Thursday, January 26, 2012


Ele saltava de um prédio a outro, próximo dos subúrbios, em Londres. A noite estava calma, e não havia gente na rua. Droga! Ele teria que ir a algum pub, e convencer alguém a sair, se quisesse comer bem nesta noite. Chegou até o casarão velho, no lado mais pobre da cidade, onde aqueles seres imundos se escondiam como ratos. Não entendia o porque de seu mestre usa-los, mas quem era ele para contrariar o grande Cadarn?
-O que tem para mim?- quis saber a mulher. O vampiro apesar de jovem, olhou para sua garganta, até pensou mordê-la e sugar aquele sangue quente e fresco, e até pode sentir o gosto do veneno em sua boca, tamanha a sua fome, mas a dor em suas entranhas o fez lembrar das ordens de seu mestre, e se concentrou no relatório que tinha a fazer.Não era uma grande perda. Ela estava muito maltrapilha e cheirava muito mal, e ele sempre preferiu suas refeições quentes, limpas e perfumadas.
- Os McGregors não têm escolta como a garota dos Chronos, mas todos os alunos estão sendo protegidos, e o passeio do dia dos namorados não foi cancelado. Eles costumam fugir da vigilância dos aurores. De onde estava pude perceber que eles costumam sair á noite, deve haver alguma passagem secreta, pois ele desaparecem e depois de horas voltam à escola. - ele respondeu cuspindo no chão e uma leve fumaça se ergueu no lugar onde a saliva ácida caiu.
- Isso é bom! E matar Alexandra e Kyle McGregor, será fundamental para a destruição dos Chronos, eles serão apenas os primeiros... – ela disse e ele notou que os olhos dela já assumiam o brilho da loucura enquanto ela pegava a varinha, dizendo:
- Vamos, punir alguns trouxas que não sabem respeitar a ordem natural das coisas.- Ela disse enquanto aparatava até a estaçao e logo lançava um feitiço, fazendo um trem descarrilhar e o pânico se instalar entre os passageiros assustados, mas o vampiro ficou ocupado demais drenando o sangue de uma vítima antes de perceber que a mulher havia desaparecido na escuridão.


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Depois que voltamos à escola, embora disputássemos os lugares nas salas de aula com alunos de Durmstrang e Beauxbatons, nós ainda conseguiamos tempo para continuar as pesquisas com a poção para a transformação em animagos. E a ajuda veio, numa das aulas de poções.
Havia esquecido meu livro no dormitório e tio Yoshi me mandou pegar um dos vários livros extras que ficavam guardados num armário no fim da sala. Peguei um e qual não foi a minha surpresa ao descobrir que havia pego um livro que tinha sido do meu pai.Percebi que nos rodapés e nas laterais de várias poções, haviam pequenas anotações tanto em nosso idioma quanto em runas antigas. Voltei para a bancada e como JJ fazia par comigo e havia melhorado muito com as nossas aulas de reforço no terceiro ano, continuei a folhear o livro enquanto ele preparava a nossa poção.
- Não mexa em sentido horário ou vai talhar, mexa duas vezes no anti-horário, suavemente...- comentei enquanto folheava o livro e JJ se virou para mim surpreso:
- Mas você nem está vendo o que estou fazendo...Aah esquece, não vou entender mesmo como faz isso.- disse quando levantei os olhos para ele, e ele fez o que pedi. Continuei a olhar o livro, quando achei o que queria, dei um pulo:
- É ISSO!- JJ se assutou e quase derrubou o caldeirão, mas o segurou a tempo e o pessoal nas masmorras se virou para mim, enquanto o professor quis saber:
- Algo que queira compartilhar conosco Haley?- e fiquei vermelha enquanto ria sem graça.
- Desculpe professor, estou impressionada com a desenvoltura de JJ como preparador de poções, sabe que além de inteligente, ele demonstra cuidado e delicadeza com os ingredientes? É fantástico. - disse enquanto discretamente marcava a página que me interessava e o professor respondeu, enquanto o canto de sua boca se levantava ao ver que JJ ficava igual a um tomate:
- Que bom que seu parceiro corresponde às suas expectativas, podemos continuar sem grandes demonstrações de alegria?- concordei e após lançar um olhar todo sorridente a JJ, ele quis saber, falando baixo:
- Você está dando em cima de mim? O que eu te fiz?? Justin vai me matar depois não é?
- Não ele não vai te matar, JJ, mas uma coisa você pode ter certeza: hoje à noite vamos começar a descobrir como fazer o bicho pegar.- disse e seus olhos se arregalaram, quando mostrei a ele a página com a poção encontrada.

