Wednesday, April 28, 2010


Das anotações de Haley McGregor Warrick

Véspera da volta á escola, no recesso de Páscoa

- Mãe, posso usar este medalhão?- perguntei para minha mãe enquanto remexia sua caixa de jóias, na véspera de voltar para escola. Era um medalhão de prata, com um M sendo envolvido por uma serpente marinha, numa fita de veludo preto. Minha irmã mais velha, Emily estava no quarto junto conosco e experimentou a jóia também.
- Deixe-me ver...Ah este? Eu o ganhei de meu padrinho, Kyle, marido de sua avó Virna. Há tempos não o via.
- O avô do Ty era seu padrinho? Como ele era?
- Não sei, ele morreu no mesmo dia em que meus pais, eu era um bebê.E pelos retratos que estão na Escócia, Ty tem muito em comum com o avô. – e Emily comentou:
- Pelos documentos que vi em La Force, ele era um Inominável e um auror muito bom, trabalhava no Departamento de Mistérios, algumas anotações de Alderan Chronos, o elogiam bastante.
- Então vou deixar o medalhão aqui, é importante para você...- eu disse, mas mamãe sacudiu a cabeça.
- Sim é, mas você pode usa-lo, desde que não o perca. Ele um dia será seu, de qualquer forma. Mas então...Esta sua vontade de usar coisas bonitas...Tem a ver com alguém em especial?- e entendi o que minha mãe queria dizer, ao ver o sorrisinho de Emily:
- Não, mãe não há ninguem especial, só achei legal o medalhão e vai combinar com as roupas que tenho...- e como ela ainda me olhasse esperançosa, eu disse de uma vez o que ela queria saber:
- Mãe, eu só beijei um garoto e ele não é o que se poderia chamar de ‘especial’ . É grifinório e anda com a turma que vive encrencando conosco, mas ele foi legal, embora a galera o deteste. – e depois que falei me arrependi, pois vi o brilho de curiosidade de minha mãe e irmã e sabia que não sairia dali antes de contar tudo sobre o baile. Um pouco de fofoca, era um preço justo, pelo medalhão rsrs.

Alguns dias depois, sábado hora do almoço, após um treino de quadribol:

Eu estava sentada almoçando quando vi Julian se sentando ao meu lado e pegando algumas batatas do meu prato. Olhei atravessado:
- Pega um prato para você,Julian, ainda tem comida na mesa.
- Já almocei, mas faltava uma coisinha, e seu prato está cheio ainda, você não vai conseguir comer tudo, é uma garota...
- Ela vai conseguir comer tudo, Corvo, ela tem o apetite de um quarterback, quando volta de um treino. – disse JJ e rimos, quando de repente vi o fantasma do garoto estilo Elvis Presley pairar ao lado do Julian, me encarar sério e dizer:
- Você está usando algo que não lhe pertence.
- Hã? Como é que é?- perguntei e meus amigos ficaram me olhando, quando afastei o prato de comida, ouvi quando Arte disse:
- Pessoal, temos visitas do além...- e eles se entreolharam e eu disse:
- O garoto estilo Elvis que fica te cercando Julian, diz que estou usando algo que não é meu...
- Isso não é seu! - Afimou apontando para o medalhão em meu peito.
- É da minha mãe e ela me deixou usar...
- Então sua mãe usa coisas roubadas...
- Não fala da minha mãe seu folgado...- disse enquanto levantava e encarava alto e os colegas em volta começaram a nos olhar:
- Haley, você ta fazendo escândalo, Tio Ben e tio George já estão olhando para cá...- disse Keiko e Tuór tentou se colocar na minha frente para parecer que ele discutia comigo, mas saiu do lugar:
- Credo, está frio demais ali...- e os meninos tentaram ir para o mesmo lugar sem conseguir.
- Não ligo para os outros, nenhum projeto de poltergeist diz que minha mãe rouba coisas.- e o fantasma respondeu:
- Projeto de Poltergeist?? Quem você pensa que é para falar comigo assim?
- Alguém que estava almoçando quieta antes de ser incomodada. Se queria uma desculpa para eu te ajudar a ir para a luz, podia esperar eu acabar o almoço, nunca ouviu falar de senha não?
- Eu não pediria ajuda a uma menina desmiolada e grosseira como você. Devolve o medalhão! – ordenou e juro que aquela era uma cara de alguém acostumado a brigar.
- Desmiolada? Ora seu atrevido, não tem nada a ser devolvido aqui.- bufei.
- Então sofrerá as consequências....- o fantasma disse com um olhar cínico:
- Vou? E o que você vai fazer? Atravessar as paredes até ver se fica sólido?Oops, não vai adiantar, você está morto. M.O.R.T.O! É fumaça! Puf! – respondi empinando o queixo enquanto o encarava, e ouvi Hiro perguntando ao lado, enquanto passava a mão ao redor:
- Ela está realmente discutindo com um fantasma??- Julian respondeu:
- Se não está, teremos que coloca-la numa camisa de força. É bizarro isso.
E então após me encarar feio, o fantasma sumiu. Ainda fiquei por ali com meus amigos e expliquei a eles como era o fantasma e o que queria, e as pessoas ao nosso redor voltaram aos seus assuntos.
Claro que eu pressentia que a trégua com o tal fantasma era provisória, pude reconhecer a determinação dele em ficar com o medalhão, e isso me levou a pensar sobre a pergunta que Julian fez e eu não soube responder enquanto íamos para a sala de jogos:
- Haley, afinal de contas, quem é aquele garoto?

