nada melhor pra fazer em casa e queria visitar algum lugar diferente.

Íamos voltar para Londres no dia seguinte e enquanto meu irmão e Maddie foram com as gêmeas visitar museus, fui com tio Scott e Evan conhecer a Sherwood Forest, famosa por causa das historias do Robin Hood. Não tinha muito que se fazer por lá, mas era um lugar bonito com muito verde e Evan, que agora estava com cinco anos, não sabia pra que lado corria primeiro. Já era quase fim de tardequando tio Scott nos deixou próximos a um parquinho onde ele estava se pendurando nas coisas feito um macaco e foi conversar com o dono de um restaurante local. Estava rindo vendo Evan brincar com um garoto da idade dele que apareceu de repente quando senti alguém sentar do meu lado. Antes que pudesse virar para ver quem era, a pessoa passou a mão pelo meu ombro e me puxou pra perto.

- Senti sua falta – James falou no meu ouvido e o afastei.
- Sabia que podia ter jogado você no chão pensando que era um maluco? – ele riu, mas continuei séria – Não gosto quando aparece de repente.
- O que está fazendo nesse fim de mundo? – ele ignorou meu comentário.
- Férias com a família, e você?
- Mamãe morava aqui quando criança, sempre passamos algumas semanas de agosto na antiga casa dela – ele olhou pro balanço do parque – Quem é aquele brincando com meu irmão?
- Meu sobrinho, Evan. Aquele é o Blake? – me espantei. Lembrava dele falando do irmão, mas achava que ainda era um bebê – Do jeito que você fala, achava que ele tinha dois anos.
- É meu irmão caçula e vai ser sempre um bebê pra mim, mas ele já tem cinco anos.

Ia zombar dele, mas minha atenção foi desviada quando ouvi um uivo vindo de dentro da floresta. Era o mesmo uivo que Justin e eu sempre ouvíamos quando estávamos na floresta de Hogwarts. Fiquei de pé na mesma hora, atenta, tentando descobrir de que lado ele estava vindo.

- O que houve? – James ficou de pé ao meu lado e soava assustado – Que barulho é esse?
- Você ouviu também?
- Claro, isso é um lobo! Não sabia que tinham lobos aqui, melhor irmos embora.
- Preciso ver quem é – falei tirando os sapatos e jogando em cima do banco – Fica de olho no Evan pra mim? Meu tio está logo ali do outro lado da rua.
- Aonde você vai?
- Longa história.

Sai correndo na direção da entrada da floresta e larguei James para trás. Ainda estava a vista dele quando dei um salto e me transformei em lobo, mas precisava ser rápida ou ia perder a trilha do dono do uivo, podia explicar a ele depois. Corri mais rápido do que nunca para dentro da floresta cortando as árvores altas sem me preocupar com os galhos e nem se encontraria o caminho de volta. Se me perdesse, James sabia pra onde tinha ido e alguém ia me encontrar.

O lobo uivou outra vez e percebi que estava perto. Diminui o ritmo para tentar me aproximar o mais silenciosa possível e depois de alguns minutos me guiando apenas pelo faro de outro animal, me deparei com ele. Era um logo enorme, tão grande quanto eu, com o pêlo marrom claro. Estava deitado no chão destruindo algo com os dentes e uma olhada melhor me deixou ver que era uma goles de couro. O lobo rasgava a goles com tanta vontade que parecia estar se divertindo em destruir o brinquedo.

Aproximei-me mais e sem querer pisei em um galho, chamando a atenção dele. Ele me olhou em alerta e quanto fez menção de correr, saltei pra cima dele e o derrubei, prendendo-o no chão. O lobo tentou se livrar das minhas patas me mordendo, mas eu era mais forte e o mantive preso. Só quando ele parou de rosnar e morder foi que consegui invadir sua mente. O que vi me deu um susto tão grande que recuei. E ele, quer dizer, ela, também devia saber ler mentes, porque quando me afastei ela não correu, mas voltou a sua forma normal. Era Penny.

- Mas que diabos...? – voltei a minha forma humana ficamos nos encarando por alguns segundos.
- Você é um animago? – Penny perguntou depois de algum tempo tentando formar sentenças.
- Não, um transmorfo. E você?
- Também. Desde quando?
- Começou quando tinha 13 anos, em Hogwarts.
- O meu também, acho que é sempre aos 13.
- Como eu nunca vi você na enfermaria?
- Nunca fui pra lá, papai me ensinou a controlar as transformações, assim não teria problemas em Hogwarts.
- Seu pai? Ele também é um transmorfo?
- Sim, o primeiro até onde sabemos. Agora sei que não somos os únicos, mas ainda acho que ele foi o primeiro da espécie.
- Achei que só Devon e eu fossemos transmorfos.
- Meu irmão também é, você conhece ele, não? Começou esse ano, ele enfrentou um pouco mais de dificuldade, mas estava lá para ajudá-lo e não tivemos acidentes.
- Patrick, da Lufa-Lufa. Sim, conheço seu irmão, ele é um bagunceiro de marca maior.
- Clara, não conte pra ninguém sobre mim, ok? – Penny parecia apreensiva – Não acho que McGonagall vai gostar de saber que tem um bando de lobos soltos por Hogwarts, mesmo que tenhamos total controle sobre isso.
- Não vou contar, pode deixar. Guardar segredo é minha especialidade.

Ficamos conversando por um tempo ali mesmo. Ela contou que se mudou para Nottingham com a família aos 12 anos, para poder ter aquela floresta para aprender a se controlar e explicou que a goles que ela destruía era do irmão, que tinha quebrado seu kit de poções e ela estava revidando. Conversamos também sobre as vezes que quase nos esbarramos na floresta por dois anos inteiros, mas não contei sobre Justin. Ainda não sabia até onde ele estava disposto a explicar o que era, então achei melhor pular essa parte. Já ameaçava escurecer e voltei à forma de lobo, correndo de volta para a orla da floresta enquanto ela ia para o outro lado em direção a sua casa. Quando voltei à forma humana, James estava parado no mesmo lugar segurando meus sapatos com uma cara de quem tinha acabado de ver um cadáver.

