Saturday, January 27, 2007

Uma sociedade "quase" secreta...

SW: Tiago, por favor, eu REALMENTE preciso da sua ajuda!!!
YH: O que houve, Sam?
SW: Eu não consigo fazer o “Deletrius”, e se não provar pro Flitwick que consigo desintegrar até a próxima aula, posso estar em grandes apuros!!! Então eu pensei se...
YH: Eu não poderia te ajudar?
SW: É... – disse, cobrindo o rosto com as mãos, tímida – Você pode?
YH: Bem, na verdade eu estava pensando em dar um passeio com a Evans no jardim e...
SW: Ah, isso fica pra depois! Primeiro a ajuda aos amigos, depois a diversão! – disse Sam me puxando pelas mãos decidida.
YH: Sam, você nasceu para ser atriz!!!

Ela parou e me olhou. Começamos a rir da encenação. Estávamos na cozinha, e tínhamos acabado de jogar o Veritasserum dentro de uma garrafa de cerveja amanteigada. Sam sacudiu e lacrou-a novamente. Olhamos para alguns elfos, que nos encaravam irritados.

YH: Vocês não nos viram aqui, não nos deram essas garrafas e nem nos viram encenando alguma coisa! Nós não existimos!
SW: E acreditem, estamos fazendo isso para seu próprio bem!

Os elfos nos lançaram um olhar zangado, mas entendemos que eles tinham recebido a mensagem. Deixamos a cozinha e alcançamos o Salão Principal dois minutos depois. Como o esperado, Tiago estava na mesa da Grifinória conversando com Lílian Evans. Alex tinha saído com Sirius uns minutos antes, e Louise provavelmente já estava com Remo, a julgar pela ausência dos dois. Sam escondeu as três garrafas de cerveja amanteigada na bolsa e me olhou firme uma última vez.

SW: É agora ou nunca! – disse parecendo tensa.
YH: Encontro vocês naquela sala de aula abandonada, companheira?

Sam concordou com a cabeça e caminhou decidida. Alcançou Tiago e Lílian bem a tempo de eles se levantarem e se prepararem para sair. De longe, a vi conversando rápido com ele, fazendo gestos variados com as mãos, finalmente terminando em cobrir seu rosto. Ri por dentro e me apressei para fora do Salão Principal. Alcancei a sala de aula um minuto depois. Entrei, fechei a porta, corri até a mesa, espalhei livros abertos e tinteiros com penas. Sentei e fingi estar concentrada lendo o livro de feitiços quando a porta se abriu.
Sam e Tiago irromperam por ela, e pararam assim que me viram. Sam parecia extremamente nervosa e Tiago abriu um sorriso maroto, andando para mais perto.

TP: Então quer dizer que você também quer uma ajudinha em feitiços, é?
YH: Er... atrapalho alguma coisa? – disse, parecendo confusa.
SW: Ah Yull, me desculpa! Não sabia que você estava aqui! Tiago se propôs a me ajudar no feitiço maluco, sabe...
TP: Na verdade, você só me pede ajuda nas piores horas, Samantha! – ofendido.
SW: Você e a Evans têm a vida toda pela frente, Potter! – Sam disse firme, terminando o tópico da discussão. – Bom, então vamos estudar lá na outra sala e... Até mais, Yull!

Sam virou as costas e começou a sair. Tiago permaneceu na minha frente, sorrindo. Aproximou-se mais e arrancou o livro da mesa, lendo.

TP: Acho que não será preciso Sam! A Yulli também está em dúvidas! Feitiços também! Se quiserem, posso ajudar as duas...
YH: Devo encarar isso como um ato de generosidade?
TP: Não faço nada por generosidade! – ele devolveu o livro à mesa, curvando o corpo e ficando a alguns centímetros do meu rosto. Nossos olhos se encontraram e ele me olhou maliciosamente.
YH: Sendo assim, eu estudo sozinha, obrigada! – disse afastando dele. Ele soltou um suspiro de descontentamento.
TP: Mulheres e seus orgulhos! Ouch! Ok, já que vou ajudar uma, ajudo as duas! Não cobro nada! Encare isso como a boa ação do dia! – ele abriu os braços e se largou na cadeira me olhando.
YH: Ah, bem melhor! – sorrindo para ele, que me devolveu um sorriso cínico.

Sam foi a primeira. Tentou desintegrar um pergaminho, mas o máximo que conseguiu (de propósito, claro) foi acender fogo na ponta dele. Após meia hora mais ou menos, Tiago e Sam chegaram a um acordo, e o pergaminho se desfez. Sam o abraçou agradecida e ele se virou para mim, imediatamente.

TP: Então, qual sua dúvida?
YH: Para falar a verdade, nenhuma... Estava apenas fazendo um relatório de feitiços! Você concluiu por mim que eu precisava da sua ajuda! Estúpido equívoco! – sorri vitoriosa e ele me lançou um olhar cerrado.
TP: Entendo... Bom, sendo assim! Boa noite, meninas!
SW: Ei, espera! Tem seu pagamento! – Tiago parou e olhou espantado para Sam.
TP: Sam, não mexo com namoradas de amigos...
SW: Pare de ser ingênuo! Trouxe cervejas amanteigadas, contrabandeadas! – Sam disse tirando uma garrafa da bolsa e abrindo o lacre. – Querem?
TP: E eu que pensava que você era um tipo inocente... A gente se engana com os amigos! – Tiago se sentou no chão e Sam lançou a garrafa com a poção para ele. Ele abriu e deu um longo gole, deliciando. Depois, lançou uma última para mim, que sorridente, abri e dei um gole.
SW: Então quer dizer que você finalmente conseguiu sair com a Evans? – perguntou Sam querendo testar.
TP: Ah sim, eu sabia que ela gostava de mim, só era recalcada! Agora, eu consegui!
SW: E você gosta dela?