Continua...
Haley McGregor Warrick às 2:52 PM

Tuesday, April 20, 2010


Dois meses atrás

Cheguei atrasada na sala que McGonagall nos emprestava para os treinos e Hiro já estava lá, entretido com alguns equipamentos feitos de borracha. Sorriu ao ver que havia finalmente chegado e deixou as coisas de lado, vindo ao meu encontro.

- Lembra que falei ter tido uma idéia melhor para nossos treinos? – fiz que sim com a cabeça. Ele havia mencionado há quase um mês – Vamos começar hoje.
- Uau, a idéia misteriosa finalmente será revelada! – brinquei e ele riu – O que é, afinal?
- Taekwondo – ele disse com um sorriso satisfeito no rosto – A partir de agora não vamos mais treinar Karatê.
- Qual é a diferença?
- Pra responder isso, vou precisar ser técnico outra vez – ele sacou a varinha e escreveu a palavra no ar, separando em três partes - "Tae" pode ser traduzido literalmente em saltar ou voar, para chutar ou quebrar com o pé. "Kwon" denota o punho – principalmente para perfurar, ou destruir com a mão ou o punho. "Do" significa uma arte ou o meio – um caminho correto construído e pavimentado pelos santos e sábios do passado. Sendo assim, "Taekwondo" indica o treinamento mental e as técnicas de combate desarmadas para a autodefesa, também para a saúde, envolvendo a aplicação hábil dos golpes, chutes, bloqueios e esquivas com as mãos e os pés livres para uma destruição rápida do movimento do oponente – ele apagou as palavras e me encarou – Seus princípios são: Cortesia, Integridade, Perseverança, Autocontrole e Espírito Indomável.
- Parece mais técnico que Karatê – comentei e ele assentiu, caminhando até o equipamento que mexia quando cheguei.
- A base do Taekwondo é a concentração. Você não imobiliza o oponente, você o derruba com golpes certeiros, exige muito mais concentração – ele atirou protetores de braço e perna e um colete e um capacete vermelho de espuma pra mim – Lutamos com proteção e o objetivo é marcar pontos acertando lugares específicos. Com um chute preciso, é possível encerrar uma luta em segundos.
- Assistimos algumas lutas nas Olimpíadas, acho que vou gostar – falei já animada, vestindo o equipamento vermelho. O dele era azul.

Hiro gastou mais alguns minutos explicando quais áreas eram permitidas para golpes e demonstrando alguns movimentos rápidos, e logo começamos a treinar um contra o outro. Diferente de Karatê, onde exigia imobilização em algum momento da luta, ele era realmente muito bom em Taekwondo e me deu trabalho até que conseguisse marcar alguns pontos a meu favor. Quase duas horas de treino depois, voltei para o salão comunal da Sonserina com a sensação de que, embora ainda tivesse um longo caminho a percorrer, tinha finalmente encontrado um esporte que não iria abandonar.


ºººººº

- Isso não vai dar certo.

Estávamos na sala de treino e Hiro me vendava com um pano preto. Depois de dois meses inteiro praticando Taekwondo com ele quase todos os dias, meu rendimento havia melhorado bastante. O que faltava, no entanto, era a habilidade de antecipar o movimento do adversário. Hiro dizia que eu era muito ansiosa e isso acabava atrapalhando no fim, então sugeriu que eu lutasse com os olhos vendados. Eu era desastrada, não conseguia ver onde a combinação de luta + falta de visão poderia terminar bem, mas ele estava certo de que funcionaria.

- Você precisa confiar mais em mim – Hiro comentou apertando o nó para que o pano não caísse.
- Eu confio em você, não confio é em mim – e ouvi-o rir – Você diz que sou ansiosa, o que acha que vou fazer tendo que derrubar alguém sem enxergar?
- O que vai acontecer é que, sem sua visão, terá que pensar antes de desferir os golpes. Vai ter que se concentrar ainda mais, para poder antecipar o que vou fazer e me derrubar.
- E se eu acertar um chute no seu rosto?
- Eu estou sem venda, isso não vai acontecer. Pronta?
- Sim... Que comece o desastre.

Hiro riu outra vez e pegou minha mão, me guiando até o centro do tatame. Podia ouvi-lo se mexendo ao meu redor e quando ele acertou um tapa no meu capacete, assumi a posição de luta e comecei a tentar encontrá-lo.

Não era fácil. Ouvia seus pés batendo no tatame por todos os lados, ele claramente estava me rodeando e vez ou outra sentia seus pés acertarem minhas pernas. Devia estar parecendo uma louca desferindo golpes a esmo, na esperança de que um deles o acertasse e valesse como desconto por estar me batendo.

- Qual é o problema, Daniel San? – ouvi Hiro me provocar – Já esqueceu como se luta?
- Se continuar me chamando assim vai ser difícil me concentrar – respondi acertando um chute forte, mas que atingiu o ar.
- Seu oponente sempre vai tentar tirar sua concentração – Hiro acertou outro chute na minha perna e o ouvi saltar para trás depressa – Seu trabalho é ignorar as provocações e manter o foco, Lassie.
- Ok, posso fazer isso, já ignoro vocês me perturbando todo dia mesmo.
- Pare de falar e me derrube! – Hiro acertou um chute certeiro no meu peito e quase cai pra trás – Escute meus movimentos, antecipe meus golpes.

