Friday, September 30, 2011


Das anotações de Haley McGregor Warrick

Depois da conversa que tive com Justin nas estufas, ele não tentou mais se aproximar, e eu procurava agir como eu havia dito que faria: o tratava de forma educada, mas não dava a ele a mesma liberdade que Hiro, JJ, Jamal tinham comigo, e isso algumas vezes, causou um clima estranho quando estávamos em grupo, mas diminuiu quando comecei a sair com Zach. Não éramos namorados ou coisa do tipo, mas eu estava me acostumando a estar com ele, que era carinhoso, franco e muito divertido, sem ser grudento.Tínhamos muita coisa em comum, e devo confessar uma fraqueza: eu adoro aquele jeito ‘viva e deixe viver’, que Zach tem. Ele não ficava de segredinhos com outras pessoas, e se havia algum problema entre nós, do tipo ele ou eu querermos sair com outras pessoas, éramos maduros o bastante para falarmos um para o outro numa boa, sem mágoas e no dia seguinte, era tudo normal entre nós.
Mas havia Justin. Embora eu não quisesse estar com ele, eu sentia o seu olhar em mim, várias vezes ao dia, quando estávamos nas aulas, e isso eu conseguia administrar, o que me preocupava eram os sonhos.
Desde aquele beijo, eu havia começado a sonhar com ele...Não, nem sempre eram sonhos românticos,estes eu conseguia deixar de lado, na maioria das vezes. Eram sonhos diferentes, era como se fossem memórias ou sei lá...Premonições.
Uma vez o vi lutando contra criaturas das trevas, com formas muito estranhas e ele parecia mais velho, em outra o vi como criança, devia ter uns 10 anos, e ele chorava junto a um túmulo, e não sei como, eu soube que era o túmulo da mãe dele. Um que me assustou muito, foi vê-lo vestido com as roupas rituais e ele estava coberto de sangue, enquanto abraçava uma garota de cabelos claros e longos, que parecia morta. Havia luz ao redor deles, e ele recitava palavras que eu sabia serem de rituais indígenas, e a garota era muito parecida com a Arte ou talvez a própria. Na noite que eu sonhei com isso, perdi o sono, com o mapa na mão, fui para a torre de Astronomia, esperando o dia amanhecer, não demorou e vi quando um lobo marrom avermelhado, saiu da floresta proibida. Ele deve ter me visto pois parou e ficou sentado me encarando por algum tempo. Abaixei os olhos por um segundo e quando os ergui, ele não estava mais lá.Aquele dia, Justin não apareceu no café da manhã. Acabei deixando estes sonhos de lado, assim que possivel conversaria com Griffon ou Emily sobre eles, talvez fosse algum efeito colateral dos poderes que Justin havia me dado, o que eu não faria nem morta, era dizer a um ex namorado que eu estava sonhando com ele.

o-o-o-o-o-o

Sabiamos que este último ano, seria o tudo ou nada para nós, não só na escola, mas principalmente por causa do campeonato de Quadribol. Quando assumi o posto de capitã, prometi a mim mesma que iria fazer tudo o que pudesse para ganharmos a taça e se isso incluísse treinos secretos, até o começo do campeonato, sem problemas. A causa era justa.
- E ai? Tudo certo?- perguntei a Hiro quando ele entrou no vestiário apressado.
- Todos os pontos totalmente bloqueados, minha capitã.- ele bateu continência e rimos, Leslie e Sheldon entraram logo atrás.
-Devo deixar bem claro, que o oficial comandante desta operação, sou eu Hiro. Haley é apenas uma atleta encarregada de levar as vassouras para o ar e ganhar alguns pontos para nossa casa, mas será graças a mim, que a arma secreta irá funcionar. – disse Sheldon e eu respondi:
- Sheldon eu sou a capitã do time de quadribol e você é o chefe da segurança dos treinos secretos ok?- mas ele rebateu:
- Chefe da segurança? Mereço uma patente mais digna, pelo menos capitão como o grande Kirk....Afinal se não fossem os feitiços complexos e altamente seguros que coloquei ao redor do campo, o seu treino não seria tão secreto assim.- vi Hiro revirar os olhos, e Leslie o olhou irritada, respirei fundo, afinal era o Sheldon e disse séria, empurrando a vassoura para ele:
- Quer voar no meu lugar?
- Claro que não, não sei de onde tirou esta idéia absurda, Warrick. Todos sabem que...- o interrompi antes que começasse seu monólogo sobre um vôo seguro. Virei-me para Hiro:
- Os feitiços vão funcionar? - e Sheldon não o deixou responder, dizendo todo emproado:
- É claro que vão funcionar. Com a minha supervisão e talento inquestionável, todo invasor que se aproximar a 5oo metros do campo de quadribol, será descoberto.- e Leslie disse:
- Adicionei uma buzina, que vai alertar a todos, dando tempo de escondermos...’A arma’.- e Sheldon respondeu:
- Considerei este seu toque pessoal, coisa de amador. Ao invés da buzina, o espião poderia receber uma alta dose de feitiço soluçante. Seria muito mais efetivo.- antes que os dois começassem a discutir, chamei o pessoal para o treino e os deixei para trás. Era o momento de descobrir se a nossa aposta era acertada.

Já haviamos treinado por duas horas, e todos do time sem exceção estavam animados, quando ouvimos as sirenes disparar e várias luzes piscarem na direção dos vestiários. Keiko e JJ, como já haviam sido instruídos antes, pegaram os nossos atletas e fizeram um feitiço desilusório, para que pudessem sair do campo sem serem reconhecidos, misturados aos outros colegas de casa que já estavam em locais demarcados. Eu, Clara, e Jack Goyle voamos em direção ao invasor, haveria pancadaria com certeza. Quando aterrissamos, além de alunos de outras casas que foram alertados pelo barulho e confusão, vimos Justin e Zach se empurrando, e gritando um com o outro:
- Olha só o que você fez seu desastrado....- gritou Justin e Zach revidou:
- Desastrado é você, seu mané. Aliás, tá fazendo o quê aqui? Espionando pra Corvinal?
- Eu? Claro que não, mas você deve ter vindo aqui pra descobrir a arma secreta dos sonserinos, já que sua casa é a primeira a jogar contra eles.
- Não seja ridículo, estou aqui porque vim buscar a minha namorada.Aliás, você ainda não explicou o que veio fazer aqui.Opa, deixa adivinhar: veio atrás da minha garota foi?
- E se for? Tem medo da concorrência?- eu estava atordoada ouvindo aquela discussão absurda quando vimos Julian, chegar correndo e se meter entre os dois.
- Ooww, o que é isso, vamos nos acalmar aqui...Vocês podiam ajudar.- ele disse olhando feio para nós, enquanto afastava Justin de Zach, que estava sendo contido por Jamal:
- Isso era um treino fechado, então que os intrusos se matem. Queremos sangue!- respondeu Clara debochada.- resolvi falar:
- Ninguém vai se matar aqui, não quero pegar suspensão por culpa de dois idiotas que não sabem respeitar o espaço alheio.Justin, Zach vão embora por favor, se meus treinos forem bloqueados por culpa de vocês, quem vai mata-los sou eu.
- Haley, eu não vim aqui espionar, eu juro.- disse Zach e Justin bufou:
- E nem eu! Minha casa não precisa deste tipo de manobra para se dar bem no quadribol.
- Então veio porque? Queria tomar o ar da noite, princesa?- provocou Zach e Justin riu entrando na onda:
- Você já sabe o motivo de eu estar aqui, achei que fosse mais esperto. É, deste jeito vai perder a garota se continuar assim. - ele respondeu me olhando, e isso bastou para Zach se soltar e voar nele, logo os dois estavam embolados no chão. As pessoas só iam abrindo espaço.
- Uháá! Dois caras brigando pela Pepper, vamos ao bolão de apostas.Um galeão no Índio, ele sabe brigar sujo.- começou a zoar Clara, quando vimos Justin dar uma cotovelada em Zach.
- Pois eu aposto no Zach, ele tem potencial.- disse Goyle e eu o olhei feio.
Justin, tinha todo o treinamento, mas Zach também era bom, porém ele estava começando a levar a pior, quando vimos Julian entrar no meio dos dois, e dar um empurrão em Justin.
- Pára com isso! Não vou deixar você acabar com ele. – enquanto o encarava. Zach que tinha o lábio machucado, mas não se rendia, estava sendo contido por Jamal e Rupert que havia chegado com Amber , e ela já tinha a varinha em punho.
- Solta ele, Corvo, eu dou conta.- disse Zach e Julian olhou de volta:
- Hoje não, parceiro, preciso manter você vivo ou não entro na Academia, somos uma equipe lembra? – Justin ao ouvir iso, se soltou do braço de Julian, irritado:
- Tudo bem. Não vai haver mais briga.- ele olhou ao redor e parou em Clara, e ela disse logo:
- Nem vem, você está todo errado aqui e sabe disso. – ele ergueu o queixo e me olhou nos olhos:
- Eu sinto muito, de verdade.- e foi embora sem olhar para trás.Virei-me para Zach e disse:
- O que vou fazer com você Boston? Você tá todo machucado...- e ele tentou sorrir mas fez uma careta de dor:
- Não precisa fazer nada, só fica comigo.- acabei sorrindo e o beijei nos lábios:
- Melhor?
- Sim, muito melhor.Beijo de namorada cura tudo não é? - ele falou meio que perguntando e quando olhei para ele, respondi:
- Sim, beijo de namorada cura tudo. – e o beijei novamente.
Quando começamos a ir embora de mãos dadas, vi Justin parado com a mão nos bolsos, me olhando. Não pude evitar meu suspiro de alívio, quando vi que ele já não estava mais tão machucado.



Lembranças de Artemis A. C. Chronos

Todos estavam animados com as aulas avançadas de DCAT. E acho que eu era a mais entusiasmada. Nunca tinha percebido como gostava de ensinar, na verdade, era a turma que me animava tanto assim. Saber que estava ensinando e ajudando meus amigos me fazia querer treiná-los e prepará-los para tudo possível.

Haley e Kika ainda reclamavam quando tinham que acordar de madrugada, mas já começavam a mostrar melhoras em suas condições físicas. Eu havia lhes dito que precisavam ter um bom preparo físico se pretendiam enfrentar um vampiro, mas sabia que eles precisavam também aprender novos feitiços e magias. Então, tentando equilibrar as aulas, dividi-as em duas aulas práticas e uma aula teórica por semana.

