Thursday, September 08, 2011


Lembranças de Artemis A. C. Chronos

No dia em que me pediram para dar aulas de DCAT extras para eles, meus amigos já queriam começar no mesmo dia. Mas seria impossível, eu precisava organizar meus pensamentos e tudo que deveria ensiná-los. Nesse mesmo dia eu dei um dever de casa para eles:

- Quero que me digam o que querem aprender, que feitiços querem que eu ensine. – E prontamente todos responderam juntos.

- Que nos ensine a matar um vampiro! – Todos riram, como se tivessem combinado e eu balancei minha cabeça rindo.

- Ok, ok, já entendi...

- Arte, quando acha que vai dar para começar? Agora estamos ansiosos! – Hiro comentou e todos concordaram.

- Não sei. – Levantei a mão quando começaram a protestar. –Está bem, calma gente! Eu não vou desistir de dar aula, não se preocupem! Eu preciso de um tempo para pensar no que ensinar e em como ensinar.

- Mas não vá demorar muito! – Haley reclamou, me olhando enfezada.

- Prometo não demorar... Vamos fazer o seguinte, daqui a dois dias começamos as aulas. Aqui mesmo e no horário que chegamos hoje, às 7 da noite. – Eu falei e no mesmo momento todos assentiram, e logo um semblante de exclamação espalhou-se entre eles. – Que foi?

- Que estranho, quando você decidiu o horário, a pena brilhou e ficou mais quente. – Tuor comentou e realmente a pena que ele segurava parecia ainda brilhar, mas já apagando lentamente.

- É verdade, a minha também! – Julian falou e todos começaram a comentar juntos. Pelo visto achamos nosso aviso para reuniões.

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Os dois dias seguintes passaram voando e logo a noite chegou para nossa primeira reunião, minha primeira aula. Estava muito animada e doida para dividir com eles o que eu sabia.

- Muito bem, vamos começar? – Perguntei e todos assentiram animados. Eu sorri e balancei a varinha. Várias folhas de papel voaram da minha mochila e foram cair na mão de cada um deles. – A aula de hoje vai ser mais teórica. – Eu falei e todos ecoaram um “Ahh” juntos. – Não, vocês precisam de bases teóricas. A próxima também vai ser mais teórica.

- Que livro é esse? Nunca vi. – Hiro falou, folheando as páginas em sua mão.

- Essa é uma cópia da versão original do diário de meu bisavô, Alderan. Esse livro por muito tempo foi usado como livro padrão para DCAT e Combates contra Seres das Trevas na Academia, aqui em Hogwarts e em outras escolas. Peguei da biblioteca da minha família, mas como Monitores-Chefes, eu e o Rupert podemos pedir uma cópia do exemplar da biblioteca da escola.

- Ele é bem completo. – Julian comentou, parando em uma ilustração de uma banshee. – Eita, que bicho feio é esse?

- Viu como precisam de aulas teóricas? É uma banshee, um dos muitos espíritos malignos usados por necromancers.

- Achei que ia nos ensinar sobre vampiros.

- Também irei. Mas os vampiros que estamos enfrentando também são usuários de necromancia. Cadarn é considerado como um dos maiores e mais perigosos necromantes já existentes. Quero que leiam essas páginas e vamos tirar dúvidas sobre eles na próxima aula.

- Sim, senhora! – Jamal falou, batendo continência e todos nós rimos.

- Bom, uma coisa posso adiantar: o único feitiço realmente efetivo contra esses seres é o patrono. Por isso, quero ver o patrono de todos vocês.

- E o fogo? – Haley perguntou.

- O fogo também, mas contra um dementador ou uma banshee o fogo não seria tão efetivo quanto um patrono. Todos de pé, quero ver o patrono de todo mundo. Pensem nas memórias mais felizes que vocês tiverem! – Eu falei e, para incentivá-los, conjurei meu patrono, lembrando-me facilmente de Tuor. Minha águia prateada voou de minha varinha e sobrevôo-os para depois pousar em meu ombro.

Nós todos já tínhamos tido aulas com Tio George, ou com algum membro da família, assim todos sabiam conjurar um patrono. A verdade é que não eram poderosos, mas ainda com forma física e presença intensa. Eles todos brilhavam em prata com intensidade e flutuavam ao nosso redor. O lobo de Tuor parecia farejar o lobo de Clara e logo depois minha águia pousou sobre ele. O castor de JJ rodopiava ao redor do coala de Keiko e do gato de Lena, enquanto o lince de Jamal e a pantera de MJ espreguiçavam-se preguiçosamente. O labrador do Julian saltava alegre ao redor dele, olhando tudo com curiosidade. A coruja de Haley voava ao redor dela calmamente, enquanto o lobo de Justin estava sentado no chão ao seu lado. O Corvo de Rupert voava pela sala curioso, olhando em cada canto. A raposa de Hiro olhava para mim curiosa e logo vi que o seu mestre tinha uma pergunta.