Parei de me mexer um instante e fiz o que ele mandou. A sala de repente caiu em silencio. Sabia que ele ainda estava me provocando, mas já não ouvia mais sua voz. Tudo que podia ouvir era o som de seus passos indo de um lado para o outro no tatame. Percebi que a cada volta que ele dava, se aproximava de mim para me golpear. Continuei parada no mesmo lugar e quando ouvi seus passos completarem mais uma volta, chutei o ar com força. O som do meu pé atingindo o colete de espuma foi seguido pelo barulho do baque do corpo de Hiro contra o tatame e arranquei a venda dos olhos, eufórica. Hiro estava caído no chão, mas sorria satisfeito.

- Muito bom, Padawan! – estendi a mão a ele para ajudá-lo a levantar – Ouviu o que disse e conseguiu!
- Eu contei seus passos – ainda não tinha acreditado que tinha acertado seu peito em cheio sem enxergar – Sabia quantos passos gastava para me rodear e depois se aproximar. Sabia exatamente quando atacar.
- Essa é a beleza do Taekwondo. Concentração e precisão. Sei que só estamos treinando há 2 meses, mas arriscaria dizer que você se encaixaria muito bem em uma equipe olímpica. Você é ágil, vai se sair muito bem em uma competição. Para isso vai precisar de um treinador de verdade, é claro, mas tenho certeza que consegue uma vaga.
- Você já é um treinador de verdade, Hiro. Até 2 meses atrás eu não sabia nada, e olhe pra mim hoje! Sua empolgação em me ensinar o que sabe é tanta que me contagiou por completo, todo dia espero ansiosa pela hora dos treinos. É minha hora favorita do dia.
- Então quando você ganhar sua primeira medalha olímpica, não se esqueça de falar sobre mim na coletiva de imprensa.
- Pode deixar, vou falar muito bem de você.
- Agora chega de papo, Lassie. Coloque a venda outra vez – Hiro se afastou já em posição para uma nova luta – Vou fazer bem menos barulho agora, quero ver se é boa mesmo.
- Prepare-se para a surra, Mister Miyagi.

Amarrei o pano outra vez e recomeçamos a luta. Quando, na terceira tentativa, consegui derrubar Hiro com precisão, comecei a pensar que ele talvez tivesse razão. Desde que havia abandonado a Ginástica Artística, nunca mais participei de nenhuma competição e sentia falta daquela atmosfera toda, sempre fui extremamente competitiva. Talvez reviver toda aquela tensão e adrenalina de uma competição esportiva fosse fazer bem, afinal.

Thursday, April 08, 2010


Rio de Janeiro, 4 de Abril de 2013

O recesso de páscoa já estava chegando ao fim, depois de quatro dias muito agradáveis na companhia da minha família. Para inaugurar o apartamento novo, todos os almoços foram na casa de Gabriel, embora tenha sido tio Scott o responsável por toda a comida. Madeline até tentou ajudar, mas ele não deixava ninguém fazer nada, e em especial ela, que agora sabíamos estava grávida de gêmeos. Duas meninas, que nasceriam em no máximo 3 meses.

Lucas foi visita freqüente durante todo o feriado. Agora totalmente curado da leucemia, tinha uma aparência saudável e estava mais maroto do que nunca. Eu agora já dominava muito bem a linguagem dos sinais e conversávamos sem precisar de interpretes, e quando ele perguntou o que era a caixa colorida na minha mala, contei a história sobre meu tumultuado dia dos namorados. E me arrependi momentos depois, quando ele contou dos dois beijos que me roubaram na mesma noite na sala, e minha mãe, que entendia linguagem de sinais tão bem quanto eu, traduziu espantada parte da fofoca para os demais.

Fizeram hora com a minha cara pelo resto do dia e cheguei em casa irritada, mas repetia mentalmente todos os mantras de relaxamento que Keiko havia me ensinado para não perder o controle, embora quisesse torcer o pescoço de Lucas, que não parava de rir da situação. Meus pais subiram e fiquei conversando com ele no parquinho em frente ao prédio, vazio naquele fim de tarde frio. Ele pedia desculpa por ter falado, mas as constantes risadas não indicavam que estava mesmo arrependido, e embora ainda irritada, continuamos conversando sobre a caixa, pois ele tinha algumas teorias sobre ela.

- Isso que está dizendo não faz o menor sentido – disse a ele – Por que alguém ia me dar algo para me testar? – ele deu de ombros, gesticulando que não imaginava os motivos.
- Ei Clara – ouvi a voz de Nick e olhei para trás. Imediatamente vi a caixinha em sua mão – O que isso faz, afinal? É só pra ficar olhando ou seu namorado só sabia dobrar isso com papel?
- Onde pegou isso? – perguntei já de pé.
- Estava em cima da sua cama. O que tem dentro? - e fez menção de abrir. Reagi tão rápido que não pensei nas conseqüências antes.
- Avis! – gritei sacando a varinha do bolso e cinco passarinhos surgiram no ar. Lucas arregalou os olhos do meu lado – Oppugno!

Os passarinhos voaram na direção de Nick como foguetes e o atacaram. Ele sacou a varinha também e rapidamente conseguiu desfazer meu feitiço, fazendo os passarinhos desapareceram. Ele me lançou um olhar irritado e atirou a caixa para mim.

- Está louca? – Nick falou baixo, se aproximando – Estamos em uma praça trouxa. E na presença de um!
- Lucas sabe que somos bruxos – me defendi. Mesmo sabendo, Lucas ainda estava assustado.
- Diga isso ao Ministério, mas posso adiantar que não é uma boa desculpa. Vamos embora, antes que apareça algum curioso. E guarde a varinha.

Despedi-me de Lucas pedindo desculpa pelo susto e entrei com Nick. Assim que pisei dentro de casa, uma emboscada me esperava. Mamãe tinha os braços cruzados e papai me mostrava um envelope já amassado em sua mão, com o símbolo oficial do Ministério da Magia. Nick deu boa noite e desceu pra casa às pressas.

