Saturday, July 30, 2011 Just the beginning Lembranças de Tuor H. E. Mithrandir Como eu e meus pais suspeitamos, a notícia do jornal sobre a guerra declarada pelos ministérios europeus contra os vampiros renegados explodiu como uma bomba no mundo bruxo. Os mais sensacionalistas diziam que era um prenúncio de uma nova era das Trevas, com a volta do terror criado por Voldemort. Alguns diziam que era mentira, outros preferiam acreditar que estavam exagerando. Mas eu e meus pais sabíamos bem demais que era verdade. Eu convivi com isso por três anos, mas sempre pareceu algo longínquo e distante. Meus pais trabalhavam na Execução das Leis Mágicas, por isso sabiam de coisas que não iam para a imprensa. Haviam desaparecimentos também na Noruega, na verdade em todos os países continentais da Europa. Aparentemente apenas o Reino Unido não tinha casos de desaparecimentos em massa e isso era explicado pela grande atuação dos Chronos. Os Chronos se tornaram o foco principal das notícias. Novamente alguns os defendiam, dizendo que trabalhavam e se arriscavam para nosso bem, enquanto outros os acusavam de culpados pela guerra. Todos me perguntavam sobre os Chronos e se eu tinha mais detalhes sobre esses casos, já que passei tanto tempo na Inglaterra, mas eu evitava essas perguntas e meus amigos aprenderam a me respeitar por isso. Todas as tardes eu passava em frente ao telefone, querendo ligar para Artemis ou pelo menos para um dos meus amigos da Inglaterra. Cheguei a discar o número da casa da Arte umas duas vezes, mas sempre desligava. Falar com qualquer um deles significaria ter que enfrentar meu medo e eu não estava pronto para me decidir agora. - Só um instante, eu já estou indo! – Eu gritei para a porta, largando um livro que eu fingia ler nos fundos da casa e correndo para a porta da frente. Estava sozinho essa tarde, pois meus pais estavam trabalhando. Maeglin e Milena tinham saído para ir ao cinema, Turin tinha uma entrevista para o estágio de Tradutor, Tricia e Elwing tinham saído juntas para compras. Fenrir latia animado, correndo junto de mim e tive que segurá-lo para abrir a porta, mas o larguei assustado. - Olá Viking, estava passando e resolvi fazer uma visita. – Justin falou sorrindo para mim. Eu fiquei de boca aberta olhando para ele, enquanto Fenrir se esticava todo e cheirava-o. Ele gostou do que sentiu, pois logo recebeu um carinho de Justin e latiu animado. - Justin? O que está fazendo aqui? Como chegou à Noruega? – Eu perguntei, abrindo espaço para ele. - Pedi a meu pai e ele conjurou uma chave de portal para mim. Queria falar com você. Precisamos conversar. – Ele disse, entrando e olhando em volta. Fenrir latiu animado, dando as boas vindas da casa. - Aconteceu alguma coisa? A Arte está bem? – Eu perguntei, com receio, enquanto o guiava para os fundos da casa, onde havia um pequeno jardim de inverno. - Ela está bem sim, mas é por causa dela que vim te visitar. - Ela pediu que você viesse falar comigo? – Eu perguntei admirado, mas ele começou a gargalhar. - Não e se ela souber o que eu estou fazendo, vai arrancar meu couro, literalmente. – Ele falou e eu ri junto, sabendo que ele dizia a verdade. Conhecia bem demais a Arte. - Ela é bem capaz disso. Sinta-se a vontade. Quer alguma coisa? Tenho limonada e cerveja também, se desejar, mas é um pouco forte. - Uma limonada estaria bem. E acho que seu cachorro também gostaria de algo. – Ele disse e Fenrir latiu em agradecimento. Peguei dois copos e uma jarra de limonada e a levei para a mesa do jardim. Depois enchi a vasilha de Fenrir com água fresca e ele bebeu feliz. - Você viu a notícia nos jornais? – Ele perguntou, após beber um gole da limonada. - Sim e fiquei preocupado. Não é arriscado eles declararem guerra assim? Isso pode incitar mais os vampiros. - De certa forma sim. Mas eles acreditam que assim