- Você... você... – ele tentou formar frases quando me aproximei dele outra vez e peguei meus sapatos – Como?
- Há tantas coisas sobre mim que você não sabe... – brinquei, mas ele ainda estava perplexo – Não é você mesmo que diz que temos que manter o mistério na relação?
- Clara, não estou achando graça. Você virou um lobo! Você é um animago ilegal?
- Não é tão simples assim, mas não tenho tempo de explicar agora, tio Scott já está acenando do outro lado da rua e temos que ir.
- O que? Não! – ele segurou meu braço, mas sem muita força – Você precisa me contar o que acabou de acontecer aqui.
- Vou contar, mas não aqui e não agora – me aproximei dele e o beijei de leve – Quando voltarmos a Hogwarts, prometo explicar tudo.

Chamei Evan, que se despediu de Blake um pouco relutante antes de correr até mim, e fomos ao encontro do tio Scott do outro lado da rua. James ainda me olhava com uma expressão de choque estampada no rosto, mas sabia que por mais assustado que ele estivesse, podia contar que não ia espalhar o que tinha visto e ia esperar pacientemente até ouvir minha história. Ele era um verdadeiro Buda quando o assunto era ter paciência, disso eu sabia muito bem.

Tuesday, July 19, 2011


Lembranças de Tuor H. E. Mithrandir e Artemis A. C. Chronos

Estação de King’s Cross, Plataforma 9 ¾ - Memórias de Tuor

- Tchau, Viking, boas férias! – Todos se despediram de mim como se não houvesse nenhuma mudança. Eles tentavam ao máximo não parecer uma despedida, mas abracei cada um deles com força.
Troquei risos com Jamal e Rupert, ao abraçá-los, combinei com Julian e JJ de que tínhamos que visitar o Cabeça de Javali. Hiro prometeu que me daria aulas extras em Historia da Magia, já que não tinha muitas esperanças de ter ido muito bem nos N.O.M.s. Com Justin trocamos um abraço apertado, enquanto ele sorria e olhava fundo em meus olhos. Deixei a forma educada que sempre tinha com Haley, Clara e Lena e as abracei com força, fazendo-as rir quando beijei o rosto de cada uma. Keiko me abraçou com força, pendurando-se em meus braços e rindo, desejando-me boas férias.
Arte foi a última. Eles todos foram embora, deixando-nos a sós na plataforma, assim como seus parentes e os meus pais que se afastaram. Ficamos muito tempo nos olhando e vi que ela segurava as lágrimas. Quando dei por mim eu notei que segurava as lágrimas também. Tentei sorrir, mas deve ter sido um sorriso triste. Ela sorriu também e nos abraçamos.
Aquele abraço foi terno e forte, parecia que ela não queria mais largar de mim. E bem da verdade, eu não queria largá-la. Mergulhei meu rosto em seu cabelo castanho e senti seu perfume, abraçando-a com força. Senti quando ela segurou um soluço e afaguei seus cabelos, beijando-a de leve no topo da cabeça.
Então ela se soltou de mim e saiu correndo da Estação, sem olhar para trás, mas vi que chorava e lágrimas escorriam de seus olhos. Ela não disse uma palavra, eu não disse uma palavra e fiquei parado ali no mesmo lugar, vendo-a desaparecer pela passagem da Plataforma.
Não sei quanto tempo fiquei parado, ainda com os olhos mareados, mas acordei dos devaneios com um tapa leve no ombro. Me virei esperando ver meus pais, mas era o Damon. Ele tinha um sorriso engraçado no rosto, misturava tristeza e compreensão.
- Posso falar com você? – Ele perguntou e quando eu fiz que sim, fomos andando na direção do trem. A Estação já estava quase vazia e poucos alunos ainda juntavam suas coisas, enquanto conversavam com os amigos e abraçavam os pais. Paramos perto do último vagão e ele olhou para mim.
- O que foi? – Eu perguntei um pouco rude, secando o rosto e tentando esconder a tristeza e as lágrimas.
- Eu só queria te dizer uma coisa. Escuta Tuor, meu irmão pode ser o mais calmo, legal e tudo mais de nós dois, mas também é o mais orgulhoso e lento. Cara, não desperdice sua chance. Há poucas garotas como ela. Ela é única e especial.
- Eu não sei do que está falando.
- Sabe sim. Quando decidi me afastar dela e soube que ela terminaria com meu irmão eu sabia na mesma hora o porque. É de você que ela gosta, é de você que ela precisa e é você que ela quer. – Ele falou, dando de ombros e riu. Agora sua risada estava mais alegre e eu descobri que gostava dele.
- Somos apenas amigos.
- Continue repetindo isso que as únicas coisas que você vai conseguir é se iludir e magoar vocês dois. – Ele falou, apertando meu ombro como um amigo faria. – Eu não volto mais a Hogwarts e pelo que ouvi, você também não... Não faça isso, ouça as recomendações de um veterano. Apesar do sucesso que você fez, eu ainda sou mais experiente com as garotas. – Ele falou dando de ombros e não consegui evitar um sorriso. – Cuide bem dela por mim, ou melhor por nós, está bem?
Ele falou e esticou a mão a frente. Eu a apertei sentindo algo estranho no estômago. Ele virou- me as costas logo em seguida e correu para alcançar os pais que já atravessavam a barreira. Vi Stefan ao longe e ele me deu um aceno com a mão que respondi sem muita energia.
Depois disso encontrei meus pais já fora da Estação e voltamos para a Noruega em uma chave de portal.