Ele ficou em silêncio, olhando fixo no gargalo da garrafa, pensando. Vimos seu corpo dar uma leve tremida antes de abrir a boca novamente.

TP: É, acho que sim... Quer dizer, eu gosto! Gosto mesmo dela! O jeito dela sério, tempestuoso, indomável e doce ao mesmo tempo! Almofadinhas tem razão quando diz que estou me apaixonando, mesmo eu não querendo admitir isso para ninguém e... – ele parou de repente, nos olhando assustado, não acreditando que tinha acabado de contar aquilo.
YH: Nossa, apaixonado??? A Evans sabe como domar o leão, hein? – rimos e ele ficou sem graça, mas não podendo responder.
TP: O que vocês me deram? Porque eu não consigo parar de falar todas essas tolices??? Vocês me drogaram? – chocado.
SW: É só um relaxante!
YH: Chega de brincadeiras... – Sam arrancou a varinha dele com um aceno enquanto eu trancava a porta.
TP: O que vocês pretendem comigo? Eu posso gritar!
YH: Você não fará isso! Temos três varinhas em mãos... – disse tentando parecer ameaçadora, o que acho que deu certo. – Agora conte tudo o que você sabe sobre a Ordem da Fênix!
SW: Queremos saber o que é, ou “quem” é. Quem participa? Quem lidera? Qual o objetivo? Qual o critério de seleção?

Silenciamos e esperamos ele falar. Ele olhou longamente para cada uma de nós, furioso, mas sem poder controlar a língua, disse tudo sem rodeios.

TP: Ordem da Fênix é um grupo liderado por Dumbledore. É como uma sociedade... Até agora, poucas pessoas participam. Alguns aurores do Ministério, Alastor Moody, Dédalo Diggle, hmm, Emelina Vance, Beijo Fenwick, Edgar Bones, Estúrgio Podmore, ah sim, Hagrid...
SW: HAGRID? – Sam perguntou, os olhos arregalados.
TP: Eu, Remo, Sirius... – continuou como se não tivesse escutando. - Frank Longbottom e a namorada dele, Alice, Gideão Prewett, sabem, irmão do Fábio... Mais alguns aurores que não me recordo, e dizem que o irmão de Dumbledore, Aberforth, também faz parte, mas nunca se reuniu conosco...
YH: E qual o critério de seleção dessa “ordem”?
TP: Não sei, sinceramente. Dumbledore chama bruxos que acha ser de confiança. Quando ele se reuniu conosco, disse que precisaria do nosso apoio quando nos formássemos... Ainda não entendi porque ele não chamou o Pedro, afinal, ele é nosso amigo, é de confiança! Mas ele disse que prefere que Pedro não saiba... Na nossa última reunião ele disse que convidaria mais alguns aurores, Kyle McGregor e Sergei Menken entre eles. Eu, particularmente, sou contra a entrada daquele auror russo metido a galã! – me olhou enviesado e não pude deixar de rir. – Mas vocês conhecem o Dumbledore... Ele é o líder, afinal! Sou muito mais o Pedro...
SW: Praticamente aurores, ou alunos que pretendem se tornar aurores... – Sam disse pensativa. – É um tipo de exército?
TP: Como se fosse... Não sabemos ainda, mas notícias estão correndo de um tal “Lorde das Trevas” que usa o nome de “Lord Voldemort”. Dumbledore o conhece, e está se prevenindo. Ele não nos passou muitos detalhes desse bruxo, só disse que não se admira de ele estar crescendo. O que acontece é que Voldemort está recrutando bruxos para o lado dele. E Dumbledore, em contra mão, está fazendo o mesmo, como prevenção...

A sala caiu em silêncio. Não sabíamos mais o que perguntar e nem o que dizer. Tiago abaixou a cabeça, tenso. Passados cinco minutos, ele voltou a nos olhar.

TP: Então, será que podem devolver minha varinha agora?

Sam me encarou confusa e eu afirmei com a cabeça. Ela lançou a varinha para ele, que a apanhou no ar e se levantou, pronto para sair. Antes que pudesse me conter, sorri e pedi que esperasse... Ele me encarou.

YH: Só mais uma coisa... Você já dormiu com uma garota??? – Sam soltou uma gargalhada, e depois prestou atenção nele, que parecia tenso. Nos calamos e ele nos olhou mais uma vez, então, sorriu.
TP: Desculpem meninas, mas creio que precisarão de outra dose de Veritasserum para arrancarem isso de mim! O efeito da “droga” passou...
SW: Ah não! As meninas vão nos matar por termos deixado escapar essa chance! – Sam disse inconformada.
TP: Boa noite... – disse, um sorriso vitorioso da cara.

Ele novamente voltou para a porta e quando estava quase no corredor, parou.

TP: Eu sei que agora tudo o que foi dito aqui, será compartilhado. Mas por favor, não cantem isso a plenos pulmões... Lembrem-se, é sigiloso! – ele pediu sério.
YH: Nada do que foi dito aqui será compartilhado com pessoas que não precisam compartilhar! Fique tranqüilo...

Sem falar mais nada, ele saiu e fechou a porta em seguida, deixando na sala um longo silêncio.