- o-o-o-o-o-o-o

Depois de contar aos meus amigos sobre a poção, começamos a prepara-la no QG. Era uma poção mais complexa do que a anterior, porém sabia que desta vez daríamos conta, pois as anotações de meu pai em cada etapa estavam muito detalhadas, o maior problema seria o tempo de preparo, que era em torno de quinze dia, e nos dias ímpares, era necessário mexer a poção em determinados horários durante a noite, então nos revezávamos, entre os horários mais malucos, e não foi fácil pois na primeira vez, acabamos traduzindo errado uma das palavras e derretemos um caldeirão e fizemos buracos na mesa, mas quem disse que seria fácil?
Recomeçamos com afinco e desta vez seguindo todas as dicas direitinho, conseguimos que a poção ficasse pronta, e quando ela estava com um lindo tom azulado, Clara e eu dissemos as palavras do feitiço, cuidadosamente anotado no livro de papai, e após aguardarmos alguns segundos, ela se tornou transparente. Nos entreolhamos animadas e as separamos em porções para cada um do grupo e a guardamos em local seguro. Avisamos aos nossos amigos, e marcamos o dia que em todos poderiam estar no QG sem gerar suspeitas entre os alunos da AD, ou dos professores. Nos reunimos no QG, e após limparmos a área, trocarmos instruções, e Justin e Clara estarem preparados em serem nossos guardiões, todos estávamos tensos. Jamal como sempre, amenizou o clima:
- Finalmente o dia em que nos tornarmos animagos chegou e tudo o que eu eu estou sentindo é o meu jantar vivendo um conflito entre ficar ou sair.- ele disse e rimos, pois nos sentiamos da mesma forma.
- Devemos começar, afinal não sabemos como vai ser, ou se vamos demorar a voltar ao normal. – disse Hiro e sugeri:
- Acho que eu devia testar primeiro, se algo der errado, vocês nem perderiam tempo e não levantaríamos suspeitas aparecendo em bando na enfermaria da escola.- e meus amigos pensaram um pouco e concordaram. Peguei a minha poção a abri e um leve vapor azulado saiu do vidro. Troquei olhares com Justin e ele disse sério:
- Estaremos com você todo o tempo.- e seus lábios se moveram para um ‘te amo’ e sorri de volta assentindo. Virei o vidro de uma vez e fechei os olhos, logo um calor imenso começou a se espalhar por minha pele, senti dificuldades para respirar, comecei a ficar tensa e abri os olhos.
Eu não sou uma pessoa alta, mas percebi que estava muito baixinha, meus olhos estavam acima da canela de Clara. Virei a cabeça e além de conseguir enxergar em um ângulo de cento e oitenta graus, percebi meu corpo coberto por lindas penas de tons castanho e branco, e consegui enxergar até mesmo uma barata correndo para se esconder, tive a impressão de lamber o bico. Acho que ri pensando que se Keiko a visse iria gritar. Logo Justin colocou seu rosto em frente ao meu e nos encaramos:
- Amor, você me entende?
- Claro que sim, não fiquei surda. Só não precisa gritar.- respondi mas ele não deve ter entendido, afinal eu falei em corujês.- Meus amigos estavam olhando maravilhados então ele esticou o braço à minha frente, e eu subi, igual havia visto as corujas fazendo com tio Hagrid, e reparei que minhas garras eram bem fortes e compridas, e ele resmungou:
- Não use estas unhas em mim, isso dói.- e eu fiz outro barulhinho que me pareceu uma risada:
- Fracote.- disse Clara se virou para os outros:
- Muito bem, galera, vamos agilizar isso, ou vamos passar a noite aqui, vimos que demorou quase 10 minutos para Pepper se transformar.
- Nossa, demorei tudo isso? Para mim pareceu que foi instantâneo...
Vi quando cada um deles, bebeu sua poção e logo pude observar suas transformações, alguns demoravam mais que outros, mas era uma coisa muito interessante de se ver.
Vi quando MJ se transformou em um macaco prego e seu topete, se destacava. Ele saltou pela sala, mas logo veio ficar ao meu lado, nos encaramos e pisquei para ele, que exibiu um tipico sorriso de macaco. Olhamos para os outros e Jamal também conseguiu se transformar em um furão com pêlos claros, mas um dos olhos exibia uma mancha preta. Lembrei que no dia anterior, numa aula de defesa pessoal, ele havia levado um soco e estava roxo, e agora como furão exibia o olho marcado. Claro que ele tinha que correr por toda a sala e testar sua habilidade em se esconder, ignorando o pedido de Clara, para se juntar a mim e MJ.Rupert se transformou numa bela águia com algumas penas avermelhadas e após um vôo na sala, veio se postar ao nosso lado, claro que sendo uma ave de rapina ele analisou MJ como se fosse o prato do dia e ele percebeu se agitando, mas Rup se lembrou de quem era, e ambos se acalmaram. Keiko agora era uma gata persa de cor caramelo e as pontas das orelhas brancas, e Lena uma gata malhada de branco e preto, e olhos cinzentos. Ambas logo estavam ocupadas caçando o reflexo do candelabro que iluminava a nossa sala. Claro que a alegria delas durou pouco, pois dois enormes cães, rosnaram. Um Husky, lindo com uma mancha preta na ponta do rabo, que não sei como identifiquei como sendo Hiro, latia irritado para a gata Keiko e ela apenas o olhava com superioridade. Eu e os meninos rimos, pois Keiko e Hiro, mesmo no mundo animal, ainda se estranhavam.
Já Julian, transformado num labrador chocolate e lindos olhos azuis, depois de rosnar cara a cara para Lena, recebeu um olhar de ‘quieto’ e ganhou uma lambida no focinho. Claro que ele começou a abanar o rabo, se deitando e Lena subiu em cima dele, como se ele fosse uma almofada. Jamal , depois de suas aventuras, subiu na mesa e se juntou a nós, esperando pelos outros.
- Homens!- pensei.
Voltei meu olhar para Arte e Tuor. Ela estava terminando de se transformar numa linda coruja das torres com marcas verticais pretas em ambas as asas, e Tuor honrando suas origens nórdicas, era um lobo branco, com uma mancha cinzenta na testa, como se fosse algum emblema. Arte alçou vôo e veio ficar ao nosso lado. fazíamos movimentos para cumprimentar o nosso amigo, que havia se transformado num Tuor, após olhar ao redor e farejar, ficou em posição de alerta, como um guardião. Reparei que JJ, ainda estava com dificuldades, e sua transformação estava demorando mais, porém ele após nos olhar, respirou fundo e se concentrou, e aí sim as tranformações começaram e quando ele abriu os olhos, havia se transformado em um papagaio e exibia um leve amassadinho no bico, por conta de uma cicatriz que ele tinha no queixo.
Ficamos todos nos olhando por algum tempo e Clara deu uma saídinha mas logo voltou trazendo uma máquina fotográfica e após pedir que ficássemos quietos, tirou nossa foto e colocaram a câmera em cima de um móvel e se transformaram, para sairem nas fotos conosco.
Após as fotografias, começamos a nos preparar para voltar ao normal e como não podia deixar de ser, demorou muito, muito tempo, e quando voltamos ao castelo o dia já estava nascendo, e fomos direto para o salão procurar o café da manhã, mesmo sendo fim de semana ainda teríamos jogos de quadribol, aulas para os futuros aurores, montes de lição para fazer, mas estávamos felizes demais para nos preocupar com isso. Afinal, quem precisa dormir quando se sabe que é um animago?
Haley McGregor Warrick às 5:09 PM

Friday, January 20, 2012


Depois da revelação de MJ no ano novo, voltar à rotina em Hogwarts foi diferente. Agora, por mais que tentássemos agir com naturalidade, era impossível não notar coisas que antes não percebíamos. Um bom exemplo era que MJ sempre foi muito popular, mas andava muito mais cercado por garotas do que garotos. Outra coisa que entendemos foi sua amizade com Dean, o motivo de estarem sempre juntos. Embora não visse os dois juntos desde que as aulas recomeçaram, ao menos agora sabia quem ele era.

Com exceção da nova percepção que tínhamos da vida de MJ, nada mudou no novo ano. As aulas continuavam puxadas, estava cada dia pior, e o castelo continuava superlotado. Aulas como Transfiguração, DCAT, Poções, Herbologia e Feitiços eram sempre junto dos alunos de Beauxbatons e Durmstrang e era muito difícil manter a concentração com tanta gente dentro da sala. Herbologia talvez fosse a pior, as estufas não eram grandes o suficiente e mesmo no frio não demorava muito para começarmos a nos sentir sufocados. O professor Longbottom fazia o possível pra manter a aula dinâmica, mas do momento em que eu pisava na estufa, só pensava na hora de sair.

As aulas de reforço com MJ acabaram se revelando mais úteis do que eu pensava e hoje era dia dela, mas a biblioteca estava entupida de gente e sem mesa vazia, então combinamos de estudar na beira do lago mesmo. Estava frio, ele estava congelado, mas era melhor que o caos que estava do lado de dentro. MJ já estava sentado com as costas apoiada na árvore conversando com JJ quando cheguei. Uma toalha estava forrada na neve e espalhamos os livros nela, começando os resumos.