Nas teóricas eu ensinava e mostrava os novos feitiços e magias, explicava sobre criaturas das trevas, sobre vampiros e sobre necromantes. Já nas práticas, às vezes eu os fazia praticar duelos entre si e comigo, às vezes intensificava os treinos físicos com atividades extras, às vezes ensinava feitiços passo a passo e às vezes ensinava estratégias de ataque, defesa e guerra.
Eu dava muita importância para essas aulas de estratégia, pois precisava que eles aprendessem como atacar e como se defender, além de aprenderem a tomar decisões rápidas. Clara, Haley, Julian, Justin e Hiro já tinham facilidade em tomar decisões rápidas devido aos esportes que praticavam ou da família. Nessas aulas usávamos muito mapas de Hogwarts e de seus arredores, estudando tudo que pudéssemos. A sala dos Fundadores parecia querer nos ajudar, pois ainda nos primeiros dias em que a arrumávamos, encontramos um mapa antigo de todo o vale de Hogwarts e Hogsmeade. Havia dezenas de passagens secretas e anotações que nunca vimos em nenhuma das versões do Mapa do Maroto. Passei a estudá-las com meus amigos e tinha dias que passamos a noite inteira mapeando e conhecendo essas novas passagens. Sun Tzu já dizia “Aquele que não conhece a si mesmo, nem o inimigo, nem o terreno está fadado à derrota”.

Usei muito dos ensinamentos de Sun Tzu em minhas aulas de estratégia, além de jogos trouxas como War, Warcraft, Age of Empires e Starcraft. Era uma forma de ensinar estratégia de guerra para eles e ao mesmo tempo nos divertirmos em campeonatos. Fazíamos essas coisas na sala de Estudos Trouxas e não levantávamos suspeitas. Outra atividade que fiz nessa sala foi uma aula de Spinning, uma atividade trouxa realizada em bicicletas para melhorar o ritmo cardíaco e preparo físico.

- A única coisa que vocês jamais podem fazer ao enfrentar um vampiro é ficarem parados! – Eu falei, andando por entre meus amigos, que corriam em círculos ao redor da sala. – Não adianta acharem que serão capazes de alcançar a velocidade deles. Um!
Com meu grito, todos pararam de correr e começaram a socar alguns manequins que eu conseguira trazer para o abrigo da floresta. Estava ensinando alguns golpes de boxe e kung fu e os fazia repetir uma seqüência de golpes rápidos com os punhos alternadamente.
- Mas é importante que nunca fiquem parados. Sempre se mantenham em movimento e com uma boa distância entre o vampiro e você, para que você tenha espaço para agir e tempo para pensar. Dois!
Agora eles pararam de socar os manequins e formaram duplas, sentando-se no chão. Eu os observei praticando abdominais, enquanto o outro segurava os pés da dupla. Andei entre eles incentivando-os por mais alguns minutos, antes de voltar a falar.
- Agora se estiverem em grupo, o importante é se manterem unidos. Nunca se afastem! Alongar! – Eu falei e todos começaram a alongar as pernas e braços, soltando gemidos de cansaço e dor. – O trabalho em equipe, a agilidade, confiança, destreza, força e conhecimento são as coisas mais importantes que podem usar contra os vampiros! Descansar.
Eu sorri enquanto eles se jogavam no chão, reclamando de cansaços, mas alegres por terem conseguido me acompanhar.
- Vocês estão se saindo muito bem, todos! – Falei rindo e eles se entreolharam, felizes. – Há três semanas não conseguiam nem correr direito, agora olhem isso! Estou orgulhosa!
- Caramba, Arte, você não pára? – Lena perguntou vermelha.
- Tem energia de sobra, parece que só se alimenta de chocolate. – Rupert falou e riu. – Por isso que os chocolates da sala dos monitores têm sumido! – Todos caíram na gargalhada e eu joguei uma almofada nele.
- É apenas o costume. Desde pequena eu luto, corro, caço e treino com meus irmãos, padrinho e família. – Respondi dando de ombros.
- Aproveitando que estamos falando deles, Arte, me tira uma dúvida? – Kika perguntou e eu assenti. – Qual a diferença entre Tio Lu, Tio Seth e o Eddie? São todos meio-vampiros?
- Mais ou menos. Teoricamente são todos meio-vampiros sim, mas não ao mesmo tempo.
- Não entendi. E sempre tive essa dúvida também. – Tuor completou e todos se sentaram, olhando-me atentamente. Sentei ao lado dele e olhei para todos, para começar a explicar.
- Eddie é filho de um vampiro e uma humana mortal. A mãe dele se tornou vampira após dar a luz a ele. Ele nasceu um vampiro, mas do corpo de uma mortal, o que o torna um meio-vampiro. Meu pai e irmão não, assim como minhas sobrinhas.
- Mas Seth, Mina e Luthien também não nasceram de mortais? – Haley perguntou.
- Sim, mas é diferente. A origem é totalmente diferente, a começar pelo fato de que papai não é um vampiro completo. Na verdade, papai é o único meio-vampiro propriamente dito.
- Como assim? – Haley perguntou novamente, sem entender.
- Papai é o único humano conhecido que sobreviveu ao ataque de um vampiro sem se tornar um ou morrer. Papai foi o primeiro meio-vampiro existente e provável que o único.
- Como isso aconteceu? Como Tio Lu se tornou meio-vampiro? – Julian perguntou curioso.
- Nós temos uma teoria... – Eu expliquei e todos ficaram animados. – Vocês conhecem metal goblin, não? Qual a principal característica dele?
- Ele absorve materiais que o fortalecem, mas repele materiais que possam enfraquecê-lo. Como a espada de Griffindor. – Jamal falou e Rupert completou.
- Segundo minhas pesquisas, a espada absorveu o veneno do basilisco preso na Câmara e por isso foi capaz de exterminar Horcruxes.
- Exatamente. Metal goblin é um material raro e único, e por isso muito poderoso e caro. Os goblins tem um ciúme eterno sobre eles. – Eu expliquei.
- Mas o que isso tem a ver com o seu pai? – JJ perguntou e foi Julian quem respondeu.
- Seu pai absorveu algo que o fortaleceu? – Ele perguntou e eu assenti e logo Lena completou.
- Mas como? O que seria forte o bastante para resistir aos vampiros?
- Então é o que disse: temos uma teoria. Nós acreditamos que a causa de papai não ter virado vampiro completo, nem morrido, foi o seu sangue. Acreditamos que o sangue dos Chronos é como o metal goblin. – Eu falei e esperei que todos exclamassem suas surpresas e todos fizeram várias perguntas ao mesmo tempo.
- Mas Arte, como isso é possível? Nunca ouvi nada sobre sangue ser como um metal. – Justin falou e eu expliquei.
- Não sabemos como, mas acreditamos que no passado, na origem de nossa família, houve alguma anomalia que tornou nosso sangue assim. Ele desde então tem a propriedade de absorver tudo que possa fortalecê-lo, e rejeitar o que possa ser maligno para ele.
- Então vocês acham que o seu sangue repeliu o sangue vampírico e tornou o seu pai um meio-vampiro? – MJ perguntou.
- Mais do que isso. Eu acredito que o nosso sangue repeliu a maldição vampírica, mas não toda. Ele absorveu as características que poderiam ser benignas. Absorveu a força, a velocidade, a agilidade, o controle mental dos vampiros, o vigor, a imortalidade. Mas repeliu a destruição pelo sol e pela luz, assim como a insanidade de vampiros novos e a sede sem controle.
- Mas não foi capaz de repelir todos os efeitos malignos, já que eles precisam absorver sangue de outros. – Hiro começou, mas parou em seguida. – Pelo contrário, isso foi considerado uma característica benigna.
- Exatamente. Nosso sangue deu a meu pai a chance de continuar absorvendo o sangue de outros de forma mais simples e direta: absorvendo o sangue de suas vítimas. É um pouco nojento, concordo, mas é algo vantajoso. Antes, o nosso sangue só se misturava ao de outras famílias no casamento e apenas os filhos recebiam essas mudanças. A partir de então, papai foi capaz de fazer isso ele próprio.
- E isso foi passado para Seth. – JJ concluiu.
- Não apenas Seth. Para Griffon e para mim também. E nós três também recebemos as características absorvidas do sangue de mamãe. Por isso temos tanto potencial, pois somos o fim de uma cadeia de absorção e evolução constante do sangue. Além disso, acreditamos que a família de minha mãe, seja um braço da família Chronos, que fugiu para o Egito no passado. Com o casamento de meus pais, os dois ramos da família se encontraram em um ponto comum, fortalecendo-os ainda mais.
- Isso explica muita coisa... Uma vez ouvi mamãe falando que os Chronos são uma das famílias mais antigas da Bretanha. E é conhecido de todos o potencial mágico que vocês possuem. Hoje sabemos o porquê, já que foram reis e rainhas, mas agora podemos entender melhor. O sangue de vocês se manteve meio que intacto esses anos todos. – Clara comentou.
- Sim. Assim quando papai foi mordido o sangue dele o transformou em um meio-vampiro, com suas características benignas, enquanto repelia as implicações negativas da maldição.
- Arte, ainda no assunto, o que você sabe mais sobre os vampiros? De onde surgiram? – Tuor perguntou.
- Eu não tenho certeza... O que sabemos vem de relatos antigos, que datam do Egito antigo. Segundo esses relatos, os vampiros surgiram de alguma maneira desconhecida. Nasceram 5 deles: Drácula, Caim, Lilith, Akasha e Ishtir, três vampiras e dois vampiros.
- Peraí, o Conde Drácula? – Kika perguntou.
- Pode ser que sim. Drácula foi considerado o Rei dos Vampiros, junto de Lilith, sua Rainha. Mas Caim queria ser rei e iniciou uma guerra contra Drácula. Essa guerra teria durado centenas de anos, à margem da humanidade, misturando-se ou causando os conflitos trouxas e bruxos. Cada um dos vampiros começou a criar seu exército e Caim transformou Siegfried em vampiro e o tornou seu general. Durante essa guerra, Drácula matou a esposa de Caim, Akasha, e também Ishtir, absorvendo o sangue delas e se tornando mais poderoso.
Por fim, Drácula foi capaz de matar Caim e se tornou o Rei Supremo dos vampiros, porém, Lilith não mais o apoiava, por ter assassinado suas irmãs e o próprio Caim. Ela se aliou ao restante do exército do irmão morto, agora liderado por Siegfried, e este por fim conseguiu matar Drácula. Por isso Siegfried é atualmente o vampiro mais poderoso, por ter o sangue de 4 dos 5 vampiros originais e Lilith é a última vampira original existente.
- E Cadarn, onde entra nessa história toda? – Rupert perguntou.
- Pelo que sabemos, Cadarn era um sacerdote egípcio do deus Anúbis. Ele é poderoso por vários motivos: ele se tornou um vampiro sem ser mordido, ou seja, naturalmente. Documentos antigos nos dizem que ele sacrificou uma cidade inteira para se tornar imortal e assim virou um vampiro. Além disso, ele é um necromante habilidoso, talvez o mais habilidoso da história, um bruxo poderoso e um grande estrategista e líder.
- Arte, por que os vampiros são imortais? – Julian perguntou.
- Bom não sabemos, mas podemos supor. Um vampiro é na verdade um morto que voltou a “vida”, mas amaldiçoado. Ele não é imortal, já que está morto, mas justamente por não ter mais vida, pode existir eternamente. Por isso o Avada Kedava não surge efeito neles. Quando são atingidos por um Avada, eles sofrem um dano altíssimo e podem ficar anos inconscientes se estiverem fracos ou o bruxo que os atingiu for muito poderoso.
- Então não existem imortais? – Clara perguntou e eu pensei um pouco antes de responder.
- Existem sim... Há algumas famílias ao redor do mundo que possuem a habilidade de não morrerem.
- Como eles fazem isso? E por que Voldemort nunca os procurou? – Jamal perguntou.
- Ninguém sabe como elas fazem e são pouquíssimos de fora dessas famílias que sabem de seu estado. Essas famílias sabem esconder seus segredos, muito bem por sinal. Acredito que Voldemort nunca os procurou pelo mesmo motivo que causou sua ruína: subestimar os outros. Acho que ele não os conhecia, por pensar apenas em dominar os trouxas e se tornar o líder dos bruxos. E mesmo se os encontrasse, eles não se aliariam a ele facilmente, nem por espontânea vontade.
- Caramba, já viram a hora?! – Rupert falou assustado e todos reparamos no relógio pendurado na parede. Já eram quase 11 horas da noite e nós havíamos perdido a noção do tempo enquanto conversávamos e treinávamos. Nos despedimos e prometi que a próxima aula eu ensinaria novos feitiços, e nos dividimos em grupos para voltar o castelo.

