Monday, February 28, 2011


Das anotações de Haley McGregor Warrick

Domingo, depois do meio dia

- Ela está dormindo demais....Isso não é comum.- disse Keiko, perto de minha cama, e ouvi um comentário de Clara:
- Que ela tenha perdido o café da manhã é normal, mas o almoço?Deve estar em coma alcóolico.
- Ela está em sono profundo?- quis saber Penny e Leslie respondeu:
- Haley não está em sono REM, ou como dizem os incultos, sono profundo. Não há tremor em suas pálpebras, caracterizado por movimento rápido dos olhos. Ouso dizer que ela está fingindo dormir, para ver se vocês vão cuidar de suas vidas e a deixam em paz. Eu teria optado por uma barreira mágica, ou até mesmo uma placa de ‘não perturbe’ em hidrocor.
- Obrigada por suas explicações, Leslie, sinto que hoje aprendi um pouco mais sobre como não ser incomodada quando estiver em minha cama.- disse abrindo os olhos e olhando feio para a nossa colega de quarto, que não entendeu a minha ironia e disse:
- Por nada, Haley. É sempre bom poder colaborar com os menos afortunados intelectualmente. Agora que a crise no Império foi resolvida, vou tentar recuperar o meu tempo para almoçar, não posso atrasar porque já combinei com alguns colegas de discutirmos a teoria da relatividade no mundo bruxo. Será tão instrutivo.- ela saiu e eu me sentei na cama encarando Clara e Keiko e Penny.
- Hey! O que é que você tem? Sua cara está péssima.- disse Clara direta e eu respondi:
- Não dormi direito à noite...
- Isso percebemos, você se mexeu bastante. Foi por causa da discussão com o Justin? Ou o Roger fez algo? O que aconteceu?- quis saber Keiko ansiosa e eu respondi:
- Tive uma noite péssima, com vários sonhos misturados, o baile, depois com ataques de monstros...Vampiros atacando inocentes....
- Bom, sabemos que há uma guerra em curso...Isso não deveria te afetar tanto, nós estamos seguros....
- Sei que estamos seguros, mas o que me assustou foi que nós estávamos no meio da luta e éramos atacados aqui.
- Foi um sonho premonitório?
- Não, eu não tenho premonições, até porque depois apareceu Willie Wonka, correndo atrás de mim para que eu provasse os novos chocolates de lama da fábrica dele.- rimos.
- E então não vai almoçar com a gente? O dia está legal e Roger já andou perguntando por você. Ele é bonito.- disse Penny e eu respondi:
- Não estou com fome. Quero ficar aqui e dormir um pouco mais. Depois vou até a cozinha e pego alguma coisa para comer. – elas ainda insistiram, mas dada a minha certeza, foram para o salão.
Voltei a dormir e acordei algumas horas depois, faminta. Tomei um banho e depois de passar pelo salão comunal, e não encontrar nenhum dos meus amigos, abri a passagem para ir para os corredores, quando encontrei Justin sentado no chão, defronte a passagem da Sonserina. Ficamos parados nos olhando e ele se levantou dizendo:
- Oi! Você está bem?Não apareceu no salão comunal na hora das refeições. Não está doente, está?
- Não, eu não estou doente, está tudo bem.- comecei a me virar, mas ele me segurou pelo braço.
- Eu queria saber se você aceitaria sair comigo para conversar? Nós poderíamos até fazer um picnic. - E ele mostrou que tinha uma sacola de papel numa das mãos e de lá saía um cheiro delicioso. – olhei para onde estava a sua outra mão, e ele me soltou:
- Desculpa, eu realmente preciso falar com você, é importante. Por favor?- acenei positivamente e o segui até os jardins, ele me conduziu para um lado mais afastado, próximo da cabana de tio Hagrid. Fomos até a área que tio Hagrid usa para nos mostrar criaturas maiores e algumas vezes perigosas, em suas aulas. Encontramos uma árvore caída e eu me sentei enquanto ele me fitava:
- Muito bem, estamos aqui. Qual o problema?
- Eu não fui honesto com você, lá na Austrália. Quando disse que não tinhamos nada a ver, eu menti.
- E?- perguntei seca e ele se sentou ao meu lado me olhando:
- Eu devia ter confiado em você, pois eu sei que você tem caráter, e não nas coisas que aquele ex colega do Texas disse. Ele e eu já...disputamos a mesma garota, e não terminou bem.
- Certo...Então você e aquele pavão, acharam que eu era o troféu da vez.
- Não, Haley. Eu...Droga, eu estava assustado com a possibilidade de estar envolvido demais com você. Não entendia como, mesmo saindo com outras garotas eu só tinha você em mente.Isso nunca tinha me acontecido antes e...
- Você estava com medo de gostar de mim, e a melhor forma de demonstrar isso foi sendo um ogro e me afastando, fez um ótimo trabalho. Mas o problema não era só este Justin. No pouco tempo que ficamos juntos, nós não conversávamos, era muito...intenso.
- Sim, era...- ele sorriu maroto e eu fiquei vermelha, mas continuei:
- Você sempre está conversando com a Clara, Arte...
- Elas são nossas amigas! E quanto a estarmos sempre juntos, é porque eu posso ajuda-las a conviver com as suas habilidades, você já me viu treinando com a Artemis, em Avalon.
