Friday, July 29, 2011


Lembranças de Artemis A. C. Chronos e Tuor H. E. Mithrandir

Casamento de Brianna e Ethan – Texas. Memórias de Artemis.

O casamento de Ethan e Brianna foi um evento em tanto. Tia Alex teve meses para preparar a festa que ela queria e minhas outras tias, até mesmo minha mãe, a ajudaram em tudo. E fizeram um excelente trabalho, como sempre! O casamento era lindo e estávamos todos muito animados com ele.

Eu estava mais animada nesse dia, mais ainda chateada com Tuor. Ainda não tivera notícias dele e queria matá-lo por isso. Doía muito não ter nenhuma palavra dele, nenhuma notícia... Mas eu tentava ignorar isso e viver minha vida. Eu amo aquele garoto, eu sei disso e acho que todos sabem, mas não vou correr atrás dele. Quero ouvir da voz dele o que ele sente por mim.

Clara, Lena, Haley e Keiko tinham ido me visitar como prometeram e tivemos um final de semana cheio de fofocas, doces, sorvetes, chocolates e falando muito mal dos garotos. Como meus pais estavam em casa, não pensamos em levar álcool, mas até que eu tinha vontade, apesar de não beber normalmente. Vimos muitos filmes, todos de terror e suspense ou aventura, não queríamos nada romântico. Jogamos muitos jogos, desde jogos trouxas até games trouxas, surrupiados por Clara de seus primos. Claro, falamos de Tuor, pois era o motivo de irem me visitar, e me abri a elas, como já tinha me aberto para Luna, mamãe, Emily e Gaia nos últimos dias. Todas foram ótimas comigo sempre me ouvindo e me consolando quando eu chorava. As lágrimas eram um misto de frustração, raiva, amor, medo, tristeza, um pouco de tudo. Queria matar o Tuor por ter me transformado nessa garota chorona, estava um saco! Depois desses dias com elas eu passei a me sentir mais leve, e como eu as agradeço por isso.

- Você está melhor do que eu imaginava. – Eu ouvi a voz de Justin perto de mim e sorri para ele. Vi ao longe Haley nos olhando e ela sorriu para mim, pois sabia como eu e ele éramos amigos. Eu já imaginava que ele iria querer ter uma conversa comigo, sabia disso pelo seu tom na carta que recebi alguns dias antes.

- Não podia estar melhor. – Eu falei sorrindo, enquanto me sentava em uma mesa mais afastada. Eu estivera dançando com Luky e assim que ele foi dançar com a Haley, Justin me chamou.

- Bom, nós dois sabemos que uma pessoa te faria muito melhor. – Ele falou rindo e eu corei, dando um tapa de leve em seu braço. Ele sentou-se ao meu lado rindo e olhou para Haley. – É sério, Arte, está tudo bem?

- Estou. O final de semana das garotas foi excelente, falamos muito mal de todos vocês. – Eu falei e olhei para ele, mas na mesma hora afastei os olhos. Droga, não podia manter contato visual com ele.

- Então fala isso olhando nos meus olhos, só assim vou acreditar. – Ele falou, me olhando fixamente. Eu não sou de baixar meus olhos para ninguém e o olhei de volta. Deixei minha mente mergulhar na mente dele e ele fez o mesmo na minha. A confiança que tínhamos um pelo outro apenas crescera ainda mais nesse último ano.

- Eu estou bem, na medida do possível. – Coloquei em palavras, medindo o tom de voz com cuidado. Justin sorriu cansado, mas satisfeito.

- Agora sim, você está falando a verdade. A Haley me falou que o Tuor não falou mais nada com você desde a Estação?

- É... Ele nem me disse adeus. – Eu falei e segurei as lágrimas, mas senti um soluço em meu peito. Na mesma hora Justin me abraçou e eu me senti mais calma. Eu então me deixei chorar e Justin apertou mais o abraço, sem nada dizer. Seu abraço foi rápido mais cheio de carinho e quando nos afastamos ele me entregou um lenço.

- Chorar faz bem, é a sua alma falando através de seu corpo. – Ele enunciou e eu assenti.

- Aff porque amar tem que ser tão confuso? Estou morrendo de ódio do Tuor! – Eu desabafei, irritada. Justin segurou um sorriso e me deixou continuar falando. – Odeio ele por me deixar esperando, por não dizer o que sente, por não tomar uma atitude, por não me dar notícias, por me fazer chorar o tempo todo! Odeio não conseguir parar de pensar nele, de querer ficar com ele o tempo todo! Ai que saco! – Eu praguejei, quando as lágrimas continuavam a descer e Justin deu uma gargalhada. De início eu fiquei chocada, olhando para ele de boca aberta, ainda com as lágrimas descendo, mas depois comecei a gargalhar também e sequei as lágrimas mais facilmente.