- Arte, já que estamos falando em patronos, tenho uma dúvida. – Hiro perguntou. A sala estava mais iluminada, cheia de patronos brilhantes flutuando ao nosso redor.

- Pode perguntar? – Eu perguntei.

- Tio George nos explicou que o patrono pode espantar a maioria dos seres das trevas. A impressão que tenho é que eles são apenas de defesa, ou seja, que só são capazes de afugentar um ser das trevas. Há alguma forma de matar um dementador, por exemplo, de destruí-lo?

- Bom existe. Na verdade mais de uma. Uma é conjurar um feitiço extremamente poderoso e atingir um dementador com ele. Mas isso é perigoso, pois você pode exaurir todas as suas reservas mágicas. Nesse texto do meu bisavô, vocês vão encontrar a descrição de uma magia realizada pela mãe dele, que eles denominaram de “Inferno”.

Eu falei e todos abaixaram o olhos para as folhas. Clara foi a primeira a encontrar o trecho e leu em voz alta para todos o modo como minha tataravó conjurara uma verdadeira tempestade de fogo.

- Mas isso é muito difícil. E sua tataravó tinha muita reserva mágica. – Keiko comentou. – Tem alguma forma mais fácil?

- Infelizmente não. Para destruir um dementador é necessário muito poder. Outra forma de exterminar um dementador ou uma banshee é destruir o controle que o necromante tem sobre eles. Nesse caso eles vão se voltar contra o necromante e depois desaparecer. Isso se o dementador for invocado. Essa maneira é inútil contra um dementador nascido do beijo de outro. – Eu expliquei. – Mas existe outra maneira, um pouco mais fácil, mas ainda difícil.

- E qual é? – JJ perguntou ansioso.

- É um feitiço desenvolvi pela minha família. Ele foi primeiro criado por Taugor, um antepassado meu que viveu há uns 100 anos. E recentemente minha mãe o aperfeiçoou.

- Que legal! Eu nunca tinha ouvido falar da criação de um feitiço. – Julian logo se animou e todos me ouviam com atenção.

- O nome do feitiço é “Magnus Patronos” e é uma evolução do patrono. Esse feitiço é poderoso e ainda exige muita reserva mágica, mas já é mais simples de ser conjurado que os demais.

- Como se conjura ele? Basta falar as palavras? – Rupert falou e ameaçou balançar a varinha, mas eu o impedi.

- Calma, não é bem assim. Não levem a mal, mas nenhum de vocês seria capaz de conjurar um desse tipo, poderia colocar vocês em sono profundo por um longo tempo ou até pior. – Eu falei sério e Rupert engoliu em seco, abaixando a varinha. - Talvez Justin, que tem mais reserva mágica que vocês seja capaz... Mas acho que até o final do ano todos vocês podem ser capazes de conjurar um! Mais até lá vamos com calma. – Eu falei e todos assentiram. – Voltando, para conjurar um Magnus Patronos você deve evocar uma memória ainda mais feliz e intensa que a que deu origem ao patrono. Ela deve ser quase palpável, algo muito importante para você, e dizer as palavras “Magnus Patronos”.

- Por isso é comum quem quer conjurar um Magnus, procurar uma memória poderosa para o primeiro estágio, mas guardar a mais importante para o estágio de Magnus. – Eu expliquei. – Isso ainda gasta bastante energia, por isso foi desenvolvida pela minha família.

- Já li em livros que os Chronos são conhecidos por sua capacidade mágica, Dumbledore, Merlin e Voldemort são os únicos de fora da família considerados com níveis mágicos semelhantes ao deles. – Julian comentou e eu assenti.

- É verdade. Quando você consegue conjurar um Magnus perfeitamente, ele se torna um patrono mais poderoso. Como é um nível mais profundo de sua alma, ele se assemelha mais a você do que o Patrono comum, como se evoluísse. Além disso, ele se torna agressivo e cheio de poder mágico. O Magnus Patronos é extremamente protetor e vai proteger seu mestre a qualquer custo, por isso é comum que alguma parte do patrono fique ligada ao mestre. AH! O Magnus adquire um tom dourado em vez de prateado.

- Não estou entendendo... Pode dar um exemplo? – Lena perguntou e eu assenti.

- Por exemplo, o patrono da Clara é um lobo. Quando ela conseguir conjurar um Magnus, pode ser que ele tome a forma de um lobo maior ou algo diferente. Ele pode virar um leão, uma Lessie gigante. – Eu falei e Clara olhou feio pra mim, mas riu. – Então uma parte dele ficaria ligado fisicamente a ela, como o rabo do leão ou algo do tipo.

- Se o patrono for um pássaro por exemplo, ele pode se transformar em uma fênix? – Justin perguntou e eu assenti.

- Exatamente. Esse é o caso do Magnus de minha mãe. O Magnus de meu pai é uma harpia, de Griffon um grifo e de Seth uma chinchila. – Eu falei e tive vontade de rir, lembrando em como a chinchila de Seth era bonitinha, apesar de querer nos atacar a qualquer custo.