- Leia – papai me entregou o envelope – Em voz alta.

“Prezada Srta. Lupin.

Fomos informados que um feitiço de conjuração e um de direcionamento foi executados pela senhorita esta noite, em área pública de seu local de residência, às 17:29.

Como a senhorita sabe bruxos menores de idade não têm permissão para executar feitiços fora da escola e, a continuar em prática, a senhorita poderá ser expulsa da referida escola (Decreto para restrição racional da prática de Bruxaria por menores, 1875, parágrafo C).

Gostaríamos também de lembrar-lhe que qualquer atividade mágica que possa chamar atenção da comunidade não-mágica (trouxa) é uma infração grave, conforme seção 13 do Estatuto de Sigilo da Confederação Internacional de Bruxos.

Boa Páscoa.

Matilde Sardenberg
Escritório de Controle do Uso Indevido de Magia
Ministério da Magia”


- Será que podemos saber o que aconteceu? – mamãe perguntou.
- Uau, o Ministério é rápido.
- Clara, não provoque.
- Nick me provocou e eu não pensei, esqueci que não estou em Hogwarts, desculpa!
- Clara, esse não é o tipo de coisa que você pode simplesmente esquecer! – papai falou preocupado – Nós moramos em uma comunidade totalmente trouxa, o cuidado deve ser redobrado!
- Eu sei, desculpa, prometo que isso não vai mais acontecer.
- Não vai mesmo, porque até ter 17 anos, sua varinha será confiscada assim que pisar em casa – mamãe falou já estendendo a mão e entreguei a varinha sem relutar, pois não adiantaria.
- Vou terminar de arrumar a mochila – falei desanimada e sai da sala.

Minhas coisas ainda estavam espalhadas por todo o quarto e comecei a lenta rotina de recolher tudo para não voltar a Hogwarts deixando nada para trás. Já tinha recolhido tudo e peguei novamente a caixinha em cima da cômoda, mas antes de guardar na mochila, perdi um tempo a analisando e pensando nas teorias malucas de Lucas. Mamãe entrou no quarto sem bater e me assustei, atirando-a na mochila de qualquer jeito.

- Já guardei tudo, posso ter a varinha de volta? Vou guardar na mochila, não vou atacar mais ninguém.
- É essa a caixinha da discórdia? – mamãe me estendeu a varinha e apontou para a mochila aberta – Posso ver?
- Não tem nada demais, mas Nick me perturbou o dia todo, e agora reajo a tudo rápido demais, nem deu tempo pra ele bloquear – disse entregando a caixa a ela.
- Não sabe mesmo quem te deu? – dei de ombros e ela rodou a caixinha na mão – Alguma teoria? Já tentou abrir?
- Não, já sacudi e sei que não tem nada dentro, se abrir vai estragar. Melhor deixar como está. Lucas tinha muitas teorias pra ela, mas nenhuma fez muito sentido.
- Quem eram os dois meninos da festa? – mamãe mudou de assunto bruscamente e olhei para ela com cara sofrida, fazendo-a rir – Ah vamos, diga. Ou vai me fazer perguntar a seus amigos? Tenho certeza que Haley vai me contar.
- James Thruston, mas eu quebrei o nariz dele logo depois, e tio George quase fez o mesmo quando soube o que ele tinha feito – respondi fazendo careta e ela arregalou os olhos – Foi uma aposta dos amigos dele, ele mereceu ter o nariz quebrado.
- Ok, não vou julgar, já tive meus momentos de fúria com garotos também – ela riu – E o outro, foi aposta também?
- Zach – falei sem graça e ela percebeu, pro meu azar.
- Zach Walker? Primo do Connor e do Micah? – confirmei sem olhar pra ela, pois sabia que meu rosto estava um pouco vermelho – Huum.
- Não, não “huum”, por favor – mamãe riu quando olhei pra ela quase em pânico – Zach é só meu amigo, mais nada.
- Então porque ele a beijou?
- Ok, eu conto, mas, por favor, sem “huum” depois, ok? Não julgue.
- Não vou dizer nada.
- Depois do que Thruston fez, eu fiquei muito irritada, acabou com a minha já pouca animação pra festa. Zach ficou me fazendo companhia na mesa, acho que tentando me distrair pra me impedir de ir lá bater nele de novo, e quando eu disse que sempre que me lembrasse da festa, ia lembrar aquela momento pavoroso, ele me beijou e disse que agora eu teria outra coisa pra lembrar.
- Por que não estava animada em ir ao baile? – sabia que mamãe estava fazendo um esforço sobrenatural para não analisar o que havia acabado de contar e fiquei grata.
- Não me anima a idéia de ir a uma festa de dia dos namorados, todo aquele clima meloso, blergh – ele riu – Só fui mesmo porque, além de Keiko ter me infernizado a semana inteira, a banda do Edward ia tocar.
- Você só tem 13 anos, normal não se interessar ainda por essas coisas.
- Eu acho que nunca vou me interessar por isso.
- Pois eu aposto que está errada, espere só até ter 15 anos – ri descrente e ela me encarou séria – Prometo que não vou fazer nenhum comentário, nem falar para ninguém, mas me responda uma coisa: você gostou de um dos beijos que ganhou? Ou de saber que tem alguém que gosta de você, mas não tem coragem de se identificar? Seja honesta.
- Eu odiei o que Thurston fez, de verdade. Não gosto nem quando ele fala comigo, imagine isso – falei revoltada – Mas não foi tão ruim assim o do Zach – admiti, mas ela não riu, mantendo a promessa.
- Ok, e sobre a caixinha? Além de curiosa, não fez você se sentir ao menos um pouco bem com você mesma, por saber que chamou a atenção de alguém? – dei de ombros, derrotada, e ela sorriu – Viu? Espere ter 15 anos e então você vai admitir pra mim que perdeu a aposta.
- Ok, daqui a dois anos eu digo se você estava certa, mas acho que não vai estar.
- É o que veremos – mamãe levantou me devolvendo a caixa, com um olhar de desafio, me fazendo rir – Estou esperando na sala, sou eu que vou levá-la de volta hoje – assenti com a cabeça terminando de fechar a mochila e ela parou na porta – Clara? Sabe que se quiser conversar sobre qualquer coisa, estou aqui, não é?
- Sim mãe, eu sei. Obrigada por não rir ou se empolgar.
- Isso foi provavelmente a coisa mais difícil que já fiz na vida – ela disse saindo do quarto e comecei a rir.