estarão deixando a população a par do que está acontecido e eles terão a chance de se defender. E eu concordo com esse ponto. Sabia que essa idéia foi da Arte? - Da Arte? Mas porque os Ministérios seguiriam uma idéia dela? - Ela convenceu seus pais que deviam levar a guerra a público e depois convenceu o Ministro Britânico. Este por sua vez convenceu os demais. E não se esqueça que agora ela é um auror, além de membro de uma família muito poderosa e respeitada. - Ela é incrível, com tanta coisa e se preocupando com os outros. – Eu falei e sabia que meu tom de voz era de admiração e talvez até mais. Justin sorriu ao ouvir. – Mas me conte mais, como ela está? E os outros? Os garotos, as garotas? - Você está se negando até a falar com os outros? Tudo para fugir da Arte? – Ele perguntou, olhando-me severamente, e como eu fiquei calado ele tomou como um sim. – A Arte não morde. Ela pode fazer um estrago com os punhos e as espadas, mas é um doce. – Ele falou e rimos juntos. – Mas respondendo sua pergunta: estão todos bem. Tivemos um casamento em família recentemente e estavam todos lá. Muitos falando mal de você. - Eu não os culpo... E você e a Haley? - Nós terminamos. – Ele disse simplesmente, mas vi como estava chateado com isso e não queria comentar muito sobre o assunto, mas insisti. - Terminaram? Por que? - Não quero comentar disso... Só que achei melhor que ela vivesse sua vida normalmente enquanto estiver fora. Não voltarei para Hogwarts em Setembro. - Você também? Por que? - Preciso terminar alguns assuntos na minha terra natal. E você, voltará ou não? - Eu ainda não sei... – Eu respondi incerto e ele me olhou severamente de novo. Ficamos um tempo calados, mas acho que ele se irritou comigo ou deixou transparecer a irritação. - Você sabe que está sendo um completo idiota não é? – Ele perguntou, estreitando os olhos para mim. Eu o encarei e fiquei irritado também. - Ou você por terminar um namoro com alguém que gosta tanto? - Eu ao menos tive a coragem para começar o meu namoro, Tuor. Mas e você? Do que tem medo? – Ele perguntou. Ainda estávamos irritados, eu podia sentir isso, mas ele me derrubou com essa frase. - É complicado, não sei se entenderia. - Tente, sou muito compreensivo. – Ele falou dando de ombros e me encarando novamente. - Não sei se é certo começar algo com a Arte. Gosto dela, sim. - Correção. – Ele me cortou. – A pergunta é: você a ama? - Também não sei. - Ótimo você é um idiota indeciso. Tem alguma coisa de que tem certeza? – Ele zombou de mim, mas eu fiquei quieto, pois já tinha pensado isso de mim mesmo. – Escuta Tuor, me responda uma coisa: você pensa na Arte o tempo todo? - Sim. - Tem vontade de tê-la sempre ao seu lado? Tem medo de perdê-la? - Sim, mais do que tudo morro de medo de ficar longe dela. - Tuor, eles estão em guerra, acho que não percebeu o que isso significa. – Ele falou e algo na sua voz me fez ficar atento. – Não estou falando das caçadas comuns deles, estou falando em guerra declarada. As batalhas entre vampiros e o clã se tornaram mais freqüentes e mais intensas. E Arte terá participação cada vez maior nelas. Ela é poderosa, Tuor, mais do que eu e você juntos e ela quer lutar essa guerra.Nesse exato momento é provável que ela esteja reunida com seu clã para decidir novos ataques ou treinando para eles. Ou até, pode estar lutando nesse exato momento. - E o que quer que eu faça? – Eu estourei, mas frustrado comigo do que com raiva dele. - Quero que tenha coragem para admitir o que sente! – Ele falou exasperado. – Tuor, você ama Artemis e eu sei que ela te ama. Vocês dois foram feitos para estar juntos. E nesse momento mais do que nunca ela precisa de você! Já imaginou que ela pode ir para a batalha sem saber o que você sente? Sem saber se vai voltar a vê-lo? E se o pior acontecer e VOCÊ não voltar a vê-la. – Ele frisou