Saturday, January 27, 2007

Uma sociedade "quase" secreta...

SW: Tiago, por favor, eu REALMENTE preciso da sua ajuda!!!
YH: O que houve, Sam?
SW: Eu não consigo fazer o “Deletrius”, e se não provar pro Flitwick que consigo desintegrar até a próxima aula, posso estar em grandes apuros!!! Então eu pensei se...
YH: Eu não poderia te ajudar?
SW: É... – disse, cobrindo o rosto com as mãos, tímida – Você pode?
YH: Bem, na verdade eu estava pensando em dar um passeio com a Evans no jardim e...
SW: Ah, isso fica pra depois! Primeiro a ajuda aos amigos, depois a diversão! – disse Sam me puxando pelas mãos decidida.
YH: Sam, você nasceu para ser atriz!!!

Ela parou e me olhou. Começamos a rir da encenação. Estávamos na cozinha, e tínhamos acabado de jogar o Veritasserum dentro de uma garrafa de cerveja amanteigada. Sam sacudiu e lacrou-a novamente. Olhamos para alguns elfos, que nos encaravam irritados.

YH: Vocês não nos viram aqui, não nos deram essas garrafas e nem nos viram encenando alguma coisa! Nós não existimos!
SW: E acreditem, estamos fazendo isso para seu próprio bem!

Os elfos nos lançaram um olhar zangado, mas entendemos que eles tinham recebido a mensagem. Deixamos a cozinha e alcançamos o Salão Principal dois minutos depois. Como o esperado, Tiago estava na mesa da Grifinória conversando com Lílian Evans. Alex tinha saído com Sirius uns minutos antes, e Louise provavelmente já estava com Remo, a julgar pela ausência dos dois. Sam escondeu as três garrafas de cerveja amanteigada na bolsa e me olhou firme uma última vez.

SW: É agora ou nunca! – disse parecendo tensa.
YH: Encontro vocês naquela sala de aula abandonada, companheira?

Sam concordou com a cabeça e caminhou decidida. Alcançou Tiago e Lílian bem a tempo de eles se levantarem e se prepararem para sair. De longe, a vi conversando rápido com ele, fazendo gestos variados com as mãos, finalmente terminando em cobrir seu rosto. Ri por dentro e me apressei para fora do Salão Principal. Alcancei a sala de aula um minuto depois. Entrei, fechei a porta, corri até a mesa, espalhei livros abertos e tinteiros com penas. Sentei e fingi estar concentrada lendo o livro de feitiços quando a porta se abriu.
Sam e Tiago irromperam por ela, e pararam assim que me viram. Sam parecia extremamente nervosa e Tiago abriu um sorriso maroto, andando para mais perto.

TP: Então quer dizer que você também quer uma ajudinha em feitiços, é?
YH: Er... atrapalho alguma coisa? – disse, parecendo confusa.
SW: Ah Yull, me desculpa! Não sabia que você estava aqui! Tiago se propôs a me ajudar no feitiço maluco, sabe...
TP: Na verdade, você só me pede ajuda nas piores horas, Samantha! – ofendido.
SW: Você e a Evans têm a vida toda pela frente, Potter! – Sam disse firme, terminando o tópico da discussão. – Bom, então vamos estudar lá na outra sala e... Até mais, Yull!

Sam virou as costas e começou a sair. Tiago permaneceu na minha frente, sorrindo. Aproximou-se mais e arrancou o livro da mesa, lendo.

TP: Acho que não será preciso Sam! A Yulli também está em dúvidas! Feitiços também! Se quiserem, posso ajudar as duas...
YH: Devo encarar isso como um ato de generosidade?
TP: Não faço nada por generosidade! – ele devolveu o livro à mesa, curvando o corpo e ficando a alguns centímetros do meu rosto. Nossos olhos se encontraram e ele me olhou maliciosamente.
YH: Sendo assim, eu estudo sozinha, obrigada! – disse afastando dele. Ele soltou um suspiro de descontentamento.
TP: Mulheres e seus orgulhos! Ouch! Ok, já que vou ajudar uma, ajudo as duas! Não cobro nada! Encare isso como a boa ação do dia! – ele abriu os braços e se largou na cadeira me olhando.
YH: Ah, bem melhor! – sorrindo para ele, que me devolveu um sorriso cínico.

Sam foi a primeira. Tentou desintegrar um pergaminho, mas o máximo que conseguiu (de propósito, claro) foi acender fogo na ponta dele. Após meia hora mais ou menos, Tiago e Sam chegaram a um acordo, e o pergaminho se desfez. Sam o abraçou agradecida e ele se virou para mim, imediatamente.

TP: Então, qual sua dúvida?
YH: Para falar a verdade, nenhuma... Estava apenas fazendo um relatório de feitiços! Você concluiu por mim que eu precisava da sua ajuda! Estúpido equívoco! – sorri vitoriosa e ele me lançou um olhar cerrado.
TP: Entendo... Bom, sendo assim! Boa noite, meninas!
SW: Ei, espera! Tem seu pagamento! – Tiago parou e olhou espantado para Sam.
TP: Sam, não mexo com namoradas de amigos...
SW: Pare de ser ingênuo! Trouxe cervejas amanteigadas, contrabandeadas! – Sam disse tirando uma garrafa da bolsa e abrindo o lacre. – Querem?
TP: E eu que pensava que você era um tipo inocente... A gente se engana com os amigos! – Tiago se sentou no chão e Sam lançou a garrafa com a poção para ele. Ele abriu e deu um longo gole, deliciando. Depois, lançou uma última para mim, que sorridente, abri e dei um gole.
SW: Então quer dizer que você finalmente conseguiu sair com a Evans? – perguntou Sam querendo testar.
TP: Ah sim, eu sabia que ela gostava de mim, só era recalcada! Agora, eu consegui!
SW: E você gosta dela?

Ele ficou em silêncio, olhando fixo no gargalo da garrafa, pensando. Vimos seu corpo dar uma leve tremida antes de abrir a boca novamente.

TP: É, acho que sim... Quer dizer, eu gosto! Gosto mesmo dela! O jeito dela sério, tempestuoso, indomável e doce ao mesmo tempo! Almofadinhas tem razão quando diz que estou me apaixonando, mesmo eu não querendo admitir isso para ninguém e... – ele parou de repente, nos olhando assustado, não acreditando que tinha acabado de contar aquilo.
YH: Nossa, apaixonado??? A Evans sabe como domar o leão, hein? – rimos e ele ficou sem graça, mas não podendo responder.
TP: O que vocês me deram? Porque eu não consigo parar de falar todas essas tolices??? Vocês me drogaram? – chocado.
SW: É só um relaxante!
YH: Chega de brincadeiras... – Sam arrancou a varinha dele com um aceno enquanto eu trancava a porta.
TP: O que vocês pretendem comigo? Eu posso gritar!
YH: Você não fará isso! Temos três varinhas em mãos... – disse tentando parecer ameaçadora, o que acho que deu certo. – Agora conte tudo o que você sabe sobre a Ordem da Fênix!
SW: Queremos saber o que é, ou “quem” é. Quem participa? Quem lidera? Qual o objetivo? Qual o critério de seleção?

Silenciamos e esperamos ele falar. Ele olhou longamente para cada uma de nós, furioso, mas sem poder controlar a língua, disse tudo sem rodeios.

TP: Ordem da Fênix é um grupo liderado por Dumbledore. É como uma sociedade... Até agora, poucas pessoas participam. Alguns aurores do Ministério, Alastor Moody, Dédalo Diggle, hmm, Emelina Vance, Beijo Fenwick, Edgar Bones, Estúrgio Podmore, ah sim, Hagrid...
SW: HAGRID? – Sam perguntou, os olhos arregalados.
TP: Eu, Remo, Sirius... – continuou como se não tivesse escutando. - Frank Longbottom e a namorada dele, Alice, Gideão Prewett, sabem, irmão do Fábio... Mais alguns aurores que não me recordo, e dizem que o irmão de Dumbledore, Aberforth, também faz parte, mas nunca se reuniu conosco...
YH: E qual o critério de seleção dessa “ordem”?
TP: Não sei, sinceramente. Dumbledore chama bruxos que acha ser de confiança. Quando ele se reuniu conosco, disse que precisaria do nosso apoio quando nos formássemos... Ainda não entendi porque ele não chamou o Pedro, afinal, ele é nosso amigo, é de confiança! Mas ele disse que prefere que Pedro não saiba... Na nossa última reunião ele disse que convidaria mais alguns aurores, Kyle McGregor e Sergei Menken entre eles. Eu, particularmente, sou contra a entrada daquele auror russo metido a galã! – me olhou enviesado e não pude deixar de rir. – Mas vocês conhecem o Dumbledore... Ele é o líder, afinal! Sou muito mais o Pedro...
SW: Praticamente aurores, ou alunos que pretendem se tornar aurores... – Sam disse pensativa. – É um tipo de exército?
TP: Como se fosse... Não sabemos ainda, mas notícias estão correndo de um tal “Lorde das Trevas” que usa o nome de “Lord Voldemort”. Dumbledore o conhece, e está se prevenindo. Ele não nos passou muitos detalhes desse bruxo, só disse que não se admira de ele estar crescendo. O que acontece é que Voldemort está recrutando bruxos para o lado dele. E Dumbledore, em contra mão, está fazendo o mesmo, como prevenção...