Tirei a caixa da mochila e, com cuidado, guardei na gaveta de roupas. Não ia voltar com ela a Hogwarts e deixar que a curiosidade me consumisse. Se a pessoa que havia deixado ela na minha cama não tinha coragem de se apresentar agora, talvez tivesse um dia e ficar olhando um bloco colorido com palavras que não me diziam nada não fariam nada além de me levar a loucura. E quanto à aposta com minha mãe, esperava poder vencer, ou seria duro aturá-la por um longo tempo.

Sunday, April 04, 2010

Decisions and Surprises

Memórias de Artemis A. C. Chronos

A Madame Bulstrode não permitiu que eu saísse da enfermaria com menos de 2 dias internada. Mesmo assim, ela só me deixou sair após fazer restrições para minhas participações no Clube de Duelos, o que eu tentaria manter.
Mamãe restringiu menos o meu uso de magias, mas recomendou que eu não exagerasse. E agora, havia ao menos um membro do corpo docente de Hogwarts comigo sempre que possível. Ainda mais que metade do corpo docente era amigo ou membro da família... De uma hora para a outra os professores perguntavam coisas para mim, como se quisessem ter certeza que eu ainda estava naquela realidade.
Sem contar meus amigos. Eles revezavam-se para não me deixar sozinha um momento sequer, e até mesmo na hora de dormir, pediam que alguém tivesse certeza que eu estivesse bem. Tuor me acompanhava até a subida das escadas todas as noites, para ter certeza que eu ainda estava inteira.
Chronos talvez fosse o pior deles, pois apesar de não estar visível a maior parte do tempo, eu tenho certeza que ele jamais tirava os olhos de mim. Eu não tinha como rejeitar essa atenção, pois realmente fiquei assustada com o fato de ter estado tão perto da morte...

*****

- Stefan, preciso conversar com você. – Eu falei ao final do treino de Quadribol de Quinta. Stefan também vivia atrás de mim agora, apesar de não perguntar sobre a proposta dele. Mas eu sabia que ele queria a resposta e logo. E eu não iria mais fugir.
- Claro, aconteceu alguma coisa? – Ele perguntou.
- A sós. – Eu falei, indicando que saíssemos juntos. Nos despedimos dos demais membros do time, que nos olhavam curiosos, pois ainda haviam boatos, cada vez mais fortes...
Eu andei na frente de Stefan, guiando-o até próximo das estufas, onde me sentia mais tranqüila e calma. Eu sentia a tensão dele, pois ele sabia que eu estava decidida de algo, porém ele não conseguia saber do que. Parei em uma árvore meio caída e sentei nela. Ele sentou-se ao meu lado, nervoso.
- Stefan, eu gostaria de conversar com você.
- Sou todo ouvidos.
- O que aconteceu naquele Clube de Duelos me fez repensar algumas coisas.
- Você está gostando de outro? – Ele perguntou, precipitando-se, e eu sabia em quem ele pensava. Desde que Tuor me segurara naquele momento, todos achavam isso. Até mesmo notei que Stefan afastara-se de Tuor.
- Deixe-me falar sem me interromper, tudo bem? – Eu falei, respirando lentamente. – Não, não é nada disso. Mas tem algo a ver sim.
- O que é, então?
- Stefan, não vou mentir dizendo que não gostei do que aconteceu no Dia dos Namorados. Foi maravilhoso, foi uma ótima sensação e um momento muito bonito e importante. – Eu levantei a mão, pedindo que me deixasse falar. Por que todo homem é apressado e não consegue ouvir um pouco?! – Porém... Eu não estou preparada para namorar. Me acho muito nova e não sou madura o suficiente para um relacionamento sério.
- Arte, você é madura o suficiente e eu farei de tudo para que seja feliz. – Ele falou, segurando em minha mão.
- Eu sei, Stefan, tenho certeza que você seria um excelente namorado. Não tenho dúvidas disso. Mas eu não estou preparada, seja com você ou com qualquer outro! E antes que diga, não há outro! Aquele incidente me fez ver que eu ainda tenho muito o que aprender.
- E se acontecer algo a você?!
- Isso é algo que também não quero fazer! – Falei calmamente. – Não quero ser prisioneira de algo que pode acontecer! Pode também não acontecer nada. E não quero tomar atitudes precipitadas! Não, não é porque estive à beira da morte que vou me jogar nos braços de um namoro. – Eu falei, enfática. Ele ficou calado um momento e vi que ele procurava algo para dizer. Ele não encontrou nada, porém seus olhos estavam brilhando, tanto de certa tristeza quanto de certa decisão. Ele então me puxou para um beijo e me beijou longamente. Eu não resisti, pois como falei para ele, foi um momento especial. Nos afastamos depois de um tempo e nos encaramos olhos nos olhos.
- Eu esperarei o tempo que for preciso por você, Artemis. – Ele falou, olhando fundo em meus olhos, e senti meu coração batendo mais forte.
- Obrigada, Stefan, mas não é necessário... Viva como desejar. Eu só quero que continue sendo meu amigo. E quero que volte a falar normalmente com o Tuor. Ele não tem nada a ver com isso.
- Está bem, foi burrice minha duvidar de vocês dois. Devo desculpas a ele. E a você também, por duvidar de você.
- Não precisa. Quero apenas que continue sendo meu amigo, e esse garoto especial que você é. Um dia pode ser que demos certo, mas no momento não me sinto preparada.
- Tudo bem, eu entendo você. E aceito você como é. Amigos.
Ele falou sorrindo, seus olhos quase me fazendo derreter, mas mantive-me firme. Apertamos a mão e ele levantou-se estendendo a mão para mim, que segurei para me levantar. Voltamos para o castelo de mãos dadas, mas perto de lá, soltamos as mãos. Éramos amigos agora e eu estava me sentindo mais leve.

