Tuesday, July 19, 2011 Lembranças de Tuor H. E. Mithrandir e Artemis A. C. Chronos Estação de King’s Cross, Plataforma 9 ¾ - Memórias de Tuor - Tchau, Viking, boas férias! – Todos se despediram de mim como se não houvesse nenhuma mudança. Eles tentavam ao máximo não parecer uma despedida, mas abracei cada um deles com força. Troquei risos com Jamal e Rupert, ao abraçá-los, combinei com Julian e JJ de que tínhamos que visitar o Cabeça de Javali. Hiro prometeu que me daria aulas extras em Historia da Magia, já que não tinha muitas esperanças de ter ido muito bem nos N.O.M.s. Com Justin trocamos um abraço apertado, enquanto ele sorria e olhava fundo em meus olhos. Deixei a forma educada que sempre tinha com Haley, Clara e Lena e as abracei com força, fazendo-as rir quando beijei o rosto de cada uma. Keiko me abraçou com força, pendurando-se em meus braços e rindo, desejando-me boas férias. Arte foi a última. Eles todos foram embora, deixando-nos a sós na plataforma, assim como seus parentes e os meus pais que se afastaram. Ficamos muito tempo nos olhando e vi que ela segurava as lágrimas. Quando dei por mim eu notei que segurava as lágrimas também. Tentei sorrir, mas deve ter sido um sorriso triste. Ela sorriu também e nos abraçamos. Aquele abraço foi terno e forte, parecia que ela não queria mais largar de mim. E bem da verdade, eu não queria largá-la. Mergulhei meu rosto em seu cabelo castanho e senti seu perfume, abraçando-a com força. Senti quando ela segurou um soluço e afaguei seus cabelos, beijando-a de leve no topo da cabeça. Então ela se soltou de mim e saiu correndo da Estação, sem olhar para trás, mas vi que chorava e lágrimas escorriam de seus olhos. Ela não disse uma palavra, eu não disse uma palavra e fiquei parado ali no mesmo lugar, vendo-a desaparecer pela passagem da Plataforma. Não sei quanto tempo fiquei parado, ainda com os olhos mareados, mas acordei dos devaneios com um tapa leve no ombro. Me virei esperando ver meus pais, mas era o Damon. Ele tinha um sorriso engraçado no rosto, misturava tristeza e compreensão. - Posso falar com você? – Ele perguntou e quando eu fiz que sim, fomos andando na direção do trem. A Estação já estava quase vazia e poucos alunos ainda juntavam suas coisas, enquanto conversavam com os amigos e abraçavam os pais. Paramos perto do último vagão e ele olhou para mim. - O que foi? – Eu perguntei um pouco rude, secando o rosto e tentando esconder a tristeza e as lágrimas. - Eu só queria te dizer uma coisa. Escuta Tuor, meu irmão pode ser o mais calmo, legal e tudo mais de nós dois, mas também é o mais orgulhoso e lento. Cara, não desperdice sua chance. Há poucas garotas como ela. Ela é única e especial. - Eu não sei do que está falando. - Sabe sim. Quando decidi me afastar dela e soube que ela terminaria com meu irmão eu sabia na mesma hora o porque. É de você que ela gosta, é de você que ela precisa e é você que ela quer. – Ele falou, dando de ombros e riu. Agora sua risada estava mais alegre e eu descobri que gostava dele. - Somos apenas amigos. - Continue repetindo isso que as únicas coisas que você vai conseguir é se iludir e magoar vocês dois. – Ele falou, apertando meu ombro como um amigo faria. – Eu não volto mais a Hogwarts e pelo que ouvi, você também não... Não faça isso, ouça as recomendações de um veterano. Apesar do sucesso que você fez, eu ainda sou mais experiente com as garotas. – Ele falou dando de ombros e não consegui evitar um sorriso. – Cuide bem dela por mim, ou melhor por nós, está bem? Ele falou e esticou a mão a frente. Eu a apertei sentindo algo estranho no estômago. Ele virou- me as