- O que foi? – JJ perguntou depois de mais de uma hora de estudos, percebendo que MJ estava distraído. Ele sacudiu a cabeça e JJ me olhou – Cara, você leu o mesmo trecho três vezes.
- Você e o Dean terminaram? – perguntei vendo que ele estava do outro lado do lago e era quem distraia MJ.
- É o que parece. Ele deixou bem claro que não quer mais que isso seja um segredo e eu não acho que tenha que contar pra escola inteira. Ninguém tem nada a ver com isso.
- Foi isso que causou a briga no réveillon? – JJ perguntou e ele assentiu.
- Você já conversou com o tio Ben?
- Já, fui conversar com ele no começo da semana – fizemos cara de “e então?” e ele riu – Ele disse que eu não devo ter medo de contar ao meu pai, porque ele foi seu melhor amigo aqui em Hogwarts e sempre o aceitou. Que a única coisa que ele disse quando soube que tio Bem era gay foi “espero que eu não seja o seu tipo, porque você não é o meu e eu odiaria partir seu coração” – e começamos a rir.
- Viu? Não tem o que temer. Conte logo a ele e acabe com essa agonia.
- É, vou contar a ele na páscoa, quando for pra casa.
- Descer aquelas montanhas na prova de ciclismo foi mais fácil, não é? – perguntei rindo e ele riu um pouco nervoso, mas depois relaxou.
- Sim, definitivamente foi mais fácil. Falando nisso, como está o Lucas? Já se recuperou do tombo?
- Tombo? Que tal catástrofe? Já está bom, mas depois de três meses engessado e quase dois de fisioterapia, ele disse que não desce mais ladeira de bicicleta.
- É bom mesmo. Se descendo inteiro ele capotou em um barranco e precisou de um pedaço de osso novo pra perna, imagina se tentar de novo com a perna ruim? – JJ completou e concordamos.
- Conhecendo ele, talvez nem ande mais de bicicleta.
- O que vocês estão fazendo aqui fora, sentados na neve? – Sheldon apareceu do nosso lado, todo encapotado como se estivesse vindo do Alasca.
- Que frio todo é esse, Sheldon? – JJ riu
- Cresci em um lugar quente, inverno não é uma estação que aprecio.
- Amy mora em um lugar frio, não acha que está na hora de começar a reavaliar sua relação com o inverno? – MJ perguntou em tom de deboche e JJ e eu nos olhamos perdidos.
- Quem é Amy? – perguntei curiosa.
- A namorada dele – MJ respondeu categórico e cuspi o chiclete que estava mastigando.
- SHELDON TEM UMA NAMORADA?
- Ela não é minha namorada – ele respondeu paciente, mas ignorei.
- Há quanto tempo isso está acontecendo? – JJ também estava surpreso.
- Quase dois meses – MJ ria sem tentar disfarçar.
- DOIS MESES? – virei para Sheldon incrédula – Por dois meses, quando eu perguntei se tinha novidades, não lhe ocorreu mencionar uma namorada?
- Ela não é minha namorada! – ele agora já estava sem a paciência de antes.
- Sheldon e Amy – forcei um suspiro para irritá-lo.
- Ou como gostamos de chama-los, Shamy – MJ completou e agora Sheldon soltava fumaça pelas orelhas.
- Shamy! Que lindo! Só vou chama-los assim agora!
- Será que vocês podem parar? Sim, eu tenho uma amiga, sim, nós passamos a maior parte do tempo juntos, mas não, ela não é minha namorada.

Ele ainda tentou argumentar mais um pouco, mas não parávamos de rir e repetir “Shamy”, então ele se cansou e nos largou pra trás, caindo na neve de tanto dar risada. Ok, achava muito difícil o relacionamento dele com essa menina poder ser taxado como namoro, não conseguia imaginar Sheldon como namorado de alguém, mas ainda assim aquilo me dava munição para atormentá-lo até pro resto da vida. E eu podia perder o amigo, mas não perdia a piada. Principalmente se a piada for com Sheldon White.

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- Dra. Lupin, minha paciente do quarto 506 está grávida e quer uma obstetra para garantir que o bebê não vai ser afetado no tratamento, será que pode conversar com ela, por favor?
- Claro Dr. Wyatt, já vou até lá para vê-la. – Louise respondeu preenchendo os prontuários – Só vou terminar essa papelada e o alcanço.

O médico assentiu e virou o corredor, deixando Louise para trás. Ela terminou de preencher os prontuários dos pacientes e começou a caminhar na direção do quarto 506, mas parou ao ouvir uma voz conhecida vindo de um dos quartos daquele corredor. Voltou alguns passos e viu Lucas, o amigo de sua filha, acomodado em uma cama com um videogame portátil na mão.

- Lucas? – disse entrando no quarto, surpresa – O que faz aqui?
- Oi tia, tudo bom? – o garoto respondeu sorrindo. Lucas sempre foi surdo-mudo, mas há mais de um ano usava um aparelho que o permitia ouvir. E com a ajuda de uma fonoaudióloga, já conseguia falar, embora ainda usasse a linguagem dos sinais enquanto falava.
- A leucemia voltou? – Louise leu sua ficha pendurada na cama – Ah meu amor, sinto muito.
- Tudo bem, eu aguento. Já a venci uma vez, vou vencer de novo.
- Onde estão seus pais?
- Minha mãe foi na lanchonete e meu pai está lá na recepção acertando as coisas da internação. Você disse uma vez que esse era o melhor hospital pro meu caso e ele resolver vir pra cá dessa vez.
- Sim, aqui é o melhor, você será bem cuidado pelo Dr. Wyatt. Preciso atender uma paciente, mas volto aqui depois para ver como está e falar com seus pais.
- Estarei aqui – ele brincou e ela sorriu, saindo do quarto.

Louise saiu do quarto com a ficha de Lucas na mão, ainda a examinando. Não sabia exatamente o que, mas sabia que tinha algo errado com ela. Ele estava curado, depois de tudo a que foi submetido. E se alguma coisa não estava certa, ela precisava saber.

Sunday, January 15, 2012


- Entrem, por favor.

A porta da sala de duelos abriu sozinha e o psicólogo que trabalhava junto dos professores do curso de auror, Dr. Martin Pace, fez sinal para nos sentarmos nas duas cadeiras vazias à sua frente. Havíamos acabado de sair da aula do curso e as sessões dele eram sempre durante a semana, seu pedido para que fossemos até lá era estranho. Aquilo era diferente das sessões, quando sentávamos no sofá uma ao lado da outra por horas e não falávamos nada. Ele fazia todo tipo de pergunta, incentivava conversas sobre os mais variados assuntos, mas respondíamos apenas àqueles mais banais. Qualquer tópico mais pessoal e viráramos duas estátuas. O que quer que tenha nos levado ali hoje, não era pra uma sessão de terapia.

