Friday, September 30, 2011


Lembranças de Artemis A. C. Chronos

Todos estavam animados com as aulas avançadas de DCAT. E acho que eu era a mais entusiasmada. Nunca tinha percebido como gostava de ensinar, na verdade, era a turma que me animava tanto assim. Saber que estava ensinando e ajudando meus amigos me fazia querer treiná-los e prepará-los para tudo possível.

Haley e Kika ainda reclamavam quando tinham que acordar de madrugada, mas já começavam a mostrar melhoras em suas condições físicas. Eu havia lhes dito que precisavam ter um bom preparo físico se pretendiam enfrentar um vampiro, mas sabia que eles precisavam também aprender novos feitiços e magias. Então, tentando equilibrar as aulas, dividi-as em duas aulas práticas e uma aula teórica por semana.

Nas teóricas eu ensinava e mostrava os novos feitiços e magias, explicava sobre criaturas das trevas, sobre vampiros e sobre necromantes. Já nas práticas, às vezes eu os fazia praticar duelos entre si e comigo, às vezes intensificava os treinos físicos com atividades extras, às vezes ensinava feitiços passo a passo e às vezes ensinava estratégias de ataque, defesa e guerra.
Eu dava muita importância para essas aulas de estratégia, pois precisava que eles aprendessem como atacar e como se defender, além de aprenderem a tomar decisões rápidas. Clara, Haley, Julian, Justin e Hiro já tinham facilidade em tomar decisões rápidas devido aos esportes que praticavam ou da família. Nessas aulas usávamos muito mapas de Hogwarts e de seus arredores, estudando tudo que pudéssemos. A sala dos Fundadores parecia querer nos ajudar, pois ainda nos primeiros dias em que a arrumávamos, encontramos um mapa antigo de todo o vale de Hogwarts e Hogsmeade. Havia dezenas de passagens secretas e anotações que nunca vimos em nenhuma das versões do Mapa do Maroto. Passei a estudá-las com meus amigos e tinha dias que passamos a noite inteira mapeando e conhecendo essas novas passagens. Sun Tzu já dizia “Aquele que não conhece a si mesmo, nem o inimigo, nem o terreno está fadado à derrota”.

Usei muito dos ensinamentos de Sun Tzu em minhas aulas de estratégia, além de jogos trouxas como War, Warcraft, Age of Empires e Starcraft. Era uma forma de ensinar estratégia de guerra para eles e ao mesmo tempo nos divertirmos em campeonatos. Fazíamos essas coisas na sala de Estudos Trouxas e não levantávamos suspeitas. Outra atividade que fiz nessa sala foi uma aula de Spinning, uma atividade trouxa realizada em bicicletas para melhorar o ritmo cardíaco e preparo físico.