- Você é capaz de conjurar um? – Tuor perguntou e eu sorri. A minha águia soltou um pio e voou até o meu ombro.

- Sim, vou mostrar pra vocês. Abram espaço. E deixem-me alertá-los, não se aproximem quando eu conjurá-lo. Como falei, ele costuma ser mais protetor que meu pai, Ty e Tuor juntos. – Eu falei e eles se afastaram um pouco rindo. – Magnus Patronos!

Eu falei, enquanto pensava no pingente em meu pescoço, apontando minha varinha a frente. Era fácil lembrar do nosso aniversário de namoro e aquele pingente tinha tantas lembranças e sentimentos dentro dele que era o combustível perfeito.

Minha águia soltou outro pio forte e saltou do meu ombro, enquanto uma explosão dourada irrompia de minha varinha. A luz era ofuscante, mais intensa e brilhante que o suave prateado dos Patronos. A águia começou a aumentar de tamanho e logo estava com o triplo de seu tamanho normal e voltou a pousar em meus ombros.

Senti seu toque suave e quente em meu corpo e me senti ligada àquele patrono, como era ligada àquelas memórias e sentimentos. Vi os semblantes surpresos e admirados de meus amigos e sorri, quando meu Magnus soltou um rugido alto.

O dragão estava em meu ombro, suas asas abertas às minhas costas, ameaçadoramente. Ele era totalmente dourado e ainda rugia, olhando com intensidade para meus amigos e os demais patronos, que começavam a apagar, ofuscados pelo brilho do Magnus. A semelhança entre meu Magnus e Fidelus era enorme e ele possuía as mesmas escamas e espinhos que Fidelus, os mesmos olhos intensos. Sua cauda descia pelas minhas costas e se enrolava à minha cintura, mantendo-o preso a mim. Ele mostrava as pressas para todos, e quando estiquei a mão para acariciá-lo, ele esticou a cabeça e pareceu se acalmar.

- Esse, é o meu Magnus. – Eu falei.

- Uau... É lindo, e definitivamente é parecido com você. – Tuor falou e tentou se aproximar. O Magnus rugiu para ele, mas depois parou e o olhou curioso. Hiro também olhava admirado e tentou se aproximar, mas logo o Magnus urrava para ele, seus olhos fixos nele. Eu corei.

- Desculpem, é que o Magnus reconhece a memória que deu origem a ele. Não é nada pessoal, Hiro, eu juro. – Eu falei, corada, enquanto todos riam, sabendo que eram memórias de Tuor que formavam o Magnus.

Eu o dissolvi e me sentei, sentindo-me um pouco cansada. Tuor apertou minha mão, sorrindo, e beijou-a, me animando no mesmo momento.

- Como podem ver, ele exige muita energia, por isso não posso conjurá-lo por tanto tempo. Mas é muito poderoso. Se colidir com um dementador é capaz de destruí-lo.

- Eu quero conjurar um desses! – Haley falou, extremamente animada.

- Eu também! O que será que o meu vai ser? – Keiko perguntou e todos começaram a discutir.

- Prometo que até o final do ano ajudo todos a terem os seus, nem que por pouco tempo. – Respondi sorrindo. – Por hoje é só. Vamos nos reunir novamente na sexta, está bem? Acho que três vezes por semana é bom para começar.

- Começar?! Você esquece que temos aulas, treinos e tudo mais?! – JJ falou chocado.

- Sim, mas me pediram para terem as aulas! E eu avisei que pegava pesado! – Eu falei e eles riram. – E quero que lêem o texto até sexta! Ah mais uma coisa! A partir de segunda que vem, vocês vão se revezar para participarem comigo e com Clara das corridas e exercícios matinais.

- Você só pode estar de brincadeira, não? – Keiko perguntou, boquiaberta e quando eu fiz que não ela ficou pálida. – Eu? Correndo antes do sol nascer?!

- Arte, ficou doida?! E nosso sono? – Haley perguntou chocada. Os garotos também pareciam chocados, com exceção de Justin que ria divertindo-se.

- Nada disso. Todo mundo vai participar. Durma mais cedo Haley. Eu e Clara fazemos isso a 2 anos e nunca reclamamos.

- Mas vocês são doidas! – Rupert falou.

- Vocês querem que eu ensine como enfrentar um vampiro lembram? E para isso precisam ter agilidade e um bom preparo físico. Não tem discussão. Quero que a primeira dupla formada já na sexta.

- Não precisa, eu e o Tuor podemos começar. – Justin respondeu e Tuor assentiu.

- Excelente iniciativa! – Eu falei animada. Os outros reclamaram mais um pouco, mas já começavam a aceitar o inevitável. – E sem reclamar, ou vou dar testes e provas para vocês!

- Aí não! Carrasca! – Clara falou, batendo em minha cabeça com um rolo de pergaminho, enquanto todos riam e saíamos de volta para o castelo.

Estava adorando dar aulas!