Wednesday, January 17, 2007

Contato de Risco

Do diário de Alex McGregor

- ...Ele escreveu contando que o tal namoro naufragou e querendo saber se eu estou "bem". Só faltou escrever em letras piscantes: Você tem saudades de mim?
- É claro que você sentiu.- disse Louise.
- Ele te conhece Alex não negue.- completou Yulli.
- Tontas. - respondi e continuei a narrativa.
Eu contava para minhas amigas sobre a carta que havia recebido do Logan naquela manhã, tinha a voz abafada por causa do protetor de gengivas que usava na aula de Herbologia, e as meninas tentavam rir sem perder os seus protetores.
Neste trimestre iríamos trabalhar com Arapucosos e tínhamos que usar luvas, óculos protetores e ter muita disposição. A tal disposição que se manifesta quando um tronco aparentemente inofensivo se transforma numa planta cheia de tentáculos assassinos para proteger seus frutos.
Enquanto Yulli e Louise lutavam com os galhos nodosos e espinhentos para abrir uma passagem eu enfiei o braço numa abertura na planta e ela se fechou com força em volta dele. Yulli conseguiu dar um nó em dois galhos e a abertura se abriu me soltando, e se encolheu aprecendo um toco de árvore inofensivo.
- Precisamos fazer mais força, da próxima ela pode quebrar o braço de alguém. Devíamos ter chamado o... - comecei falar ofegante enquanto segurava um fruto parecido com uma toranja e que pulsava como se estivesse vivo.
- Não precisamos chamar ninguém! Damos conta. - respondeu Louise brava, entendendo minha indireta.
- Ah Lou, é força do hábito né? Até a gorduchinha olhou para nós umas duas vezes procurando o Scott. - comentou Yulli.
- Pois ela e o mundo que se acostumem com a ausência dele. Não faz falta.
Mudamos de assunto porque ela estava muito sensível desde que brigou com o Scott. Eu, Yulli e Sam tentávamos por panos quentes, mas a coisa só piorava, então começamos a evitar o assunto.
- Parem de conversar e espremam logo a vagem, é melhor quando está fresca. Foutley já conseguiu espremer a dele. - disse a professora Sprout atrás de nós.
Olhamos para onde Scott estava, e ele fazia cara de nojo para uma coisa que estava em sua tigela. Prewett exibia um lábio cortado sangrando e Lu, suava pelo esforço de livrar o colega do abraço da planta.
Yulli abriu rápido seu exemplar de Arvores no mundo que se alimentam de carne para descobrir o jeito certo de abrir aquela vagem.
- Humm, diz aqui que precisamos de uma coisa afiada. - disse Yulli e já puxava sua faca de prata e ao abrir o fruto quase caímos pra trás: saíram de dentro uns tubérculos esverdeados parecendo vermes e se mexiam.
Embora tenhamos ficado com nojo da planta continuamos trabalhando firme até o final da aula, retirando todos os frutos que podíamos. Os alunos que estavam machucados foram saindo mais cedo da aula para procurar madame Pomfrey, e nós comemorávamos a nossa sorte, quando um daqueles galhos me acertou o nariz.
- Ouch!. - disse com a voz abafada e os olhos cheios de lágrimas.
- Senhorita McGregor, vá logo até a enfermaria. Pelo jeito você quebrou o nariz e este sangue todo pode deixar as plantas agitadas e atrapalhar o desenvolvimento delas.
- Dá bem brovvezora. - respondi apertando um lenço no nariz para estancar o sangue.
Saí dali e fui para o castelo, resolvi cortar caminho por um corredor perto da Lufa-lufa, quando escutei vozes conhecidas que vinham de dentro de uma sala de aula que vivia fechada e parei para ouvir:
- O Pedro ficou chateado porque não o convidamos pra sair conosco ontem. - disse Remo.
- Acha que ele desconfia da Ordem da Fênix?- perguntou Sirius.
- Não creio, mas podemos falar com Dumbledore e convida-lo a se juntar ao grupo, afinal ele é nosso amigo, tem nossa confiança. - disse Tiago.
- É, talvez ele não seja tão curioso, quanto... AHÁ! Peguei o espião.
- disse Sirius me agarrando e me virando para ele, e mas logo me soltou:
- O que aconteceu? Saiu no braço com o Hagrid?
- Arabucoso. - respondi com a voz abafada.