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Casa dos Chronos, arredores de Londres. – Memórias de Artemis

Kishu, minha águia e com quem treino falcoaria, soltou um pio agudo ao retornar para meu braço. Ela trazia um pequeno roedor nas garras e acariciei sua cabeça. Soltei-a novamente e permiti que ela voasse para uma árvore, onde começou a devorar sua pressa. Tsubasa, uma coruja branca muito mais calma e discreta em suas refeições, piou alto de um galho da mesma árvore, olhando com repreensão para sua prima distante.
- Sabia que estaria aqui. – Ouvi Luna dizendo, enquanto subia o caminho até minha direção.
Estávamos na casa dos meus pais, nos arredores de Londres. A casa era muito grande e cheia de terreno aberto e arborizado, pois toda nossa família adorava a natureza. Além disso, era comum praticarmos caçadas em nossos terrenos. Não importa quantos anos se passassem, a família Chronos sempre seria uma família de caçadores.
- Estou treinando com Kishu. – Falei, tentando me mostrar animada. Luna, mamãe e Emily logo perceberam o meu humor quando cheguei em casa. Suspeitava que elas sabiam o porque disso, mas sabia que elas esperariam que eu as procurasse para conversar. Mas eu não queria falar nada. Apenas lembrar dele e de nossos momentos juntos era doloroso... E o silêncio era ainda mais doloroso. Já estávamos no final do primeiro final de semana de férias e ele não me mandara sequer uma carta. No mesmo período do ano passado, eu tivera duas cartas dele, contando-me como estavam as coisas em sua terra natal.
Agora nada.
- Eu vi. Ela continua uma excelente caçadora. – Ela falou, e posso jurar que Kishu entendeu, pois ela levantou a cabeça, piscando para Luna, como se agradecesse.
Luna se sentou perto da árvore, apoiando a cabeça no tronco e logo Tsubasa desceu até ela, pousando em seu joelho. Minha cunhada começou a cantarolar uma música alegre, cuja letra envolvia corujas com armaduras e garras como espadas. Eu sorri e sentei ao seu lado.
- Está bem, você ganhou. Eu te conto o que houve.
- Sem pressa. Eu sei o que há. É aquele seu amigo Tuor, certo? Notei o modo como seus amigos quiseram deixar vocês a sós na estação. Só não entendo por que tanta tristeza nesse seu olhar. – Ela falou, acariciando minha bochecha. Sentei-se ao seu lado e Kishu voou para meu ombro. Eu suspirei olhando as nuvens acima de nós.
- É mais dúvida... Incerteza. Não sei o que o futuro reserva para mim e para ele. Para nós dois seria o certo.
- O que aconteceu?
Eu contei para ela tudo que acontecera naquele ano. Luna sempre foi como uma irmã para mim e sempre me ouviu, fosse qual fosse a história que eu tinha para lhe contar. E seus conselhos eram sempre ótimos. Eram sinceros e diretos, e isso os tornava ainda mais valorosos. Fora que ela muitas vezes conseguia ver as coisas de ângulos que outras pessoas nunca veriam.
Enquanto dividia com ela os acontecimentos com Damon e Stefan, ela ouviu sem nada falar, continuando a cantarolar e acariciar Tsubasa. Quando contei do meu beijo com Tuor, senti minha voz falhando e um aperto no coração. Senti que as lágrimas vinham ao meu rosto e não fiz nada para resistir. Ela não falou nada e me abraçou com ternura e carinho, enquanto eu continuava a chorar. Respirei fundo e continuei contando.
Contei de como me sentia em relação a ele. Que se era para eu ter alguém que eu queria que fosse ele. Mas não era capaz de ir até ele e dizer isso. Na Estação, quando deveria ter me declarado e dito tudo que sentia, eu não consegui juntar coragem para isso. Tinha medo do futuro... Ele poderia não voltar para Hogwarts e tinha medo de estragar aquele carinho puro que eu sentia por ele. Chorei ainda mais ao dizer que não tinha notícias dele desde aquele dia na estação e que ele não me procurava.
Luna continuou a cantarolar e acariciar meus cabelos, enquanto me abraçava. Kishu e Tsubasa agora estavam no meu colo e me bicavam de leve, preocupados com meu choro. Ela parou de cantarolar quando terminei de contar tudo.
- É simples, Arte, você está amando seu amigo. – Ela falou aquilo que eu demorei tanto para admitir e até hoje ainda tinha teimosia de não querer aceitar.
Eu não falei nada, mas fiquei abraçada a ela.
- E quando se está amando é comum sentir-se perdida, pois começamos a enxergar o mundo de outra forma. Nosso mundo passa a envolver cada vez mais a pessoa amada e não conseguimos deixar de pensar nela. Mas sentimos medo. Medo de magoá-la, de perdê-la, de deixá-la triste. Isso tudo que está passando, eu passei por tudo isso também.
- Com o Seth? – Eu perguntei, tentando ganhar tempo para pensar e esfregando levamente o rosto.
- Não, com o Pomorim do jogo. – Ela falou, me fazendo rir. – Claro que com ele. Sabia que nós só descobrimos o quanto nos gostávamos quando ele foi embora?
- Não. Como foi isso?
- Ele e o irmão foram transferidos para Beauxbatons e naquela despedida eu percebi o quanto eu precisava dele. Passei um ano apenas pensando nele, sem conseguir me concentrar em mais nada. E quando estive em cativeiro, foi a memória dele que me manteve a salvo. Você sente isso com Tuor, não sente?
- Sinto... – Eu admiti, corando e sorrindo com as lembranças. – Quando estou com ele me sinto completa, especial. E não tenho medo de nada e sinto como se pudesse fazer qualquer coisa.
- Isso é amor. – Ela falou, sorrindo. Eu já havia pensando na possibilidade disso, de amar Tuor. Mas até nisso minha teimosia não queria me deixar acreditar. Mas quando ela falou sobre isso, toda a dúvida que eu tinha sumiu e eu tive certeza absoluta: eu amava Tuor. – Nós, os humanos, temos a péssima mania de só dar valor quando perdemos algo. Não deixe que isso aconteça, Arte. – Ela falou, levantando-se e esticando a mão para mim.
- Eu... Eu não quero que aconteça, mas também não quero parecer ser mais frágil que ele. – Eu falei, colocando a mostra meu orgulho e teimosia. Ela riu.
- Nós todas somos assim. Concordo com você em uma coisa: se ele a ama, o que eu tenho certeza que sim, ele deve procurá-la e dizer tudo que tem que ser dito.