- A única coisa que vocês jamais podem fazer ao enfrentar um vampiro é ficarem parados! – Eu falei, andando por entre meus amigos, que corriam em círculos ao redor da sala. – Não adianta acharem que serão capazes de alcançar a velocidade deles. Um!
Com meu grito, todos pararam de correr e começaram a socar alguns manequins que eu conseguira trazer para o abrigo da floresta. Estava ensinando alguns golpes de boxe e kung fu e os fazia repetir uma seqüência de golpes rápidos com os punhos alternadamente.
- Mas é importante que nunca fiquem parados. Sempre se mantenham em movimento e com uma boa distância entre o vampiro e você, para que você tenha espaço para agir e tempo para pensar. Dois!
Agora eles pararam de socar os manequins e formaram duplas, sentando-se no chão. Eu os observei praticando abdominais, enquanto o outro segurava os pés da dupla. Andei entre eles incentivando-os por mais alguns minutos, antes de voltar a falar.
- Agora se estiverem em grupo, o importante é se manterem unidos. Nunca se afastem! Alongar! – Eu falei e todos começaram a alongar as pernas e braços, soltando gemidos de cansaço e dor. – O trabalho em equipe, a agilidade, confiança, destreza, força e conhecimento são as coisas mais importantes que podem usar contra os vampiros! Descansar.
Eu sorri enquanto eles se jogavam no chão, reclamando de cansaços, mas alegres por terem conseguido me acompanhar.
- Vocês estão se saindo muito bem, todos! – Falei rindo e eles se entreolharam, felizes. – Há três semanas não conseguiam nem correr direito, agora olhem isso! Estou orgulhosa!
- Caramba, Arte, você não pára? – Lena perguntou vermelha.
- Tem energia de sobra, parece que só se alimenta de chocolate. – Rupert falou e riu. – Por isso que os chocolates da sala dos monitores têm sumido! – Todos caíram na gargalhada e eu joguei uma almofada nele.
- É apenas o costume. Desde pequena eu luto, corro, caço e treino com meus irmãos, padrinho e família. – Respondi dando de ombros.
- Aproveitando que estamos falando deles, Arte, me tira uma dúvida? – Kika perguntou e eu assenti. – Qual a diferença entre Tio Lu, Tio Seth e o Eddie? São todos meio-vampiros?
- Mais ou menos. Teoricamente são todos meio-vampiros sim, mas não ao mesmo tempo.
- Não entendi. E sempre tive essa dúvida também. – Tuor completou e todos se sentaram, olhando-me atentamente. Sentei ao lado dele e olhei para todos, para começar a explicar.
- Eddie é filho de um vampiro e uma humana mortal. A mãe dele se tornou vampira após dar a luz a ele. Ele nasceu um vampiro, mas do corpo de uma mortal, o que o torna um meio-vampiro. Meu pai e irmão não, assim como minhas sobrinhas.
- Mas Seth, Mina e Luthien também não nasceram de mortais? – Haley perguntou.
- Sim, mas é diferente. A origem é totalmente diferente, a começar pelo fato de que papai não é um vampiro completo. Na verdade, papai é o único meio-vampiro propriamente dito.
- Como assim? – Haley perguntou novamente, sem entender.
- Papai é o único humano conhecido que sobreviveu ao ataque de um vampiro sem se tornar um ou morrer. Papai foi o primeiro meio-vampiro existente e provável que o único.
- Como isso aconteceu? Como Tio Lu se tornou meio-vampiro? – Julian perguntou curioso.
- Nós temos uma teoria... – Eu expliquei e todos ficaram animados. – Vocês conhecem metal goblin, não? Qual a principal característica dele?
- Ele absorve materiais que o fortalecem, mas repele materiais que possam enfraquecê-lo. Como a espada de Griffindor. – Jamal falou e Rupert completou.
- Segundo minhas pesquisas, a espada absorveu o veneno do basilisco preso na Câmara e por isso foi capaz de exterminar Horcruxes.
- Exatamente. Metal goblin é um material raro e único, e por isso muito poderoso e caro. Os goblins tem um ciúme eterno sobre eles. – Eu expliquei.
- Mas o que isso tem a ver com o seu pai? – JJ perguntou e foi Julian quem respondeu.
- Seu pai absorveu algo que o fortaleceu? – Ele perguntou e eu assenti e logo Lena completou.
- Mas como? O que seria forte o bastante para resistir aos vampiros?
- Então é o que disse: temos uma teoria. Nós acreditamos que a causa de papai não ter virado vampiro completo, nem morrido, foi o seu sangue. Acreditamos que o sangue dos Chronos é como o metal goblin. – Eu falei e esperei que todos exclamassem suas surpresas e todos fizeram várias perguntas ao mesmo tempo.
- Mas Arte, como isso é possível? Nunca ouvi nada sobre sangue ser como um metal. – Justin falou e eu expliquei.
- Não sabemos como, mas acreditamos que no passado, na origem de nossa família, houve alguma anomalia que tornou nosso sangue assim. Ele desde então tem a propriedade de absorver tudo que possa fortalecê-lo, e rejeitar o que possa ser maligno para ele.
- Então vocês acham que o seu sangue repeliu o sangue vampírico e tornou o seu pai um meio-vampiro? – MJ perguntou.
- Mais do que isso. Eu acredito que o nosso sangue repeliu a maldição vampírica, mas não toda. Ele absorveu as características que poderiam ser benignas. Absorveu a força, a velocidade, a agilidade, o controle mental dos vampiros, o vigor, a imortalidade. Mas repeliu a destruição pelo sol e pela luz, assim como a insanidade de vampiros novos e a sede sem controle.