*****

- Ei, Chronos! – Eu ouvi uma voz me chamando, e por um momento achei que fosse o Stefan, mas por me chamar de Chronos, adivinhei que era o Damon. Eu me virei e sorri para ele, enquanto esperava-o me alcançar.
- Oi, Salvatori, tudo bom? – Perguntei, enquanto continuava andando. Estava voltando da biblioteca, andando pensativa no corredor do 3ºandar.
- Tudo bem, e você? Chame-me apenas de Damon, ou Querido se desejar! – Ele falou sorrindo e eu o encarei sem nada dizer, tirando o sorriso do rosto dele. – Desculpa, é que eu soube que saiu ontem da enfermaria né?
- Na verdade, só antes de ontem fui liberada.
- É que não tivemos tempo de conversar depois daquele duelo. E eu fiquei meio preocupado com você. – Ele falou, parando do meu lado. Ele me olhava com um olhar estranho, que misturava embaraço com decisão. Vi que ele realmente esteve preocupado comigo e isso fez com que a visão que eu tinha dele ganhasse alguns pontos.
- Tudo bem, não foi culpa sua. Eu tive uma Exaustão Mágica.
- Eu fiquei sabendo. – Ele falou, ainda parado enquanto me olhava fundo nos olhos. Ele parecia querer algo.
- Bom, Damon, já que estamos resolvidos, tenho que ir fazer um dever. – Eu falei virando-me, ele porém segurou minha mão.
- Ainda não acabei... Eu soube também que você não aceitou o pedido do meu irmão.
- Não, não aceitei, mas isso não te diz respeito. É sério, está me irritando. – Eu falei. Os olhos deles brilharam em desafio, ou em expectativa.
- Tem sim. Não agüentou duelar comigo e ver que sou melhor que ele não é? – ele falou, ainda me segurando, aproximando o rosto de mim. Eu estava furiosa e apenas meu autocontrole me impedia de atacá-lo, fora que magias assim em estado de estresse seriam perigosas. Eu senti mais do que vi quando Tuor, Julian, Hiro, JJ e Jamal surgiram no corredor, vindos da biblioteca.
- Tão melhor que ele, que perdeu para mim. – Eu falei, desafiadora.
- Não é disso que estou dizendo. Você viu que eu sou um homem muito melhor que ele.
Ele falou, e antes que eu pudesse falar qualquer coisa, ele me puxou para um beijo, segurando-me com força e me beijando a força. No primeiro segundo eu fiquei sem reação, mas em seguida fui invadida por uma raiva enorme e nojo também. Ah, idiota, achando que sou fraca?!
Eu dei uma joelhada com força na altura de sua barriga, e quando ele se assustou e se curvou para frente, dei um soco no rosto dele, girando o punho no final. Já que não posso usar magia, vou usar o Kung Fu que Seth e Ty me ensinaram. Damon foi jogado pra trás, assustado enquanto colocava a mão no rosto. O olho esquerdo dele começava a ficar roxo. Ele me olhou meio com raiva e meio admirado, mas antes que pudesse fazer mais qualquer coisa, Julian e os garotos estavam entre nós. Tuor e Julian me seguravam, pois eu ainda estava enfurecida, enquanto Hiro, JJ e Jamal ficavam entre eu e Damon.
- O que você pensa que está fazendo?! – Eu vociferei, enfurecida.
- Te mostrando o que é um homem de verdade! – Ele falou, com a voz grogue do soco.
- Damon, cala a boca! – Jamal falou, empurrando-o para longe de mim.
- Trás ele aqui! Ainda não acabei com ele! – Eu falei, porém Tuor e Julian me seguravam com força.
- Arte, fica calma, ele não merece! – Julian falou.
- É, Arte, depois a gente cuida dele! – Hiro falou, agora perto de mim.
- Não merece?! Ele me beijou a força! – Eu falei novamente.
- Arte, fica calma, é melhor pra você. Damon, é bom sair daqui antes que nós queiramos tirar satisfações também. – Tuor falou, friamente para Damon. Por alguma razão, ouvir a voz dele conseguiu me deixar mais calma. Damon avaliou o fato de agora terem cinco garotos e uma garota que tinha um soco muito forte contra ele. Ele sorriu para mim, lançando-me um beijo, antes de sair, encarando zangado os outros alunos no final do corredor. Nenhum outro aluno vira o que acontecera.
- Que raiva dele! – Eu falei, enquanto limpava a boca nas vestes. JJ me deu um lenço e eu imediatamente limpei minha boca, usando a água que Hiro transfigurou para mim.
- Ele é doido?! – Hiro perguntou, enquanto ficava do meu lado.
- Completamente! Ele me beijou do nada!
- Ah, ele vai ver uma coisa. – Tuor falou, sem tirar os olhos de Damon. Julian também o encarava com raiva.
- Deixa pra lá... Acho que agora ele aprendeu. – Eu falei, me acalmando.
- Por falar nisso, belo soco! Me lembra de nunca, NUNCA, brigar com você. – Julian falou rindo, quebrando a tensão. Eu o olhei torto, mas comecei a rir e todos nós rimos juntos, voltando para a biblioteca enquanto caçoávamos de Damon. Ele perdera para mim novamente: em duelos e em luta.