----------------

- Cadarn, encontramos quem você queria. – A mulher falou, empurrando o homem com força, jogando-o aos pés do vampiro, que observava um cálice cheio de sangue. Gustav estava sentado ali perto bebendo de um cálice cheio de sangue, enquanto observava tudo calado. Os outros Comensais empurraram mais dois homens, um deles um vampiro e o outro um senhor idoso.
Os homens tremiam visivelmente e Cadarn podia sentir o cheiro de urina e medo no ar ao redor deles. O vampiro também estava com medo, mas tentava esconder, silvando para Cadarn com ódio. Os três estavam visivelmente machucados, com perfurações e machucados em todo o seu corpo. Os olhos dos homens também mostravam a loucura que costuma estar presente na mente de quem sofreu muito com Cruciatus.
- Descobriram alguma coisa? – Cadarn perguntou, sem tirar os olhos do homem de idade.
- Pouca coisa. Eles bloquearam a própria mente. Eles sabem o que é essa tal Rainha, mas não importa o quanto o torturemos, não conseguimos nada. Já tentamos de tudo para invadir a mente deles. – A mulher, a líder dos Comensais, falou e chutou o velho na costela, fazendo-o uivar de dor. Um outro Comensal socou o outro homem, enquanto um terceiro apontava a varinha e queimava o pescoço do vampiro.
- Há outros meios de se conseguir o que eu quero. Quando a magia de vocês falha, eu sei como conseguir isso diretamente. – Ele falou com um sorriso maligno no rosto.
Cadarn então saltou à frente, mordendo o pescoço do homem mais velho. O senhor gritou e tentou fugir, mas Cadarn o segurou com suas mãos firmes e sugou seu sangue, enquanto o velho agonizava e batia os pés.
- Ah... Começo a entender... – Ele falou e olhou para o vampiro preso. – Matem o outro homem como quiserem, ele não sabe de nada.
Cadarn ordenou e a mulher sorriu malignamente, apontando a varinha para o homem o fez levitar e o tirou da sala. Os gritos dele pedindo misericórdia eram ouvidos por todo o covil do vampiro.
O último prisioneiro encarava Cadarn com ódio e desafio nos olhos e isso só fez Cadarn sentir-se mais feliz em matá-lo.
- Você sabe o que eu quero não sabe? Diga-me agora e posso pensar em torná-lo meu escravo. – Cadarn falou e o vampiro conseguiu gargalhar. Depois de um tempo ele cuspiu no rosto de Cadarn.
- Prefiro morrer a lhe revelar qualquer coisa, maldito. Traidor da própria raça, verme! – Ele gritou, mas antes de terminar de falar, Cadarn já tinha perfurado seu peito e rançado seu coração. O vampiro soltou um gemido estranho, antes de virar pó, enquanto Cadarn mordia o coração com ferocidade.
Ele ficou um tempo calado, deixando as lembranças e conhecimentos do velho e do vampiro misturarem-se ao seu sangue. Então ele compreendeu e ligou todas as informações.
- E então? – Gustav finalmente perguntou, ansioso.
- A Rainha é a líder dos Chronos... Uma mulher extremamente poderosa, mais poderosa que qualquer bruxo de sua era... É aquela que eu vi no outro covil.
- Você sabe quem é?
- Não... Mas podemos suspeitar.
- A mulher, Mirian? – Gustav perguntou, levantando uma sobrancelha. Mirian Chronos era odiada pelos vampiros rebeldes por ser uma das mais temidas inimigas deles.
- Talvez... Mas não posso ter certeza.
- Então, simplesmente destruímos todas as mulheres daquela maldita família. – Gustav falou, ficando de pé. Cadarn assentiu.
- Concordo com você, mas devemos ser cautelosos... Vou aniquilar cada uma delas.

Thursday, September 29, 2011


- Hei – James se espremeu entre Haley e eu e beijou meu rosto – Bom dia.
- Bom dia. Trouxe meu livro?
- Pois é, seu livro... – ele fez uma cara de culpa e arregalei o olho – É o seguinte...
- O que você fez com o livro? – já perguntei exaltada. Tinha emprestado um livro raro a ele, que nem era meu – Esse livro é do meu tio, uma edição limitada! É melhor que ele esteja na minha mão no mesmo estado que estava quando deixei com você antes que esmague sua cabeça numa parede só pra me sentir melhor!
- Calma, o livro está aqui – ele puxou o livro de dentro da mochila e o tomei de sua mão – Ia fazer uma brincadeira, mas acho que minha vida corria risco.
- Não brinque com ela antes do café, cara – JJ falou engolindo uma panqueca – Ela é extremamente mal humorada de manhã cedo.
- Algo que você já devia saber, claro – Jamal completou e todos, com exceção de Hiro e Leslie, riram.
- Anotado. Enfim, o que vai fazer hoje à noite? – ele se virou pra mim outra vez.
- Treino de quadribol.
- Ah, o treino protegido a sete chaves – ele revirou os olhos e sorri, mordendo uma torrada – Por que não dizem logo quem são os jogadores? Por que esse mistério todo?
- Porque é divertido ver vocês se torturando sem saber o que esperar – Haley respondeu e concordamos.
- Se quer mesmo saber, nossos jogadores novos são Jamal e Hiro – Keiko falou e os dois sorriram debochados pra James – Só não conte a ninguém, ok?
- Claro, eles são os jogadores – James olhou pra ela sério – E eu sou Alvo Dumbledore.
- Qual o problema? Acha que não podemos jogar quadribol? – Hiro perguntou se sentindo ofendido e acabamos rindo.
- Não me leve a mal, vocês tem muitas habilidades, mas o quadribol não é uma delas. Acho que vou ter que me infiltrar no treino pra descobrir quem são eles.
- Tente fazer isso e vai acabar sem os dentes – disse sorrindo ameaçadora.
- Ainda ia me beijar se eu ficasse banguela?
- Provavelmente não.
- Então é melhor eu ficar longe do campo hoje à noite – ele levantou do banco e me deu um beijo rápido antes de sair – Vejo vocês na aula de Transfiguração.
- Por que vocês não assumem logo um namoro e acabam com essa novela? – Keiko perguntou assim que ele se afastou e de repente a atenção da mesa estava toda em mim.
- Porque não estamos namorando.
- Claro que estão! – Haley deu uma risadinha sarcástica – Vocês estão juntos o tempo inteiro!
- Se estivéssemos namorando, eu não ficaria com outros garotos nas festas – respondi paciente, tomando meu suco – Jamal fica com um monte de garotas e ninguém o perturba quando ele sai pela milésima vez com a Penny.
- Ei, não me joga na fogueira, quem está sendo interrogada aqui é você – Penny tinha uma batata espetada no garfo que apontava na minha direção.
- Você está com ele o dia inteiro, fazem tudo juntos, só não ficam nas festas – Keiko tentava dar algum sentido ao que dizia – Isso é um namoro.
- Não, não é! Se fosse, eu estaria traindo ele. E por que vou ficar com um só, se está funcionando perfeitamente bem desse jeito? James não reclama, eu não reclamo, todos estão felizes. Não estou pronta pra me amarrar ainda.
- Clara está certa, ela e James não são namorados. O nome disso é amizade com benefícios. É muito comum. – Jamal me apoiou.
- Sim, não tem nada demais nisso, deixem ela em paz – Penny completou e sorri agradecida.
- Ok, a brigada inquisitorial se pronunciou, melhor não insistir ou o negócio pode começar a feder... – Haley lançou um olhar desconfiado pra Jamal e eu, mas não disse mais nada.
- Ei, estamos atrasados pra aula!– JJ levantou tão de repente que derrubou o suco na mesa – McGonagall não gosta de atrasos.
- Ele está certo, melhor irmos andando – Hiro levantou da mesa com a mochila nas costas e beijou Leslie, se despedindo – Sheldon, já estamos indo pra aula.

Levantei também seguindo os três e logo já estávamos fora do Salão Principal. Arte, Rupert e Justin já estavam nos esperando no saguão de entrada e seguimos juntos para a masmorra onde aconteciam as aulas de Alquimia, dadas pela diretora McGonagall. Alquimia era uma matéria opcional, dada em raras ocasiões, nos dois últimos anos aos alunos interessados. A principio achei a idéia completamente insana, mas Arte e Rupert acabaram convencendo JJ e eu a participar. Era muito difícil, mas podia acabar sendo extremamente útil no nosso dia-a-dia como Curandeiros, num futuro já não tão distante assim.

As aulas eram particularmente exaustivas. Se Transfiguração e DCAT às vezes exigiam um esforço a mais para executar os feitiços com perfeição, Alquimia conseguia ser muito pior. Era raro usarmos varinhas e fazer as transmutações muitas vezes parecia ser impossível. Já tinha melhorado bastante desde que as aulas começaram, há um ano, mas ainda estava longe de me considerar uma alquimista. O que eu fazia de melhor era transmutar uma rocha sólida em areia, e já considerava um avanço não apelar para um martelo no processo.