A sala caiu em silêncio. Não sabíamos mais o que perguntar e nem o que dizer. Tiago abaixou a cabeça, tenso. Passados cinco minutos, ele voltou a nos olhar.

TP: Então, será que podem devolver minha varinha agora?

Sam me encarou confusa e eu afirmei com a cabeça. Ela lançou a varinha para ele, que a apanhou no ar e se levantou, pronto para sair. Antes que pudesse me conter, sorri e pedi que esperasse... Ele me encarou.

YH: Só mais uma coisa... Você já dormiu com uma garota??? – Sam soltou uma gargalhada, e depois prestou atenção nele, que parecia tenso. Nos calamos e ele nos olhou mais uma vez, então, sorriu.
TP: Desculpem meninas, mas creio que precisarão de outra dose de Veritasserum para arrancarem isso de mim! O efeito da “droga” passou...
SW: Ah não! As meninas vão nos matar por termos deixado escapar essa chance! – Sam disse inconformada.
TP: Boa noite... – disse, um sorriso vitorioso da cara.

Ele novamente voltou para a porta e quando estava quase no corredor, parou.

TP: Eu sei que agora tudo o que foi dito aqui, será compartilhado. Mas por favor, não cantem isso a plenos pulmões... Lembrem-se, é sigiloso! – ele pediu sério.
YH: Nada do que foi dito aqui será compartilhado com pessoas que não precisam compartilhar! Fique tranqüilo...

Sem falar mais nada, ele saiu e fechou a porta em seguida, deixando na sala um longo silêncio.


Friday, January 26, 2007

Caminhos diferentes

Do diário de Scott Foutley

Em 1978 as pessoas estavam tentando se encontrar. Algumas conseguiram. Mas muitas se perderam pelo caminho... E eu comecei a perceber isso no meu 6º ano.

Hogwarts, Janeiro de 1978


- Ah sexta-feira... Não pretendo fazer mais nada hoje! – falei preguiçoso
- Nem eu! – Ben concordou jogando a mochila no ombro – Sem dever por hoje, domingo eu me desespero.
- Acho que vou ver o que... EI!
- Preciso de você, agora!

Meu irmão apareceu na minha frente do nada, me puxando pela gola da camisa. Acertei o com meus livros, mas ele não me soltou. Ben veio correndo atrás da gente, tentando fazer com que ele me largasse, mas Wayne andava cada vez mais depressa. De repente parou, fazendo Ben se chocar com ele.

- Me solta, ta maluco?
- Larga ele Wayne, o que você quer?
- Não posso explicar, preciso que você venha comigo sem discutir. Não se preocupa Ben, não vou bater nele. É assunto de irmão, depois ele te explica.

Ben não respondeu e abaixou a mochila. Wayne recomeçou a andar me arrastando pelo braço e só voltou a falar quando já estávamos quase nas escadas que davam acesso às masmorras. Ele parecia um pouco assustado e falava depressa. Comecei a me preocupar, nunca vi meu irmão assim.

- Toma, se cobre com isso! – e me entregou uma capa
- Uma capa da invisibilidade? Onde conseguiu isso??
- Não importa, depois vou devolver. Por hora, usa-a para se esconder e venha comigo.
- Não! Não saio daqui até você me dizer o que esta acontecendo e para onde estamos indo!
- Droga Scott, será que não pode confiar em mim?
- Isso é uma pegadinha?
- Ta bom, eu digo. Quero que você venha comigo até a Sonserina. Daqui a alguns minutos vai começar uma, ahn, reunião... Você precisa ouvi-la. Fique escondido sob a capa, não se mexa, não fale, não respire! Ninguém pode desconfiar que alguém de fora esteja ouvindo.
- Que reunião é essa? – falei assustado.
- Você vai ver... Assim que entrarmos procure um canto vazio e fique lá ate que eu diga para sair.

Wayne jogou a capa sobre mim e foi me empurrando ao longo do corredor, até paramos em frente à passagem secreta. Ele murmurou a senha e entramos. Nunca havia pisado no salão comunal da Sonserina, tinha o aspecto de uma caverna luxuosa e era escuro. Muitos dos alunos estavam sentados nas poltronas e reparei que a maioria esmagadora era do 7º ano, todos parecendo ansiosos e agitados. Sentei com cuidado em um canto perto da porta mesmo, começando a suar frio. Se alguém descobrisse isso, ia desencadear uma guerra entre Grifinória e Sonserina... O salão de repente emudeceu. Snape saia de uma passagem que aparentava levar aos dormitórios e tinha um ar confiante, arrogante. Ele parou diante dos alunos e senti todos prenderem a respiração. Então, começou a falar...

- Bom. Muito bom. Vejo que muitos apareceram. Ele vai ficar animado ao saber...
- O que tem para nos dizer, Severo? Fale logo! – um garoto do 7º ano disse áspero.
- Creio que muitos aqui já sabem o motivo da reunião... O Lorde das Trevas vem ganhando poder a cada dia que passa e é notável que seus seguidores estejam cada vez mais numerosos. Porém, o Lorde não parece satisfeito, ele quer mais! Por isso, pediu-me em pessoa que procurasse gente de confiança, bruxos que estivessem dispostos a assumir uma posição ao seu lado... E bom, aqui estou eu fazendo isso!
- Conta outra Severo, como se o Lorde das Trevas fosse perder tempo com você! – uma menina falou em deboche, arrancando risos.
- Se não acredita, veja com seus próprios olhos...

Snape arregaçou a manga e todos no salão comunal se calaram, soltando exclamações espantadas. Levantei devagar para ver o que todos olhavam e escorreguei com o susto. Uma caveira negra com uma cobra horrorosa saindo boca estava tatuada em seu braço. Quando Snape fez uma tatuagem?

- Isso meus caros, é a marca negra. A marca que separa os seguidores do Lorde das Trevas dos demais bruxos. É a marca dele, é a marca dos comensais da morte. Tornei-me um nas férias – falava com orgulho – e agora estou a serviço dele. Lucio Malfoy dará uma festinha particular em sua casa no 1º dia das férias, somente para aqueles que daqui resolverem se tornarem partidário do Lorde das Trevas. O próprio Lorde em pessoa comparecerá. Os benefícios de ser seu aliado são muitos, sem limitações...

Snape falou por quase uma hora, eu ouvia cada palavra e me apavorava cada vez mais. Nunca gostei dele, mas era porque o achava arrogante e insuportável. Mas agora era diferente, sentia nojo. Tinha os punhos fechados e minha vontade era de gritar, sair de debaixo daquela capa e esmurrar aquele asqueroso.

- Pensem no assunto e me procurem se tiverem alguma duvida. E só mais uma coisa... Nenhuma palavra dita aqui deverá sair destas paredes. Não exitarei em lançar uma maldição imperdoável se descobrir que entre nós, existe um traidor.

Snape saiu e o silêncio deu lugar a conversas agitadas. Todos os presentes falavam como se realmente estivessem considerando a idéia de ir a essa tal festa. Senti uma gota bater no chão, caindo do meu rosto. Estava suando, meu coração batia acelerado. Fazia um esforço muito grande para não gritar. Depois de quase 20 minutos o salão comunal ficou vazio e Wayne fez sinal para que o seguisse para fora dali. Obedeci sem questionar e andei atrás dele pelos corredores até alcançarmos os jardins sem dar uma única palavra ou remover a capa. Estávamos perto do lago quando a arranquei de cima de mim, olhando para ele incrédulo. Eu estava tremendo.

- Como você sabia sobre essa reunião??
- Snape confia em mim, mas não me pergunte o porquê, pois não sei... Imagino que seja porque descobriu que estudei com Igor karkaroff, apesar de nunca ter sido amigo dele.
- Por que me levou até lá? Podia ter contado antes.
- E você teria acreditado? – ele perguntou descrente
- Não... – respondi sincero
- Pois então! Você precisava ver com seus próprios olhos.
- Não estou acreditando... Sempre achei que ele apoiasse as idéias daquele bruxo das trevas, mas nunca que fosse se tornar um comensal da morte aos 17 anos!
- Não é só Snape, Scott... Toda aquela gente que esteve presente na reunião pensa como ele e não duvido nada que todos vão comparecer na festa de Lucio Malfoy. Pode anotar isso: aquelas pessoas são comensais da morte, é só uma questão de tempo. Mais alguns meses e todas elas serão marcadas, como Snape foi.
- Precisamos fazer alguma coisa, não podemos saber algo desse tipo e ficarmos parados!
- Não há nada que se possa fazer, cada um tem o direito de escolher o próprio futuro. O que sabemos só vai servir para ficarmos em alerta, é contra eles que vamos lutar lá fora.