- Mandei chamá-las porque quero falar sobre a evolução de vocês nas sessões – nos olhamos intrigadas e ele nos encarou sério – Não houve nenhuma. Desde a primeira sessão não consegui absolutamente nada e tenho que admitir que para um psicólogo experiente isso é muito frustrante. Infelizmente isso também não é bom para vocês. O problema de confiança que vocês têm está atrapalhando seu desenvolvimento no curso e temo que as coisas comecem a piorar nesse segundo semestre, onde esse quesito se mostrará crucial nos exercícios. Não vejo um cenário onde vocês são aprovadas a menos que isso mude – ele entregou uma folha para cada uma, era nossa avaliação do 1º semestre com anotações dele e dos professores – Essa foi a avaliação que receberam, como podem ver não foi nada boa. Vocês vão ter uma segunda chance para melhorar isso, estarei fazendo outra avaliação em duas semanas. Se o quadro não mudar, serei obrigado a passar minhas duvidas quanto à capacidade das duas se seguirem essa carreira. Pensem bem no que vão fazer daqui pra frente.

Ele nos liberou e saímos da sala em silêncio, cada uma encarando sua avaliação com um olhar horrorizado. Eu estava quase em pânico, aquilo era um pesadelo. Nunca havia recebido uma avaliação ruim sequer na vida. Elena parou no meio do corredor e amassou o papel que tinha na mão, jogando em cima de mim furiosa.

- Isso é culpa sua – me acusou – Você não confia em mim, não sei nada sobre você, nunca vamos passar nesse curso desse jeito e é tarde demais pra chorar e implorar por outra parceira. Quem é a razão pra você ser tão fria e distante? – olhei para ela bufando, mas ao invés de responder, virei de costas e fui embora – Ah, não quer falar sobre isso? Que novidade! Isso mesmo, vai embora, é o que você faz de melhor mesmo!

Queria voltar e responder, mas estava irritada demais e sabia que se aquela discussão começasse, as conseqüências seriam graves. O melhor era ignorar e me afastar, então a deixei falando sozinha e fui direto para o salão principal para almoçar. Kaley e Rupert estavam sentados juntos na mesa da Corvinal absortos em uma conversa séria e quando sentei, os dois pararam de falar e me encararam.

- O que foi? – disse mal humorada.
- Kaley estava me contando que você e Lena foram chamadas pelo psicólogo depois da aula – Rupert disse cauteloso e a fuzilei com os olhos.
- Não me olhe assim, estamos preocupados! – ela se defendeu – O que aconteceu?

Contei a eles o que havia acontecido e a troca de olhares entre os dois já dizia tudo. E por mais que aquilo me irritasse, no fundo sabia que eles tinham razão. O motivo da nossa parceria não estar funcionando era minha incapacidade de confiar nas pessoas. Por mais que eu tentasse, e por mais que ela se esforçasse, não conseguia ganhar minha confiança.

- Ela a julga errado porque não a conhece, e você não gosta dela porque não tenta conhecê-la – disse Rupert – Se lhe der uma chance, vai ver o quanto ela é legal.
- Querida, você sabe o quanto eu te amo, mas é você quem está colocando todos os impasses – Kaley falou – Experimente contar a alguém algo que você não tem certeza que quer que aquela pessoa saiba. Se abra mais um pouco.
- Não é a primeira vez que recebo esse conselho – disse olhando para Rupert e ele sorriu.
- Então talvez deva aceitá-lo – ela concluiu e assenti.

Prometi me desculpar com Elena, mas não naquela hora. Precisava de um tempo para me acalmar e também para a raiva dela passar, ou as coisas poderiam ficar ainda piores. Só a procurei no dia seguinte, já no final da manhã. Ela estava sentada em um banco no jardim com Julian e cheguei a pensar em desisti, mas sabia que aquela iniciativa teria que ser minha e segui em frente.

- Tem um minuto? – disse parando ao lado deles.
- Vou estar na biblioteca – Julian informou levantando e deu um beijo rápido nela antes de sair.
- Antes que comece a falar, desculpa pelo que disse ontem – ela se apressou em dizer – Rupert me deu um puxão de orelha sobre isso e ele tinha razão, exagerei um pouco.
- Não, eu que tenho que me desculpar. Você estava certa, isso não está funcionando e a culpa é minha. Tenho dificuldade em confiar nas pessoas.
- Precisamos descobrir um jeito de mudar isso ou vamos continuar com essas sessões com o psicólogo, e não queremos isso, não é? – fiz que não com a cabeça, apavorada com a idéia. Odiava psicologia – O que precisamos é nos conhecer melhor.
- Parece um bom plano.
- Vamos começar devagar. Almoço no Três Vassouras? Eu pago.
- Agora? Não é dia de visita ao povoado, supostamente não devemos sair do castelo quando não é dia de visita.
- E supostamente não deveríamos estar treinando para enfrentar um exercito de vampiros, mas ainda assim estamos. Vamos ou não?

Hesitei por alguns segundos, mas acabei aceitando. Elena me levou até um espelho que ficava no corredor do 4º andar, próximo do alojamento dos professores. Ela sacou a varinha e bateu na ponta do espelho e ele deslizou para o lado, revelando uma passagem secreta. Olhei para ela incrédula e ela riu, me dando passagem. Dessa vez não hesitei e entrei. O túnel era amplo e mal iluminado, tivemos que usar as varinhas para enxergar, mas minutos depois estávamos saindo no porão da Zonko’s. A loja estava cheia como sempre, mesmo não sendo dia dos alunos de Hogwarts lotarem o povoado, e passamos despercebidas.

O Três Vassouras estava mais vazio e encontramos logo uma mesa para sentar. Um rapaz que era o ajudante do dono trouxe dois cardápios e nos entregou, voltando para trás do balcão. Demoramos mais que o necessário para escolher o que pedir, nenhuma sabia exatamente como começar uma conversa normal. Mas depois que os pedidos foram feitos não tínhamos mais o que fazer, então Elena deu o primeiro passo.