Voltamos caminhando juntas para a casa e quando cheguei lá, mamãe me recebeu com um abraço e piscou o olho para mim. Emily parou de brincar com minhas sobrinhas e veio me abraçar também. Griffon, papai e meus sobrinhos ficaram me olhando sem entender, mas Seth olhou fundo em meus olhos e depois para Luna e eu soube que ele entendera. Para alguém tão perceptivo e observador como ele, meus olhos e meu coração eram um livro aberto.
Recebi também algumas corujas e por um momento senti-me mais animada, achando que seriam cartas do Tuor, mas não eram. Não fiquei menos feliz, pelo contrário, as cartas me animaram um pouco. Eram cartas das garotas, dizendo que iriam me visitar naquela semana. E havia ainda uma carta do Justin dizendo que queria falar comigo e iria me visitar. Senti um pouco de raiva de Tuor por não me mandar nada e decidi esquecê-lo, ao menos tentar. Eu o amava, não tinha mais dúvidas disso, mas queria que ele me dissesse tudo que tinha para ser dito.

Sunday, July 17, 2011


Quando o locutor do jogo anunciou a vitória da Corvinal, minha primeira reação foi voar em direção ao Rup, gritando feito doido:
- Conseguimos, Rup! Conseguimos!
Todos os nossos colegas de casa pulavam e choravam feito doidos na arquibancada, e quando Madame Hooch me entregou o balaço diminuído por magia e colocado dentro de um troféu, eu não conseguia me conter: exibia meu primeiro troféu como ‘melhor jogador em campo’, e eu não estaria sozinho nessa: Rupert também exibia orgulhoso, a goles do jogo, afinal ele foi o melhor goleiro do campeonato, merecidamente. Enfim, nós éramos ‘Os Caras’, tanto era assim que algumas garotas que nem olhariam para nós mesmo que estivessemos nus na frente delas, sorriam amistosas, davam olá e uma delas,até aceitou dançar comigo.
Após algum tempo de festa, o pessoal da Sonserina começou a chegar e as meninas, embora abaladas, começaram a aproveitar a festa e não houve clima, e nem mesmo com o pessoal das outras casas, afinal éramos todos amigos. A festa durou até muito tarde, e antes de dormir, subi ao dormitório e guardei o meu troféu, desci para procurar mais alguma coisa para comer quando encontrei Lena, adormecida com um livro na mão, numa poltrona bem escondidinha do nosso salão.
- Hey, Bela Adormecida, você está dormindo no lugar errado.- eu estava bem pertinho dela e beijei a ponta do seu nariz. Ela abriu os olhos bem devagar e sorrindo levantou o rosto e me beijou. Retribui e ela me puxou pelo pescoço, após alguns segundos ela pareceu acordar e deu um pulo, e eu acabei me desequilibrando e caímos embolados no chão. Começamos a rir da situação e eu saí de cima dela.
- Vem, vou te levar ao seu salão comunal. – Saímos de lá de mãos dadas e quando chegamos em frente ao quadro da Mulher Gorda, ela se virou para mim e disse:
- Não consegui chegar perto de você para dar os parabéns. Você foi ótimo em campo,e... - como estávamos muito próximos um do outro, senti uma vontade enorme de beijá-la, puxei seu rosto e quando fui beijá-la, o quadro da Mulher Gorda se afastou e Daniel, saiu de lá de dentro, estava com o cabelo bagunçado.
- Hey Lena, papai mandou cartas e fotos das férias deles na Austrália. Tem presentes...– ele me olhou de cima a baixo e soltou:
- Mamãe mandou um presente para você também, mas só leva depois que você tirar as mãos de cima da minha irmã. – provocou e entrou correndo de volta para o salão comunal da Grifinória, eu e Lena começamos a rir:
- Ele está todo feliz com o casamento dos pais de vocês não é?
- Sim, ele é um irmão ótimo, e confesso que eu também estou adorando, fazer parte da familia. Vocês são tantos....
- Foi um choque quando vimos vocês chegando no rancho, e tia Mary comunicando que havia se casado com o seu pai em Las Vegas, e que Dan e você foram as testemunhas. Vovó ficou indignada por não ter uma festa normal.Ela foi uma lufa-lufa, você sabe como são festeiros.
- Ah mas depois ela e a mãe de Mary, fizeram aquele jantar todo elegante de surpresa, e foi lindo.- e o tom sonhador dela, me puxou para mais perto e quando dei um passo à frente, ela colocou a mão no meu peito me parando:
- Obrigada pela companhia, Julian.- e após dizer a senha, entrou em seu salão comunal.
Fiquei parado olhando o quadro voltar para o seu lugar, e a Mulher Gorda me exibia um ar debochado, e ao longe, ouvi os risinhos, dos outros quadros. Voltei para o meu salão comunal, mas aprendi a lição: não se pode ganhar todas.