Sentei no gramado tonto, as pernas ainda tremiam. Apesar de ter ouvido tudo, ainda era difícil de acreditar. Como alunos podem fazer planos para se unir ao lado das trevas bem debaixo do nariz de Alvo Dumbledore? Agora eu sabia quem eram eles, não iria mais esquecer cada rosto que vi naquele salão comunal, apreciando cada palavra que saia da boca daquele imundo, os olhos brilhando em excitação, contando as horas para se formar e desfrutar dos benefícios de ser um partidário do Lorde das Trevas. E tudo que estava ao meu alcance no momento era contar aos meus amigos o que acabara de ouvir e deixar que cada um seguisse seu próprio caminho...

Thursday, January 25, 2007

Diga-me o que bebes... E eu te direi quem és...

Do diário de Alex McGregor

Quase não dormimos em expectativa. Hoje seria a grande noite em que descobriríamos sobre a tal ordem da fênix e o dia estava se arrastando...
- Melhor sentar-mos atrás hoje, pra combinar os últimos detalhes. - sugeri
- Mas é aula Karen, ela não perde nada de vista. - comentou Yulli.
- Se a aula fosse com o Binns, era só petrifica-lo. - disse Sam elétrica.
- Explica como se petrifica um fantasma, porque eu ainda não aprendi isso. - respondeu Louise e começamos a rir.
Louise já havia marcado encontro com Remo após o jantar, Sam e Yulli iriam apelar pra abordagem direta com Tiago e eu ainda não sabia o que fazer para falar com o Black a sós. Não o tinha visto o dia todo.
Passamos pelo salão principal para jantar e vi uma setimanista corvinal fazendo charme para o Sirius num canto do salão. Mirian e Lu estavam conversando com as cabeças juntinhas e nem olhavam ao redor. Olhei para as meninas:
- Meleca de trasgo. Não dá nem pra pedir ajuda ao Lu agora, ele tá ocupado. E a garota parece que passou cola, olha lá o desespero...
- Quer que a gente a estupore? Ela é amiguinha da Sally, faz parte do grupo de fofoqueiras sem noção. Ela nem vai saber de onde veio o feitiço. – disse Louise.
- Dá um jeito Alex. Os três têm que falar ao mesmo tempo, pra depois compararmos as versões. - disse Yulli preocupada.
Olhei para a porta do salão e vi Yoshi entrando, e iria passar perto deles, levantei decidida e me aproximei dele. Tinha que fazer alguma coisa:
- Ah, você demorou. Pensei que ia me dar o bolo. - disse olhando firme para ele, enquanto me aproximava.
O afilhado da Yulli parou e começou a me encarar:
- Er... Ahn, marcamos alguma coisa?- ele perguntou espantado e notei satisfeita que Sirius começou a prestar atenção.
- Você esqueceu? Depois de tudo... Você me esqueceu?- falei alterada e notei que Sirius se aproximou. Mirian e Alucard começaram a nos olhar.
Olhei para Mirian e pisquei. Ela pareceu entender que eu devia estar aprontando alguma coisa e não queria interferência. Virou o rosto de Alucard para ela e continuaram a conversar:
- Que houve Alex? O que esta cobra fez pra você? – perguntou Sirius.
- Ele simplesmente esqueceu que ia me ajudar com a matéria Sirius. Eu preciso estudar e não sei mais o que fazer, eu vou ser reprovada em poções, e como ele é o melhor na matéria, e não é ensebado... (alfinetei Snape que saía do salão.Ele franziu os olhos irritado.). Achei que fosse me ajudar, mesmo eu sendo uma Lufa-lufa. – disse enquanto meus olhos se encheram de lágrimas, aproveitei que ele havia se soltado da garota e grudei nele, e tomei o cuidado de não olhar para as meninas, senão eu cairia na risada.
- Mas desde quando você confia num sonserino para te ajudar? Calma, não pode ser nada tão grave né? A gnete sempre pode dar um jeito.
- Sirius, nenhuma das meninas consegue fazer a poção, e com a briga da Lou com o Scott ele não pode chegar perto de nós, sem sair faíscas.... Eu não vou conseguir ser auror. – funguei e virei-me para Yoshi.
- Yoshi você me magoou muito. Pensei que gostasse de mim... As coisas que disse...
- Eu gosto Alex, não precisa ficar...
- É, japonês vocês deixou a menina magoada. Nunca te ensinaram que não se faz uma garota chorar? Alex se acalma, eu estou aqui. – disse Sirius enquanto me dava tapinhas costas.
- Sirius, nós não íamos sair?- perguntou a corvinal revoltada.
- Não, fica pra outro dia. Cadê seus livros? Vem comigo que eu te ajudo com a matéria.
Saímos do salão abraçados, e fomos até a biblioteca onde ele me ensinou como fazer uma poção do morto vivo usando escaravelho egípcio. E eu ficava errando os ingredientes toda hora para dar tempo das outras estarem com suas “vítimas”. Após algum tempo, eu "milagrosamente" aprendi a poção e disse, enquanto voltava para o salão da Lufa-lufa:
- Quer um chocolate?
- Não, pode comer.
Abri o bombom bem devagar e antes de colocá-lo na boca disse, lançando um olhar demorado para o Black:
- Como seria um beijo com sabor de bombom?
- Posso mostrar como seria....- e ele pegou o bombom da minha mão e o pôs na boca e o engoliu rindo:
De repente seus olhos se dilataram e ele ficou sério, parecia ter esquecido o que iria fazer:
- Você é Sirius Black?
- Sim.
Muito fácil, perguntei algo que tinha certeza ele não mentiria:
- Você já dormiu com alguma garota?
- Sim, nas férias de formatura.
Fiquei chocada. O.O - (Yoshi eu te devo uma!)
Somente agora o Sirius... .Uau! Elas iriam cair da cadeira. – pensei em outras coisas interessantes para perguntar, mas lembrei-me do meu objetivo principal:
- Quero que me conte tudo o que você sabe sobre a Ordem da Fênix e não esconda nenhum detalhe.
Espero que o efeito da poção dure o bastante...

Wednesday, January 24, 2007

Guerra de vaidades

Do diário de Louise Storm

- Lamentável... – o professor Stroke resmungava enquanto folheava nossos trabalhos – um mês! Dei-lhes um mês para concluírem a redação e me apresentam um trabalho feito às pressas??
- Mas estávamos viajando, como íamos lembrar de um trabalho de escola? – tentei argumentar
- Podem se retirar, vocês têm aula de Feitiços agora. Nossas aulas extras começam hoje, às 20hs!

Yulli e eu saímos irritadas da sala de DCAT e Sam nos esperava do lado de fora para irmos para a aula do Flitwick. Pela frustração do professor com o trabalho, já dava para imaginar que as aulas extras seriam mais puxadas do que pensávamos. A turma já estava toda na sala quando chegamos e Alex já guardava nossos lugares na frente da sala. Essa era a única aula que eu fazia questão de sentar perto do professor, de tão divertida que era.

- Bom dia, classe – o professor apareceu na sala sorridente como sempre – Como ainda estamos em ritmo lento por causa das festas, hoje faremos apenas uma leve revisão. Vamos rever um pouco de cada feitiço que estudamos desde o 1º ano!

Muitos alunos aprovaram animados e alguns reclamaram que era muita matéria, mas nós gostamos da idéia. Não tinha como uma aula ser mais fácil que essa.
Flitwick andava pela sala distribuindo almofadas nas mesas e pediu que começássemos com simples feitiços de levitação. Demos risada da facilidade com que executaríamos o feitiço, para descobrirmos que perdemos a habilidade com ele pela falta de pratica. As almofadas não paravam de cair! Flitwick não parava de rir das nossas caras e passou a aula inteira sentado em cima da sua pilha de livros recitando instruções básicas que ouvimos no nosso 1º ano.

- Não acredito que não consigo executar um feitiço idiota desse! – Yulli reclamou vendo sua almofada tremer
- Não me lembro de ter usado ele outra vez depois dos exames do 1º ano – Sam falou fazendo a almofada disparar e acertar Mark do outro lado da sala – Definitivamente precisamos parar de pegar as coisas sem magia ou não praticamos nada!
- Sim, apoiado! – concordei conseguindo equilibrar a almofada – Nada de exercício, vamos usar magia até para pegar uma pena que cair no chão!
- Aha! Olha só, não perdi tanto a pratica assim... – Alex soltou um berro animado ao conseguir levitar o livro no lugar da almofada
- Ok, ok, chega desse feitiço chato. Qual o próximo? OUCH!