-Assim é muito melhor, acredite! – Ele falou, limpando as lágrimas que o riso causou. – Mas é assim mesmo, eu e você sabemos disso. Ter tantos sentimentos conflitantes pela mesma pessoa, todos ao mesmo tempo é o que define o amor. – Ele falou e voltou a olhar para Haley que ria com Luky. – Arte, você sabe que te considero como minha irmã, não sabe?

- Sim, e eu também, a sua amizade e apoio tem sido muito importantes, Justin.

- Por isso estou preocupado com você. Sei que é normal sentir tudo que está sentindo, mas queria poder ajudar.

- Não pense em ir atrás dele, Justin Silverhorn, ou eu prometo que ranço seu couro negro e faço um casaco para mim. – Eu ameacei e ele sorriu, mas entendeu a ameaça. – Por falar em lobo negro... Já falou com a Haley?

- Érr... Não. – Ele falou, parecendo desconfortável. Eu na mesma hora briguei com ele e ele ficou ainda mais sem jeito, levantando as mãos para o alto em rendição. – Calma, calma. Ainda não achei o momento certo.

- Justin, cuidado, se ela descobrir de outra forma vai ser muito pior.

- Eu sei, mas ainda não consegui fazer isso. Tenho receio dela ficar irritada por ter escondido por tanto tempo. E tem outra coisa, queria que fosse a primeira a saber.

- Você vai voltar para o Texas no próximo ano, não é? – Eu perguntei e ele me olhou admirado. – Na primeira vez que treinamos juntos, Chronos deixou claro que você precisaria treinar mais os próprios poderes de Shaman. Eu imaginava algo assim...

- É verdade. Arte há uma pequena chance de eu ser capaz de mudar o que há no futuro para ela. E eu preciso estar preparado.

- E como vocês vão ficar?

- Eu não quero que ela deixe de viver por minha causa. – Ele falou e vi que seus olhos estavam tristes e foi minha vez de abraçar seu ombro e consolá-lo, pois eu sabia o que essa frase significaria.

- Justin, isso não é justo. Não tome decisões sem a participação dela.

- Eu acho que vai ser melhor... Está tocando uma música mais animada, quer dançar? – Ele falou, levantando-se e me estendendo a mão. Eu olhei para ele e bufei, balançando a cabeça, mas aceitei seu convite e fomos dançar. Não queria me meter no relacionamento deles e confio que Justin sabe tomar as decisões corretas.

Condado de Østfold, Noruega – Memórias de Tuor.

Voltar para casa foi muito bom, pois pude rever meus amigos.

Depois de tantas confusões nas Olimpíadas fiquei com receio de ser recebido de forma diferente por eles, que poderiam ainda estar ressentidos. Com Tricia e Turin eu sabia que não precisava me preocupar. Agora com Maeglin, Elwing e Milena, principalmente Milena, era outra história.

Ainda durante as aulas, três meses antes do final das aulas, Maeglin me mandara uma coruja dizendo que ele e Milena haviam começado a namorar. Ele dizia que não guardava rancor de mim, mas sabia que ela estava fazendo isso para tentar atingir-me. Eu desejei com todas minhas forças que Milena percebesse o quão bom namorado Maeglin seria e que ela percebesse que gostava dele de verdade.

Cheguei em casa na parte da tarde, através de uma chave de portal dos meus pais. A primeira coisa que fiz foi abraçar com força Fenrir, meu Husky e enquanto brincava com ele ouvi a campainha tocando. Eram justamente Tricia, Turin, Maeglin, Milena e Elwing. Todos me receberam muito bem e com abraços apertados. Depois do momento inicial de constrangimento com Milena, tudo voltou ao normal e conversamos muito colocando as coisas em dia.

Em dado momento, Milena pediu para falar a sós comigo e fomos conversar na rua, sentados no meio-fio. Ela me pediu desculpas por ter sido tão infantil nas Olimpíadas e me pediu desculpas por ter sido tão cruel com Artemis. Não pude evitar de falar dela e senti um nó na garganta. Milena percebeu.

- Tuor, eu demorei, mas percebi que Maeglin era um garoto excelente e começamos a namorar e estou muito feliz com isso. Mas e você e a Artemis? Por que não têm nada?