- Mas não foi capaz de repelir todos os efeitos malignos, já que eles precisam absorver sangue de outros. – Hiro começou, mas parou em seguida. – Pelo contrário, isso foi considerado uma característica benigna.
- Exatamente. Nosso sangue deu a meu pai a chance de continuar absorvendo o sangue de outros de forma mais simples e direta: absorvendo o sangue de suas vítimas. É um pouco nojento, concordo, mas é algo vantajoso. Antes, o nosso sangue só se misturava ao de outras famílias no casamento e apenas os filhos recebiam essas mudanças. A partir de então, papai foi capaz de fazer isso ele próprio.
- E isso foi passado para Seth. – JJ concluiu.
- Não apenas Seth. Para Griffon e para mim também. E nós três também recebemos as características absorvidas do sangue de mamãe. Por isso temos tanto potencial, pois somos o fim de uma cadeia de absorção e evolução constante do sangue. Além disso, acreditamos que a família de minha mãe, seja um braço da família Chronos, que fugiu para o Egito no passado. Com o casamento de meus pais, os dois ramos da família se encontraram em um ponto comum, fortalecendo-os ainda mais.
- Isso explica muita coisa... Uma vez ouvi mamãe falando que os Chronos são uma das famílias mais antigas da Bretanha. E é conhecido de todos o potencial mágico que vocês possuem. Hoje sabemos o porquê, já que foram reis e rainhas, mas agora podemos entender melhor. O sangue de vocês se manteve meio que intacto esses anos todos. – Clara comentou.
- Sim. Assim quando papai foi mordido o sangue dele o transformou em um meio-vampiro, com suas características benignas, enquanto repelia as implicações negativas da maldição.
- Arte, ainda no assunto, o que você sabe mais sobre os vampiros? De onde surgiram? – Tuor perguntou.
- Eu não tenho certeza... O que sabemos vem de relatos antigos, que datam do Egito antigo. Segundo esses relatos, os vampiros surgiram de alguma maneira desconhecida. Nasceram 5 deles: Drácula, Caim, Lilith, Akasha e Ishtir, três vampiras e dois vampiros.
- Peraí, o Conde Drácula? – Kika perguntou.
- Pode ser que sim. Drácula foi considerado o Rei dos Vampiros, junto de Lilith, sua Rainha. Mas Caim queria ser rei e iniciou uma guerra contra Drácula. Essa guerra teria durado centenas de anos, à margem da humanidade, misturando-se ou causando os conflitos trouxas e bruxos. Cada um dos vampiros começou a criar seu exército e Caim transformou Siegfried em vampiro e o tornou seu general. Durante essa guerra, Drácula matou a esposa de Caim, Akasha, e também Ishtir, absorvendo o sangue delas e se tornando mais poderoso.
Por fim, Drácula foi capaz de matar Caim e se tornou o Rei Supremo dos vampiros, porém, Lilith não mais o apoiava, por ter assassinado suas irmãs e o próprio Caim. Ela se aliou ao restante do exército do irmão morto, agora liderado por Siegfried, e este por fim conseguiu matar Drácula. Por isso Siegfried é atualmente o vampiro mais poderoso, por ter o sangue de 4 dos 5 vampiros originais e Lilith é a última vampira original existente.
- E Cadarn, onde entra nessa história toda? – Rupert perguntou.
- Pelo que sabemos, Cadarn era um sacerdote egípcio do deus Anúbis. Ele é poderoso por vários motivos: ele se tornou um vampiro sem ser mordido, ou seja, naturalmente. Documentos antigos nos dizem que ele sacrificou uma cidade inteira para se tornar imortal e assim virou um vampiro. Além disso, ele é um necromante habilidoso, talvez o mais habilidoso da história, um bruxo poderoso e um grande estrategista e líder.
- Arte, por que os vampiros são imortais? – Julian perguntou.
- Bom não sabemos, mas podemos supor. Um vampiro é na verdade um morto que voltou a “vida”, mas amaldiçoado. Ele não é imortal, já que está morto, mas justamente por não ter mais vida, pode existir eternamente. Por isso o Avada Kedava não surge efeito neles. Quando são atingidos por um Avada, eles sofrem um dano altíssimo e podem ficar anos inconscientes se estiverem fracos ou o bruxo que os atingiu for muito poderoso.
- Então não existem imortais? – Clara perguntou e eu pensei um pouco antes de responder.
- Existem sim... Há algumas famílias ao redor do mundo que possuem a habilidade de não morrerem.
- Como eles fazem isso? E por que Voldemort nunca os procurou? – Jamal perguntou.
- Ninguém sabe como elas fazem e são pouquíssimos de fora dessas famílias que sabem de seu estado. Essas famílias sabem esconder seus segredos, muito bem por sinal. Acredito que Voldemort nunca os procurou pelo mesmo motivo que causou sua ruína: subestimar os outros. Acho que ele não os conhecia, por pensar apenas em dominar os trouxas e se tornar o líder dos bruxos. E mesmo se os encontrasse, eles não se aliariam a ele facilmente, nem por espontânea vontade.
- Caramba, já viram a hora?! – Rupert falou assustado e todos reparamos no relógio pendurado na parede. Já eram quase 11 horas da noite e nós havíamos perdido a noção do tempo enquanto conversávamos e treinávamos. Nos despedimos e prometi que a próxima aula eu ensinaria novos feitiços, e nos dividimos em grupos para voltar o castelo.