Um livro muito pesado caiu na minha cabeça e fez com que meus óculos caíssem do meu rosto. Catei-os de volta um pouco zonza e olhei para trás. Sally estava rindo no fundo da sala, me encarando. Senti meus dedos se fecharem na minha varinha, mas controlei o impulso de lançar uma azaração nela no meio da sala. Não precisava de uma detenção agora.

- Ela está me provocando! – falei furiosa
- Calma Lou, não vale a pena se estressar com essa menina – Sam falou tentando me acalmar
- Calma nada! – Yulli falou olhando para trás – Ela ta pedindo pra apanhar!
- Isso mesmo, vai lá e dá uma surra nela, Lou! – Alex concordou com Yulli
- Não vou levar uma detenção à toa... – falei mais calma – mas pode deixar, ela não perde por esperar...

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Aula de História da Magia, 16hs

- Esse duende não está nem um pouco convincente, Ben! – Karen falou com o livro aberto na mão – Mark, é uma guerra dos duendes pela posse do Gringotes, não pela sorveteria do Florean Fortescue. Mais determinação e ganância!
- Eu quero o ouro!! – Mark pulou no pescoço de Ben e os dois caíram por cima das cadeiras, arrancando risadas da turma
- Ok, não tanta ganância assim! – ela acenou a varinha e as cadeiras voltaram ao lugar – Sentem, por favor. Acho melhor pensar numa maneira mais segura de ensinar sobre a XV Guerra dos Duendes para vocês...

Mark, Ben e todos os outros que participaram da encenação voltaram aos lugares e Karen continuou lendo a matéria do livro, ignorando as partes que ela julgava desnecessária. Eu estava sentada bem no meio da sala e pela primeira vez desde que Karen assumiu o comando das aulas de História da Magia, eu não prestava atenção. Estava com a atenção em Sally, que cochilava no fundo da sala. Ela era um dos poucos que sentiam falta do Binns e não fazia a menor questão de copiar ou sequer ouvir o que Karen dizia. Joanna não estava sentada perto dela, estava na frente da sala, Sally dormia sozinha.

- Ei Lou, aonde você vai? – Yulli perguntou quando me levantei
- Demarcar território... – respondi puxando a varinha da mochila

Sai bem devagar do meu lugar e me encaminhei até onde Sally dormia, sem fazer barulho. Sentei ao lado dela e ela nem se moveu. Yulli, Alex e Sam mantinham os olhos em mim, enquanto o resto da turma espremida na frente da sala parecia não notar nada, estavam todos concentrados em Karen e sua leitura dramática sobre a XV Guerra dos Duendes. Minha vontade era de azará-la com alguma mistura de feitiço que a deixasse com a aparência de um monstro, mas me controlei e segurei uma de suas tranças, sacando a varinha. Com um simples e silencioso feitiço de corte removi uma das tranças, guardando no bolso. Vi as meninas prendendo o riso mais à frente enquanto eu guardava a varinha e voltava silenciosamente ao meu lugar, deixando Sally dormindo.

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- Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah – a turma inteira parou e procurou o dono do grito. Era Sally
- O que aconteceu?? – Karen veio correndo até ela preocupada
- Meu cabelo! – ela esticava a trança sobrevivente e apontava para o buraco que ficou com a que arranquei – cortaram meu cabelo!!!
- Acalme-se Srta. Bradford! Quem cortaria seus cabelos? Não faz sentido!
- ELA! – Sally apontava o dedo tremulo na minha direção e tinha os olhos cheios de lágrima
- Ela é louca, Karen! – logo me defendi – Por que eu cortaria o cabelo dela? Gosto dos meus, e ainda são lisos. Pra que ia querer o cabelo ruim dela?
- Pra fazer algum tipo de vudu, obvio! – ela falava nervosa – Ela está se sentindo ameaçada por mim, pois sabe que posso roubar seu namorado!
- É melhor calar a boca se não quiser perder os dentes também! – falei quase que em um rosnado e as meninas me empurraram para fora da sala
- Viu? Foi ela! – ouvi Sally berrar quando saímos
- Ela é muito abusada! – falei bufando quando já estávamos longe da sala
- Calma Lou, ela está com um buraco na cabeça, dá um desconto... – Alex falou soltando uma gargalhada
- Pois devia ter raspado o cabelo todo, deixado ela como o Quim! – falei começando a rir
- Acho que essa nunca mais perturba você! – Yulli ria muito
- Não sei não, mas estou com a sensação de que isso está só começando.

Descemos as escadas para o salão principal e depois Yulli e eu fomos para a aula extra de DCAT. Sally pode até me deixar sossegada por um tempo, mas tenho certeza que ainda vou ter dor de cabeça por causa daquela garota. E é bom que Remo não fique sabendo do que fiz, pois tenho certeza que ele vai querer passar sermão e eu definitivamente não vou suportar vê-lo defendendo aquela garota!

Tuesday, January 23, 2007

A roda da verdade

O mês de janeiro já estava ao final e um vento cortante e gelado soprava por todos os lados do castelo. A maioria dos alunos se escondia embaixo de capas e cachecóis ou se esquentavam em frente a lareiras bem acesas nas Salas Comunais.

No salão comunal da Lufa-lufa, além dos alunos que jogavam xadrez, faziam deveres ou gastavam seus tempos conversando aleatoriamente, havia ainda um grupo de meninas com aparência mais concentrada do que o normal...
Alexandra McGregor, Yulli Hakuna, Louise Storm e a corvinal Samantha Wood, formavam um círculo no chão, em frente à lareira, e mantinham as cabeças bem juntas enquanto falavam baixo.

AM: Não adianta! Eu posso tirar a blusa e nem assim o Black vai soltar alguma coisa sobre essa “ordem”... – Alex disse soltando risos das outras. – O que me irrita não é o fato de eles terem um segredo entre si. O que está pegando é o porquê de tanto mistério! Quero dizer, vocês não acham estranho? Deve ser um tipo de sociedade, e o Dumbledore comanda, mas qual a finalidade de tudo isso? E como é a seleção dos participantes? Não consigo entender.
SW: Bom, uma coisa eles tem em comum! – Sam falou de repente, como se tivesse acabado de chegar a uma conclusão inusitada.
YH: O que? Todos são idiotas?
LS: Ei... – Louise falou cortando, um tom ofendido. Yulli olhou sem graça, como pedindo desculpas.
SW: Todos eles são bons em Defesa Contra as Artes das Trevas!
LS: Certo, mas o Pedro é burro como uma porta, então, porque querem chamá-lo para esse grupinho? Com certeza, o nível de seleção não é por inteligência!

Houve um murmúrio de aprovação e então o grupo caiu em silêncio novamente. Durante o tempo em que ficaram caladas, pensamentos distintos passaram pela a cabeça de todas elas, e todos os pensamentos voltados para um mesmo objetivo: encontrar uma maneira de descobrirem o que era afinal, “a Ordem da Fênix”!
Perdida em seus próprios pensamentos e idéias, Yulli se pegou lembrando-se de um dia... Um caldeirão fervendo, Yoshi ao lado lhe passando instruções, nota máxima!

YH: Já sei como vamos arrancar essa informação dos marotos! – Yulli disse quebrando o silêncio e o olhar vago das amigas. Um sorriso diferente no rosto. – Veritasserum! No dia do exame de Poções, Yoshi me ensinou como fazê-la... É fácil, rápida, só precisaremos de uns artigos extras do armário de poções e daquela passagem do espelho!

Em pouco tempo as meninas não tinham mais dúvidas do sucesso do plano. Alex e Sam iriam bajular Slughorn para conseguirem os ingredientes que faltavam. Louise prepararia o esconderijo de trás do espelho com um caldeirão, e Yulli procuraria Yoshi para lembrar-se com nitidez todas as instruções adicionais que o livro não trazia...

°°°

AM: Dez voltas para a esquerda... – Alex lia um pedaço de pergaminho que Yoshi havia escrito.
YH: Oito... nove... dez! Pronto! E agora? – Yulli segurava com força um tacho enquanto revirava o conteúdo incolor do caldeirão.
AM: Sete para a direita, e acabou!

Depois de dar as voltas, Yulli largou o tacho e apagou o fogo debaixo do caldeirão com a varinha...

YH: Pronta! Pronta! Pronta!
SW: Finalmente! Agora nós vamos descobrir o que estão aprontando!
LS: Calma aí gente... E se nós fizemos alguma coisa errada? Como vamos saber?
AM: O único jeito de saber é testando...
SW: Er... testando?
YH: É, testando! Vamos brincar de roda da verdade, mas dessa vez, verdade MESMO!

Todas riram começando a sentar em volta de um círculo. Louise serviu um pequeno cálice da poção para cada uma delas.