-o-o-o-o-o-o-o-o-

Os testes vocacionais e os NOM’S haviam ficado para trás, e para matar o tempo, enquanto esperávamos pelas férias, eu e os rapazes, fomos para o QG para dar a nossa contribuição na arrumação, já que as meninas haviam começado a decorar o local, levando almofadas, lampiões, mantimentos e muitas garrafas de água potável e cerveja amanteigada. Enquanto eu e o garotos fazíamos reparos em móveis, vimos que haviam vários livros antigos espalhados, resolvemos montar uma biblioteca. Nós até pensamos se deveriamos levar os livros para o castelo e entrega-los na biblioteca, já que vários deles, tinham seus respectivos cartões, mas houve um consenso geral de que se os livros estavam ali, era porque não deveriam fazer parte do acervo da escola. Enquanto os limpávamos e os arrumávamos em ordem alfabética, percebi um com capa de couro, bem gasto e com um cheiro de poção velha. Como sempre acontecia quando algum de nós achava algo interessante, sentei-me perto de uma lamparina e comecei a folhear as páginas amareladas, quando vi um texto que parecia uma poção e algumas gravuras ilustrando a transformação de um um homem em animal em detalhes. Reconheci algumas palavras em espanhol e outras que me deixavam em dúvida, chamei Justin, Rup e Hiro, para me ajudarem a traduzir, enquanto Jamal, JJ e Tuor aumentavam a iluminação, e se aproximavam curiosos:
- Corvo, isso não é espanhol normal, é basco. Há também textos em latim, e muitos textos em runas antigas... É um exemplar de ‘Poções Muy Potentes’, vejam tem até o carimbo da seção reservada... - disse Justin e Hiro me olhou animado:
- Há também gaélico aqui...Pelo jeito, são as instruções para uma poção usada em Animagia. Julian, tem noção do que isso pode fazer conosco?
- Nos tornar capazes de nos transformar em animagos. – respondeu JJ.
- Acho que se unirmos forças, conseguiremos traduzir antes das férias, e quem sabe até testar a poção... – sugeriu Rupert e Jamal disse:
- E pensar que eu só queria uma semana inteira de paz e tranquilidade.Vamos buscar o café, Justin, voltamos à maratona de estudos.
Julian Thomas Montpellier às 1:43 AM

Monday, July 11, 2011


- BRENDAN HUTCHERSON CAPTUROU O POMO! CORVINAL VENCE!

Eu estava em estado de choque. Julian voou na minha direção agitando o bastão e se atirou em cima de mim, gritando enlouquecido. Olhei para a arquibancada da Corvinal e vi Justin pulando abraçado aos nossos colegas do 5º ano. Logo atrás dele, Amber estava de mãos dadas com uma menina que ela sequer conhecia e as duas pulavam e gritavam uma de frente pra outra. Na cabine dos professores meu pai tinha abandonado toda a diplomacia e esquecido o fato de que era diretor da Grifinória, comemorando com muito entusiasmo com tio Ben.

- CORVINAL! – Julian berrou pra torcida e descemos as vassouras até o campo.

Corremos de encontro ao resto do time e desapareci no meio do abraço coletivo. Brendan ergueu o braço com o pomo preso na mão, o exibindo para a torcida sob os gritos de “campeã”. Naquele momento minha fica caiu. Eu tinha acabado de ganhar a taça de quadribol.

ºººººº

A festa na Corvinal foi até tarde naquele sábado. Sem ganhar a taça por mais de três anos, ninguém queria ir dormir. Logo depois do nosso capitão erguer a taça, madame Hooch me entregou a goles do jogo e deu um dos balaços a Julian, como prêmio de melhores jogadores em campo. Julian exibia o balaço pra todo mundo que chegava para cumprimentá-lo e eu não tirava a goles de debaixo do braço. Pretendia inclusive dormir com ela.

Depois de um tempo o time da Sonserina apareceu na festa para nos parabenizar e ficar pra comemoração. As meninas ainda estavam bem abaladas, mas conformadas com a derrota e não ficou clima ruim. Éramos todos amigos e era só um campeonato. Jamal, Hiro, Penny, Arte, Tuor e MJ também apareceram depois de algum tempo e ninguém tinha intenção de ir embora enquanto tivesse música, comida e bebida.

Eu era um péssimo dançarino, então sentei na base do pedestal da Rowena Ravenclaw abraçado a goles e fiquei observando a festa. Julian ainda exibia o balaço pra todo mundo e narrava lances da partida pros que o cercavam; Justin se dividia entre cantar as músicas que a torcida fez pro time e não aborrecer Haley, que apesar de conformada, não estava gostando das letras cheias de provocação; Clara, Keiko e JJ não saiam um de perto do outro, talvez por medo de caírem em alguma provocação e estragar o clima de festa; Hiro estava com a namorada, um pouco mais afastado do pessoal; Arte e Tuor dançavam no meio dos alunos sem se importar com quem ganhou ou perdeu; e Jamal, como era de se esperar, estava aproveitando a festa a seu modo, com Penny.

- Parabéns pela vitoria! – Amber sentou do meu lado. Estava tão distraído que não a vi chegar – Nunca achei que fosse vibrar tanto com um esporte que não me importo.
- Obrigado – sorri para ela – Vi você bem empolgada na arquibancada. Confesso que achei engraçado.
- É, eu também – ela riu – Melhor jogador em campo. Isso é demais.
- Não é? Não consigo largar ela! – me empolguei, mostrando a goles a ela – Será que me deixam levar ela pros exames semana que vem?
- Acho que os examinadores não vão ser muito compreensivos.

Fiz uma careta de decepção e Amber riu. Ela tinha uma risada engraçada, mas achei que talvez fosse melhor não comentar isso. Ficamos sentados na escada conversando por muito tempo sobre o jogo e a festa que não tinha hora pra acabar. Alguém havia chegado com whisky de fogo contrabandeado de Hogsmeade e passamos o tempo todo rindo do pessoal já alterado, chorando enquanto cantavam as músicas da partida. Estava vendo Julian e Justin brincarem de rebater o balaço que ele ganhou e imaginando que aquilo não ia acabar bem quando minha visão foi bloqueada.

- Ei Rupert - Claire Hendersen parou na minha frente, sorrindo – Você estava ótimo hoje.
- Obrigado.
- Vim até aqui lhe resgatar, não acho que queira comemorar sua vitória conversando com ela – ela olhou torto para Amber e pegou minha mão, mas não levantei – Anda, vamos dançar.
- Não, obrigado. – puxei minha mão de volta – Prefiro continuar aqui.