*****

- Peraí, deixa ver se eu entendi: você num dia rejeita o Stefan e mesmo assim ganha um beijo dele, e pelo que entendi foi O beijo. No dia seguinte você ganha mais OUTRO beijo do Damon?! O que é que você tem, açúcar?! – Keiko perguntou, chocada, após eu contar para ela e para as garotas os acontecimentos de hoje. Estávamos no dormitório delas na Sonserina, fazendo uma pequena reunião de garotas.
- E você deu um soco nele?! – Haley falou, batendo palminhas. – Foi você que deixou ele com aquele olho roxo?
- Sim, fui eu. Eu fiquei muito irritada.
- E que olho roxo! Ele parece um panda com aquele olho! – Clara falou, gargalhando também. O olho roxo de Damon virara assunto na escola, pois ninguém, com exceção de mim e de meus amigos, sabíamos como ele havia conseguido. – Poxa, eu só quebrei o nariz do Turston!
- Você e Arte... Estou chocada! Vocês estão competindo para ver quem tem mais pretendentes e mais beijos?! – Keiko perguntou, jogando um travesseiro em mim.
- Elas estão competindo pra ver quem vai machucar mais garotos! – Haley falou, alegre, divertindo-se com a idéia. Nós duas agora tínhamos em nossa conta um garoto machucado e um beijo roubado cada uma.
- Mas a Clara ta ganhando! Ela ganhou dois beijos num dia só e tem um admirador secreto! – Eu falei, jogando um travesseiro em Clara e tirando a atenção de mim.
- Você ainda não sabe quem é?! Ele não mandou mais nada não?! – Keiko perguntou curiosa.
- Ainda não, mas não estou ligando! – Clara falou, porém, ficou um pouco vermelha, nos fazendo dar gritinhos e rir. Havíamos lançado um feitiço de silêncio ao redor da cama de Haley, onde conversávamos.
- Está sim! Vai dizer que não quer saber quem é?! Até porque ele foi muito romântico! – Haley falou sonhadora.
- Não, não estou! Ta bem, quero saber quem foi! – Clara deu-se por vencida, e rimos mais. Ela porém me olhou travessa e eu sabia que ela ia jogar a atenção em mim novamente. – E você, Arte, qual dos dois Salvatori prefere hein?!
- Nenhum dos dois! – Eu falei, vermelha, tentando mudar de assunto.
- Não, não! Tem que falar um! – Haley falou rindo.
- O Stefan é óbvio, ele pelo menos é cavaleiro! – Eu respondi evasiva.
- Ah, mas vai me dizer que não gostou do beijo do Damon! Você não me engana! – Keiko falou, rindo. Eu não consegui deixar de ficar vermelha.
- Não! Que nojo daquele garoto!
- Você não nos engana! Diz aí, como foi ganhar um beijo assim dele, de surpresa?! – Haley perguntou rindo.
Passamos longas horas conversando sobre isso e elas me bombardeavam com perguntas, que eu tentava evitar ou desviar. Falamos também dos nossos pares no baile e eu e Clara fizemos de tudo para deixar as outras duas vermelhas, perguntando sobre o Julian e o Graham. Só por volta da meia noite, usando o nosso Mapa do Maroto, eu voltei para meu dormitório, sem nenhum imprevisto... Porém, não conseguia deixar de pensar nos dois Salvatori...