LS: Então, quem vai começar? Sugiro que quem tenha um segredo profundo para nos contar, desabafe agora, enquanto ainda controla a língua... – Louise falou e Alex e Yulli riram. Sam permaneceu quieta. – Sam? Quer começar?
SW: Acho que não devíamos gastar toda essa poção com uma brincadeira! Temos algo mais importante para descobrir...
AM: Sam, você está com medo? – Alex levantou as sobrancelhas desconfiada. – Tem alguma coisa que quer nos contar?
YH: Traiu o Josh, Sam? Beijou o Tiago? Está apaixonada pelo Pedro??? – Yulli desafiava enquanto Sam ia ficando vermelha.
SW: Não, não é nada disso! Eu não tenho nada a esconder de vocês! Vocês me conhecem bem demais, certo? Ah, vamos acabar logo com isso! – Sam virou o cálice e pôs-se a encarar a parede, estática.
YH: Por favor Sam, não morre! Não quero ir para Azkaban por ter te envenenado!

As meninas continuaram em silêncio encarando Sam, que agora parecia estar sorrindo enquanto encarava a parede. Passados uns segundos, ela olhou as amigas e soltou um sorriso longo, que se tornou em uma gargalhada.

LS: Sam, você está bem?
SW: A SARAH DORMIU COM O MELCHIOR, ANTES DE ELES IREM PARA A DINAMARCA! – Sam gritou, e novamente, gargalhou, começando a chorar de rir.

O segundo seguinte foi como um segundo perdido em meio a um infinito de horas. Louise, Yulli e Alex se entreolharam em choque, e antes que pudessem se contiver, estavam acompanhando a gargalhada de Sam.

LS: Como foi isso Sam? – Louise disse enquanto pausava para enxugar o rosto.
SW: Logo depois daquela festa à fantasia, que ela brigou com o Sirius e com o Melchior. Alguns dias depois ela ainda estava esperando Sirius ir pedir desculpas por ter brigado com o estranho no meio da festa, mas vocês o conhecem, não é? O Black nunca iria atrás de uma menina pedir desculpas por uma coisa que ele acha estar certo. O fato é que ela esperou e cansou de esperar eles se entenderem, e então Melchior foi até ela fazer as pazes... Eles saíram para conversar de noite, e só vi Sarah no dia seguinte, quando ela me contou o que tinha acontecido, me pedindo para jurar segredo eterno. Por isso eles foram para a Dinamarca!
YH: Nossa! E eu que achava a Sarah uma menina centrada, com a cabeça no lugar!!! Quem se viu, quem se vê! E onde foi?
SW: Na floresta, no chão, no meio das árvores!!!
AM: Com o estranho??? Ela... tanãnãnã com o estranho??? – Alex recomeçou a rir. Sam acompanhou o riso, de repente tapando a boca.
SW: Isso morre aqui! Certo?
YH: Pode crer Sam, já morreu!
LS: Er... acho que a Veritasserum funciona, Yull!
YH: Não há dúvidas!
LS: Sabem... Depois dessa história, vai ser fácil arrancar dos marotos todas as informações que queremos! Até mesmo as que não tem NADA a ver com ordens... – Louise riu marota.
AM: Pobre Remo! Mas bom, eles não podem reclamar! Nós tentamos fazer eles nos contarem isso voluntariamente...
YH: Como eles preferem nossos métodos pesados, que seja involuntariamente!
SW: Ah Veritasserum, se ao te conhecer dei a falar...

Elas continuaram a rir, enquanto combinavam os últimos detalhes para o dia seguinte, quando finalmente descobririam o que estavam tão curiosas para descobrir.


Monday, January 22, 2007

Comportamento suspeito

Do diário de Scott Foutley

Alguém bateu na porta do dormitório e antes que eu pudesse levantar para abrir, a figura do diretor surgiu. Parei onde estava, sem saber o que fazer. Ele nunca entrava nos dormitórios.

- Bom dia Sr. Foutley
- Er bom dia diretor... Posso ajudar?
- Acho que eu deveria fazer essa pergunta, não o senhor – ele falou sorridente e sentou na cama do Lu – A propósito, feliz aniversário.
- Obrigado... – disse sem graça – como sabe que hoje é meu aniversário?
- Ah, eu sei de muita coisa... Como por exemplo, sei que o senhor e a Srtª Storm não se falam mais
- É, bem, nós... temos interesses diferentes
- Entendo. Às vezes é preciso perder algo para compreendermos sua importância...
- Como? – falei virando para ele, mas o diretor havia desaparecido – professor Dumbledore?
- Você não deveria tê-la ajudado!

Uma mão pegajosa surgiu do nada e apertou meu pescoço. Tentei afastá-la, mas a pessoa apertava com tanta força que estava perdendo os sentidos, meus dedos já ficavam dormentes. Não conseguia ver o rosto, apenas que tinha cabelos cacheados, como os de uma mulher. Cai por cima da cama e de repente o colchão virou água, e a mão segurava minha cabeça dentro dela. Meus olhos foram fechando lentamente, até que tudo ficou escuro...

***************


Saltei da cama suando frio. Olhei para os lados assustado e imediatamente pulei para longe do colchão. Lu e Fábio se arrumavam para a aula do outro lado do dormitório e me olharam intrigados. Tentei fazer uma cara de quem não sabia o que estava acontecendo e dei bom dia aos dois.

- Tudo bem, Scott? – Fábio perguntou ainda me encarando
- Sim, está tudo bem
- Ei, feliz aniversário! – Lu se adiantou e veio me cumprimentar. Fabio fez o mesmo
- Obrigado – disse sorrindo e esquecendo o sonho esquisito no instante seguinte

O dia correu tranqüilo, diferente do que eu imaginei. Alex, Yulli e Sam vieram correndo até mim assim que me viram entrar no salão principal e tomaram café na mesa da Grifinória. Olhei para trás e vi Louise sentada na mesa da Lufa-lufa conversando com Mark e Ben. Ela estava olhando para nossa mesa quando olhei, mas virou o rosto quando me viu. Ótimo, melhor assim.

- Então, o que vamos fazer esse ano? – Alex falou animada
- Onde vamos fazer a festa? Torre de Astronomia? – Yulli sugeriu – aposto que a Endora ia adorar!
- Meninas, vocês iam ficar muito chateadas se eu dissesse que não quero festa esse ano? – falei desanimado
- O QUE?? – as três falaram ao mesmo tempo
- Desculpa, mas não estou com animo para comemorar aniversário
- Mas Cott... – Alex falou quase chorando – A Megan vai querer uma festa!
- Então vamos ter aniversários separados pela 1ª vez, mas não quero ir a festa alguma
- Ah tudo bem então, se é o que você quer... – Yulli falou desanimada
- Prometo recompensar vocês um dia por isso – falei sorrindo e levantei da mesa
O resto do dia passou depressa. A notícia de que eu não organizaria uma festa como de costume para comemorar meu aniversário se espalhou mais rápido que eu imaginava e agora a escola inteira já sabia que somente Megan estaria na festa da Torre de Astronomia.

Estava caminhando sozinho no jardim depois das aulas quando ouvi a voz de Karen me chamando. Ela estava parada na entrada no castelo enrolada em um casaco e cobrindo o rosto com um cachecol, acenando para que eu fosse até ela.

- Está louco? Andando no jardim com esse frio todo?
- Estava abafado dentro do castelo, queria um pouco de ar fresco
- Por que não está na torre? Não tem uma festa para você e Megan acontecendo agora?
- A festa é só da Megan. E porque você não está lá?
- Estava, mas não o encontrei e resolvi procurá-lo. Anda, vamos até a meu quarto.

Entrei no castelo e fomos caminhando em silencio até o quarto dela. Embora eu não admitisse, estava feliz por ela ter me chamado. Alem de estar querendo a companhia de alguém, estava realmente frio do lado de fora. Ela conjurou duas xícaras, chocolate quente e biscoitos e sentamos cada um em um sofá do quarto. Karen foi até o armário e voltou com um embrulho pequeno, mas muito bem feito, e me entregou sorrindo.

- Feliz aniversário, maninho. Espero que goste
- Obrigado Karen – falei abrindo o pacote. Era um espelho de duas vias - Adorei! Obrigado mesmo!
- Imaginei que fosse gostar... Para quem vai dar o 2º espelho?

Mas não respondi. Karen me encarou séria e abaixei os olhos. A verdade era que eu não sabia para quem dar o espelho. Se ela tivesse feito essa pergunta a uma semana, eu teria uma resposta imediata. Mas agora não sei mais. Alguém bateu de leve na porta e ela se abriu. O rosto de Ben apareceu por trás dela e ele entrou no quarto com os braços carregados de livros.