Mas se as aulas de Alquimia não estavam exibindo o meu melhor, não podia mais dizer o mesmo de Poções. Desde que havia decidido seguir os passos da minha mãe, estava me dedicando de verdade às matérias que precisava para o N.I.E.M.s e Poções era o melhor exemplo da minha dedicação. Não havia mais caldeirões explodindo ou poções tão erradas que eram como um veneno. Ia sempre de bom humor para as aulas e estava particularmente animada para a aula daquela terça-feira. Tio Yoshi tinha prometido uma competição.

- Boa tarde, boa tarde – ele ia cumprimentando os alunos que entravam na masmorra – Por favor, acomodem-se. Hoje, como prometido, vamos nos divertir um pouco – ele puxou um frasco do bolso – Alguém sabe o que é isso?
- Antídoto para Veritaserum? – Amber levantou a mão de imediato – Tem a coloração dele.
- Muito bem, Srta. Beckett, 5 pontos para a Corvinal. Esse é o premio da aula de hoje. Quero que preparem uma poção, a que vocês preferirem, desde que façam parte do livro que estamos usando esse ano. Ao final da aula vou recolher os frascos e avaliar uma por uma e o vencedor será premiado na nossa aula de sexta-feira. Boa sorte!

A sala imediatamente virou uma bagunça. Todo mundo levantou ao mesmo tempo para pegar ingredientes no armário enquanto consultavam o livro atrás de uma poção que pudesse fazer. Dei uma olhada rápida no meu exemplar de Poções Avançadas e escolhi o Elixir para Induzir Euforia. Se não desse certo, ao menos seria engraçado imaginar tio Yoshi em uma espécie de onda de açúcar.

- Mint Springs, Wormwood, Shrivelfig, Porcupine Quills, Castor Bens... – ia lendo os ingredientes no livro e empilhando-os nos braços.
- Que você vai fazer? – Haley perguntou com os braços também lotados.
- Elixir para Induzir Euforia.
- Escolhi a Poção do Morto-Vivo. É sempre bom saber preparar, nunca se sabe quando vamos precisar... – ela deu uma olhada na direção de Justin e rimos.

Voltamos para a bancada e comecei a preparar a poção. Primeiro tinha que misturar os três primeiros ingredientes no pilão e amassar bem. Depois despejar cinco medidas da mistura no caldeirão, mexer três vezes no sentido horário e deixar cozinhar por duas horas em fogo médio.

- Me empresta sua faca de prata? – Penny deslizou pro meu lado na bancada e pegou a faca.
- O que está fazendo? – perguntei vendo seu caldeirão soltar uma fumaça fraca.
- Mata-Cão – olhei pra ela surpresa e ela fez uma careta – O gosto é horrível, mas precisamos saber preparar.
- Ainda vai usar o wormwood? – Haley pegou a planta do meu estoque e neguei com a cabeça – Vou pegar, ok?

Ela jogou a planta no caldeirão e a poção assumiu um tom groselha escuro. Ela então mexeu no sentido anti-horário sete vezes e ligou o fogo. Aos poucos a poção começou a ficar lilás. Olhei para o meu caldeirão e a poção já começava a ficar amarelada. Desliguei o fogo e adicionei o resto dos ingredientes, mexendo quatro vezes no sentido anti-horário. O caldeirão começou a exalar uma fumaça com cheiro doce e aromático e logo o liquido estava tão amarelo que parecia uma gema de ovo. Peguei um frasco vazio, colei uma etiqueta com o meu nome e enchi com a poção, entregando ao professor.

O caldeirão de Haley começou a apitar e então a poção ficou clara como água. Ela sorriu animada e encheu seu frasco. Penny estava tendo mais trabalho, saia muita fumaça do caldeirão, mas depois de um tempo a fumaça começou a ficar azul como deveria e ela desligou o fogo rapidamente, antes que arruinasse a poção. Todos já estavam terminando suas poções e esvaziando os caldeirões quando Haley sentou outra vez ao meu lado. Ela já estava com a varinha na mão pronta para esvaziar o caldeirão quando segurei seu braço.

- O que foi? Não é pra limpar?
- Ainda não – puxei dois frascos vazios do bolso e dei a ela – Como você mesma disse, nunca se sabe quando vamos precisar – e sacudi mais dois frascos, cheios com a poção que havia feito.
- O que está tramando? – ela riu e apontei pros nossos amigos espalhados pela masmorra. Todos estavam enchendo mais dois frascos com suas poções.
- Só pensando no futuro.

Ao fim da aula, tínhamos um estoque particular das melhores poções possíveis: Poção Aliquente, Poção da Invisibilidade, Poção da Fraqueza, Poção da Incoerência, Esquelecresce, Poção para Encolher, Essência de Insanidade, uma Poção de Wiggenweld avançada, Poção do Morto-Vivo e Elixir para Induzir Euforia. Tio Yoshi passou em todas as bancadas para conferir se tínhamos limpado os caldeirões e guardado os ingredientes que sobraram e recolheu os últimos frascos etiquetados. Guardou tudo na pasta e apontou a varinha para o quadro. As instruções de uma nova poção apareceram.

- Para a próxima aula quero um rolo de pergaminho sobre o modo de preparo da Felix Felicis. Sexta-feira, depois que entregar o antídoto do Veritaserum ao preparador da melhor poção de hoje, daremos inicio ao preparo dela. Como é uma poção extremamente complexa e que leva seis meses para ser concluída, a aula será na masmorra nº 5, para que os caldeirões possam cozinhar sem interrupções. Por hoje é só, estão dispensados.

Recolhemos nosso material e lentamente começamos a sair da masmorra. O dia de aula havia finalmente terminado e, exaustos, fomos todos direto para o abrigo na floresta continuar as poções do livro de animagia. Já estávamos bem avançados nas pesquisas e a poção que revelaria a forma animaga de cada um estava quase pronta, logo poderíamos começar os testes pra valer. E eu não via a hora de ter companhia pra correr pela floresta nas madrugadas...



Primeiro sábado de Outubro de 2015

Anotações de Julian McGregor, futuro auror e defensor da lei e da ordem

O meu último ano em Hogwarts estava começando realmente agora, em Outubro, pois finalmente as aulas do curso da Academia de Auror iriam começar. Todos que haviam escolhido a profissão de auror, durante as entrevistas vocacionais no quinto ano, se inscreveram no curso no começo do sexto ano, mas apenas aqueles com as melhores notas e desempenho exemplar nas aulas de DCAT foram selecionados. E o curso dado por tio Micah e tia Shannon, era o melhor, praticamente garantindo a entrada pela porta da frente em qualquer Academia do mundo.
Havia aproximadamente umas 20 pessoas, e nao foi surpresa encontrar James Thruston, Elena e Zach conversando animados entre os alunos, o meu choque foi ver Amber, a monitora da Corvinal um pouco afastadada das pessoas, lendo um livro concentrada. Não sabia que ela queria ser auror, sempre a imaginei como professora.
Os professores entraram na sala às 08 h em ponto e a turma se acomodou nas primeiras mesas, ninguém queria perder nada.
- Bom dia! Me chamo Micah Wade e essa é minha parceira Shannon O’Shea. Somos nós que vamos fazer vocês se arrependerem por ter escolhido essa profissão. Rimos, mas eles se mantiveram sérios e os risinhos morreram.
- O curso vai até junho e à medida que os meses forem passando, as aulas vão ficando mais exaustivas. Esperamos que todos que estão aqui estejam realmente comprometidos, porque não nos importamos de expulsar alguém do programa faltando apenas uma semana pro término.
- A proposta do curso é preparar vocês para o que vão encarar na academia, mas também para a vida de um auror formado, então vamos começar com algo muito importante: parceria.
- Nenhum auror trabalha sozinho, é preciso sempre ter um parceiro. No primeiro dia como auror vocês vão ser designados a trabalhar com outro auror e essa parceria vai ser pra sempre.
- Só existem duas maneiras de uma parceria acabar – tio Micah começou a andar entre as mesas – Ou um dos dois se aposenta ou morre.
- Seu parceiro é aquela pessoa que vai sempre dar cobertura e estar lá pra tirar você de alguma encrenca, que vai salvar sua vida. E você vai fazer o mesmo por ele. Uma parceria é baseada em confiança, você confia sua vida à outra pessoa e ela faz o mesmo.
- Como a base da parceria é a confiança, vocês serão divididos em pares e vão trabalhar assim o ano inteiro. Se não gosta ou conhece seu parceiro, aprenda a administrar isso. Vocês vão precisar confiar um no outro e se ajudar, não só aqui nessas aulas, mas em qualquer coisa. Se o seu parceiro se meteu em confusão e vai apanhar, vá até lá e o ajude, esse é o seu dever.
- As duplas já foram formadas, com a ajuda do professor Storm – disse tia Shannon quando ela puxou um pergaminho da bolsa – Quando ouvirem seu nome procure sua dupla e comecem a se conhecer melhor. A aula de hoje vai ser para vocês conhecerem bem a pessoa com quem vão passar o resto do ano e depois vamos falar um pouco sobre o nosso trabalho.
- E nem pensem em pedir para trocar.

Eles começaram a ler os nomes das duplas e a turma começou a se dividir.
- James Thruston e Penélope Hofstadter, Kaley Walker e Thomas Mautbatten, Julian McGregor e Zachary Walker, Amber Beckett e Elena Kovac.
Fiquei contente em fazer dupla com Zach, pois já tinhamos uma boa amizade, e ele estava saindo com a Haley, porém quando vi que Elena e Amber estavam paradas, uma olhando para a outra, como se estivessem perdidas, não foi fácil segurar o riso. Se tio Micah e tia Shannon, queriam provar que uma parceria entre pessoas tão diferentes poderia dar certo, ali estava o desafio: Amber e Lena, eram como água e óleo. Uma mistura impossível.
Ao final da aula após um papo rápido com tio Micah e tia Shannon, Zach e eu fomos para o salão comunal e estavamos tão animados conversando sobre nossas expectativas para o curso que ele me convidou para sentar na mesa da Lufa- Lufa. Vi que Lena já estava lá, almoçando e conversando com Troy Mckenna, o vi segurando uma mecha do cabelo dela, e vi quando ele se aproximou para cochichar no ouvido dela algo que a fez rir. Devo ter ficado encarando demais quando senti um cutucão no ombro dado por Zach.
- Fica frio, parceiro, não é nada sério.- e eu ri:
- Qual é cara, nada a ver, não me importo com quem a Lena sai.- e ai foi ele quem riu dando de ombros. Voltamos a comer, quando Amber parou séria ao lado de Lena e disse séria:
- Karev, já que somos parcerias o curso de auror e devemos nos conhecer bem, a fim de que possamos estabelecer uma rede de confiança, aqui estão os meus horários livres para que você os encaixe em sua agenda, já pedi autorização ao professor Storm, para que você faça a ronda nos corredores hoje comigo. É uma boa maneira de você me conhecer e saber como me comporto em situações estressantes. Será após o jantar,a espero no hall de entrada, não se atrase.- disse num fôlego só.
Elena apenas olhava espantada, para o caminho feito por Amber, enquanto segurava o pergaminho posto à força em sua mão.Foi Troy quem quebrou o silêncio:
- Pelo jeito, não vamos no ver hoje à noite.- Lena só fez que sim com a cabeça enquanto novamente olhava as anotações de Amber. Não pude evitar de sorrir, esta coisa de parcerias seria uma coisa muito boa.