- Ok, se o que precisamos é nos conhecermos melhor, vou contar um pouco da minha família, acho que é a melhor maneira de começar – ela falou animada, se apoiando na mesa – Eu nasci na Bulgária, mas morei a vida toda na Romênia. Nunca conheci minha mãe, ela morreu no parto, então meu pai me criou sozinha. Meu tio, que passou um tempo preso em Numengard, me contou que ela usou uma poção do amor nele, pra que se casassem. Quando o efeito passou, bom, acho que dá pra imaginar o desastre. Meu pai é o melhor pai do mundo. Há três anos ele casou de novo, com uma antiga namorada. É a mãe do Daniel, você o conhece, e desde então passei a fazer parte da família do Julian e da Haley. Ah, e eles se mudaram pra Romênia, porque meu pai trabalha como tratador da reserva de dragões de lá e a mãe do Daniel é advogada, então foi mais fácil eles se mudarem. Sua vez.
- Certo... – respirei fundo antes de começar a falar – Eu fui adotada quando tinha 10 anos pela família Beckett. Meu pai, Jeremy, é bruxo, mas minha mãe, Lauren, não.
- Ai, não acredito que comecei logo com isso – ela bateu a cabeça na mesa – Sinto muito, não sabia que seus pais tinham morrido.
- Eles não morreram. Quer dizer, eu não sei o que aconteceu com eles, podem ter morrido. Eles foram embora quando eu tinha 7 anos. Era manhã de natal, meu irmão e eu acordamos e eles tinham desaparecido. Nunca soubemos o que aconteceu.
- Ótimo tópico de conversa, Elena. Você tem um irmão então?
- Sim, mas ele também foi embora. Ele tinha 17 anos na época, já estava no último ano em Hogwarts e quando se formou, não voltou pra me buscar. A última vez que o vi foi quando nos despedimos antes dele voltar pra escola, eu já estava sob os cuidados de uma assistente social.
- As três pessoas em quem você mais confiava a desapontaram e é por isso que você não consegue confiar em ninguém – ela concluiu e assenti – Sinto muito, se ao menos imaginasse que podia ser isso nunca teria a forçado a falar.
- Você não me forçou a nada, podia ter inventado uma história qualquer. Preferi dizer a verdade porque quero confiar em você. Não faço um bom trabalho em demonstrar isso, mas prometo que vou me esforçar mais.
- Não se preocupe, isso não vai sair daqui. No que depender de mim, ninguém vai saber o que me contou.
- As únicas pessoas que sabem essa história são Kaley, Rupert e Kevin. Nunca contei a mais ninguém, até hoje.
- Posso fazer uma pergunta pessoal? Não precisa responder se não quiser.
- Não responderia se não quisesse.
- Como você e Kevin ficaram amigos? Vocês não tem nada a ver, ele é um festeiro mimado que não quer nada com os estudos e não pretende fazer nada na vida porque é rico. E você é a pessoa mais centrada e racional que eu conheço, é extremamente inteligente e tem toda a sua vida planejada. Não consigo entender.
- Kevin chegou ao orfanato onde morei um ano antes de mim. Os pais deles eram bruxos conhecidos e foram assassinados, então ele sabia que era bruxo. E quando eu cheguei e ele viu que coisas estranhas aconteciam comigo, soube de imediato que eu também era uma bruxa e se aproximou. Nós éramos as duas crianças estranhas, que todas as outras evitavam. Isso nos uniu, ele foi o irmão que Russ não quis ser. Nós nos protegíamos e cuidávamos um do outro. Ele foi adotado alguns meses antes de mim, por outra família tradicional do mundo bruxo, e acabamos perdendo contato. Só nos reencontramos em King’s Cross, quando viemos para Hogwarts. Sei que não temos muito em comum, mas ele é o mais próximo de uma família que eu tive quando a minha me abandonou.

Ela não perguntou mais nada sobre família e mudamos de assunto, passando a falar sobre a carreira que tínhamos escolhido. O almoço passou depressa, sem que percebêssemos já começava a anoitecer e voltamos para a escola. Confiança sempre seria um problema pra mim, mas sabia que não precisava ser sempre tão insegura e desconfiada. Elena era digna de confiança e não ia mais duvidar disso. Sem que eu esperasse, havia ganhado uma nova amiga.

Saturday, January 14, 2012


Algumas memórias de Haley e Julian, dia seguinte ao baile de inverno, Dezembro 2016

- Está tudo ai?- quis saber Lena descrente quando viu o tamanho da minha mochila.Iríamos de trem ate Londres e de lá, meus irmãos viriam buscar a mim, Lena,Daniel, Justin, Olivia,e Julian para nos levar para o rancho via chave de portal.
- Vamos passar só duas semanas em casa, não um ano.- e como ela ainda me olhasse descrente, Keiko comentou chateada:
- Acho que Lena nunca foi a um dos passeios de compras da tia Alex, em final de ano, então não sabe que você vai voltar com uma mala enorme de roupas novas não é? Pena, que mamãe não me deixou ir desta vez. Mas já coloquei a minha lista de encomendas no bolso da frente, Haley. E Clara, riu, quando me jogou um saquinho de galeões:
- A minha também, no Ano Novo te livramos do peso extra. Mas e o Justin? Preparado para enfrentar o tio Logan? Porque com o tio Ty, ele ficou tranquilo, nem tremeu.
-Não vai ter nada a enfrentar, papai já o conhece e gosta dele, acha-o brilhante.- comentei e Keiko, Lena e Clara trocaram olhares irônicos entre si e caíram na gargalhada e eu disse:
- É sério, meus pais gostam dele.Tanto que ele vai ficar hospedado em casa.
- Uuhh, esta eu queria ver. Lena, você é a encarregada oficial de registar em detalhes o suadouro que o Índio vai passar no rancho com o sogrão.- disse Clara entregando uma câmera fictícia para Lena, que a pegou reverente.
- Ai que emoção! Não tema, as ordens serão cumpridas a rigor, darei a minha vida pela missão.- e como eu objetasse, elas começaram a me zoar mais ainda.Humpht! Se o encrenqueiro em questão fosse a minha mãe tudo bem, mas papai? Ele é a pessoa mais equilibrada do mundo.

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Algumas anotações de Julian

Quando chegamos ao rancho para as férias de fim de ano já encontramos toda a familia reunida, enquanto Lena e Daniel foram encontrar os pais que estavam em outra ala do rancho, aproveitei e contei aos meus pais que ela e eu estavamos namorando sério. Meu pai sorriu animado, mas minha mãe me olhou espantada dizendo:
- Como assim namorando sério? Você está tentando entrar na Academia de Aurores, não devia se distrair com um namoro agora, além do fato de serem primos...
- Não somos primos de verdade, mãe. E ambos vamos entrar na Academia, estamos indo muito bem no treinamento do tio Micah, tenho certeza que vamos conseguir passar....- como minha mãe ainda estivesse me olhando de forma crítica, olhei para meu pai, pedindo apoio e ele disse:
- Elena, é uma ótima garota, eles são jovens e se gostam não vejo problemas nisso, doçura...
- Claro que você não vê problemas Ty, você nunca vê.- respondeu minha mãe azeda e olhei espantado para meu pai, que após trocar olhares com ela, se virou para mim e disse:
- Só peço que trate Lena com respeito, não sejam irresponsáveis ok?Vá ver o resto do pessoal, todos estão com saudades. - assenti enquanto papai colocava a mão no meu ombro e percebi que havia algo a mais incomodando entre ele e minha mãe, do que o meu namoro com Lena, por coincidência eu não era o único com problemas.