- Ah desculpa, não sabia que tinha visita. Volto depois
- Não tem problema Ben, pode entrar! – Karen levantou do sofá
- Eu trouxe os livros que a senh... – Karen pigarreou alto - digo, que você pediu
- Ah, muito obrigada! Nossa, quantos livros!
- Sim, Kegan gosta de ler bastante... Ele disse que você pode ficar com eles o tempo que precisar, não tem pressa em devolver.
- Agradeça ao seu irmão por mim, não vou segurar os livros dele muito tempo, leio muito rápido. Espere um instante, tenho algo para você – ela pôs os livros na mesa e saiu do quarto
- O que faz aqui? Pensei que estava na festa.
- Não estava com animo de celebrar nada
- Ah sim, entendi... Em todo caso, feliz aniversário – Ben estendeu a mão para mim e dessa vez não exitei em apertá-la.
- Obrigado – disse soltando-a e encarando a janela
- Olha, eu sei que não começamos com o pé direito e acho que parte disso é culpa minha, mas acho que isso já passou, não é? Acho que podemos ser amigos, certo?
- Não foi culpa sua, e sim minha, eu que sou implicante às vezes. Amigos então? – dessa vez eu estendi a mão e ele a apertou sorrindo
- Acho que vamos nos dar muito bem, Foutley! Quero dizer, Scott.

Ben ainda segurava minha mão e notei que ele tinha um olhar estranho, tinha algo diferente no jeito que ele sorria. Mas o que quer que fosse, não pude identificar. Karen voltou em seguida, rompendo o contato visual e chamando nossa atenção.

- Encontrei! – ela estendeu um embrulho do tamanho de um livro para ele – ganhei de um amigo, mas não tem utilidade para mim...
- Um espelho dos inimigos?? – ele falou empolgado ao abrir o pacote – está me dando ele? Sério?
- Acho que se você pretende seguir carreira como auror, será bem útil. Ao menos mais do que para mim. Não tenho inimigos e mesmo que tenha, não me interesso em saber quem são eles.
- Nossa Karen, obrigado! Acho que esse foi o melhor presente que já ganhei...
- Fica como agradecimento pelos livros emprestados do seu irmão e presente de aniversário adiantado.
- Bom, vou embora terminar meus deveres e deixar vocês a sós de novo. Se bem que... acho que vou passar a madrugada inteira tentando ver alguém no espelho!

Ben saiu da sala carregando o espelho e quando bateu a porta, Karen me encarou com um sorriso debochado no rosto. Olhei para ela sem entender nada, mas ela continuou sorrindo. Podia sentir que ela estava invadindo minha mente e me senti extremamente desconfortável, mas não sabia como evitar isso. Por fim, ela parou e cruzou as pernas em cima do sofá, com um sorriso triunfante.

- Eu sei o que está pensando agora, maninho... E não se preocupe, pode confiar em mim.

Wednesday, January 17, 2007

Contato de Risco

Do diário de Alex McGregor

- ...Ele escreveu contando que o tal namoro naufragou e querendo saber se eu estou "bem". Só faltou escrever em letras piscantes: Você tem saudades de mim?
- É claro que você sentiu.- disse Louise.
- Ele te conhece Alex não negue.- completou Yulli.
- Tontas. - respondi e continuei a narrativa.
Eu contava para minhas amigas sobre a carta que havia recebido do Logan naquela manhã, tinha a voz abafada por causa do protetor de gengivas que usava na aula de Herbologia, e as meninas tentavam rir sem perder os seus protetores.
Neste trimestre iríamos trabalhar com Arapucosos e tínhamos que usar luvas, óculos protetores e ter muita disposição. A tal disposição que se manifesta quando um tronco aparentemente inofensivo se transforma numa planta cheia de tentáculos assassinos para proteger seus frutos.
Enquanto Yulli e Louise lutavam com os galhos nodosos e espinhentos para abrir uma passagem eu enfiei o braço numa abertura na planta e ela se fechou com força em volta dele. Yulli conseguiu dar um nó em dois galhos e a abertura se abriu me soltando, e se encolheu aprecendo um toco de árvore inofensivo.
- Precisamos fazer mais força, da próxima ela pode quebrar o braço de alguém. Devíamos ter chamado o... - comecei falar ofegante enquanto segurava um fruto parecido com uma toranja e que pulsava como se estivesse vivo.
- Não precisamos chamar ninguém! Damos conta. - respondeu Louise brava, entendendo minha indireta.
- Ah Lou, é força do hábito né? Até a gorduchinha olhou para nós umas duas vezes procurando o Scott. - comentou Yulli.
- Pois ela e o mundo que se acostumem com a ausência dele. Não faz falta.
Mudamos de assunto porque ela estava muito sensível desde que brigou com o Scott. Eu, Yulli e Sam tentávamos por panos quentes, mas a coisa só piorava, então começamos a evitar o assunto.
- Parem de conversar e espremam logo a vagem, é melhor quando está fresca. Foutley já conseguiu espremer a dele. - disse a professora Sprout atrás de nós.
Olhamos para onde Scott estava, e ele fazia cara de nojo para uma coisa que estava em sua tigela. Prewett exibia um lábio cortado sangrando e Lu, suava pelo esforço de livrar o colega do abraço da planta.
Yulli abriu rápido seu exemplar de Arvores no mundo que se alimentam de carne para descobrir o jeito certo de abrir aquela vagem.
- Humm, diz aqui que precisamos de uma coisa afiada. - disse Yulli e já puxava sua faca de prata e ao abrir o fruto quase caímos pra trás: saíram de dentro uns tubérculos esverdeados parecendo vermes e se mexiam.
Embora tenhamos ficado com nojo da planta continuamos trabalhando firme até o final da aula, retirando todos os frutos que podíamos. Os alunos que estavam machucados foram saindo mais cedo da aula para procurar madame Pomfrey, e nós comemorávamos a nossa sorte, quando um daqueles galhos me acertou o nariz.
- Ouch!. - disse com a voz abafada e os olhos cheios de lágrimas.
- Senhorita McGregor, vá logo até a enfermaria. Pelo jeito você quebrou o nariz e este sangue todo pode deixar as plantas agitadas e atrapalhar o desenvolvimento delas.
- Dá bem brovvezora. - respondi apertando um lenço no nariz para estancar o sangue.
Saí dali e fui para o castelo, resolvi cortar caminho por um corredor perto da Lufa-lufa, quando escutei vozes conhecidas que vinham de dentro de uma sala de aula que vivia fechada e parei para ouvir:
- O Pedro ficou chateado porque não o convidamos pra sair conosco ontem. - disse Remo.
- Acha que ele desconfia da Ordem da Fênix?- perguntou Sirius.
- Não creio, mas podemos falar com Dumbledore e convida-lo a se juntar ao grupo, afinal ele é nosso amigo, tem nossa confiança. - disse Tiago.
- É, talvez ele não seja tão curioso, quanto... AHÁ! Peguei o espião.
- disse Sirius me agarrando e me virando para ele, e mas logo me soltou:
- O que aconteceu? Saiu no braço com o Hagrid?
- Arabucoso. - respondi com a voz abafada.
- Você estava escutando nossa conversa, Alex? – perguntou Tiago e Remo apenas me analisava.
Tirei o pano do rosto e meu nariz devia estar horrível, porque eles apertaram os olhos:
- Acho que a torcida do Hárpias de Hollyhead, deve ter ouvido, porque num corredor vazio destes a voz fica mais alta. Não sabiam? Estou indo para a enfermaria. - comecei a andar de volta e não demorou o Sirius estava do meu lado:
- Espera que vou com você.
- Você não tem aula agora?
- Estamos com este tempo livre. Nada melhor que visitar a enfermaria, Pompom deve ter sentido minha falta. - disse convencido e comecei a rir, mas parei, meu nariz estava latejando.
Na enfermaria madame Pomfrey com um aceno de varinha consertou meu nariz e me dispensou logo. Sirius não me perdia de vista:
- Tá me vigiando porque Sirius? Não se preocupe, percebi que esta tal de Ordem da Fênix é importante pra vocês. O que é hein? Algum clubinho de sacanagem, onde só tem homens?
- Huahuahua, clubinho de sacanagem, esta é boa. Não existe Ordem da Fênix nenhuma, Alex.
- Não?
- Não.
- Então posso perguntar ao Dumbledore porque ele teria que permitir a entrada do Pedro no tal clube?
-Você disse que não estava escutando. – disse ofendido.
-Você disse que isso não existia. Pensei que confiasse em mim, podemos não ser os melhores amigos do mundo, mas não sou dedo-duro. - devolvi. Ficamos nos encarando por um tempo e ele disse:
-É perigoso.
-Acabei de encarar uma planta assassina, estou com fome e com as roupas imundas, quer algo mais perigoso que isso? – desdenhei e ele riu:
- Sabe que senti sua falta nas férias? Olhava aquele mar verde e lembrava dos seus olhos.
- Sirius, sou eu lembra? Já conheço seus truques. E a propósito: A Robbins contou que ficou com você quase todas as noites na praia. Sim, meu caro ela contou em detalhes no banheiro das meninas, como você é... Vigoroso, então você não sentiu falta de ninguém. Conhece algum feitiço de limpeza?
- Claro! Que distração a minha. – ele puxou a varinha e executou um feitiço de limpeza e minhas roupas ficaram limpas.
Agradeci e fiquei olhando para ele de um jeito doce e provocante ao mesmo tempo. Resolvi entrar no joguinho de gato e rato que ele sempre fazia. Como já o conhecia o suficiente, eu disse suave:
- Você sabe que pode confiar em mim, não sabe?- e fui me aproximando e encostando-o na parede.
- Vai me beijar para conseguir descobrir o que quer?
- Não sei... Você demonstra não confiar em mim... – tirei uma mecha do seu cabelo que caia na testa e notei seus olhos se dilatarem. Aproximei-me mais, precisava deixá-lo mais relaxado:
- Sirius você sabe que eu vou conseguir descobrir o que é a Ordem da Fênix não sabe? É só uma questão de tempo...
- E porque você quer saber sobre ela?
- Ho-ho então ela existe. - (dei uma risadinha) - e talvez porque você esteja fazendo tanto mistério, que fiquei curiosa. Você sabe como sou. - disse com a boca próxima da dele.
Comecei a olhar bem para seus olhos e sem que ele percebesse invadi sua mente bem devagar, e comecei a ver suas memórias: dentre elas um grupo reunido a Dumbledore que discursava para Remo, Tiago, Sirius e vi Frank Longbotton junto deles.
Sirius já tinha os braços ao redor da minha cintura e parecia alheio ao que eu fazia.
Quando ele fechou os olhos para me beijar, o contato se rompeu. Antes que seus lábios encostassem aos meus...
- Sirius, a aula já vai começar. – era Pedro chamando.
- Droga Pedro, não podia esperar um pouco mais?- ele respondeu ríspido para o colega.
Soltei-me de seu abraço e disse:
- Quem sabe nos esbarramos numa outra hora Black.
Fui à direção da sala de História da Magia, teria muita coisa a contar para as meninas.
Comecei a relembrar das memórias de Sirius, e comecei a rir sozinha enquanto caminhava: algumas garotas teriam o futuro arruinado se eu contasse o que vi dentro daquela cabecinha com uma riqueza de detalhes impressionante.
Ah! Endora suas aulas são tão ma-ra-vi-lho-sas!