- Porque eu tenho medo de estragar o que sinto por ela, parece tão puro que não quero estragar. – Eu respondi depois de um tempo calado.

- Eu odeio admitir, mas Artemis é uma garota especial, Tuor, não a perca de jeito algum. Em seu lugar, eu não pensaria duas vezes em ir atrás dela... – Ela falou e levantou-se em seguida, voltando para minha casa e sentando-se ao lado de Maeglin. Eu fui logo atrás, mas as palavras dela não saiam da minha mente. Eu sei que deveria correr atrás da Arte, mas porque não fazia isso? Eu a amava? Ainda não sabia...

Uma semana depois

Já haviam se passado alguns dias desde que voltei e ainda não tinha conseguido reunir a coragem para ir atrás da Arte ou mesmo para mandar uma carta para ela. Mas o que escrever? Fingir que nada aconteceu? Fingir que eu não voltaria para Hogwarts? Fingir que nosso beijo não aconteceu? E escrever o que sendo que ainda não entendia nem tinha certeza do que sentia? Será que eu a amava? O que eu sentia por ela era muito mais intenso que tudo que senti por qualquer garota, mas seria amor? E o que fazer para não destruir esse sentimento puro? E se acabássemos nos magoando? Eu não suportaria vê-la chorar...

Era de manhã cedo e eu estava deitado em minha cama, olhando para o céu pela minha janela, com Fenrir deitado ao meu lado na cama. Aquele beijo foi muito importante para mim, muito mais do que eu podia imaginar. Eu então entendi que sempre senti ciúmes dela, e com aquele beijo eu vi como eu a queria só para mim. Lembrar que tanto o Stefan quanto o Damon também já a beijaram me deixava confuso e angustiado. E como eu sentia falta dela. O beijo foi o melhor que já tive e jamais me sentira daquele jeito: completo. Eu ainda podia sentir os lábios de Arte nos meus.

Por mais que eu dissesse a todos que eu ia aprender a aparatar e nos prometêssemos nos ver sempre que possível. Eu sei que não seria mais o mesmo. E eu sentiria falta deles. E como sentiria falta dela. A verdade é que eu não queria revê-la com medo da separação... Eu estava me sentindo um covarde, mas não queria encarar a possibilidade de lhe dizer adeus. Pensar nela fazia meu peito doer. Eu pensava em sua mão tocando a minha, seu rosto próximo do meu. Seu olhar junto ao meu. Seu perfume...

E foi nesse momento que ele surgiu diante de mim.

- Mithrandir. - Uma voz poderosa e antiga me chamou e eu a reconheci. Porém, era a primeira vez que o via longe dela.

- Chronos, o que você faz aqui?! – Eu perguntei, pulando na cama e me sentando assustado. – A Arte, ela está bem?

- Ela está bem na medida do possível...

- O que quer dizer? – Eu perguntei preocupado.

- Você sabe o que eu quero dizer... Você está sentindo o mesmo. – Ele falou me olhando severamente.

- Ela também está com saudades? – Eu perguntei, com algo no peito que eu não sabia explicar.

- Está, mas não admite e não falara com você até você procurá-la. Ela é orgulhosa.

- Ela é cabeça-dura isso sim... – Eu falei rindo, e ele sorriu. Havia uma ternura em meu sorriso e no dele também.

- Você é como eu, Mithrandir. É bondoso e especial, e a bondade é o que eu mais preso nesse mundo. – Ele falou. Ele continuava parado diante de mim, os braços cruzados, olhando diretamente dentro de meus olhos. Era uma sensação engraçada, ao mesmo tempo acolhedora e ameaçadora. Chronos conseguia transmitir um amor incrível, mas os seus olhos tinham o brilho de alguém que era extremamente poderoso.

- Obrigado. – Eu agradeci sem jeito pelo elogio e por aquele olhar intenso.

- Você sabe por que estou aqui? Justamente por isso, por você ser especial. Eu vejo que você gosta da Artemis com um carinho verdadeiro e vocês ficam bem juntos. Sempre foram amigos, por que se separar agora?

- Meu tempo de intercâmbio acabou...

- Você sabe que pode fazer com que aumentem ele. Seus pais o apoiariam.

- Eu não sei... Será que meu futuro está lá?

- Tuor... Aprenda a lição mais importante que eu posso lhe dar: o Destino não é fixo, são suas escolhas que o moldam. Você sabe o que significa seu nome?

- Meu nome?! Como assim? Tuor Huorson significa: Tuor, Filho de Huor.

- E seus sobrenomes?