as últimas palavras e eu senti um medo enorme como nunca senti. Não havia visto essa guerra por esse ângulo e senti uma angústia crescente. - Escuta, Viking, eu não tenho pressas ou uma lança ou um bastão de batedor como os irmãos e padrinho dela tem, mas posso te chamar para uma briga e te dar uma boa surra. – Ele falou, balançando o punho para mim. Ele tentava soar ameaçador, mas sabia que estava brincando, porém havia verdade em suas palavras. - A Artemis para mim é como minha segunda irmã. Eu faria tudo por ela. E não quero vê-la sofrer. Se você continuar magoando-a como está fazendo, eu juro que você vai ter que se ver comigo. - Eu não quero magoá-la. Só quero fazê-la feliz. - Então o que está esperando para ir atrás dela? – Ele perguntou e eu o encarei por um longo tempo. Enquanto o encarava, todos os momentos com Arte passaram pela minha cabeça. Nosso beijo queimou meu peito como fogo, mas um fogo belo e calmo. Mas então pensei em tudo que ele falou, e meu medo de perdê-la cresceu. Eu me coloquei de pé e Justin se levantou comigo. - Obrigado Justin, eu nunca vou esquecer o que fez por mim. Eu amo aquela garota e vou atrás dela. - É assim que um homem apaixonado fala. – Ele falou e apertou minha mão com força. - E você? Vai participar dessa guerra? Eu ficaria mais tranqüilo sabendo que você estaria lá também. – Eu falei, olhando nos olhos dele. - Se eu pudesse estaria lá. Defendendo os meus amigos e pessoas inocentes, mas não estou preparado. Preciso ficar mais forte e quanto mais forte eu ficar, mais poderei enviar energia para eles e para Arte e a ajudarei ainda mais. Vá atrás dela agora, Tuor, faça a feliz e cuide da minha irmã por mim! – Ele falou sorrindo e apertou minha mão. Eu sai correndo dali imediatamente, indo procurar meus pais. Justin veio logo depois de mim, após prender Fenrir por mim e trancar a porta que eu deixei aberta. Ele se despediu de mim diante da minha casa, enquanto eu corria na direção do centro da cidade. Lá havia um trem que ia para Oslo, onde encontraria meus pais em seu trabalho. No final da minha rua que me toquei que poderia pedir a Justin para me ajudar a ir para a Inglaterra, mas quando voltei ele já tinha saído. A viagem para Oslo nunca demorou tanto, mas finalmente encontrei meus pais, enquanto saiam para almoçar do Ministério. - Mãe, pai, preciso de uma chave de portal para a Inglaterra agora! – Eu falei esbaforido, após dizer que estava tudo bem. - É sobre sua amiga, Artemis, não é? Aconteceu algo? – Papai perguntou preocupado, mas mamãe me olhou compreensiva. - Que bom que se decidiu filho. Sabe onde encontrá-la? – Eu fiz que sim. Ela só poderia estar em Avalon, mas como explicaria isso para meus pais? Então decidi pelo mais fácil. - Gostaria de ir para a casa dos Chronos em Londres? – Eu falei. - Posso conjurar uma chave para você, mas não diretamente na casa. Os Chronos proíbem chaves em suas propriedades e com a guerra devem ter aumentado suas defesas. – Papai falou, pegando uma caneta e levitando-a diante de mim. – Vou mandá-lo o mais perto possível. - Só volte dela com uma nora. – Mamãe falou, piscando e eu corei, enquanto tocava na caneta. Senti o costumeiro puxão e tudo rodopiou. Arredores de Londres, Inglaterra Eu surgi no meio de um beco e soube que estava na vila próxima à casa dos Chronos, sai correndo naquela direção. Assim que cheguei próximo a casa notei o número elevado de aurores que patrulhavam a região e corri até eles. - Por favor, eu gostaria de falar com Artemis Chronos, ou algum dos Chronos, por favor. – Eu falei, tentando recuperar o fôlego. O guarda me olhou de cima abaixo, com a varinha na mão. - Não estão permitidas entradas não marcadas. – Ele respondeu, sem tirar os olhos de mim e a mão da varinha. - É importante! – Eu falei e nesse momento o portão se abriu e a prima de Arte saiu. - Algum