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- Cadarn, encontramos quem você queria. – A mulher falou, empurrando o homem com força, jogando-o aos pés do vampiro, que observava um cálice cheio de sangue. Gustav estava sentado ali perto bebendo de um cálice cheio de sangue, enquanto observava tudo calado. Os outros Comensais empurraram mais dois homens, um deles um vampiro e o outro um senhor idoso.
Os homens tremiam visivelmente e Cadarn podia sentir o cheiro de urina e medo no ar ao redor deles. O vampiro também estava com medo, mas tentava esconder, silvando para Cadarn com ódio. Os três estavam visivelmente machucados, com perfurações e machucados em todo o seu corpo. Os olhos dos homens também mostravam a loucura que costuma estar presente na mente de quem sofreu muito com Cruciatus.
- Descobriram alguma coisa? – Cadarn perguntou, sem tirar os olhos do homem de idade.
- Pouca coisa. Eles bloquearam a própria mente. Eles sabem o que é essa tal Rainha, mas não importa o quanto o torturemos, não conseguimos nada. Já tentamos de tudo para invadir a mente deles. – A mulher, a líder dos Comensais, falou e chutou o velho na costela, fazendo-o uivar de dor. Um outro Comensal socou o outro homem, enquanto um terceiro apontava a varinha e queimava o pescoço do vampiro.
- Há outros meios de se conseguir o que eu quero. Quando a magia de vocês falha, eu sei como conseguir isso diretamente. – Ele falou com um sorriso maligno no rosto.
Cadarn então saltou à frente, mordendo o pescoço do homem mais velho. O senhor gritou e tentou fugir, mas Cadarn o segurou com suas mãos firmes e sugou seu sangue, enquanto o velho agonizava e batia os pés.
- Ah... Começo a entender... – Ele falou e olhou para o vampiro preso. – Matem o outro homem como quiserem, ele não sabe de nada.
Cadarn ordenou e a mulher sorriu malignamente, apontando a varinha para o homem o fez levitar e o tirou da sala. Os gritos dele pedindo misericórdia eram ouvidos por todo o covil do vampiro.
O último prisioneiro encarava Cadarn com ódio e desafio nos olhos e isso só fez Cadarn sentir-se mais feliz em matá-lo.
- Você sabe o que eu quero não sabe? Diga-me agora e posso pensar em torná-lo meu escravo. – Cadarn falou e o vampiro conseguiu gargalhar. Depois de um tempo ele cuspiu no rosto de Cadarn.
- Prefiro morrer a lhe revelar qualquer coisa, maldito. Traidor da própria raça, verme! – Ele gritou, mas antes de terminar de falar, Cadarn já tinha perfurado seu peito e rançado seu coração. O vampiro soltou um gemido estranho, antes de virar pó, enquanto Cadarn mordia o coração com ferocidade.
Ele ficou um tempo calado, deixando as lembranças e conhecimentos do velho e do vampiro misturarem-se ao seu sangue. Então ele compreendeu e ligou todas as informações.
- E então? – Gustav finalmente perguntou, ansioso.
- A Rainha é a líder dos Chronos... Uma mulher extremamente poderosa, mais poderosa que qualquer bruxo de sua era... É aquela que eu vi no outro covil.
- Você sabe quem é?
- Não... Mas podemos suspeitar.
- A mulher, Mirian? – Gustav perguntou, levantando uma sobrancelha. Mirian Chronos era odiada pelos vampiros rebeldes por ser uma das mais temidas inimigas deles.
- Talvez... Mas não posso ter certeza.
- Então, simplesmente destruímos todas as mulheres daquela maldita família. – Gustav falou, ficando de pé. Cadarn assentiu.
- Concordo com você, mas devemos ser cautelosos... Vou aniquilar cada uma delas.