Não tinha a intenção de ofendê-la, mas o jeito que ela falou me obrigou a responder. Amber não era a pessoa mais simpática do mundo, mas desde que segui os conselhos de Penny e tentei me entrosar com ela, nosso relacionamento tinha evoluído bastante. Não a achava mais insuportável e era uma das poucas pessoas com quem tinha conversas mais sérias que não deixaram de ser agradáveis.

- Você pode ir dançar, se quiser – Amber falou sem graça quando Claire se afastou a fuzilando com o olhar.
- Odeio dançar – respondi com um sorriso – E sua companhia é muito mais agradável.

Amber sorriu de volta e puxou a goles da minha mão, começando a explicar sobre a origem do quadribol. Claro que já sabia daquilo tudo, mas com o tempo aprendi que não precisava ser sempre um sabe tudo. E eu não fazia a menor idéia, mas quando decidi continuar sentado no pedestal, tinha dado um novo rumo aos meus dois últimos anos em Hogwarts.

ºººººº

Os N.O.M.s e N.I.E.M.s para as turmas do 5º e 7º ano começaram uma semana depois da final do campeonato. Durante duas semanas seguidas seriamos testados em todas as matérias, usando a parte da manhã para os exames teóricos e a parte da tarde para os práticos, e a pressão para conseguir notas altas parecia ter afetado a todos. Já saíamos da cama com os livros abertos e dividíamos o café da manhã com revisões de última hora. Os alunos Corvinal eram os piores. Se já éramos considerados CDF pelas outras casas, agora estávamos no modo paranóico. Nosso salão comunal se transformou em uma grande sala de estudos, com uns testando os outros com questionários, e ninguém ia dormir antes das 3h da manhã todo dia. Tínhamos uma reputação a zelar, ninguém ali podia tirar menos que um “Excede Expectativas” em nenhum exame. Eu já estava com olheiras tão grandes que parecia um urso panda, mas não pretendia diminuir o ritmo. Precisava de pelo menos cinco N.O.M.s para continuar nas aulas que me ajudariam a ser um Curandeiro, teria todo o verão para dormir se quisesse.

O exame mais aguardado pela maioria dos alunos era Poções. Eu era um bom aluno, mas era sempre uma hora tensa quando se estava preparando alguma poção complicada esperando ser avaliado. E principalmente, quando aquela avaliação ia determinar o seu futuro. Estava sentado no salão principal com o resto dos alunos, aguardando minha vez, com as mãos suadas. O último grupo tinha entrado há mais de 15 minutos quando tio Ben apareceu pela porta da câmara.

- Jamal Shacklebolt, Justin Silverhorn, Rupert Storm, Chelsea Stout.

Levantamos e entramos na câmara. Como nos outros exames, as bancadas haviam desaparecido, sobrando apenas quatro mesinhas espalhadas, cada uma delas com um examinador segurando um rolo de pergaminho e uma pena. Tio Ben me indicou a mesa certa e parei diante de um bruxo velho com bigodes brancos. Ainda não havia sido avaliado por ele.

- Sr. Storm – ele consultou o pergaminho que tinha na mão e sorriu – Muito prazer. Estou vendo aqui que quer ser Curandeiro.
- Sim senhor – respondi nervoso. Era o primeiro examinador simpático, os outros eram mais sérios.
- Vamos ver então se o senhor tem o que é necessário para salvar vidas. Prepara para mim uma poção Gole da Paz.

Assenti com a cabeça e comecei a separar os ingredientes. Lembrava dessa poção. Ainda na primeira semana de aula, depois de nos assustar falando dos exames, tio Yoshi nos ensinou a prepará-la. Era uma poção para acalmar a ansiedade e suavizar a agitação, o que veio a calhar depois de todo o pânico causado naquele começo de semestre. Era também uma poção que pedia muito cuidado. Uma única dosagem errada nos ingredientes e podia colocar quem a bebesse em um sono pesado e muitas vezes irreversível.

Os ingredientes tinham que ser adicionados ao caldeirão na ordem e quantidade corretas e a poção tinha que ser mexida um número exato de vezes, primeiro no sentido horário e depois no anti-horário. E o fogo precisava ser colocado em um determinado grau por um número especifico de minutos antes que o ingrediente final fosse adicionado. Depois de 20 minutos de preparo, o caldeirão começou a soltar um leve vapor prateado.

- Por favor, afastem-se de seus caldeirões, o exame está terminado.

Dei um passo para trás e peguei o frasco etiquetado com o meu nome, despejando um pouco da poção dentro e lacrando. Entreguei ao examinador para que fosse avaliada e passei a mão na testa, cansado. Estava suando frio. De relance vi Jamal e Justin nas mesas próximas e eles também suavam, mas desconfiava que fosse mais pelo calor que fazia lá dentro graças ao vapor dos caldeirões do que por nervosismo.

- Muito bem, Sr. Storm! – o examinador pareceu animado – Ainda vamos testar sua poção, mas me parece que você fez tudo correto.
- Obrigado.
- Arrisco dizer que será um excelente curandeiro. – ele sorriu animado e apontou a varinha pro caldeirão – Evanesco. Pode ir, está liberado.

Agradeci e sai o mais rápido que pude. Jamal e Justin também saíram da mesa onde estavam e nos esbarramos na saída da câmara.

- O que ele pediu pra vocês fazerem? – Justin perguntou quando saímos – Tive que fazer um antídoto para veneno.
- Ele me pediu o Gole da Paz. Estava tão nervoso que achei que ia esquecer tudo.
- Eu precisei fazer a poção do Morto-Vivo – Jamal soltou um suspiro cansado – Estava suando tanto que acho que algumas gotas caíram no caldeirão. Espero que isso não estrague a poção.
- Sem conversas, direto pro salão comunal – tio Ben falou quando passamos por ele.