problema, Stannis? – Ela perguntou, mas quando olhou para mim sorriu e eu sorri para ela. - Gaia, preciso falar com a Arte, é urgente! - Você é o Tuor, não? Até que enfim. Mas ela não está em casa. - Eu sei, imagino que está em Avalon. Droga, como posso ir até ela? - Eu levo você. Venha comigo. – Ela disse e nos afastamos. Quando ela estava afastada da propriedade pediu que eu segurasse em seu braço e aparatou comigo. Nunca uma aparatação demorou tanto. Avalon, Inglaterra – Lembranças de Artemis Eu estava em Avalon treinando e meditando. Estava sozinha hoje, pois queria ficar a sós e apenas Chronos me acompanhava. Convencer meus pais e Tio Quim a declarar guerra abertamente foi uma decisão que eu tomei e não me arrependo. Cansei de ver inocentes sofrendo por essa guerra sem nem saberem porque estavam sendo caçados e até assassinados. Agora as batalhas seriam mais intensas e eu iria participar delas. Precisava estar preparada, por isso estava em Avalon. Precisava treinar meu corpo e minha mente. Mas era difícil me concentrar e meditar pensando tanto em Tuor e sem ter notícias dele. Antes de declararmos a guerra, pensei em procurá-lo e engolir meu orgulho, mas não fui capaz de fazer isso e era mais motivo para eu não conseguir me concentrar. Estava conversando com Chronos na sala do Trono sobre os próximos ataques a vampiros, estudando alguns mapas e táticas, quando ele simplesmente sorriu e desapareceu. Antes que eu pudesse chamá-lo e perguntar o porquê, senti quando a barca foi chamada. Curiosa, já que eu não esperava ninguém, saí de Camelot e fui andando até a cidadela. Senti quando a barca atracou no cais e senti a presença de duas pessoas, me perguntando quem seria. Perto do Poço Sagrado ouvi a voz de Gaia e fiquei até meio preocupada, e aguardei que eles chegassem. Gaia surgiu na trilha e me sorriu, eu acenei para ela e fui em sua direção. Mas assim que a outra pessoa surgiu, fiquei paralisada. Então eu vi o Tuor. E meu coração acelerou como se fosse sair do peito. Ele estava lindo. Todo cansado e vermelho, parecendo que correra uma maratona, mais ainda lindo. Assim que ele me viu abriu um sorriso enorme, que misturava alívio, alegria e, para minha felicidade, amor. Toda a raiva, toda a frustração que eu senti por ele nos últimos dias desapareceram completamente e apenas a felicidade tomou conta do meu corpo. Ele saiu correndo na minha direção e eu me peguei correndo até ele também. Paramos a poucos metros um do outro apenas para nos olharmos novamente bem perto. Antes que eu pudesse dizer ou perguntar qualquer coisa, ele me puxou para um beijo, o melhor e mais intenso beijo que eu já dei em toda minha vida. Eu não conseguia pensar em mais nada, era como se tivesse esquecido como respirar e minhas pernas não eram capazes de me segurar. Eu só não cai porque ele me segurava, e eu abraçava-o com todas minhas forças. - Eu te amo, Artemis, e nunca mais quero sair de perto de você. – Ele falou, em meu ouvido quando paramos de nos beijar e sorriu. E como se quisesse que toda a Bretanha ouvisse, ele me abraçou e começou a rodopiar comigo, gritando. – Eu te amo! - Eu te amo, Tuor. – Eu falei em meio a sorrisos e lágrimas de felicidade, enquanto rodopiava alegre em seus braços. Gaia estava ao longe, sorrindo para nós dois, mas logo depois esqueci dela também, pois Tuor se ajoelhou diante de mim e me pediu em namoro. Ok, ai eu já não tinha minhas pernas e cai ajoelhada ao seu lado, beijando-o novamente. Toda a raiva que sentira dele desaparecera no momento que o vi. E agora eu só conseguia pensar em como o amava e que seríamos namorados. Essa palavra nunca soou tão bem. N-A-M-O-R-A-D-O-S. Ele era MEU namorado! Without you I am like I'd climb the highest mountain, All the trust that was built With every step I'm closer to home N.A.: Coming Home, Stratovarius. |