De madrugada, eu e Justin estávamos andando pé ante pé, no corredor que levava ao quarto das garotas, quando ouvimos o barulho de uma arma sendo engatilhada, e uma luz que quase nos cegou, se acendeu:
- Olá rapazes!- disse o pai da Haley fazendo mira com uma espingarda, nos assustando;
- Er..Oi, tio Logan. Não está um pouco tarde para caçar?- perguntei e Justin me cutucou nas costelas.
O senhor Warrick nos encarou e se demorou em Justin, voltou a engatilhar a arma e disse:
- Estou só limpando a arma. Você sabe que uma arma suja pode disparar por acidente. E vocês estão indo aonde?- e Justin respondeu rápido. Rápido demais ¬¬
- À cozinha, senhor Warrick. Estávamos jogando video game e ficamos com fome.
- A cozinha fica do outro lado.- o pai a Haley respondeu seco e antes que Justin dissesse mais alguma coisa, eu respondi:
- Uau, estou mesmo exausto e não prestei atenção, já íamos mudar de direção. Boa noite, tio. Nos viramos e começamos a ir para a cozinha, quando tio Logan se juntou a nós dizendo:
- Bom, eu vou com vocês, já está tarde e não é bom vocês ficarem o resto da noite perdidos pela casa, podem acordar os outros. Sabem desde Hogwarts eu também costumo visitar a cozinha à noite, bem, algumas vezes era só uma desculpa para encontrar a Alex. – rimos amarelo, e não o interrompemos. Ele ficou conosco até terminarmos de comer e depois nos acompanhou ao nosso quarto, como se tivéssemos cinco anos de idade. Claro que tudo que acontece no rancho, o mundo fica sabendo e logo Lena, Haley e os outros primos souberam do ocorrido e riram muito das nossas caras. Após o café da manhã, minha avó convocou as garotas e algumas das mulheres da familia para irem às compras. Vovó Virna, tia Millie e tia Megan, mãe de Edward ficaram encarregadas das crianças pequenas, assim tia Morgan e minha mãe, poderiam ter um tempo de folga e ir junto com elas.
Como o dia estava claro e agradável meu pai chamou todo mundo para jogar futebol americano, e eu fiquei no time dele, junto com tio Logan, Daniel,tio John e Cody. Justin foi colocado no time do tio Carlinhos, junto com Ethan, tio Declan, e Brian. Edward seria o juiz, no caso de alguma briga, só ele teria força para separar rapidamente sem ajuda.
O jogo começou bem e estava bem divertido, volta e meia havia alguns esbarrões, alguns xingamentos, zoações, coisas típicas de família, porém houve um momento que tio Logan, foi bloquear Justin, e a dividida foi um pouco violenta, deixando os dois caídos. Edward, apitou e todos correram até o meio do campo. Tio Logan logo se levantou, mas Justin se demorou um pouco, e deu para ouvir alguns ossos estalando, enquanto ele tentava levantar. Haley apareceu, correndo toda preocupada:
- Tudo bem com você, Justin? Pai porque fez isso?- ela perguntou irritada e tio Logan se defendeu:
- Hey, ele também entrou forte na jogada.Só me defendi, não tenho culpa se o seu namorado, é molenga.- ele provocou e Justin o encarou, se levantando dizendo:
- Foi uma ótima jogada de defesa senhor Warrick,me pegou distraído. Vamos voltar ao jogo.- Haley abriu a boca para protestar, quando Justin a puxou e beijou dizendo:
- Vai ficar tudo bem, amor. Senti saudades.- e Haley sorriu melosa, e foi engraçado ver a cara feia de tio Logan. Começamos a nos arrumar no campo novamente, quando olhei ao redor e quis saber:
- Cadê a Lena?
- Está lá dentro, tem muita coisa para guardar, vou lá ficar com ela. – disse Haley voltando para dentro de casa. Senti que havia algo diferente em seu tom de voz, mas não me preocupei muito com isso, se houvesse algum problema ela me contaria. Recomeçamos o jogo, e após mais algumas jogadas violentas entre tio Logan e Justin, meu pai interviu:
- Logan, acho que você e Justin deviam sair de campo e conversar antes que se machuquem.
- Não temos nada a conversar. O que há? Futebol virou esporte para fracos agora? - tio Logan disse saindo irritado e Justin foi atrás. Bom, eles não estavam falando muito baixo, então todos paramos para ouvir:
- O senhor está agindo como se eu fosse seu inimigo e eu não sou.- e tio Logan respondeu ríspido:
- Não é meu inimigo? Tem noção do que é ouvir a sua garotinha chorar por um babaca adolescente que a magoou e não poder fazer nada? – e foi como se ele tivesse batido em Justin, ele não sabia o quão mal Haley tinha ficado e tio Logan continuou:
- Ela perdeu peso, parecia um zumbi pela casa. Demorou dias até ela voltar ao normal e agora você está aqui, todo cheio de si, bancando o namorado apaixonado outra vez. Só quero avisar que se ela derramar uma lágrima por você novamente, ah garoto...ninguém vai me segurar como da outra vez.- e ele olhou para o meu pai, que fez que sim com a cabeça.
- O senhor tem razão em estar zangado comigo. Eu fui um completo idiota. Mas eu nunca deixei de amar a Haley, e agora que eu consegui que ela me desse uma nova chance, eu não vou desapontá-la. Se o senhor achar que estou mentindo, pode usar Veritasserum, ou outra poção da verdade, sou capaz de qualquer coisa por ela, e talvez um dia o senhor se convença disso. Se achar melhor, eu vou embora, não quero que ela veja este clima estranho, ela é maluca pelo senhor, e não quero que vocês briguem.- eles ficaram se encarando por algum tempo, até que tio Carlinhos se aproximou e colocou a mão no ombro do tio Logan, e após uma troca de olhares entre eles, tio Logan suspirou:
- Desculpe chama-lo de molenga...Percebi que você estava se segurando para não revidar.Não precisa ir embora, minha filha iria ficar chateada comigo e minha mulher me esfolaria vivo, se eu atrapalhasse a festa...Bem, não vou trata-lo mal, mas saiba que não confio em você. Vamos jogar pessoal.- ele saiu andando para o outro lado, Justin, estava confuso e olhou para o meu pai e ele disse:
- Não posso tirar a razão do Logan, se fosse com a Liv, eu teria batido mais. Agora, fique firme e aguente o que vier. Justin assentiu e voltamos ao jogo, e todos tentaram agir como se nada houvesse acontecido.