- Nunca perguntei. – Eu comentei pensativo, perdido em sua fala. Um dos problemas de falar com Chronos era o fato de ele ser muito misterioso.

- Seus pais não sabem, pois o significado se perdeu com o tempo... Earendil significa “O Abençoado” e Mithrandir “Peregrino Cinzento”, em uma língua muito antiga, esquecido ao longo dos milênios. Agora, será que você sabe o que eles querem dizer?

- Chronos, é sério, você está me deixando confuso.

- Quem sabe você um dia entenderá? – Ele falou rindo, um riso que me fez lembrar de Arte, me causando uma dor no peito que eu nunca senti. – Tuor, pense bem... Seu coração mostrará para você o caminho a seguir... Vim falar com você por ela... Pense em quanto ela poderá sofrer...

Dizendo isso ele desapareceu, me deixando com uma angústia e uma confusão ainda maior... E não conseguia tirar Artemis de meus pensamentos...

No dia seguinte

- Tuor, quero que veja algo. – Papai falou, enquanto jantávamos. Ele me estendeu uma edição do Profeta Diário e imaginei que seria a edição dessa manhã, mas mamãe falou antes que eu o pegasse.

- Essa edição irá à público amanhã. Mas queríamos que você visse primeiro, então conseguimos uma edição para você. – Ela falou e eu peguei o jornal apreensivo. – Essa comitiva foi realizada a menos de 2 horas atrás.

“Estamos em Guerra”, dizia a manchete enorme do jornal e assim que a li senti meu estômago revirar. Mas a sensação ficou pior quando vi a foto que a acompanhava. A foto ocupava um terço do jornal e mostrava um palanque repleto de Primeiros-Ministros da Europa e diversos aurores, cheios de flashes e repórteres fazendo perguntas. O Primeiro-Ministro Britânico falava no palanque e aparentemente a frase era dele. Mas o que me chamou a atenção assim que vi a foto foi ela, Artemis. Ela estava de pé do lado direito do palanque, junto de seus pais e irmãos, além de seus tios e padrinho, além de uma figura que eu reconheci como um vampiro. Ele vestia o uniforme do clã Chronos e tinha no peito os dois emblemas, de sua família e da Academia de Aurores. Ela estava linda, mais linda do que eu me lembrava, mas séria também. Fiquei alguns segundos olhando apenas para ela, para só depois ler a matéria.

Era uma matéria séria, até mesmo perigosa e eu a li sem nem piscar os olhos. Ela falava sobre a guerra que havia entre os Ministérios Britânicos, Alemães e Francês contra um grupo de vampiros renegados. O Ministro Britânico declarava abertamente a guerra a eles e explicava a situação, atribuindo os vários casos de desaparecimentos de vilas inteiras a eles. Logo depois dele, a tia de Arte falou, explicando que o clã Chronos estava envolvido na guerra e passava a palavra para o vampiro, que se identificou como Siegfried e dizia-se líder dos vampiros aliados. A matéria seguia com mais perguntas e explicações deles, dizendo que tomaram aquela decisão para proteger e dar a chance da população se defender. A própria Arte não respondeu a nenhuma pergunta, mas foi citada na matéria, por ser a mais nova aurora da história e promessa para a guerra, assim como os demais novos aurores.

A edição inteira do jornal era dedicado a isso, com as demais notícias reduzidas para dar mais espaço a esse assunto. Haviam cartilhas, fornecidas pelos Chronos, de primeiras defesas contra vampiros. O irmão de Arte, Seth, explicava as lendas e verdades sobre vampiros, enquanto seu padrinho, Tyrone, explicava a forma correta de matá-los. Grifon e Mirian diziam que eles estavam usando Inferi e criaturas piores e por isso os cuidados deviam ser redobrados.

Eu larguei o jornal em cima da mesa, olhando-o assustado e boquiaberto. Artemis participaria de uma guerra aberta... E eu aqui parado em minha casa sem nada dizer ou fazer. Meus pais me olhavam sérios, pois sabiam do meu relacionamento com ela e esperavam minha reação.

Levantei apressado e corri para o telefone e cheguei a tirá-lo da base e começar a discar seu número. Mas parei a meio caminho. Agora não era momento para eu ser egoísta e querer ela para mim ou quere impedi-la de lutar. Perdi a coragem tão rápido quanto ela surgira. Ela iria para a guerra, teria tempo para mim? Senti um sentimento de tempo perdido, como se não pudesse voltar atrás, como se tivesse perdido minha chance... Me senti péssimo.