Monday, January 15, 2007

Cada um para o seu lado

Do diário de Louise Storm

As férias de fim de ano haviam finalmente terminado e estávamos todos de volta à escola. De volta à nossa rotina. Todos fomos para casa nos três últimos dias de férias e eu tive a chance de rever meus avós maternos, já que a ultima vez que nos vimos foi em Agosto. Tudo parecia como sempre em casa, exceto pela minha avó Mary. Podia ser fruto da minha imaginação, mas eu podia jurar que ela estava preocupada com alguma coisa. Vovô John não parecia notar no entanto. Tinha algo a distraindo, e eu tinha plena certeza que George dividia com ela o que quer que fosse isso. Mais de uma vez peguei meu irmãozinho com um olhar vago fixo no quintal, trocando olhares angustiados com a vovó de vez em quando.

Eu não poderia estar mais feliz por voltar para Hogwarts, me afastando de todo esse mistério que estava prestes a me matar de tanta curiosidade. Estava feliz por rever os amigos, e claro, meu namorado. Remo passou as férias em um hotel com os colegas de classe, como presente de formatura de Dumbledore. O diretor sempre fazia isso com os formandos do ano. E como eu passei minhas férias em um país diferente também, nós tínhamos tanto que contar um para o outro que arrumávamos um jeito de escapar de todos sempre que tínhamos um tempo livre, só para ficarmos juntos, só nós dois.

Desde que havíamos retornado Scott estava estranho, ao menos comigo. As poucas vezes que estivemos juntos ele estava calado, distraído e pensativo. Acho que seria capaz de contar o numero de vezes que nos falamos. Mas eu estava com tanta coisa na cabeça que não me importei em perguntar se ele estava com algum problema.

Era o terceiro dia de aulas e tínhamos Feitiços. Como sempre, nos sentamos no fundo da sala. Tudo estava correndo bem, sem incidentes, até o finalzinho da aula, quando o professor Flitwick nos informou que depois do almoço teríamos DCAT ao invés de Transfiguração. Tive a sensação que meu coração pulou um batimento. Eu tinha esquecido completamente do trabalho que o professor Stroke pediu para Yulli e eu fazermos! Ordenou, não pediu, na verdade.

- Droga! – dei um tapa na testa – Yul, você fez o trabalho?
- Está brincando?? – ela me encarou desesperada – Claro que não! Nem sequer me lembrei dessa porcaria até agora!
- O que vamos fazer?? Não há como escrevermos 2 rolos de pergaminho durante o almoço!
- Nós temos que tentar, sabe... – Yulli disse tentando se acalmar – Vem, vamos começar a pensar em algo para fazer.

Alex e Sam foram almoçar enquanto Yulli e eu nos separamos para encontrar alguma coisa em livros que pudesse ajudar. Eu fiz meu caminho para a biblioteca o mais rápido que pude e encontrei Scott com 4 livros abertos em sua frente. Imaginando qual era o problema dele e pensando em finalmente perguntar, me sentei ao seu lado. Ele virou os olhos para mim e então tornou a olhar para os livros, sem dizer nada.

- Qual o problema, Cott? Você está me evitando ou é apenas impressão minha?
- Eu deveria ter um motivo para evitar você?
- Não sei, me diga você! – disse começando a me chatear – Olha, eu não tenho idéia do motivo para você estar agindo tão estranho comigo e se você não quer falar, eu não pergunto de novo. Agora, estou em apuros por causa desse trabalho, vai poder me ajudar ou não?
- Eu não posso acreditar nisso!

Scott fechou o livro irritado e ficou de pé, me encarando de um jeito que nunca vi. Ele parecia capaz de me bater, ali mesmo, sem arrependimento. Eu fiquei de pé para encará-lo no mesmo nível e cruzei os braços, esperando uma explicação sobre aquele comportamento.

- Que diabos é o seu problema?? O que eu fiz pra você? Porque eu não consigo pensar em nada! – eu quase gritei. Sorte madame Pince não estar lá.
- Jura? Pois tente! – ele gritou em resposta
- Por que está fazendo isso? Eu não fiz nada pra você!
- Talvez esse seja o problema – ele disse abaixando o tom de voz um pouco – talvez você deva pensar no que não fez por nós.
- Nós? Nós quem?
- Ah por favor, Louise, você não é burra! Você é muito engraçada... Quando você não tem o seu precioso namorado por perto, se importa com os amigos. Mas então, quando ele está com você, ninguém mais interessa!
- Agora sou eu que não posso acreditar! Você está com ciúmes do Remo?? Porque sabe, se é esse o problema, você está sendo incrivelmente egoísta!
- Ah, agora eu sou o egoísta?? É você quem não fala comigo desde que voltamos de Nova York! Foi você que nem se importou em perguntar se eu estava bem! Você me ignorou por completo só para passar um tempo com aquele seu namorado!
- Scott, por favor, você está ouvindo o que está dizendo?? Como pode me acusar de não lhe dar atenção suficiente, quando eu acabei de passar as férias inteiras com você, na casa dos seus tios?? Eu senti muita falta do Remo e precisava de um tempo a sós com ele. Eu pensava que você, de todas as pessoas, fosse entender isso sem questionar.
- Bem, talvez você não me conheça tanto quando pensa.
- Eu acho que conheço você até demais, Scott! Eu sei qual é o seu problema, e você também!
- Ah é? E qual é o meu problema, Louise? Conte-me!
- O seu problema é que enquanto você continuar negando os seus reais desejos, nunca vai ser feliz!
- Eu sou feliz, ok? – disse em uma voz debochada – e eu não nego nada!
- Sei que você me entendeu, Scott! Não seja sonso!
- Acha que eu sou sonso? Ok então! Por que não vai pedir ajuda ao seu querido namorado e me deixa em paz, sendo sonso? Apenas esqueça tudo, seja muito feliz com ele. Se você acha que não precisa dos amigos, estou bem com sua decisão.
- Eu nunca disse que não preciso dos meus amigos! Mas quer saber? Se é isso que você quer, que eu deixe você em paz, vou respeitar seu desejo. Espero que não se arrependa no entanto, porque aí pode ser tarde demais! Isso magoa sabia? Mas não irei mais incomodar você e sua vidinha complexa outra vez!

Peguei minha mochila e virei as costas pra ele, saindo depressa da livraria. Lágrimas já tomavam conta do meu rosto, mas eu as limpei com raiva. Se ele quer que as coisas sejam assim, eu não me permitiria chorar por isso. O problema era que eu não fazia idéia de como ia sobreviver sem o meu melhor amigo ao meu lado.

Thursday, January 11, 2007

Bad Feelings

Diário de Alucard W. Chronos

- I have a bad feeling about it...