*****

- Arte, por que você nos chamou aqui? – Hiro perguntou, quando chegamos à beira do lago. Usando o Mapa, eu, Tuor, Hiro, Julian, JJ, MJ, Rupert, Jamal, Keiko, Clara e Haley fomos até as margens do lago, a meu pedido. Eu queria mostrar algo a eles.
- É, porque tínhamos que vir todos no meio da noite aqui no lago? – Julian perguntou.
- Ah gente, é bom que a gente testa nosso Mapa! Mas estou curiosa! – Clara perguntou e vi que todos estavam curiosos. Era sábado a noite, após 3 dias de eu ter saído da enfermaria.
- Bom, vou ser direta. Como vocês bem sabem, eu corro um sério risco e ainda não sei ao certo como diminuí-lo.
- Sim, lembramos muito bem do susto que você nos deu! – Tuor falou, e eu sorri para ele, agradecendo mentalmente por ele ter me ajudado mais uma vez.
- Exatamente. E como vocês sabem também, foram vocês que me mantiveram nesse mundo, literalmente. E sabem também, que em breve eu terei aulas com minha mãe e Chronos. – Todos assentiram, até mesmo Tuor, pois eu havia contado a ele tudo sobre Chronos anteriormente.
- Sim, sabemos de tudo isso... Mas ainda não entendi porque viemos até aqui? – Keiko falou. Haley, porém, já sabia o que eu pretendia, pois ela via-o também.
- Bom. Eu quero primeiro agradecer a vocês por tudo que fazem por mim e por me apoiarem e me ajudarem... – Eu falei sorrindo para eles, que sorriram de volta, dizendo que não precisava.
- Mas por que no lago?! – JJ perguntou.
- Porque aqui posso fazer o que eu quero, sem que ninguém veja. – Eu falei, sorrindo, enquanto abria os braços. – Apresento-lhes, Chronos! Meu Guardião, Amigo e Patriarca.
Enquanto eu dizia isso e abria meus braços, Chronos surgiu atrás de mim, diante deles, em toda sua glória e esplendor. Ele brilhava e emitia a luz branca característica dele. Ele usava sua armadura dourada e levava em sua mão direta a lança Lognus. Ele estava com duas de suas asas abertas e um sorriso calmo no rosto. Seus longos cabelos brancos brilhavam como prata enquanto suas asas se fechavam lentamente.
Todos eles estavam boquiabertos, surpresos e admirados. Nenhum deles vira Chronos em toda sua glória desde que ele despertara em mim, nem mesmo Haley, que só o via em espírito. Clara tinha os olhos brilhando de admiração, maravilhada com o que via. E esse olhar se refletia em todos, além de uma curiosidade enorme. Tuor olhava boquiaberto, admirado e surpreso, e a luz de Chronos o fazia parecer diferente... Eles ficaram por um tempo quietos, até que Haley quebrou o silêncio.
- UAU!! Eu nunca imaginei que você seria assim pessoalmente! – Haley falou, sem conseguir abaixar a voz.
- Shi! Podem te ouvir! – Hiro falou, consultando o mapa.
- Bom, depois desse monte de luz, todos nos viram! – Keiko falou, ainda olhando maravilhada para Chronos.
- Não há com que se preocupar. Além dos professores e fantasmas saberem que há uma entidade como eu no castelo, eu invoquei uma barreira para nos dar privacidade. – Chronos falou e sua voz foi mais um choque para todos. A voz dele os encheu de energia e alegria, como se fosse uma dádiva. A voz de Chronos era forte e doce, capaz de acalmar e acalentar.
- Sua voz é ainda mais magnífica! – Clara falou, admirada.
- Você é demais! – Julian conseguiu falar. – Estou honrado de conhecê-lo, Sr. Chronos.
- Apenas Chronos, por favor. É um enorme prazer poder conversar com todos vocês, os importantes amigos de minha pequena, pilares para ela. – Chronos falou, curvando-se para eles.
- Ei, não dá pra você se curvar pra gente! – Jamal falou, com MJ e Rupert concordando.
- A gente que tem que se curvar! – JJ falou, fazendo uma pequena curvada.
- Nada disso, eu devo muito a vocês por protegerem minha preciosa filha. – Chronos falou, sorrindo. Pude ver como seu sorriso os admirou ainda mais.
- Arte, você deu o melhor presente de amizade que podíamos pedir! – Tuor falou, admirado. Chronos olhou a todos fundo nos olhos, sorrindo.
- Ainda, não viram nada. – Eu sorri, travessa e nesse momento Chronos abriu todas as suas doze asas e envolveu a todos nós em um casulo de energia e luz.
Quando todos puderam voltar a enxergar, estávamos diante de um outro lago... O lago de Glastonbury.
- Eu conheço esse lugar! Estamos em Glastonbury! – Hiro falou.
- Aquelas são as ruínas do Convento! – Julian falou, apontando para as ruínas no alto da colina. Só então eles se deram conta de que não estavam em Hogwarts.
- Como você fez isso?! Você pode nos aparatar?! – Rupert perguntou admirado.
- Não exatamente. Isso se chama teletransporte, é diferente da Aparatação, mais complexo, mas também mais poderoso. – Chronos explicou.
- O que estamos fazendo aqui? E porque não sentimos frio? – MJ perguntou. Chronos sorriu, sem responder.
- Chronos os mantêm bem enquanto estiverem conosco.
- Na verdade, eu cuidarei de cada um de vocês daqui em diante também, será como uma honra para mim.
- E também, porque quero que vocês realmente fiquem admirados! – Eu falei, dando um passo na direção das águas do lago. Levantei os braços e falei mentalmente de olhos fechados. Só abri os olhos quando ouvi meus amigos exclamarem admirados. A Barca estava vindo em nossa direção sem ninguém conduzindo-a. – Subam nela.
Eles olharam para a barca admirados. Hiro e Julian imaginavam o que ela significava, mas estavam tão admirados que não conseguiam falar. A Barca rumou para o centro do lago, chegando cada vez mais próxima das brumas e parou diante delas.
- E agora? – MJ perguntou, sussurrando como se sentisse que deveria falar baixo.
Eu não respondi, mas levantei os braços concentrando-me. Depois eles me contariam que havia luz em mim, e não era a luz de Chronos, mas a minha própria luz. Eu guiei mentalmente as brumas e abaixei os braços lentamente, abrindo os olhos. Diante de mim e de meus amigos as brumas começaram a deslizar de lado, abrindo-se para revelar o seu interior. A antiga e eterna Avalon.
Com um sorriso eu vi que agora meus amigos estavam realmente admirados e sem fala. Eles não falaram nada enquanto a Barca rumava para a ilha. Avalon a ilha presente em todas as lendas da Bretanha, a ilha que fora sede e capital dos Chronos. Avalon, a Ilha Sagrada.