costas logo em seguida e correu para alcançar os pais que já atravessavam a barreira. Vi Stefan ao longe e ele me deu um aceno com a mão que respondi sem muita energia. Depois disso encontrei meus pais já fora da Estação e voltamos para a Noruega em uma chave de portal. -------- Casa dos Chronos, arredores de Londres. – Memórias de Artemis Kishu, minha águia e com quem treino falcoaria, soltou um pio agudo ao retornar para meu braço. Ela trazia um pequeno roedor nas garras e acariciei sua cabeça. Soltei-a novamente e permiti que ela voasse para uma árvore, onde começou a devorar sua pressa. Tsubasa, uma coruja branca muito mais calma e discreta em suas refeições, piou alto de um galho da mesma árvore, olhando com repreensão para sua prima distante. - Sabia que estaria aqui. – Ouvi Luna dizendo, enquanto subia o caminho até minha direção. Estávamos na casa dos meus pais, nos arredores de Londres. A casa era muito grande e cheia de terreno aberto e arborizado, pois toda nossa família adorava a natureza. Além disso, era comum praticarmos caçadas em nossos terrenos. Não importa quantos anos se passassem, a família Chronos sempre seria uma família de caçadores. - Estou treinando com Kishu. – Falei, tentando me mostrar animada. Luna, mamãe e Emily logo perceberam o meu humor quando cheguei em casa. Suspeitava que elas sabiam o porque disso, mas sabia que elas esperariam que eu as procurasse para conversar. Mas eu não queria falar nada. Apenas lembrar dele e de nossos momentos juntos era doloroso... E o silêncio era ainda mais doloroso. Já estávamos no final do primeiro final de semana de férias e ele não me mandara sequer uma carta. No mesmo período do ano passado, eu tivera duas cartas dele, contando-me como estavam as coisas em sua terra natal. Agora nada. - Eu vi. Ela continua uma excelente caçadora. – Ela falou, e posso jurar que Kishu entendeu, pois ela levantou a cabeça, piscando para Luna, como se agradecesse. Luna se sentou perto da árvore, apoiando a cabeça no tronco e logo Tsubasa desceu até ela, pousando em seu joelho. Minha cunhada começou a cantarolar uma música alegre, cuja letra envolvia corujas com armaduras e garras como espadas. Eu sorri e sentei ao seu lado. - Está bem, você ganhou. Eu te conto o que houve. - Sem pressa. Eu sei o que há. É aquele seu amigo Tuor, certo? Notei o modo como seus amigos quiseram deixar vocês a sós na estação. Só não entendo por que tanta tristeza nesse seu olhar. – Ela falou, acariciando minha bochecha. Sentei-se ao seu lado e Kishu voou para meu ombro. Eu suspirei olhando as nuvens acima de nós. - É mais dúvida... Incerteza. Não sei o que o futuro reserva para mim e para ele. Para nós dois seria o certo. - O que aconteceu? Eu contei para ela tudo que acontecera naquele ano. Luna sempre foi como uma irmã para mim e sempre me ouviu, fosse qual fosse a história que eu tinha para lhe contar. E seus conselhos eram sempre ótimos. Eram sinceros e diretos, e isso os tornava ainda mais valorosos. Fora que ela muitas vezes conseguia ver as coisas de ângulos que outras pessoas nunca veriam. Enquanto dividia com ela os acontecimentos com Damon e Stefan, ela ouviu sem nada falar, continuando a cantarolar e acariciar Tsubasa. Quando contei do meu beijo com Tuor, senti minha voz falhando e um aperto no coração. Senti que as lágrimas vinham ao meu rosto e não fiz nada para resistir. Ela não falou nada e me abraçou com ternura e carinho, enquanto eu continuava a chorar. Respirei fundo e continuei contando. Contei de como me sentia em relação a ele. Que se era para eu ter alguém que eu queria que fosse ele. Mas não era capaz