N.Autora: Escrito com a colaboração de Ju Prado. Tks Avuada =)
Julian Thomas Montpellier às 11:43 AM

Saturday, September 17, 2011


Era madrugada de uma sexta-feira. Toda a casa já havia se recolhido, mas estava difícil conseguir dormir. Do lado de fora uma tempestade assustadora caia, era o que parecia a última chuva daquele verão. Os raios passavam tão perto das torres da Corvinal que o som dos trovões faziam as coisas tremerem e os relâmpagos iluminavam todos os quartos. Eu estava deitado há horas, mas não estava conseguindo manter os olhos fechados. A cada trovão eu saltava da cama.

- Desisto! – Jamie gritou da cama dele próxima a porta e abriu as cortinas dela. Joguei as cobertas pro lado, sentando na minha cama, e Justin, Julian e Sebastian fizeram o mesmo.
- O que vamos fazer? Sair? – Julian já perguntou animado, puxando o mapa.
- Se não quiser morrer tostado por um raio, guarda isso – Justin tomou o mapa da mão dele e jogou na gaveta.
- Que tal descer pro salão comunal e encontrar uma maneira de passar o tempo – disse levantando da cama e já com a mão na maçaneta – Vocês vêm ou não?

Quando abri a porta vi que não tinha sido o único a ter aquela idéia. A maioria das portas dos dormitórios estavam abertas e seus ocupantes saindo de pijamas e caras de sono em direção ao salão comunal. A tempestade não estava deixando ninguém dormir na Corvinal e os alunos da Grifinória deviam estar com o mesmo problema. Nessas horas, e apenas nessas horas, sinto certa inveja de quem mora na Sonserina e na Lufa-Lufa. Nenhum barulho chega lá embaixo e nada consegue atrapalhar a noite de sono deles. Quem mora nas torres do castelo sofre toda vez quem tem uma tempestade.

- Com a quantidade de gente aqui dá pra fazer uma festa – Julian comentou quando chegamos ao salão comunal e nos deparamos com mais da metade da casa espalhada nele.
- Se tivesse algum lufo aqui, já teríamos música e bebida – Justin parou em frente à janela, onde um raio iluminou todo o salão – Olha o raio como passou perto!
- 1, 2, 3, 4, 5... – Julian começou a contar e um trovão altíssimo fez tremer o vidro da janela – Só cinco segundos, estão muito perto!
- Cinco segundos multiplicados por 340 é igual a 1.700 metros – parei ao lado deles olhando hipnotizado para a tempestade – Estamos a 1,7 km de distância da trovoada.
- Mais quatro raios e vamos estar a menos de 500 metros de distancia. Isso pede algum tipo de experimento – Justin começou a puxar livros das prateleiras e empilhá-los – Quantos livros um trovão consegue derrubar da torre?
- Coloca eles em pé, se deitar no chão não vão cair – Julian começou a ajudá-lo com a torre de livros.
- Ai vem mais um... – olhei pela janela e outro relâmpago iluminou o salão.

Contei até quatro e o barulho foi tão forte que parecia uma explosão. Três livros da torre deles caíram e eu não consegui impedir meu corpo de tremer um pouco com o som do trovão. Não gostava nem um pouco de tempestades.

- Que bom que não escolheu seguir carreira como auror, porque não leva o menor jeito – Amber parou do meu lado rindo da minha cara pálida – Não ia capturar ninguém em dias de chuva.
- Estou rindo por dentro – respondi sério e Justin e Julian começaram a rir – Não gosto de tempestades.
- Seu sobrenome é tempestade e tem medo delas? – Amber continuou a me provocar.
- Não disse que tenho medo, disse apenas que não gosto delas. Há uma grande diferença.
- Relaxe, só estou brincando. Também não gosto muito, esses trovões são assustadores.
- Enquanto eles estiverem a mais de 500 metros de distancia, estamos seguros. – Julian falou despreocupado – Agora quando contarmos só um segundo entre o raio e ele... Bom, talvez seja melhor sairmos de perto da janela.
- É, boa idéia – Justin pegou os livros do chão com uma braçada só – Quanto mais longe da janela, melhor.

Justin moveu seu experimento para o lado oposto do salão comunal e o acompanhamos. Passamos a maior parte da noite conversando e empilhando livros para calcular quantos caiam em quais distancias. Quando o raio caiu a 340 metros de distancia, o estrondo foi tão violento que achei que as janelas fossem se partir. Todo mundo gritou assustado e a torre de livros foi toda ao chão. Os alunos do 1º ano estavam apavorados e era até engraçado vê-los tentando transformar a tempestade monstruosa em algo racional, para diminuir o pânico.

Não demorou muito para alguém querer atrair os raios para uma das janelas, com a intenção de fazer nela uma figura de Lichtenberg. Gastaram uns bons minutos examinando a janela para se certificarem de que o vidro era suficientemente grosso e resistente, então a abriram rapidamente e plantaram um pára-raios tão rente a ela que no instante que o raio tocasse sua ponta, uma descarga elétrica seria transferida para o vidro. O único problema do experimento foi que 90% do pára-raios precisou ficar do lado de dentro da janela e quando a descarga elétrica aconteceu, quem estava próximo levou a pior. Um garoto do 5º ano foi arremessado com tanta força para cima da estante que chegou a perder a consciência, mas acordou minutos depois de cabelos em pé e rosto chamuscado querendo saber se tinha funcionado.

- Tem uma coisa que preciso lhe contar, mas antes tem que prometer que não vai caçoar de mim – Amber falou me olhando desconfiada. Conversávamos no sofá enquanto Julian e Justin travavam uma complicada partida de gamão no chão.
- Eu nunca caçôo de você – ela fez uma careta que me fez rir – Prometo não fazer nenhuma piada. Pode falar.
- Richard Tyrell me chamou para sair – ela fez uma pausa para ver se eu não ia mesmo rir antes de continuar – Estou pensando em aceitar, o que acha?

Nesse momento vi que os dois já não estavam mais tão concentrados na partida de gamão, mas agradeci mentalmente por ao menos terem a decência de tentar disfarçar.

- Kaley diz que devo aceitar, mas ela é amiga dele e não posso dar muito credito, por isso queria outra opinião. E confio em sua opinião. Acha que devo aceitar?
- Richard é um cara legal e paciente, acho que deve dar uma chance a ele.
- Não sou muito boa com isso, você sabe. Nunca sai com ninguém.
- Eu sei, você era fortaleza de gelo antes – ela riu – Mas como disse, Richard é paciente e vai respeitar o seu ritmo. Digo que deve aceitar.
- Ok, então eu vou – ela sorriu pra mim e levantou do sofá – A tempestade já passou, vou dormir antes que amanheça. Boa noite.
- Boa noite.

Justin e Julian deram boa noite a ela também e fiquei a observando subir as escadas de volta aos dormitórios. A maioria dos alunos começava a fazer o mesmo e não demorou muito para ficarem poucos sobreviventes da tempestade.

- A surra que levou da Arte no ultimo treino soltou alguns parafusos na sua cabeça ou você é mesmo tapado? – Justin me encarou com uma cara incrédula.
- Cara, a garota estava pedindo permissão pra você para sair com outro! – Julian sentou do meu lado no sofá e estava tão chocado quanto o outro – O que ela queria ouvir era um “não Amber, não saia com ele, saia comigo”!
- Não me diga que não percebeu isso – Justin sentou do outro lado, me encurralando.
- Claro que percebi, não sou tão lerdo assim – os dois continuaram me olhando como se eu fosse retardado e continuei – Sei que todo mundo acha que devia chamá-la pra sair e isso também já passou pela minha cabeça, mas pensei bem e não acho que é uma boa idéia.
- Ah, você parou pra analisar. O problema que assola 87,4% dos corvinais – Julian revirou os olhos.
- Espero que tenha uma boa explicação, porque não estamos convencidos.
- A amizade que criei com Amber é muito delicada. Somos parecidos demais e isso gera conflitos diários. Qualquer coisa é motivo pra uma discussão e elas nunca tem fim, porque nenhum quer ceder. Geralmente deixamos pra lá e esquecemos o assunto, damos risada depois, mas se estivermos namorando não vai ser assim. Não vamos conseguir simplesmente deixar pra lá e um floco vai virar uma bola de neve. Não vou pôr em risco o que temos por um namoro que está fadado a dar errado. Prefiro as coisas do jeito que estão, gosto dela e não quero que a gente acabe se afastado.
- Isso é a maior besteira que já ouvi! – Justin começou a rir – Você não sabe se vai dar errado, precisa arriscar! Se der errado, depois você se recupera e tudo volta ao normal.
- Ah sim, do mesmo jeito que você e Haley são melhores amigos agora? Diga, valeu à pena?
- Sim, valeu! E essa rusga entre nós dois é uma questão de tempo, ela vai me perdoar.
- Não estamos apaixonados um pelo outro, não é a mesma coisa. Sempre vale a pena arriscar quando se está apaixonado - ele abriu a boca para dizer alguma coisa, mas optou por cruzar os braços e não dizer mais nada.
- Não concordo com sua linha de pensamento, mas não acho que tenho o direito de dizer que está errado – Julian começou a falar – Sei o quanto batalhou para quebrar o gelo com Amber e não quer perder isso, mas se um dia você mudar de idéia, torço para que não seja tarde demais.
- É, eu também – fui sincero – Ainda assim, prefiro não correr riscos.

O assunto morreu e como os poucos alunos que restavam começaram a subir, Julian recolheu o jogo incompleto do chão e fizemos o mesmo. Já passava das 4 da manhã e todo mundo adormeceu assim que as cabeças encostaram nos travesseiros, mas eu não consegui pregar o olho até que o dia já estivesse claro. As últimas palavras de Julian ainda martelavam na minha cabeça e embora já tenha tomado uma decisão, não podia deixar de concordar com ele. Se um dia eu mudasse de idéia, teria que torcer para não ser tarde demais.