Passamos direto pelos nossos amigos que ainda estavam aguardando serem chamados, entre eles Haley, Victoire, Sheldon e Leslie. Nos despedimos de Jamal quando ele desceu a escada para a masmorra e seguimos para a torre da Corvinal. Julian já estava impaciente nos esperando no salão comunal e assim que entramos começamos a revisão para o exame de Herbologia do dia seguinte. Apesar de todo o nervosismo, estava confiante que tinha me saído bem em todos até agora. Tinha certeza que ia conseguir todas as notas necessárias para ser um Curandeiro.

Tuesday, July 05, 2011


- Pronta? – Arte perguntou girando as espadas.

Assenti com a cabeça segurando firme o bastão e ela partiu pra cima de mim sem dó nem piedade. Já era final de Maio e desde que passamos a correr de manhã cedo andávamos muito mais dispostas. No inicio do mês começamos a dividir o tempo da corrida com praticas de artes marciais. Todo dia encerrávamos a corrida às 6h e treinávamos na beira do lago. Enquanto eu ensinava a ela um pouco de Tae-kwon-do, ela me ensinava Kung Fu. E sempre terminávamos o treino com ela praticando com suas espadas. Claro que não queríamos nenhum acidente, então ela usava duas espadas de madeira e eu ia contendo seus golpes com um bastão improvisado que fiz com um cabo de vassoura raptado da cozinha.

Arte desferia golpes com aquelas espadas numa velocidade assustadora, quase não conseguia conter suas investidas. Tudo que eu tinha que fazer era impedir que ela esmagasse meu crânio com elas e usava o bastão para bloquear os golpes. Não podia piscar, mas no final do treino daquele dia, eu pisquei. No breve segundo que fechei meus olhos, uma das espadas acertou meu pulso com força. O impacto foi tão bruto que larguei o bastão gritando de dor e não via a possibilidade dos ossos não terem se partido. Arte largou as espadas assustada na mesma hora e correu pro meu lado.

- Ai meu Merlin, desculpa! – ela não sabia se pegava meu pulso mole ou tentava me levantar – Desculpa, desculpa!
- Calma Arte, não estou morrendo, foi só uma pancada – tentei soar indiferente, mas minhas caretas de dor não ajudavam a convencer – Sorte que não eram espadas de verdade, não?
- Não faça piadas, não tem graça! – ela brigou – Acho que quebrei seu pulso.
- Não quebrou não, olha – e girei o pulso devagar. Dor não define o que senti – Se tivesse quebrado, não estaria mexendo.
- Ainda assim, melhor irmos até a enfermaria – ela me puxou do chão desajeitada.
- Não precisa, ela vai fazer o maior drama. Um pouco de ungüento e vou estar nova amanhã.
- Isso não vai resolver com ungüento – Arte protestou.
- Não vou à enfermaria, estou bem, já disse.

Ela ainda resmungou um pouco, mas se ela era teimosa, eu era dez vezes mais. Encerramos o treino pelo dia e voltamos pro castelo. Meu pulso latejava e estava vermelho como um tomate, mas deixei-o alguns minutos de molho no ungüento quando cheguei ao salão comunal e quando sai pro café da manhã a dor já havia diminuído. Só precisava ter cuidado e ele ia ficar bom logo.

ºººººº

Dois dias depois do acidente com as espadas meu pulso ainda doía. Não como antes, mas ainda sentia um incomodo. Nada que me fizesse querer procurar a enfermeira, mas ainda não conseguia fazer movimentos bruscos com a mão direita e aquilo estava prestes a se tornar um problema. A final do campeonato de quadribol seria no próximo sábado e eu não fazia idéia de como ia manejar o bastão se não tinha firmeza na mão. Damon havia marcado um treino de emergência naquela noite e tinha que estar bem, ou ele ia me cortar do time.

Assim que as aulas acabaram fui até o campo de quadribol. Tirei meu bastão do armário e, em pé no meio do campo, comecei a praticar os movimentos necessários com ele. Comecei devagar, não queria me precipitar, e estava me saindo bem. Já conseguia girar o pulso e aquilo era tudo que eu precisava para rebater os balaços. Devia estar parecendo uma maluca no meio do gramado girando um bastão em câmera lenta, mas continuei com o exercício por quase meia hora, até ser interrompida.

- Se pretende rebater os balaços nesse ritmo, então vou mudar minha aposta para Corvinal – a voz de James me distraiu e deixei o bastão cair. Droga.
- O que está fazendo aqui? Seu time já foi eliminado, não tem mais nada pra fazer no campo.
- Posso vir aqui quando quiser – ele rebateu se aproximando mais – E se Maomé não vai até a montanha, a montanha vai até Maomé.
- Não gosto de montanha, prefiro praia – respondi o encarando, mas um sorriso idiota sempre insistia sem aparecer no meu rosto. Me odiava por isso.
- Praia não é tão aconchegante quando montanha – ele se aproximou tão depressa que não percebi. Já estava atrás de mim e afastou o cabelo do meu pescoço - Quando está frio, todos correm pros braços da montanha.
- Se der mais um passo bato com o bastão na sua cabeça – disse em tom de aviso.
- Bate nada, porque depois vai ficar cheia de remorso por ter matado seu melhor pretendente.
- Estou falando sério, James. Não dê mais um passo.
- Não preciso dar nenhum passo, já estou onde preciso – e me agarrou pela cintura, beijando meu pescoço.

Meu reflexo foi girar o bastão para acertá-lo, mas não na cabeça, claro. E quando tentei atingir sua cintura, a força que impus no movimento me fez largar o bastão gritando de dor. Minhas pernas cederam na mesma hora e se ele não tivesse me agarrando pela cintura teria desabado.

