Monday, July 11, 2011


- BRENDAN HUTCHERSON CAPTUROU O POMO! CORVINAL VENCE!

Eu estava em estado de choque. Julian voou na minha direção agitando o bastão e se atirou em cima de mim, gritando enlouquecido. Olhei para a arquibancada da Corvinal e vi Justin pulando abraçado aos nossos colegas do 5º ano. Logo atrás dele, Amber estava de mãos dadas com uma menina que ela sequer conhecia e as duas pulavam e gritavam uma de frente pra outra. Na cabine dos professores meu pai tinha abandonado toda a diplomacia e esquecido o fato de que era diretor da Grifinória, comemorando com muito entusiasmo com tio Ben.

- CORVINAL! – Julian berrou pra torcida e descemos as vassouras até o campo.

Corremos de encontro ao resto do time e desapareci no meio do abraço coletivo. Brendan ergueu o braço com o pomo preso na mão, o exibindo para a torcida sob os gritos de “campeã”. Naquele momento minha fica caiu. Eu tinha acabado de ganhar a taça de quadribol.

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A festa na Corvinal foi até tarde naquele sábado. Sem ganhar a taça por mais de três anos, ninguém queria ir dormir. Logo depois do nosso capitão erguer a taça, madame Hooch me entregou a goles do jogo e deu um dos balaços a Julian, como prêmio de melhores jogadores em campo. Julian exibia o balaço pra todo mundo que chegava para cumprimentá-lo e eu não tirava a goles de debaixo do braço. Pretendia inclusive dormir com ela.

Depois de um tempo o time da Sonserina apareceu na festa para nos parabenizar e ficar pra comemoração. As meninas ainda estavam bem abaladas, mas conformadas com a derrota e não ficou clima ruim. Éramos todos amigos e era só um campeonato. Jamal, Hiro, Penny, Arte, Tuor e MJ também apareceram depois de algum tempo e ninguém tinha intenção de ir embora enquanto tivesse música, comida e bebida.

Eu era um péssimo dançarino, então sentei na base do pedestal da Rowena Ravenclaw abraçado a goles e fiquei observando a festa. Julian ainda exibia o balaço pra todo mundo e narrava lances da partida pros que o cercavam; Justin se dividia entre cantar as músicas que a torcida fez pro time e não aborrecer Haley, que apesar de conformada, não estava gostando das letras cheias de provocação; Clara, Keiko e JJ não saiam um de perto do outro, talvez por medo de caírem em alguma provocação e estragar o clima de festa; Hiro estava com a namorada, um pouco mais afastado do pessoal; Arte e Tuor dançavam no meio dos alunos sem se importar com quem ganhou ou perdeu; e Jamal, como era de se esperar, estava aproveitando a festa a seu modo, com Penny.

- Parabéns pela vitoria! – Amber sentou do meu lado. Estava tão distraído que não a vi chegar – Nunca achei que fosse vibrar tanto com um esporte que não me importo.
- Obrigado – sorri para ela – Vi você bem empolgada na arquibancada. Confesso que achei engraçado.
- É, eu também – ela riu – Melhor jogador em campo. Isso é demais.
- Não é? Não consigo largar ela! – me empolguei, mostrando a goles a ela – Será que me deixam levar ela pros exames semana que vem?
- Acho que os examinadores não vão ser muito compreensivos.

Fiz uma careta de decepção e Amber riu. Ela tinha uma risada engraçada, mas achei que talvez fosse melhor não comentar isso. Ficamos sentados na escada conversando por muito tempo sobre o jogo e a festa que não tinha hora pra acabar. Alguém havia chegado com whisky de fogo contrabandeado de Hogsmeade e passamos o tempo todo rindo do pessoal já alterado, chorando enquanto cantavam as músicas da partida. Estava vendo Julian e Justin brincarem de rebater o balaço que ele ganhou e imaginando que aquilo não ia acabar bem quando minha visão foi bloqueada.

- Ei Rupert - Claire Hendersen parou na minha frente, sorrindo – Você estava ótimo hoje.
- Obrigado.
- Vim até aqui lhe resgatar, não acho que queira comemorar sua vitória conversando com ela – ela olhou torto para Amber e pegou minha mão, mas não levantei – Anda, vamos dançar.
- Não, obrigado. – puxei minha mão de volta – Prefiro continuar aqui.

Não tinha a intenção de ofendê-la, mas o jeito que ela falou me obrigou a responder. Amber não era a pessoa mais simpática do mundo, mas desde que segui os conselhos de Penny e tentei me entrosar com ela, nosso relacionamento tinha evoluído bastante. Não a achava mais insuportável e era uma das poucas pessoas com quem tinha conversas mais sérias que não deixaram de ser agradáveis.

- Você pode ir dançar, se quiser – Amber falou sem graça quando Claire se afastou a fuzilando com o olhar.
- Odeio dançar – respondi com um sorriso – E sua companhia é muito mais agradável.

Amber sorriu de volta e puxou a goles da minha mão, começando a explicar sobre a origem do quadribol. Claro que já sabia daquilo tudo, mas com o tempo aprendi que não precisava ser sempre um sabe tudo. E eu não fazia a menor idéia, mas quando decidi continuar sentado no pedestal, tinha dado um novo rumo aos meus dois últimos anos em Hogwarts.

