Monday, January 15, 2007 Cada um para o seu lado Do diário de Louise Storm As férias de fim de ano haviam finalmente terminado e estávamos todos de volta à escola. De volta à nossa rotina. Todos fomos para casa nos três últimos dias de férias e eu tive a chance de rever meus avós maternos, já que a ultima vez que nos vimos foi em Agosto. Tudo parecia como sempre em casa, exceto pela minha avó Mary. Podia ser fruto da minha imaginação, mas eu podia jurar que ela estava preocupada com alguma coisa. Vovô John não parecia notar no entanto. Tinha algo a distraindo, e eu tinha plena certeza que George dividia com ela o que quer que fosse isso. Mais de uma vez peguei meu irmãozinho com um olhar vago fixo no quintal, trocando olhares angustiados com a vovó de vez em quando. Eu não poderia estar mais feliz por voltar para Hogwarts, me afastando de todo esse mistério que estava prestes a me matar de tanta curiosidade. Estava feliz por rever os amigos, e claro, meu namorado. Remo passou as férias em um hotel com os colegas de classe, como presente de formatura de Dumbledore. O diretor sempre fazia isso com os formandos do ano. E como eu passei minhas férias em um país diferente também, nós tínhamos tanto que contar um para o outro que arrumávamos um jeito de escapar de todos sempre que tínhamos um tempo livre, só para ficarmos juntos, só nós dois. Desde que havíamos retornado Scott estava estranho, ao menos comigo. As poucas vezes que estivemos juntos ele estava calado, distraído e pensativo. Acho que seria capaz de contar o numero de vezes que nos falamos. Mas eu estava com tanta coisa na cabeça que não me importei em perguntar se ele estava com algum problema. Era o terceiro dia de aulas e tínhamos Feitiços. Como sempre, nos sentamos no fundo da sala. Tudo estava correndo bem, sem incidentes, até o finalzinho da aula, quando o professor Flitwick nos informou que depois do almoço teríamos DCAT ao invés de Transfiguração. Tive a sensação que meu coração pulou um batimento. Eu tinha esquecido completamente do trabalho que o professor Stroke pediu para Yulli e eu fazermos! Ordenou, não pediu, na verdade. - Droga! – dei um tapa na testa – Yul, você fez o trabalho? - Está brincando?? – ela me encarou desesperada – Claro que não! Nem sequer me lembrei dessa porcaria até agora! - O que vamos fazer?? Não há como escrevermos 2 rolos de pergaminho durante o almoço! - Nós temos que tentar, sabe... – Yulli disse tentando se acalmar – Vem, vamos começar a pensar em algo para fazer. Alex e Sam foram almoçar enquanto Yulli e eu nos separamos para encontrar alguma coisa em livros que pudesse ajudar. Eu fiz meu caminho para a biblioteca o mais rápido que pude e encontrei Scott com 4 livros abertos em sua frente. Imaginando qual era o problema dele e pensando em finalmente perguntar, me sentei ao seu lado. Ele virou os olhos para mim e então tornou a olhar para os livros, sem dizer nada. - Qual o problema, Cott? Você está me evitando ou é apenas impressão minha? - Eu deveria ter um motivo para evitar você? - Não sei, me diga você! – disse começando a me chatear – Olha, eu não tenho idéia do motivo para você estar agindo tão estranho comigo e se você não quer falar, eu não pergunto de novo. Agora, estou em apuros por causa desse trabalho, vai poder me ajudar ou não? - Eu não posso acreditar nisso! Scott fechou o livro irritado e ficou de pé, me encarando de um jeito que nunca vi. Ele parecia capaz de me bater, ali mesmo, sem arrependimento. Eu fiquei de pé para encará-lo no mesmo nível e cruzei os braços, esperando uma explicação sobre aquele comportamento. - Que diabos é o seu problema?? O que eu fiz pra você? Porque eu não consigo pensar em nada! – eu quase gritei. Sorte madame Pince não estar lá. - Jura? Pois tente! – ele gritou em resposta - Por que está fazendo isso? Eu não fiz nada pra você! - Talvez esse seja o problema – ele disse abaixando o tom de voz um pouco – talvez você deva pensar no que não fez por nós. - Nós? Nós quem? - Ah por favor, Louise, você não é burra! Você é muito engraçada... Quando você não tem o seu precioso namorado por perto, se importa com os amigos. Mas então, quando ele está com você, ninguém mais interessa! - Agora sou eu que não posso acreditar! Você está com ciúmes do Remo?? Porque sabe, se é esse o problema, você está sendo incrivelmente egoísta! - Ah, agora eu sou o egoísta?? É você quem não fala comigo desde que voltamos de Nova York! Foi você que nem se importou em perguntar se eu estava bem! Você me ignorou por completo só para passar um tempo com aquele seu namorado! - Scott, por favor, você está ouvindo o que está dizendo?? Como pode me acusar de não lhe dar atenção suficiente, quando eu acabei de passar as férias inteiras com você, na casa dos seus tios?? Eu senti muita falta do Remo e precisava de um tempo a sós com ele. Eu pensava que você, de todas as pessoas, fosse entender isso sem questionar. - Bem, talvez você não me conheça tanto quando pensa. - Eu acho que conheço você até demais, Scott! Eu sei qual é o seu problema, e você também! - Ah é? E qual é o meu problema, Louise? Conte-me! - O seu problema é que enquanto você continuar negando os seus reais desejos, nunca vai ser feliz! - Eu sou feliz, ok? – disse em uma voz debochada – e eu não nego nada! - Sei que você me entendeu, Scott! Não seja sonso! - Acha que eu sou sonso? Ok então! Por que não vai pedir ajuda ao seu querido namorado e me deixa em paz, sendo sonso? Apenas esqueça tudo, seja muito feliz com ele. Se você acha que não precisa dos amigos, estou bem com sua decisão. - Eu nunca disse que não preciso dos meus amigos! Mas quer saber? Se é isso que você quer, que eu deixe você em paz, vou respeitar seu desejo. Espero que não se arrependa no entanto, porque aí pode ser tarde demais! Isso magoa sabia? Mas não irei mais incomodar você e sua vidinha complexa outra vez! Peguei minha mochila e virei as costas pra ele, saindo depressa da livraria. Lágrimas já tomavam conta do meu rosto, mas eu as limpei com raiva. Se ele quer que as coisas sejam assim, eu não me permitiria chorar por isso. O problema era que eu não fazia idéia de como ia sobreviver sem o meu melhor amigo ao meu lado. |