- Sim, já vi e acho ótimo porque isso traz equilibrio para a Arte e a faz ficar segura, e mesmo eu não entendendo direito o que você faz pela Clara, sei que depois que ela começou a treinar com você, e o Hiro, ela está mais calma e não se transforma mais na Lassie homicida.- sorrimos, pois sabiamos o quanto Clara ficava irritada em ser chamada assim.- ele me olhou sério e disse:
- Quero te contar uma coisa que vai ajudar a explicar o porquê de eu estar ajudando a Clara.- ele se levantou e meu queixo caiu quando seu rosto e corpo começaram a se dilatar mudando de forma. Comecei a tremer assustada quando ouvi os sons de ossos se partindo e em segundos se reajustando, olhei para seu rosto esperando ver sinais de dor, mas tudo o que via eram os seus olhos calmos me encarando. Logo havia um enorme lobo na minha frente, distante de mim por apenas alguns passos.
- Justin?- perguntei com receio quando a criatura começou a se mover devagar, e encostou a cabeça pela minha mão. Alisei o pêlo do lobo e logo ele se afastou e antes que eu me recuperasse, ele se transformou numa águia, e veio pousar ao meu lado. Após alguns minutos, eles se transformou em si mesmo, e não pude evitar de me aproximar e colocar minha mão em seu rosto e disparei a fazer perguntas, enquanto o olhava de cima a baixo vendo se todos os seus ossos estavam no lugar:
- Você está bem?Isso dói? Você é um animago?
- Sim, eu estou bem, e agora não dói mais, é como respirar. Eu não sou um animago. Sou um transmorfo, desde os 13 anos...
- Foi por isso você pediu ao Julian fosse ficar com você na reserva?- ele assentiu e continuou:
- Posso me transformar em vários animais, e algumas noites eu saio com a Clara para que ela possa ter companhia enquanto gasta energia. Nesta forma, podemos nos comunicar caso haja algum perigo. São alguns dos poderes que tenho como xamã.
- Os nossos amigos sabem?- quis saber e ele disse:
- Julian foi o primeiro a saber, depois contei ao Rupert, claro que ele não ficou muito surpreso. Artemis sabe porque conseguiu ler a minha mente e por causa de Chronos começamos a trabalhar juntos. - olhei-o curiosa e ele explicou:
- Foi Chronos quem me explicou o que estava acontecendo comigo, após alguns apagões da minha memória quando estudava no Texas, e Clara soube, quando nos esbarramos numa noite na floresta e o jeito foi revelar a ela o que sou, pois ambos perseguíamos um outro lobisomem. Os outros só viram algumas coisas ao longo do tempo...
- Como os poderes que você liberou para lidar com o vampiro no trem e o que tem feito com os túneis do nosso QG...E nesta ocasião você já sabia que podia ver espíritos? – e ele assentiu e continuou:
- Posso manipular os elementos, e não preciso de uma varinha para fazer magia.E quanto aos espíritos...Posso vê-los mas dificilmente algum deles se aproxima para falar comigo.- lembrei-me de algo e quis saber:
- Porque Pirraça tem medo de você? E mesmo os outros fantasmas do castelo, não se aproximam de nosso grupo quando você está por perto, mesmo o Frei Gorducho mantém distância.
- É porque como xamã, eu posso manda-los seguir em frente.- compreendi o que ele quis dizer, o encarei séria e disse:
- Acho tudo isso muito legal e fico contente que tenha confiado em mim.- comecei a levantar e ele segurou a minha mão:
- Não foi só por isso que eu pedi para conversar com você. Eu tenho que lhe pedir desculpas. - e ele se levantou e ficamos próximos um do outro. Ele era mais alto que eu, e eu precisei levantar a minha cabeça para olhar em seus olhos, percebi que nossas mãos estavam entrelaçadas, mas não me importei:
- A minha reação de ontem ao ver você e MacMillan juntos, me mostrou o quanto eu estava sendo idiota, esperando que você adivinhasse os meus sentimentos. Eu sou apaixonado por você, desde a primeira vez que eu te vi e fui orgulhoso demais para dar o braço a torcer e agora pode ser tarde demais, mas acho que você tinha o direito de saber. – abri a boca para falar, mas ele continuou me puxando para mais perto:
- ...e mesmo que eu seja página virada na sua vida, eu ainda quero...Melhor dizendo, eu gostaria que fossemos amigos, sei que posso ser um bom amigo para você, sempre, porque podemos confiar um no outro. – Passei a língua pelos meus lábios e respondi:
- Eu também.- ele ficou confuso e quis saber:
- Também o quê?
- Também sou apaixonada por você. – sorrimos e ele segurou meu rosto em suas mãos e me beijou. Ficamos nos beijamos por um bom tempo, e ele disse sério, me olhando nos olhos:
- Sei que você não gostaria de rotular o que temos, mas é serio entre nós, ok? Sou um pouco ciumento.
- Eu também sou e com você eu não tenho medo da palavra com N. – sorrimos, enquanto eu ficava na ponta dos pés para beijá-lo novamente.

Need you by my side.
Cause everytime we touch, I feel this static.
And everytime we kiss, I reach for the sky.
Can't you hear my heart beat slow
I can't let you go.
Want you in my life.


N.Autora: trecho da música: Everytime We Touch, Cascada