Thursday, September 08, 2011


Lembranças de Artemis A. C. Chronos

No dia em que me pediram para dar aulas de DCAT extras para eles, meus amigos já queriam começar no mesmo dia. Mas seria impossível, eu precisava organizar meus pensamentos e tudo que deveria ensiná-los. Nesse mesmo dia eu dei um dever de casa para eles:

- Quero que me digam o que querem aprender, que feitiços querem que eu ensine. – E prontamente todos responderam juntos.

- Que nos ensine a matar um vampiro! – Todos riram, como se tivessem combinado e eu balancei minha cabeça rindo.

- Ok, ok, já entendi...

- Arte, quando acha que vai dar para começar? Agora estamos ansiosos! – Hiro comentou e todos concordaram.

- Não sei. – Levantei a mão quando começaram a protestar. –Está bem, calma gente! Eu não vou desistir de dar aula, não se preocupem! Eu preciso de um tempo para pensar no que ensinar e em como ensinar.

- Mas não vá demorar muito! – Haley reclamou, me olhando enfezada.

- Prometo não demorar... Vamos fazer o seguinte, daqui a dois dias começamos as aulas. Aqui mesmo e no horário que chegamos hoje, às 7 da noite. – Eu falei e no mesmo momento todos assentiram, e logo um semblante de exclamação espalhou-se entre eles. – Que foi?

- Que estranho, quando você decidiu o horário, a pena brilhou e ficou mais quente. – Tuor comentou e realmente a pena que ele segurava parecia ainda brilhar, mas já apagando lentamente.

- É verdade, a minha também! – Julian falou e todos começaram a comentar juntos. Pelo visto achamos nosso aviso para reuniões.

-------------------------------------------------------

Os dois dias seguintes passaram voando e logo a noite chegou para nossa primeira reunião, minha primeira aula. Estava muito animada e doida para dividir com eles o que eu sabia.

- Muito bem, vamos começar? – Perguntei e todos assentiram animados. Eu sorri e balancei a varinha. Várias folhas de papel voaram da minha mochila e foram cair na mão de cada um deles. – A aula de hoje vai ser mais teórica. – Eu falei e todos ecoaram um “Ahh” juntos. – Não, vocês precisam de bases teóricas. A próxima também vai ser mais teórica.

- Que livro é esse? Nunca vi. – Hiro falou, folheando as páginas em sua mão.

- Essa é uma cópia da versão original do diário de meu bisavô, Alderan. Esse livro por muito tempo foi usado como livro padrão para DCAT e Combates contra Seres das Trevas na Academia, aqui em Hogwarts e em outras escolas. Peguei da biblioteca da minha família, mas como Monitores-Chefes, eu e o Rupert podemos pedir uma cópia do exemplar da biblioteca da escola.

- Ele é bem completo. – Julian comentou, parando em uma ilustração de uma banshee. – Eita, que bicho feio é esse?

- Viu como precisam de aulas teóricas? É uma banshee, um dos muitos espíritos malignos usados por necromancers.

- Achei que ia nos ensinar sobre vampiros.

- Também irei. Mas os vampiros que estamos enfrentando também são usuários de necromancia. Cadarn é considerado como um dos maiores e mais perigosos necromantes já existentes. Quero que leiam essas páginas e vamos tirar dúvidas sobre eles na próxima aula.

- Sim, senhora! – Jamal falou, batendo continência e todos nós rimos.

- Bom, uma coisa posso adiantar: o único feitiço realmente efetivo contra esses seres é o patrono. Por isso, quero ver o patrono de todos vocês.

- E o fogo? – Haley perguntou.

- O fogo também, mas contra um dementador ou uma banshee o fogo não seria tão efetivo quanto um patrono. Todos de pé, quero ver o patrono de todo mundo. Pensem nas memórias mais felizes que vocês tiverem! – Eu falei e, para incentivá-los, conjurei meu patrono, lembrando-me facilmente de Tuor. Minha águia prateada voou de minha varinha e sobrevôo-os para depois pousar em meu ombro.

Nós todos já tínhamos tido aulas com Tio George, ou com algum membro da família, assim todos sabiam conjurar um patrono. A verdade é que não eram poderosos, mas ainda com forma física e presença intensa. Eles todos brilhavam em prata com intensidade e flutuavam ao nosso redor. O lobo de Tuor parecia farejar o lobo de Clara e logo depois minha águia pousou sobre ele. O castor de JJ rodopiava ao redor do coala de Keiko e do gato de Lena, enquanto o lince de Jamal e a pantera de MJ espreguiçavam-se preguiçosamente. O labrador do Julian saltava alegre ao redor dele, olhando tudo com curiosidade. A coruja de Haley voava ao redor dela calmamente, enquanto o lobo de Justin estava sentado no chão ao seu lado. O Corvo de Rupert voava pela sala curioso, olhando em cada canto. A raposa de Hiro olhava para mim curiosa e logo vi que o seu mestre tinha uma pergunta.

- Arte, já que estamos falando em patronos, tenho uma dúvida. – Hiro perguntou. A sala estava mais iluminada, cheia de patronos brilhantes flutuando ao nosso redor.

- Pode perguntar? – Eu perguntei.

- Tio George nos explicou que o patrono pode espantar a maioria dos seres das trevas. A impressão que tenho é que eles são apenas de defesa, ou seja, que só são capazes de afugentar um ser das trevas. Há alguma forma de matar um dementador, por exemplo, de destruí-lo?

- Bom existe. Na verdade mais de uma. Uma é conjurar um feitiço extremamente poderoso e atingir um dementador com ele. Mas isso é perigoso, pois você pode exaurir todas as suas reservas mágicas. Nesse texto do meu bisavô, vocês vão encontrar a descrição de uma magia realizada pela mãe dele, que eles denominaram de “Inferno”.

Eu falei e todos abaixaram o olhos para as folhas. Clara foi a primeira a encontrar o trecho e leu em voz alta para todos o modo como minha tataravó conjurara uma verdadeira tempestade de fogo.

- Mas isso é muito difícil. E sua tataravó tinha muita reserva mágica. – Keiko comentou. – Tem alguma forma mais fácil?

- Infelizmente não. Para destruir um dementador é necessário muito poder. Outra forma de exterminar um dementador ou uma banshee é destruir o controle que o necromante tem sobre eles. Nesse caso eles vão se voltar contra o necromante e depois desaparecer. Isso se o dementador for invocado. Essa maneira é inútil contra um dementador nascido do beijo de outro. – Eu expliquei. – Mas existe outra maneira, um pouco mais fácil, mas ainda difícil.

- E qual é? – JJ perguntou ansioso.

- É um feitiço desenvolvi pela minha família. Ele foi primeiro criado por Taugor, um antepassado meu que viveu há uns 100 anos. E recentemente minha mãe o aperfeiçoou.

- Que legal! Eu nunca tinha ouvido falar da criação de um feitiço. – Julian logo se animou e todos me ouviam com atenção.

- O nome do feitiço é “Magnus Patronos” e é uma evolução do patrono. Esse feitiço é poderoso e ainda exige muita reserva mágica, mas já é mais simples de ser conjurado que os demais.

- Como se conjura ele? Basta falar as palavras? – Rupert falou e ameaçou balançar a varinha, mas eu o impedi.

- Calma, não é bem assim. Não levem a mal, mas nenhum de vocês seria capaz de conjurar um desse tipo, poderia colocar vocês em sono profundo por um longo tempo ou até pior. – Eu falei sério e Rupert engoliu em seco, abaixando a varinha. - Talvez Justin, que tem mais reserva mágica que vocês seja capaz... Mas acho que até o final do ano todos vocês podem ser capazes de conjurar um! Mais até lá vamos com calma. – Eu falei e todos assentiram. – Voltando, para conjurar um Magnus Patronos você deve evocar uma memória ainda mais feliz e intensa que a que deu origem ao patrono. Ela deve ser quase palpável, algo muito importante para você, e dizer as palavras “Magnus Patronos”.

- Por isso é comum quem quer conjurar um Magnus, procurar uma memória poderosa para o primeiro estágio, mas guardar a mais importante para o estágio de Magnus. – Eu expliquei. – Isso ainda gasta bastante energia, por isso foi desenvolvida pela minha família.

- Já li em livros que os Chronos são conhecidos por sua capacidade mágica, Dumbledore, Merlin e Voldemort são os únicos de fora da família considerados com níveis mágicos semelhantes ao deles. – Julian comentou e eu assenti.

- É verdade. Quando você consegue conjurar um Magnus perfeitamente, ele se torna um patrono mais poderoso. Como é um nível mais profundo de sua alma, ele se assemelha mais a você do que o Patrono comum, como se evoluísse. Além disso, ele se torna agressivo e cheio de poder mágico. O Magnus Patronos é extremamente protetor e vai proteger seu mestre a qualquer custo, por isso é comum que alguma parte do patrono fique ligada ao mestre. AH! O Magnus adquire um tom dourado em vez de prateado.

- Não estou entendendo... Pode dar um exemplo? – Lena perguntou e eu assenti.

- Por exemplo, o patrono da Clara é um lobo. Quando ela conseguir conjurar um Magnus, pode ser que ele tome a forma de um lobo maior ou algo diferente. Ele pode virar um leão, uma Lessie gigante. – Eu falei e Clara olhou feio pra mim, mas riu. – Então uma parte dele ficaria ligado fisicamente a ela, como o rabo do leão ou algo do tipo.

- Se o patrono for um pássaro por exemplo, ele pode se transformar em uma fênix? – Justin perguntou e eu assenti.

- Exatamente. Esse é o caso do Magnus de minha mãe. O Magnus de meu pai é uma harpia, de Griffon um grifo e de Seth uma chinchila. – Eu falei e tive vontade de rir, lembrando em como a chinchila de Seth era bonitinha, apesar de querer nos atacar a qualquer custo.

- Você é capaz de conjurar um? – Tuor perguntou e eu sorri. A minha águia soltou um pio e voou até o meu ombro.

- Sim, vou mostrar pra vocês. Abram espaço. E deixem-me alertá-los, não se aproximem quando eu conjurá-lo. Como falei, ele costuma ser mais protetor que meu pai, Ty e Tuor juntos. – Eu falei e eles se afastaram um pouco rindo. – Magnus Patronos!

Eu falei, enquanto pensava no pingente em meu pescoço, apontando minha varinha a frente. Era fácil lembrar do nosso aniversário de namoro e aquele pingente tinha tantas lembranças e sentimentos dentro dele que era o combustível perfeito.

Minha águia soltou outro pio forte e saltou do meu ombro, enquanto uma explosão dourada irrompia de minha varinha. A luz era ofuscante, mais intensa e brilhante que o suave prateado dos Patronos. A águia começou a aumentar de tamanho e logo estava com o triplo de seu tamanho normal e voltou a pousar em meus ombros.