o-o-o-o-o

Por Haley

Quando fomos às compras, não esperava que fosse rolar um pequeno estresse entre minha cunhada Rory, Lena e a prima Mary, e tudo por causa de um namoro.
As três trocaram farpas, Lena disse que ia embora para a Bulgária, porém minha mãe entrou no meio , dizendo que ninguém ia brigar quando o Natal de toda a familia era no rancho. E com o jeito meigo dos McGregor, deu uns gritos, ouviu uns gritos de volta, mas fez com que elas conversarem e ao final fizeram as pazes, com Rory se desculpando com Lena e Mary, dizendo que odiava brigar, especialmente com pessoas que ela amava, e Mary estava muito emotiva, acabou contando que estava grávida, o que fez com que Rory chorasse de arrependimento, e depois choraram juntas, vi Lena enxugando umas lágrimas, que ela jura de pés juntos, que nunca rolaram por seu rosto, depois desta sessão desabafo, todas começamos a rir, e nossas compras aumentaram , pois incluímos enxoval para bebê. Nunca pensei que um dia eu ficaria exausta de tanto comprar. Voltamos para o rancho, e após ver a entrada violenta de meu pai em Justin, quis me envolver, mas eles acabaram se resolvendo e o clima estranho que havia entre eles, parecia não existir mais. Mais, tarde fiquei sabendo por Lizzie, que meu pai e Justin entraram numa espécie de trégua, pois Justin precisa provar ao meu pai que não vai me fazer sofrer. Que absurdo, como Justin pode garantir isso? ¬¬
Quis conversar com meu pai, mas minha mãe impediu. Disse que isso era uma daquelas coisas de homens, e que eu devia dar tempo ao tempo, caso eu me envolvesse seria falta de confiança tanto em meu pai quanto em Justin.E ate Lena concordou com ela.
Bem, o que quer que tenha acontecido naquele jogo, ficou para lá, afinal o que seria de uma reunião de família, sem um pouco de drama? Naquele dia mesmo, o restante da familia chegou, e como se algúem lá em cima quisesse um feriado mais que perfeito, fez mais frio que o normal, e tivemos que usar casacos mais pesados e acender as lareiras, para festejarmos aquilo que eu considerava como o melhor dia do ano: o Natal.

Tuesday, January 03, 2012


- Atenção, atenção! – Jamal, James e JJ subiram em cima da mesa cada um com uma garrafa de champagne na mão – Dez segundos!
- 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1! Feliz ano novo!

As rolhas explodiram da boca das garrafas, espalhando espumante por todo lado. Todos ergueram suas taças para brindar e depois correram para as janelas para ver a queima de fogos na beira do rio Tâmisa, trocando abraços e desejos de um feliz ano novo. Pela primeira vez, todos estavam reunidos para passar a virada do ano sem os pais. A festa era só para a turma de Hogwarts e a anfitriã era Amber, única cujos pais estavam viajando. A idéia não agradou de início, mas Kaley e Rupert foram capazes de convencê-la que seria uma ótima maneira de socializar mais.

Quase todo o 7º ano estava presente, as ausências eram somente aquelas que não estavam sendo sentidas. E dessa vez não estavam só os que moravam na cidade. Tuor veio da Noruega para passar a festa com os amigos, assim como Keiko e Hiro abandonaram a comemoração em família no Japão para estar ali e Haley, Julian, Elena e Justin, apesar dos protestos, recusaram a famosa festa dos McGregor. Todos queriam passar a virada do ano da formatura juntos. A festa seguia animada desde as 20h, mas prometia ficar ainda melhor agora que as garrafas de champagne começavam a esvaziar mais depressa e qualquer música que saía do rádio parecia ser perfeita. Quando os fogos acabaram a festa recomeçou. James aumentou o volume do rádio e o tapete persa da sala desapareceu quando todo mundo fez dele uma pista de dança. Amber arriscou dançar um pouco também, arrastada por Rupert, mas cansou depois de um tempo e se largou no sofá, admirando um dos quadros de sua mãe que agora ganhara um novo toque de espumante.

- Isso é um desastre – disse quando Kaley sentou ao seu lado – A casa está destruída!
- Não tem nada destruído, só está bagunçado. Relaxe, Amber. Quando a festa acabar vamos ajudá-la a limpar tudo. Com magia, tudo vai ficar como era antes.
- Não acho que vamos conseguir retocar aquele quadro com magia.
- Sabe o que eu desejo pra você nesse novo ano? – Kaley segurou os braços da amiga e a encarou com uma expressão séria – Eu desejo que você cometa erros.
- Você está bêbada.
- Sim, estou, mas deixe-me explicar. Se você está cometendo erros, é porque está experimentando coisas novas, coisas que você nunca tentou antes. Na verdade, é o que eu quero para todos nós, vamos cometer erros! Pare de se preocupar tanto quando as coisas não estão perfeitas ou do jeito que você quer. E o que quer que você tenha medo de fazer, não tenha. Faça. Isso faz sentido?
- Na verdade, faz.
- Então! Cometa erros! Sabe um erro que você devia cometer agora mesmo? – ela fez que não com a cabeça e Kaley apontou pro outro lado da sala, onde Rupert conversava com Jamal – Beije o Rupert.
- Está louca? Não posso fazer isso, ele tem namorada.
- Olha só, já cometeu dois erros em uma única frase. O certo seria “Não quero fazer isso, eu tenho namorado”. Namorado que, por sinal, nem veio à festa.
- Ele viaja com a família todo ano nas festas.
- E Sophie está passando o ano novo com sua família na França, portanto, oportunidade perfeita.
- Eu não vou fazer isso.
- Covarde.
- Não sou covarde! – Amber se defendeu, olhando indignada para a amiga – Não vou fazer isso porque é infantil, não porque não tenho coragem.
- Então prove e vá até lá beijá-lo!
- Você ouviu o que eu acabei de dizer?
- Tudo que ouvi foi uma galinha cacarejando – e começou a imitar o som de uma galinha.
- Vai me deixar em paz se eu fizer isso? – ela assentiu, ainda cacarejando, e Amber atirou uma almofada em seu rosto – Está bem então.

Amber levantou decidida do sofá e traçou uma reta até onde os dois garotos conversavam, sendo observada atentamente pela amiga. “Desculpe por isso, é culpa da Kaley”, disse quando parou na frente do amigo e antes que ele pudesse perguntar alguma coisa, agarrou a gola de sua camisa e o puxou para um beijo. Foi um beijo mais demorado do que ela planejava. Ela o soltou, se desculpou mais uma vez e saiu, deixando os dois garotos atônitos. Kaley estava dando pulos de alegria quando ela a reencontrou no sofá.

- Foi bom? – ela perguntou e não ouviu uma resposta, mas o sorriso que Amber não conseguiu impedir que se formasse em seu rosto disse tudo que Kaley precisava saber.