ºººººº

Os N.O.M.s e N.I.E.M.s para as turmas do 5º e 7º ano começaram uma semana depois da final do campeonato. Durante duas semanas seguidas seriamos testados em todas as matérias, usando a parte da manhã para os exames teóricos e a parte da tarde para os práticos, e a pressão para conseguir notas altas parecia ter afetado a todos. Já saíamos da cama com os livros abertos e dividíamos o café da manhã com revisões de última hora. Os alunos Corvinal eram os piores. Se já éramos considerados CDF pelas outras casas, agora estávamos no modo paranóico. Nosso salão comunal se transformou em uma grande sala de estudos, com uns testando os outros com questionários, e ninguém ia dormir antes das 3h da manhã todo dia. Tínhamos uma reputação a zelar, ninguém ali podia tirar menos que um “Excede Expectativas” em nenhum exame. Eu já estava com olheiras tão grandes que parecia um urso panda, mas não pretendia diminuir o ritmo. Precisava de pelo menos cinco N.O.M.s para continuar nas aulas que me ajudariam a ser um Curandeiro, teria todo o verão para dormir se quisesse.

O exame mais aguardado pela maioria dos alunos era Poções. Eu era um bom aluno, mas era sempre uma hora tensa quando se estava preparando alguma poção complicada esperando ser avaliado. E principalmente, quando aquela avaliação ia determinar o seu futuro. Estava sentado no salão principal com o resto dos alunos, aguardando minha vez, com as mãos suadas. O último grupo tinha entrado há mais de 15 minutos quando tio Ben apareceu pela porta da câmara.

- Jamal Shacklebolt, Justin Silverhorn, Rupert Storm, Chelsea Stout.

Levantamos e entramos na câmara. Como nos outros exames, as bancadas haviam desaparecido, sobrando apenas quatro mesinhas espalhadas, cada uma delas com um examinador segurando um rolo de pergaminho e uma pena. Tio Ben me indicou a mesa certa e parei diante de um bruxo velho com bigodes brancos. Ainda não havia sido avaliado por ele.

- Sr. Storm – ele consultou o pergaminho que tinha na mão e sorriu – Muito prazer. Estou vendo aqui que quer ser Curandeiro.
- Sim senhor – respondi nervoso. Era o primeiro examinador simpático, os outros eram mais sérios.
- Vamos ver então se o senhor tem o que é necessário para salvar vidas. Prepara para mim uma poção Gole da Paz.

Assenti com a cabeça e comecei a separar os ingredientes. Lembrava dessa poção. Ainda na primeira semana de aula, depois de nos assustar falando dos exames, tio Yoshi nos ensinou a prepará-la. Era uma poção para acalmar a ansiedade e suavizar a agitação, o que veio a calhar depois de todo o pânico causado naquele começo de semestre. Era também uma poção que pedia muito cuidado. Uma única dosagem errada nos ingredientes e podia colocar quem a bebesse em um sono pesado e muitas vezes irreversível.

Os ingredientes tinham que ser adicionados ao caldeirão na ordem e quantidade corretas e a poção tinha que ser mexida um número exato de vezes, primeiro no sentido horário e depois no anti-horário. E o fogo precisava ser colocado em um determinado grau por um número especifico de minutos antes que o ingrediente final fosse adicionado. Depois de 20 minutos de preparo, o caldeirão começou a soltar um leve vapor prateado.

- Por favor, afastem-se de seus caldeirões, o exame está terminado.

Dei um passo para trás e peguei o frasco etiquetado com o meu nome, despejando um pouco da poção dentro e lacrando. Entreguei ao examinador para que fosse avaliada e passei a mão na testa, cansado. Estava suando frio. De relance vi Jamal e Justin nas mesas próximas e eles também suavam, mas desconfiava que fosse mais pelo calor que fazia lá dentro graças ao vapor dos caldeirões do que por nervosismo.

- Muito bem, Sr. Storm! – o examinador pareceu animado – Ainda vamos testar sua poção, mas me parece que você fez tudo correto.
- Obrigado.
- Arrisco dizer que será um excelente curandeiro. – ele sorriu animado e apontou a varinha pro caldeirão – Evanesco. Pode ir, está liberado.

Agradeci e sai o mais rápido que pude. Jamal e Justin também saíram da mesa onde estavam e nos esbarramos na saída da câmara.

- O que ele pediu pra vocês fazerem? – Justin perguntou quando saímos – Tive que fazer um antídoto para veneno.
- Ele me pediu o Gole da Paz. Estava tão nervoso que achei que ia esquecer tudo.
- Eu precisei fazer a poção do Morto-Vivo – Jamal soltou um suspiro cansado – Estava suando tanto que acho que algumas gotas caíram no caldeirão. Espero que isso não estrague a poção.
- Sem conversas, direto pro salão comunal – tio Ben falou quando passamos por ele.

Passamos direto pelos nossos amigos que ainda estavam aguardando serem chamados, entre eles Haley, Victoire, Sheldon e Leslie. Nos despedimos de Jamal quando ele desceu a escada para a masmorra e seguimos para a torre da Corvinal. Julian já estava impaciente nos esperando no salão comunal e assim que entramos começamos a revisão para o exame de Herbologia do dia seguinte. Apesar de todo o nervosismo, estava confiante que tinha me saído bem em todos até agora. Tinha certeza que ia conseguir todas as notas necessárias para ser um Curandeiro.