Senti seu toque suave e quente em meu corpo e me senti ligada àquele patrono, como era ligada àquelas memórias e sentimentos. Vi os semblantes surpresos e admirados de meus amigos e sorri, quando meu Magnus soltou um rugido alto.

O dragão estava em meu ombro, suas asas abertas às minhas costas, ameaçadoramente. Ele era totalmente dourado e ainda rugia, olhando com intensidade para meus amigos e os demais patronos, que começavam a apagar, ofuscados pelo brilho do Magnus. A semelhança entre meu Magnus e Fidelus era enorme e ele possuía as mesmas escamas e espinhos que Fidelus, os mesmos olhos intensos. Sua cauda descia pelas minhas costas e se enrolava à minha cintura, mantendo-o preso a mim. Ele mostrava as pressas para todos, e quando estiquei a mão para acariciá-lo, ele esticou a cabeça e pareceu se acalmar.

- Esse, é o meu Magnus. – Eu falei.

- Uau... É lindo, e definitivamente é parecido com você. – Tuor falou e tentou se aproximar. O Magnus rugiu para ele, mas depois parou e o olhou curioso. Hiro também olhava admirado e tentou se aproximar, mas logo o Magnus urrava para ele, seus olhos fixos nele. Eu corei.

- Desculpem, é que o Magnus reconhece a memória que deu origem a ele. Não é nada pessoal, Hiro, eu juro. – Eu falei, corada, enquanto todos riam, sabendo que eram memórias de Tuor que formavam o Magnus.

Eu o dissolvi e me sentei, sentindo-me um pouco cansada. Tuor apertou minha mão, sorrindo, e beijou-a, me animando no mesmo momento.

- Como podem ver, ele exige muita energia, por isso não posso conjurá-lo por tanto tempo. Mas é muito poderoso. Se colidir com um dementador é capaz de destruí-lo.

- Eu quero conjurar um desses! – Haley falou, extremamente animada.

- Eu também! O que será que o meu vai ser? – Keiko perguntou e todos começaram a discutir.

- Prometo que até o final do ano ajudo todos a terem os seus, nem que por pouco tempo. – Respondi sorrindo. – Por hoje é só. Vamos nos reunir novamente na sexta, está bem? Acho que três vezes por semana é bom para começar.

- Começar?! Você esquece que temos aulas, treinos e tudo mais?! – JJ falou chocado.

- Sim, mas me pediram para terem as aulas! E eu avisei que pegava pesado! – Eu falei e eles riram. – E quero que lêem o texto até sexta! Ah mais uma coisa! A partir de segunda que vem, vocês vão se revezar para participarem comigo e com Clara das corridas e exercícios matinais.

- Você só pode estar de brincadeira, não? – Keiko perguntou, boquiaberta e quando eu fiz que não ela ficou pálida. – Eu? Correndo antes do sol nascer?!

- Arte, ficou doida?! E nosso sono? – Haley perguntou chocada. Os garotos também pareciam chocados, com exceção de Justin que ria divertindo-se.

- Nada disso. Todo mundo vai participar. Durma mais cedo Haley. Eu e Clara fazemos isso a 2 anos e nunca reclamamos.

- Mas vocês são doidas! – Rupert falou.

- Vocês querem que eu ensine como enfrentar um vampiro lembram? E para isso precisam ter agilidade e um bom preparo físico. Não tem discussão. Quero que a primeira dupla formada já na sexta.

- Não precisa, eu e o Tuor podemos começar. – Justin respondeu e Tuor assentiu.

- Excelente iniciativa! – Eu falei animada. Os outros reclamaram mais um pouco, mas já começavam a aceitar o inevitável. – E sem reclamar, ou vou dar testes e provas para vocês!

- Aí não! Carrasca! – Clara falou, batendo em minha cabeça com um rolo de pergaminho, enquanto todos riam e saíamos de volta para o castelo.

Estava adorando dar aulas!


Tuesday, September 06, 2011


Sábado, 10 de setembro de 2016

Quando deixei a mesa da Sonserina com o resto do time de quadribol para os testes do dia, não imaginei que o dia fosse render tanto. Um dia antes Tommy procurou Haley, que agora era a capitã do time, e disse que estava deixando o posto de artilheiro. A notícia pegou todos de surpresa, Tommy era nosso jogador mais entusiasmado e queria jogar profissionalmente, mas disse que no verão desistiu dessa ambição e estava decidido a se dedicar ao curso da Academia de Auror do tio Micah e não queria nenhuma distração. Haley ficou histérica por algumas horas, mas depois se acalmou. Tudo que tínhamos que fazer era encontrar um novo artilheiro, além de um novo apanhador, e tudo ficaria bem.

Como era esperado, os testes tomaram toda a nossa manhã. Parecia que metade dos alunos da Sonserina estavam em campo, até mesmo alguns do 1º ano. Haley conseguiu expulsar todos que não deviam estar ali e dividiu os candidatos em grupos de 10 para voarem ao redor do campo. Esse único exercício, que deveria ser algo básico para alguém que quer jogar quadribol, se mostrou bem interessante. Metade do grupo foi eliminado de cara quando não conseguiram completar a volta se capotar da vassoura, perder o controle dela ou voar direto para as traves, sem conseguir fazer curva.

O resto do teste não foi muito melhor. Desastroso é a palavra certa para descrever. Os artilheiros, que estavam sendo testados por Haley, JJ e Jack, eram pavorosos. Deixavam a goles escapar como se fosse um sabonete, erravam passes e melhor nem falar da pontaria. Quando conseguiam mirar nas traves, o arremesso era tão fraco que Jack defendia com se estivesse espantando uma mosca. Um dos artilheiros, quando meu balaço passou raspando na sua cabeça, começou a chorar. Os apanhadores também não foram nada bem. Keiko e eu ficamos responsáveis por cronometrar seus tempos de captura e nós nunca íamos ganhar uma partida dependendo deles.

Depois de horas vendo aqueles idiotas voarem feito baratas tontas atrás do pomo, Haley apitou e mandou todo mundo descer. Voltamos para o campo e vi Alvo e Escórpio pedindo o pomo e a goles emprestadas a JJ, que as entregou a eles. Os dois saíram correndo pro meio do campo e desapareceram no ar com as vassouras da escola.

- É melhor ele não perder aquele pomo, ou vamos ter que nos entender com madame Hooch – Haley disse azeda, cansada do teste desastroso.
- Não podemos escalar nenhum deles, foi um desastre total.
- Que outra opção nós temos? – Haley perguntou sentando no banco – Sério, qualquer solução serve.
- Er... – JJ cutucou Haley – Acho que tenho uma, mas você não vai gostar.

Ele apontou pro campo e todos olhamos. Alvo e Escórpio brincavam com a goles e não teve um único arremesso nos aros que Escórpio errou. E nenhum fraco também, ele era pequeno, mas ágil. Alvo não arriscava arremessos, mas de repente disparou na direção oposta do campo e voltou segundos depois com o pomo preso na mão. Os dois comemoravam como se estivessem em uma partida de verdade.

- Sem chance – Haley já foi logo dizendo – McGonagall nunca vai permitir.
- Eles são bons – Jack falou cauteloso – E ninguém vai esperar isso. Vão ser subestimados e todo mundo sabe que isso pode ser bom.
- Ele tem razão... – JJ apoiou Jack – Ninguém vai esperar que o time da Sonserina escale dois calouros.
- Vocês estão esquecendo a parte que é proibido para alunos do 1º ano jogar quadribol.
- Com eles no time, temos chances de vencer? – perguntei para Haley e ela assentiu, embora um pouco relutante – Então temos que dar um jeito. Se falarmos primeiro com o professor Yoshi e ele se convencer, vai ser mais fácil convencer a McGonagall.
- Ele nós conseguimos convencer fácil – Keiko já se animou.
- Vocês querem mesmo arriscar o campeonato se baseando em alguns arremessos a gol e uma captura de pomo de dois garotos de 11 anos?
- Que ainda assim foram melhores que todos os outros? – JJ perguntou e assentimos – Sim!
- Quer saber? – Haley levantou do banco decidida – Os outros foram mesmo uma porcaria, não quero nenhum deles no meu time.
- Então vamos atrás do professor Yoshi! – Jack já saiu do vestiário e fomos atrás dele.

Haley comunicou aos candidatos que procuraria os escolhidos até o final do dia e dispensou todo mundo. A maioria saiu frustrada, esperando já saber quem estaria no time, mas não estávamos preocupadas. Fomos direto para o escritório do tio Yoshi, de uniforme mesmo, e ele se espantou com a comitiva a sua porta. Keiko tinha razão, foi fácil convencê-lo. Não gastamos nem metade dos argumentos e ele já estava convencido que aquele era o time que precisávamos para ganhar a taça. Largou o que estava fazendo e nos acompanhou até o escritório de McGonagall. Ela teve a mesma reação quando viu a comitiva, e a julgar por quem ela era formada, imaginou logo que tínhamos aprontado alguma coisa. Suas narinas já começavam a dilatar quando tio Yoshi explicou o que queríamos. Esperávamos que sua reação fosse um pouco melhor.

- Absolutamente não! Não posso autorizar isso.
- Por que não? – Keiko perguntou.
- Porque são duas crianças! Se algo acontecer a elas em campo, a responsabilidade é minha por ter autorizado.
- A senhora não pareceu se preocupar com isso quando autorizou que o tio Harry jogasse pela sua casa. Ele também só tinha 11 anos – McGonagall levantou e tio Yoshi me cutucou – O que? É verdade.
- Srta. Lupin, mais respeito.
- O que a Clara quis dizer é que se o tio Harry não se machucou, Alvo e Escórpio também vão sair inteiros – JJ tentou amenizar.
- Não tem como garantir isso.
- Professora, isso não é justo. Todos foram péssimos nos testes, mas eles se saíram muito bem. Merecem as vagas! – Haley protestou e a apoiamos.
- Minerva, dê uma chance aos meninos – tio Yoshi resolveu nos ajudar um pouco – Se eles foram tão bem assim em meio a candidatos mais velhos e mais experientes, não merecem a chance de mostrar que a vaga lhes pertence?
- Um acidente e os dois estão fora do time – ela sentou outra vez – E isso tem que se manter em sigilo até o dia do 1º jogo. Não quero outros times aqui reivindicando o mesmo direito.
- Sem problemas! Ninguém vai saber de nada! – Haley abriu um sorriso que ia de uma orelha a outra – E não vão haver acidentes.
- Vamos embora, antes que ela se arrependa – tio Yoshi começou a nos empurrar pra fora.
- Eu já estou arrependida – ouvimos McGonagall falar antes da porta fechar.