- Você estava escutando nossa conversa, Alex? – perguntou Tiago e Remo apenas me analisava.
Tirei o pano do rosto e meu nariz devia estar horrível, porque eles apertaram os olhos:
- Acho que a torcida do Hárpias de Hollyhead, deve ter ouvido, porque num corredor vazio destes a voz fica mais alta. Não sabiam? Estou indo para a enfermaria. - comecei a andar de volta e não demorou o Sirius estava do meu lado:
- Espera que vou com você.
- Você não tem aula agora?
- Estamos com este tempo livre. Nada melhor que visitar a enfermaria, Pompom deve ter sentido minha falta. - disse convencido e comecei a rir, mas parei, meu nariz estava latejando.
Na enfermaria madame Pomfrey com um aceno de varinha consertou meu nariz e me dispensou logo. Sirius não me perdia de vista:
- Tá me vigiando porque Sirius? Não se preocupe, percebi que esta tal de Ordem da Fênix é importante pra vocês. O que é hein? Algum clubinho de sacanagem, onde só tem homens?
- Huahuahua, clubinho de sacanagem, esta é boa. Não existe Ordem da Fênix nenhuma, Alex.
- Não?
- Não.
- Então posso perguntar ao Dumbledore porque ele teria que permitir a entrada do Pedro no tal clube?
-Você disse que não estava escutando. – disse ofendido.
-Você disse que isso não existia. Pensei que confiasse em mim, podemos não ser os melhores amigos do mundo, mas não sou dedo-duro. - devolvi. Ficamos nos encarando por um tempo e ele disse:
-É perigoso.
-Acabei de encarar uma planta assassina, estou com fome e com as roupas imundas, quer algo mais perigoso que isso? – desdenhei e ele riu:
- Sabe que senti sua falta nas férias? Olhava aquele mar verde e lembrava dos seus olhos.
- Sirius, sou eu lembra? Já conheço seus truques. E a propósito: A Robbins contou que ficou com você quase todas as noites na praia. Sim, meu caro ela contou em detalhes no banheiro das meninas, como você é... Vigoroso, então você não sentiu falta de ninguém. Conhece algum feitiço de limpeza?
- Claro! Que distração a minha. – ele puxou a varinha e executou um feitiço de limpeza e minhas roupas ficaram limpas.
Agradeci e fiquei olhando para ele de um jeito doce e provocante ao mesmo tempo. Resolvi entrar no joguinho de gato e rato que ele sempre fazia. Como já o conhecia o suficiente, eu disse suave:
- Você sabe que pode confiar em mim, não sabe?- e fui me aproximando e encostando-o na parede.
- Vai me beijar para conseguir descobrir o que quer?
- Não sei... Você demonstra não confiar em mim... – tirei uma mecha do seu cabelo que caia na testa e notei seus olhos se dilatarem. Aproximei-me mais, precisava deixá-lo mais relaxado:
- Sirius você sabe que eu vou conseguir descobrir o que é a Ordem da Fênix não sabe? É só uma questão de tempo...
- E porque você quer saber sobre ela?
- Ho-ho então ela existe. - (dei uma risadinha) - e talvez porque você esteja fazendo tanto mistério, que fiquei curiosa. Você sabe como sou. - disse com a boca próxima da dele.
Comecei a olhar bem para seus olhos e sem que ele percebesse invadi sua mente bem devagar, e comecei a ver suas memórias: dentre elas um grupo reunido a Dumbledore que discursava para Remo, Tiago, Sirius e vi Frank Longbotton junto deles.
Sirius já tinha os braços ao redor da minha cintura e parecia alheio ao que eu fazia.
Quando ele fechou os olhos para me beijar, o contato se rompeu. Antes que seus lábios encostassem aos meus...
- Sirius, a aula já vai começar. – era Pedro chamando.
- Droga Pedro, não podia esperar um pouco mais?- ele respondeu ríspido para o colega.
Soltei-me de seu abraço e disse:
- Quem sabe nos esbarramos numa outra hora Black.
Fui à direção da sala de História da Magia, teria muita coisa a contar para as meninas.
Comecei a relembrar das memórias de Sirius, e comecei a rir sozinha enquanto caminhava: algumas garotas teriam o futuro arruinado se eu contasse o que vi dentro daquela cabecinha com uma riqueza de detalhes impressionante.
Ah! Endora suas aulas são tão ma-ra-vi-lho-sas!