Eu e a Celas conversávamos em casa. Nós passamos o Natal em casa, como sempre fazemos e passávamos o tempo treinando ou conversando. Ela queria saber como iam minhas aulas extras com Endora e eu lhe dizia que agora estava um pouco melhor e eu começava a gostar dessas aulas. Só que às vezes até nessas aulas, minhas visões saiam de meu controle e eu via coisas demais. Contei a ela de como pude ver o ataque ao Kyle e tantas outras coisas...
Eu nunca acreditei em Adivinhação, sempre achei que era uma farsa ou algo do tipo. Mas cada vez mais eu vejo que eu estava errado, até porque digamos que eu estou tornando-me um adivinho... Vejo coisas aconteceram antes mesmo de elas serem preparadas e isso me assusta. Sinto as dores das pessoas ao meu redor, sofro o mesmo que elas, e se não fosse meus poderes, acho que já estaria morto devido à dor... E ainda não sabemos o que me faz sentir o que os outros sentem...
E é por isso que tenho um mau pressentimento...
Não, não tem nada a ver com a escola, com as aulas ou a Mirian. Sinto que todos estão bem, viajando com o Scott. E a Mirian está em casa, muito bem protegida por sinal. Ela foi chamada pro Natal também, os pais dela tem algo importante a dizer... Estou curioso por saber o que é, mas preocupado não estou, sei que é algo benigno...
O que me preocupa são meus pais...
Agora sei quem são aqueles que eu vejo em macas no St.Mungus... Agora sei quem são aqueles que sofrem tanto, como se estivessem à beira da morte... Agora sei quem sente uma dor tão forte que foi capaz de machucar meu lado vampírico e me fazer perder os sentidos...
São os meus pais...
A visão está cada vez mais clara...

Dor... Posso sentir dor... Tristeza... Sinto os portões se abrindo, a morte cada vez mais perto daquele lugar... Aquele corredor está cheio de tristeza e dor, de um modo que chega a ser palpável. Eu me sinto asfixiado toda vez que tenho essa visão... Gente correndo, levando duas macas para uma sala de emergência... Kyle e Sergei correndo junto das macas... Os curandeiros correndo também... .E agora posso ver... Meus pais nas macas...

Mas não sei quando a visão vai ocorrer... Isso ainda não consigo ver, e isso me deixa muito preocupado... Já escrevi pro Kyle e pro Sergei pedindo que tomassem cuidado e se estivessem com meus pais também e já avisei a meus pais sobre isso. Eles acreditaram em mim e disseram que vão tomar cuidado, mas ainda estou com medo...
Principalmente depois do que ocorreu...

Era véspera de Natal.
Papai e eu tínhamos saído pra comprar as coisas para o Natal, íamos armar a árvore só naquele dia! Ninguém teve tempo antes. A casa estava praticamente vazia, comparada com a quantidade de gente que há normalmente, pois também é a sede do clã. Os outros membros estavam com suas famílias, ou seja, só havia nós quatro na casa mesmo. Por isso tivemos certa apreensão de deixar a casa apenas com mamãe e Celas, mas elas garantiram que conseguiriam se cuidar e em último caso nos chamavam de algum modo.
A tarde de compras do Natal foi bem calma, pensamos que íamos achar as ruas cheias, mas elas estavam até que tranquilas, dava pra andar normalmente. Mas eu sentia algo estranho... Sentia uma sensação diferente...
- Pai, estamos sendo seguidos.
- Eu sei, também já notei.
- São três... Não sei quem são, mas não possuem boas intenções. Não são intenções exatamente más, mas não são boas. E são bruxos.
- Sim, posso sentir eles aqui por perto. Dois estão nos seguindo a esquerda e tem um à direita, não? Parabéns você está evoluindo!
- Deixe de brincadeira pai, sei que você sabe quem eles são.
- Devem ser os homens que recusei a entrada no clã, eram muito despreparados – Papai mentiu e eu sabia disso, e a mentira dele só me deixou mais preocupado.
Continuamos andando em silêncio, fingindo que nada havia acontecido. Quando entramos numa loja, nos separamos e vimos quando os três entraram. Um veio me seguir, e os outros dois foram atrás de papai. Escondia-me entre duas estantes, me mantendo nas sombras e vi quando o homem não conseguia mais me achar. Ele correu até onde pensava que eu estava e parou na minha frente, mas eu estava escondido. Saltei das sombras e o prendi rapidamente.
- Quem é você?
- Não lhe interessa! – Ele falou com raiva de ter sido pego e tentou se soltar. Eu o soltei, mas o encarei nos olhos... E vi que ele fora mandado por alguém. Ele era um Comensal.
Ele fugiu de mim saindo da loja, ao mesmo tempo em que os outros dois também saiam. Papai havia os enfrentado também e decidimos voltar para casa pra ver como tudo estava indo por lá. Chegamos a tempo de ver quatro homens virando a esquina ao longe de nossa casa e sabíamos que estiveram espionando a casa, ou pior, estiveram lá... Corremos para a entrada e quando abrimos a porta, demos de cara com Celas e mamãe com varinhas em punho apontadas para nós, mas quando viram quem era, baixaram a guarda.
- São vocês. – mamãe falou sorrindo
- Eles estiveram aqui Integra? – Papai perguntou, preocupado.
- Estiveram sim, andaram rondando a casa, e acabaram por cercá-la. Então vieram falar conosco. – Cela respondeu.
- E o que eles queriam? – perguntei agora preocupado e com certa raiva.
- Nada demais, queriam que nós os admitíssemos no clã – mamãe mentiu também e forçando um sorriso.
- Não! Eles nos ameaçaram! Mas botamos eles pra correr! Até parece que vou deixar nos ameaçar e cercar nossa casa! – Celas falou com orgulho.
- Mãe, Pai, já chega de esconder isso de nós. Posso ver que estão mentindo, o que está acontecendo? – perguntei sério e Celas me apoiou.
- Está bem vamos contar... – papai falou se sentando na poltrona.
- Já tem mais ou menos uma semana, esses homens, começaram a nos procurar. – Mamãe começou calma e sentando do lado de papai.
- Eles são Comensais. Estão à procura de gente que possa fazer parte do grupo deles, querem que nos tornemos Comensais.
- COMO OUSAM!? – Celas explodiu indignada, mas me mantive sentado, ainda faltava algo...
- E o que mais? Sei que tem algo mais... – continuei sério, esperando que continuassem.
- Eles querem que sejamos espiões no Ministério, devido a nossa influência, e como nós recusamos, começaram a nos ameaçar. – mamãe falou, sem demonstrar fraqueza na voz.
- E as ameaças deles têm se cumprido. Várias pessoas foram encontradas mortas, e pelas investigações, soubemos que recusaram o "convite" deles. Eles querem criar um exército, e temo que estejam conseguindo – papai falou, com desanimo estampado na voz.
- Cada vez mais gente se une a eles, sabemos disso, o Ministério também sabe. Mas não podemos fazer nada, nunca deixam provas, e o poder do líder deles apenas cresce mais.
- E quem é o líder? – Celas perguntou, mais calma.
- Eles o chamam de Lord Voldemort, mas sabemos que esse não é o nome verdadeiro... E temo que vamos demorar a descobrir qual o verdadeiro nome. – papai falou com um suspiro.
- Ele está crescendo muito, e rápido demais. E parece que a cada dia, ele nos quer mais...
- E por que esse interesse? – perguntei, sabendo que me responderiam com uma mentira.
- Já falei, porque temos influências e contato no Ministério.... E se conseguirem nos levar para o lado deles, eles pensam que talvez o clã inteiro se uma a eles.
- Tem algo mais nesse interesse... Sei que tem.
- Do que está falando Lu? – Celas perguntou, mas quando olhou para nossos pais também notou que tinha algo mais.
- Esses Comensais. Foram eles que tentaram me capturar no colégio uma vez, eles mandaram Hellion, agora tenho certeza, e agora nos ameaçam e querem nosso apóio! Eles querem algo mais e vocês também sabem... - respondi, alterando um pouco a voz pela primeira vez.
- Não podemos falar mais meus queridos, seria perigoso até para vocês... Nos perdoem – mamãe falou com um sorriso leve e por mais que eu e Celas perguntássemos, eles não respondiam e começavam a ignorar as perguntas, mudando de assunto. Não tivemos outra escolha a não ser esquecer, pelo menos fingir que esquecemos... Mas Celas e eu, sabemos que ainda tem algo escondido, e vamos nos preparar para qualquer coisa...
A visão parece fazer sentido agora... Até consigo imaginar quem vai causar tanta dor aos meus pais, e assim que terminar de conversar com a Celas, vou mandar uma coruja pro Sergei e pro Kyle falando sobre tudo isso... Celas também sente que tem algo mais, e decidimos que vamos tentar descobrir o que é, assim que tivermos uma chance e que nossos pais baixarem a guarda...
Alucard Wingates Chronos às 12:26 PM