Tínhamos o time que queríamos, agora tudo que precisávamos fazer era encontrar um jeito de manter os treinos da Sonserina fechados e não deixar que ninguém de fora do nosso time descubra. Não podíamos arriscar que a história se espalhasse e fossemos obrigados a ter que escolher outros dois. Aquele ano a taça era nossa.

Thursday, September 01, 2011


Algumas memórias de Haley Warrick

Julho de 2016....

Ser de uma familia de aurores implica em estar sempre em vigilância constante, e minha família levava isso a sério. Sempre havia treinamento em DCAT e todos eram aceitos de braços abertos e nenhum dia era monotono. Eu queria treinar um pouco de luta corpo a corpo e Ty e Ethan eram suaves comigo, então pedi que Emily treinasse comigo. Como Luky e Bela, estavam na casa dos avós, minha irmã e seu marido, vieram passar o dia conosco. Enquanto Griff conversava com meu pai sobre algumas poções para disfarçar o cheiro de humanos dos vampiros, eu e Emily treinavamos no ginásio de minha casa.
- Soco, chute, giro, esquiva...- dizia Emily enquanto me dava uma sequência de golpes e eu ia desviando o mais rápido possivel.Modéstia á parte, eu estava ficando boa, mas precisava treinar mais, para ser tão boa quanto ela.
- Então, maninha...Como está o tal caderninho?- ela quis saber e eu a olhei curiosa e ela riu, enquanto me dava golpes que misturavam luta de rua com ates marciais.
- Bela, está louca para começar o dela.- ela comentou e eu respondi:
- Como se ela precisasse...Que Griffon não saiba, mas ela faz sucesso com os garotos.- e ela assentiu:
- Griffon finge que não sabe dos rolos da filha, do Luky ele incentiva, mas da Bela? Ele já prometeu destripar todo e qualquer rapaz que aparecer em casa, antes que ela faça 30 anos.- rimos e então ela perguntou à queima roupa:
- E o Justin? Superou?- vacilei e ela aproveitou para me dar uma chave de pescoço.
- Não há o que superar. Namoramos, não deu certo. Fim! - disse enquanto tentava me livrar dela.
- Fazem dois anos, se houvesse superado você falaria bem ou mal dele sem problemas, os ex servem para isso...- lembrar de Justin e de sua mania de segredos, me irritava profundamente, e me concentrei em afasta-la, quando de repente ela me soltou dando um grito.
Quando me virei para ela, seu braço exibia marcas de queimadura e ela me olhou assustada:
- Não sabia que você dominava os feitiços silenciosos e sem varinha...
- Não domino..O que eu fiz?
- Você me queimou, olha..- e onde meus dedos tocaram a sua pele, começavam a formar bolhas.Peguei rápido umas das muitas toalhas à disposição para nosso uso, e molhei com água fria para fazer uma compressa para ela.
- Haley, você sabia que consegue queimar as pessoas com as suas mãos?
- Não, nunca fiz isso...Como isso pode acontecer?- e como as bolhas não cediam, ela segurou seu pingente e não demorou Griffon entrou no ginásio.
- Amor, o que houve?
- Haley me queimou sem querer, você pode dar um jeito?- e ele rapidamente a curou mas depois quis saber, enquanto acariciava o braço dela e a olhava de cima a baixo:
- Não sabia que estavam usando feitiços, não era um treino físico? Roupa nova?
- Ela não sabia o que estava fazendo...Aham, comprei ontem.
- E isso aconteceu quando? Parece confortável e te deixa linda...– e Griffon estava quase pulando sobre Emily. – revirei os olhos.
- Suas mãos se aqueceram quando falei sobre Justin.- ela respondeu com um risinho convencido e eu resmunguei me afastando para impedir uma cena constrangedora:
- Estou indo, não quero ver algo que vai me traumatizar para o resto da vida.- e eles se afastaram rindo. Griffon se virou para mim, assumindo o seu ar curandeiro:
- Ele foi o estopim então? Você ainda se importa com ele.- ele disse firme e eu me irritei:
- Não gosto dele, não tenho nada com ele...- e como ele levantasse a sobrancelha em dúvidas, me irritei:
- Porque você não acredita em mim?- e minhas mãos brilharam e Griff sorriu:
- Pelo jeito, ele deixou marcas bem profundas em você.
- O que você quer dizer com isso?
- Acho que quando ele a ajudou naquela possessão pode ter passado alguns dos poderes dele a você, sem que ambos percebessem, eu já havia conversado sobre isso com a minha mãe...
- Ele me contaminou?- quis saber chocada, e Emily tentou me acalmar:
- Não seja dramática, isso não é uma doença. Talvez ele não tenha percebido o que fez. Isso acontece quando se tem uma ligação muito forte com alguém. Griff acabou me passando um pouco de seu poder de cura quando engravidei dos gêmeos, e assim eu me curo muito mais rápido que antes.- disse minha irmã e ela me exibiu o braço e onde antes haviam bolhas, agora só havia pequenas marcas vermelhas que iam sumindo a olhos vistos. Aceitei que Griff poderia ter razão:
- E isso significa que estarei ligada a ele para sempre? Tipo transmissão de pensamento, estas bizarrices que você divide com a sua mulher?- e Griff riu após trocar um olhar caloroso com Emily
- Não, não funciona assim. A menos que ambos queiram. E não sei se você percebeu minha querida, com este poder, você pode incinerar qualquer inimigo que a atacar.
- Mas eu quase fritei a Emily, não posso machucar as pessoas. Eu não quero isso...- disse olhando para as minhas mãos.
-Podemos ajudar você a controlar se quiser...
- Certo, façamos isso.- não consegui disfarçar um bocejo, e Griff me segurou quando quase cai.
- Sente-se cansada?- e Griffon depois de me examinar, usou um pouco de seu poder de cura em mim, e eu disse:
- Não quero que ninguém saiba...
- Ninguém?
- Não quero que meus amigos saibam e isso inclui a Arte. – e Emily levantou as sombrancelhas:
- Eu não sabia que vocês haviam brigado...
- Não brigamos, mas se ela souber de algo assim, pode se preocupar e vai contar ao Justin e eu não quero que ele saiba.Quando for o momento certo, eu conto para todo mundo, e...também ao Justin.- eles trocaram olhares e Griffon disse sério:
- Tudo bem, mas precisamos contar aos seus pais, pois estes novos poderes vão usar muito de sua energia, e se você não se controlar, usar algumas poções revigorantes, o uso constante deles poderá deixa-la doente.
Concordei e naquele dia mesmo, Griffon e Emily começaram a me ajudar a entender os poderes que Justin havia me dado. Pelo jeito, de alguma forma ele ainda continuava na minha vida e eu ainda tinha dúvidas se isso era bom ou ruim.

o-o-o-o-o-o-

Setembro de 2016

O ano não havia começado tão bem quanto eu esperava. Dar de cara com Justin na estação de trem, me fez perceber que embora estivessemos separados há dois anos, eu ainda me abalava muito com a presença dele e não gostei disso. O último ano foi cheio de novas aventuras e muito divertido, eu gostava de sair com garotos diferentes, mas rever Justin, num momento em que eu me sentia feliz, era injusto. Então optei por ser cordial quando a situação exigisse, e só, não me aproximaria dele, porém nem tudo é como a gente quer.
- Muito bem, classe a aula de hoje está encerrada! Haley, Justin podem ficar um minuto a mais por favor?- pediu o professor Longbotton após o final da aula do dia. As garotas deram risinhos irritantes e as ignorei. Quando nos aproximamos, ele pediu que nós dois colhessemos um pouco mais de pus de bubotúberas para levar à enfermaria da escola.O professor saiu nos deixando sozinhos na estufa, nos olhamos e ele abriu a boca para falar algo, mas me virei colocando minhas luvas de couro de dragão e logo o ouvi fazer o mesmo. Trabalhávamos em silêncio, e logo terminaríamos, quando uma planta mais rebelde prendeu o meu braço e eu tive dificuldades para soltar. Ouvi o risinho dele se aproximando e tentei me soltar mais rápido, mas a planta me segurou mais forte.
- Páre com isso, você vai machuca-la.- ele disse se aproximando.
- Ela é que está me machucando, está muito apertado.Faça alguma coisa por favor, meu braço está doendo. - reclamei e ele colocou sua mão em cima do meu braço preso e quando estava com a boca próxima de minha orelha disse:
- Sabia que este foi o maior número de palavras que você trocou comigo desde que voltei?- e sem eu perceber a planta me soltou e quando vi eu estava virada para ele, separada por poucos centímetros.
- Obrigada.- disse formal e ele insistiu:
- Você não sente saudades de nós?
- Não temos muito o que falar. Nossas vidas seguiram em frente, Justin.E saudades? Elas passam. - respondi olhando-o nos olhos, e tentei passar, quando ele me puxou e me beijou.
Senti uma mistura de emoções,alegria, amor, saudades, a sensação de estar completa começou a me preencher, enquanto eu o puxava pela camisa para aprofundar nosso beijo, quando me lembrei que havia sido opção dele me afastar. A mágoa prevaleceu.
- Ai, você me mordeu!- Ele disse passando a mão no lábio inferior que sangrava, quando me soltou:
- Acha que basta me livrar de uma plantinha e me beijar que eu vou cair nos seus braços? As pessoas mudam Justin, e eu mudei.- o empurrei, ele me deixou passar, mas veio atrás de mim:
- Haley, precisamos conversar, agora vamos trabalhar juntos, teremos as aulas de DCAT da Artemis, nós poderíamos voltar a ficar juntos.
- Não Justin não podemos. E quanto ás aulas da Arte, temos um objetivo em comum, então vou trabalhar com você da mesma forma que trabalharei com os outros garotos, nada além disso.- disse firme e ele me olhou sério:
- Há outra pessoa? É serio? – e eu ri sacudindo a cabeça:
- Não tenho que te responder sobre a minha vida pessoal.- disse saindo das estufas e para minha surpresa, Zach vinha em minha direção:
- Oi linda, estava vindo te buscar, temos um encontro hoje. Hey, Texas! – disse acenando para Justin e não terminou de falar pois eu o agarrei e beijei. Quando o soltei, ele assobiou:
- Uau, se soubesse que seria recebido assim, teria vindo mais cedo.- sorrimos um ao outro, mas pude notar a expressão chocada de Justin, quando viu que eu estava saindo com Zach.Se eu o convenci, acho que este último ano me serviu para alguma coisa: aprendi a fingir bem.

The scars of your love remind me of us
They keep me thinking that we almost had it all
The scars of your love they leave me breathless
I can't help feeling

We could've had it all
Rolling in the deep
You had my heart inside of your hand
And you played it
To the beat
We could've had it all
Rolling in the deep
You had my heart inside of your hand
And you played it
To the beat



N.Autora:Trecho da música, Rolling in the deep, Adele