de ir até ele e dizer isso. Na Estação, quando deveria ter me declarado e dito tudo que sentia, eu não consegui juntar coragem para isso. Tinha medo do futuro... Ele poderia não voltar para Hogwarts e tinha medo de estragar aquele carinho puro que eu sentia por ele. Chorei ainda mais ao dizer que não tinha notícias dele desde aquele dia na estação e que ele não me procurava. Luna continuou a cantarolar e acariciar meus cabelos, enquanto me abraçava. Kishu e Tsubasa agora estavam no meu colo e me bicavam de leve, preocupados com meu choro. Ela parou de cantarolar quando terminei de contar tudo. - É simples, Arte, você está amando seu amigo. – Ela falou aquilo que eu demorei tanto para admitir e até hoje ainda tinha teimosia de não querer aceitar. Eu não falei nada, mas fiquei abraçada a ela. - E quando se está amando é comum sentir-se perdida, pois começamos a enxergar o mundo de outra forma. Nosso mundo passa a envolver cada vez mais a pessoa amada e não conseguimos deixar de pensar nela. Mas sentimos medo. Medo de magoá-la, de perdê-la, de deixá-la triste. Isso tudo que está passando, eu passei por tudo isso também. - Com o Seth? – Eu perguntei, tentando ganhar tempo para pensar e esfregando levamente o rosto. - Não, com o Pomorim do jogo. – Ela falou, me fazendo rir. – Claro que com ele. Sabia que nós só descobrimos o quanto nos gostávamos quando ele foi embora? - Não. Como foi isso? - Ele e o irmão foram transferidos para Beauxbatons e naquela despedida eu percebi o quanto eu precisava dele. Passei um ano apenas pensando nele, sem conseguir me concentrar em mais nada. E quando estive em cativeiro, foi a memória dele que me manteve a salvo. Você sente isso com Tuor, não sente? - Sinto... – Eu admiti, corando e sorrindo com as lembranças. – Quando estou com ele me sinto completa, especial. E não tenho medo de nada e sinto como se pudesse fazer qualquer coisa. - Isso é amor. – Ela falou, sorrindo. Eu já havia pensando na possibilidade disso, de amar Tuor. Mas até nisso minha teimosia não queria me deixar acreditar. Mas quando ela falou sobre isso, toda a dúvida que eu tinha sumiu e eu tive certeza absoluta: eu amava Tuor. – Nós, os humanos, temos a péssima mania de só dar valor quando perdemos algo. Não deixe que isso aconteça, Arte. – Ela falou, levantando-se e esticando a mão para mim. - Eu... Eu não quero que aconteça, mas também não quero parecer ser mais frágil que ele. – Eu falei, colocando a mostra meu orgulho e teimosia. Ela riu. - Nós todas somos assim. Concordo com você em uma coisa: se ele a ama, o que eu tenho certeza que sim, ele deve procurá-la e dizer tudo que tem que ser dito. Voltamos caminhando juntas para a casa e quando cheguei lá, mamãe me recebeu com um abraço e piscou o olho para mim. Emily parou de brincar com minhas sobrinhas e veio me abraçar também. Griffon, papai e meus sobrinhos ficaram me olhando sem entender, mas Seth olhou fundo em meus olhos e depois para Luna e eu soube que ele entendera. Para alguém tão perceptivo e observador como ele, meus olhos e meu coração eram um livro aberto. Recebi também algumas corujas e por um momento senti-me mais animada, achando que seriam cartas do Tuor, mas não eram. Não fiquei menos feliz, pelo contrário, as cartas me animaram um pouco. Eram cartas das garotas, dizendo que iriam me visitar naquela semana. E havia ainda uma carta do Justin dizendo que queria falar comigo e iria me visitar. Senti um pouco de raiva de Tuor por não me mandar nada e decidi esquecê-lo, ao menos tentar. Eu o amava, não tinha mais dúvidas disso, mas queria que ele me dissesse tudo que tinha para ser dito. |