°°°°°°°°°°

- O que acabou de acontecer aqui? – Jamal disse perplexo.
- Não tenho a menor idéia – se Jamal estava perplexo, Rupert estava em estado de choque.
- Ah não cara, por favor!
- O que?
- Eu conheço essa cara, não faça isso. Ela tem namorado e você tem namorada, hoje é ano novo. O que acontece nessa noite, morre com ela.
- Nunca ouvi falar disso.
- Está ouvindo agora. Você ganhou um beijo de graça de uma gata que não é sua namorada, fique feliz e siga em frente.
- Hei, Jamal! – MJ gritou do meio da sala segurando uma garrafa de tequila – Duelo de titãs!
- MJ já bebeu demais... – Rupert comentou e Jamal assentiu – Acha que é uma boa idéia?
- Provavelmente não, mas como disse: o que acontece hoje, morre hoje.

Jamal se aproximou do amigo e sentou-se à mesa de frente para ele, puxando um copo. Logo uma roda se formou em volta dos dois, os incentivando a beber mais a cada copo que viraram. Jamal tinha uma boa resistência ao álcool, mas também sabia que tudo tinha um limite. Quando viraram o oitavo copo e MJ, já tombando, ainda queria mais, levantou da mesa e deu a vitória ao amigo.

- Companheiro, acho que você já está legal por hoje, não é? – ele tentou impedir o amigo de abrir outra garrafa.
- Hoje é festa! Quem mais quer fazer duelo? – gritou com a garrafa erguida e Kevin levantou a mão, mas Rupert tomou a garrafa dele.
- Não, chega, daqui a pouco entra em coma alcoólico!
- É, vamos dar um tempo, que tal beber uma água? – Jamal o pegou pelo braço, mas MJ escapou.
- Só se puder me pegar!

Antes que eles pudessem segurá-lo outra vez MJ já havia corrido pro outro lado da sala. Pulou por cima do sofá, esbarrou em Clara e James que se beijavam no canto do corredor e se trancou no banheiro. Tirá-lo de lá não foi fácil. MJ só saiu quando James prometeu disputar o duelo de titãs com ele, e para fazê-lo beber um café teve que colocar em um copo de tequila e desafiá-lo a virar. Conseguiram arrastá-lo até o sofá com a intenção de fazê-lo comer alguma coisa, mas antes que o prato de comida chegasse tudo já havia sido vomitado.

- Ok, chega de festa – Jamal pegou o amigo pelo braço e Rupert ajudou apoiando o outro – Vamos levar você pra casa.

°°°°°°°°°

- Rupert, segura ele! – Jamal largou MJ na cama e abriu a gaveta de roupas.
- Ele não devia tomar um banho antes? Está todo vomitado.
- Eu não vou dar banho nele, você vai? – e Rupert negou – Então ele vai dormir vomitado. Aqui MJ, tome, vista esse pijama.
- Desculpem – MJ pegou o pijama e sentou na cama torto, tentando tirar a camisa – Eu não sou quem vocês pensam que eu sou.
- Você só está bêbado, amanha você lembra quem você é – Rupert disse e ele e Jamal riram.
- Não, eu sou uma mentira – ele insistiu e começou a chorar. Os dois se olharem sem saber o que fazer – Meu pai nunca vai me perdoar.
- Claro que seu pai vai perdoar você – Jamal não sabia do que ele estava falando, mas era melhor não discutir.
- Não, não vai! – MJ continuava chorando, a camisa do pijama presa na cabeça sem sair do lugar – Eu o decepcionei. Nem consigo dizer a verdade a ele.
- Olha, tenho certeza que seu pai vai entender se conversar com ele – Rupert também entrou na conversa sem sentido.
- Como posso contar a ele que sou gay? Não entendem como isso vai desapontá-lo?

O silêncio caiu sobre o quarto. MJ continuava chorando tentando vestir o pijama e Rupert e Jamal trocaram um olhar surpreso, ambos sem saber o que dizer ao amigo. Só quando MJ finalmente conseguiu vestir o pijama e os encarou com o rosto molhado de lágrimas foi que Rupert levantou e foi até ele.

- Você bebeu demais hoje, está emotivo. Amanhã, quando acordar sóbrio, conversamos.
- Ok. – e deitou na cama, puxando a coberta pra cima do corpo e apagando na mesma hora.

°°°°°°°°°

MJ acordou na manhã seguinte sem saber onde estava. Levou alguns minutos observando o que tinha ao seu redor para perceber que não estava em seu quarto, e sim no quarto de Jamal. Sentou na cama devagar, a cabeça pesada e latejando, e viu os dois amigos sentados do outro lado do quarto, o encarando.

- Cara, o que você fez ontem? – Rupert quebrou o silêncio.
- Exatamente a minha pergunta, o que eu fiz?
- Você vomitou em tudo, cara – Jamal falou – O tapete persa da menina, de 500 mil libras. O sofá de estofado de algodão egípcio, você destruiu a casa dela num vomito.
- Eu não fiz isso.
- Sim, fez. E depois trouxemos você pra cá, você chorou dizendo que tinha desapontado seu pai.
- Por ser gay... – Jamal completou e eles esperaram a reação de MJ – Algum comentário sobre isso?
- Não estava bem ontem, acho melhor ir pra casa – ele levantou e fez menção de sair, mas os dois bloquearam a porta.
- Você não vai a lugar algum sem antes falar a verdade – Jamal cruzou os braços, um sinal claro de que não estava brincando – Por que não nos contou antes?
- Não tive coragem. Fiquei com medo do que vocês podiam pensar de mim se soubessem.
- Achou que íamos mudar a forma como o tratamos, só porque gosta de garotos? – agora foi Rupert quem cruzou os braços – Só pode estar de brincadeira.
- Somos seus amigos, cara. Até o fim, não importa o que aconteça. Nunca íamos tratá-lo diferente por causa disso, nem por motivo algum.
- E nem seu pai vai, mas se está inseguro de contar a ele, converse com o tio Ben antes. Tenho certeza que ele será mais útil que nós dois em conselhos nesse departamento.
- Desculpa não ter dito nada antes, vocês têm razão.
- E deve contar ao resto da turma também, hoje mesmo.
- Eu vou, mas antes preciso tomar um banho, estou fedendo a vomito.
- É, faça isso, vamos chamá-los aqui enquanto se livra desse fedor – Jamal puxou uma toalha do armário e atirou para o amigo.
- E depois vai comigo até a casa da Amber, tem um pedido de desculpas a fazer pelo tapete e sofá estragados.
- Merlin, que vergonha. Vou pedir desculpas a ela, com certeza.
- Agora vai logo tomar banho, meu nariz está começando a arder com esse fedor.

Quando MJ saiu do banho, seus amigos já estavam na sala aguardando ansiosos para saber o motivo de Rupert e Jamal terem tirado todos da cama tão cedo. MJ contou a eles a verdade e depois de ouvir uma bronca por ter achado que não receberia o apoio de seus amigos de infância, ouviu palavras de incentivo para se abrir com o pai. Não ia ser uma conversa fácil, ele sabia disso, mas também sabia que não podia viver em uma mentira. Se queria começar a viver de verdade, não poderia ser como alguém que ele nunca foi.