- O que houve? – James me soltou depressa e se ajoelhou ao meu lado – O que eu fiz?
- Nada, não foi você – minha voz era quase chorosa, o que era patético, mas doía demais – Eu me machuquei outro dia, não foi nada demais.
- Quem fez isso com você? – a voz dele ficou séria quando viu meu pulso já colorido.
- Eu mesma, foi um acidente – respondi enfezada – Não tente bancar o protetor, não preciso disso. E além do mais, é ridículo.
- Desculpa, foi reflexo – ele me ajudou a levantar, já sem o tom de voz sério – Melhor ir até a enfermaria, isso está muito feio.
- Não precisa, ungüento resolve.
- Você ainda não é curandeira pra determinar isso. E não estou perguntando se quer ir, estou dizendo que você vai. E não adianta esse olhar zangado.

Tentei intimidá-lo com ameaças, mas nada funcionou. Sem forças pra me manter parada onde estava, me vi obrigada a deixá-lo me arrastar até a enfermaria. A mulher levou um susto quando viu meu pulso e imediatamente olhou pro bastão na mão de James, mas contei o que havia acontecido e ela só resmungou algo sobre proibir lutas em Hogwarts enquanto emplastava meu pulso com uma mistura fedorenta e enchia de ataduras.

- Não quebrou nada, foi apenas uma luxação – disse prendendo um esparadrapo na atadura – Alguns dias e já vai estar boa.
- Alguns dias? Não tenho alguns dias, a final do campeonato de quadribol é sábado!
- Vai ter que assistir a final da arquibancada. Se um balaço ou até mesmo uma goles bater nesse pulso, vai voltar aqui com ele partido e precisar de muito mais que alguns dias pra consertar.
- É, acho que vou mudar minha aposta pra Corvinal mesmo – James comentou girando o bastão na mão.

Olhei para ele furiosa, mas era completamente desajeitada com a mão esquerda, não podia nem acertar-lhe um tapa para aliviar a frustração. Dei meu sangue nos jogos durante o ano inteiro e não ia jogar justo na final? Onde está a justiça desse mundo?

ºººººº

Fui ao campo de quadribol à noite para contar a Damon o que a enfermeira tinha dito, mas nem foi preciso dizer muita coisa. Assim que me viu chegar ao vestiário com o braço enfaixado, Damon começou a andar de um lado pro outro feito uma barata tonta, praguejando em italiano. Ainda tentei encontrar um jeito de jogar, mas ele mesmo, apesar de contrariado, me vetou. Ele não podia arriscar me machucar mais e ainda carregar a culpa de ter escalado uma batedora capenga pra final.

O treino naquela noite foi um caos. Nosso batedor reserva, Jack Goyle, não estava nem um pouco preparado para aquela partida. Ele era um garoto legal, mas não tinha sido escalado pro time por suas habilidades com o bastão na mão. Jack era do 3º ano, mas era muito maior que a maioria dos garotos do 5º. Tinha ombros largos, pés grandes, braços que pareciam os de um gorila, cabelos pretos num corte arrepiado e uma eterna cara de tédio. Assustava quem nao o conhecia e sabia que era inofensivo. E tinhamos que rezar para que isso nos ajudasse em campo.

ºººººº

Sábado, 2 de Junho.

Final do Campeonato de Quadribol, Corvinal x Sonserina.


Desastre. Essa era a única palavra que conseguia encontrar para descrever a atuação do meu substituto em campo durante a final. Acordei cedo e acompanhei o time durante o café e preleção no vestiário, mas quando todos montaram as vassouras em posição para entrar em campo me vi obrigada a subir para as arquibancadas e encontrar Jamal e Hiro. Era o pior lugar do mundo para se estar, depois que você experimentou fazer parte do time.

Achei que fosse ter um ataque cardíaco vendo Jack jogar. Mais uma vez, ele era um ótimo menino, mas não sabia o que estava fazendo montado naquela vassoura. Parecia uma criança que roubou uma vassoura numa loja de departamentos, saiu voando pra longe dos pais e se perdeu no meio de uma partida de quadribol. Keiko parecia uma louca desequilibrada berrando com ele e tudo que Jack fazia era encolher os ombros, intimidado, e tentar sem muito sucesso rebater os balaços com mais precisão.

Não vou ser cruel, ele acertou alguns balaços muito bons pra cima dos artilheiros da Corvinal, mas era 1 em 10, o que não adiantava muito. Com basicamente só um batedor em campo, não tivemos a cobertura necessária para parar o ataque das águias azuis, como eles se autodenominavam. A torcida deles entoava uma música sobre a superioridade da águia e de como ela voa mais alto que qualquer outra ave, e isso só incentivava ainda mais o time.

Julian estava incontrolável em campo e não parava de rebater balaços pra cima de Haley, ela mal conseguia tocar na goles. Ele tinha uma música só dele, e cada vez que a torcida a cantava, Julian encontrava mais gás e parecia ganhar braços extras. Mas Rupert foi quem mais me surpreendeu. Apesar de ter levado muitos gols, defendeu a maioria deles. A cada defesa sua a massa azul na arquibancada ia ao delírio. Também tinha uma música só dele, mas não conseguia entender direito o que estavam cantando. Estava ocupada demais tentando não desmaiar de tanta aflição.

Não jogamos mal, de jeito nenhum. A partida estava 140 x 90 pra Corvinal e bastava que Josh Penner, nosso apanhador, capturasse o pomo. O problema foi que Brendan Hutcherson o viu primeiro. Quando Josh percebeu que ele estava voando a toda velocidade para o alto já era tarde demais. Ele ainda conseguiu alcançar Hutcherson, mas ele estava quase um corpo a sua frente e fechou as mãos no pomo mais depressa.

O mar azul na arquibancada oposta explodiu em gritos enlouquecidos e perdemos Justin de visto no meio daquele monte de bandeiras. Sentei no banco e enterrei as mãos no rosto. Eu não era uma garota que costumava chorar, mas não consegui impedir que algumas lágrimas escorressem. Eu realmente queria aquela taça.