![]() Wednesday, May 02, 2007 Velhos amigos, velhas rixas Por Benjamin O’Shea Era quarta-feira e nosso último tempo de aula do dia era de História da Magia. Desde que a irmã de Scott assumiu as aulas, passou a ser uma das mais elogiadas pelos alunos, pois Karen sempre encontrava uma maneira incomum de ensinar as maçantes batalhas entre bruxos, duendes e outras criaturas mágicas. E hoje estávamos mais animados, pois ela prometera dar inicio às aulas sobre a época medieval, mais especificamente sobre a famosa bruxa Morgana Le Fay. Mas quando entramos na sala, ela estava vazia. - Onde está a professora? – ouvi um menino da Corvinal falar - Tem um bilhete no quadro... – caminhei até lá e puxei o papel – ‘A aula hoje será no 7º andar, ao lado da tapeçaria do Barnabé ensinando balé aos trasgos. Repitam 3 vezes ‘aula de história da magia’ passando pela parede branca e a porta irá aparecer’ Ninguém entendeu nada, mas mesmo assim fomos para a tal tapeçaria no 7º andar. Alex pareceu reconhecer o local e as meninas abafaram risadas que não entendi, até que Lu se adiantou e resolveu seguir as instruções de Karen. - Aula de historia da magia – Lu passou a 1ª vez pela parede – aula de historia da magia, aula de historia da magia! Ele se afastou e no mesmo instante, uma porta apareceu. A turma na mesma hora se agitou, todos curiosos e sem saber o que esperar ao passar por ela. Dei um passo à frente e girei a maçaneta, sem imaginar o susto que levaria em seguida. Uma lança imensa e prateada foi cravada na porta, deixando um enorme buraco. Quando o metal bateu na madeira, puxei a porta de volta assustado. - Marion, cuidado! – ouvimos a voz da professora parecendo aflita – Entrem, por favor, não tenham medo. Já esta tudo sob controle... Olhei receoso para meus amigos, mas acabamos entrando. E mais uma vez, me assustei. Só que dessa vez foi um susto bom. No lugar de uma simples sala de aula, estava uma verdadeira floresta, com muitas arvores. Uma imensa mesa redonda estava montada no centro, e um verdadeiro banquete posto nela. No fundo da sala, bem pequeno, estava um castelo. E atrás da porta, fazendo um enorme esforço para tentar retirar a lança cravada nela, se encontrava um elfo domestico. - Marion se empolgou um pouco com a armadura dos Cavalheiros da Távola Redonda e lhes deu um belo susto, não? – Karen riu e com um aceno de varinha fez a lança voltar para a mão da armadura – Bem vindos a Camelot! Karen ria das expressões de choque dos alunos, mas também ela queria o que? Tinha até cavalo na sala! Ela nos indicou a mesa para que nos acomodássemos e mesmo que faltasse pouco tempo para o jantar, foi impossível resistir ao banquete. Enquanto saboreávamos algumas comidas típicas daquela época, Karen ia contando sobre a história do Rei Arthur, os Cavalheiros da Távola Redonda, Merlin e Morgana Le Fay. O elfo Marion a ajudava, servindo de figurante em toda a encenação. Depois que a comida acabou, o elfo fez tudo desaparecer e nós, ainda sentados na mesa, passamos a ser os Cavalheiros da Távola Redonda, e tínhamos como trabalho discutir com Karen sobre o que ela havia contado. A aula se transformou em um verdadeiro debate. Era impressionante a facilidade com que ela fazia os alunos realmente se interessarem pela historia contada a ponto de querer debatê-la em aula. Depois do debate, Karen nos avisou que até o final do semestre, continuaríamos estudando a Era Medieval, e que esperava todos no campo de quadribol na próxima aula, mas não disse o que faríamos lá. Segundo ela, valeria a pena o mistério. A turma foi liberada quase 17hs e saímos todos comentando inusitada tarde de Historia da Magia, sem esquecer das especulações sobre o que ela nos mostraria no campo de quadribol. As meninas foram direto para os dormitórios, Mark, Lu e Scott encontraram espaço para mais comida e foram para o salão principal e eu segui para a biblioteca pensando em terminar o dever de poções para a manha seguinte. Slughorn tinha pedido um relatório completo sobre a Felix Felicis e eu ainda não havia nem começado a pesquisar, e sem o relatório, não poderia fazer a poção na aula. Os corredores estavam vazios àquela hora, todos estavam jantando, e ouvi passos de mais alguém atrás de mim. Olhei para o lado e vi o irmão de Scott, Wayne, vindo um pouco afastado. Fingi que não percebi que ele estava ali e acelerei um pouco os passos. Ao fazer isso, senti os passos dele ficarem mais rápidos. Continuei aumentando o ritmo dos meus, e ele aumentava os dele cada vez mais. Quando ameacei correr, não deu tempo. Wayne já estava com as mãos nas minhas vestes e me imprensava contra a parede. Ele era muito maior que eu, e por mais forte que eu fosse não conseguia vencê-lo numa briga. Ele me prendia com o corpo e mantinha o braço no meu pescoço, para eu não tentar fugir. Se fizesse isso, ia me enforcar. - Saudade das surras que levava em Durmstrang, Benny? - O que você quer? - Velhos amigos não podem bater um papo sem que um já pense que o outro quer alguma coisa? Assim você me ofende, Benny! – ele me imprensou mais quando tentei sair – Você não vai a lugar algum... - Qual é, Wayne? O que quer de mim? Estávamos muito bem fingindo que não nos conhecíamos, não podemos continuar assim? - Uma hora as pessoas iam saber que você andava com os caras maus em Durmstrang... Onde está a estátua de Salazar Sonserina? - Que estátua? Não sei do que você esta falando? - Benny, Benny... Éramos amigos, esqueceu? Sei quando está mentindo. Vou perguntar mais uma vez, antes de começar a lhe surrar: onde está a estátua de Salazar Sonserina? - Nunca fomos amigos, eu era só o seu saco de pancada! - Agora voce me ofendeu, Benny... Wayne soltou a mão que prendia meu braço e acertou um soco no meu estomago. Encolhi-me de dor e ele agarrou minhas vestes, me atirando no chão. Ele veio para cima de mim outra vez com os punhos fechados e só consegui proteger meu rosto, mas o soco nunca chegou a me atingir. - Deixe-o em paz, Wayne! Wayne soltou minhas vestes e saiu de cima de mim assustado. Eu conhecia aquela voz, mas não parecia normal ouvi-la nos corredores de Hogwarts. Aproveitei que Wayne não me prendia mais e levantei do chão, a tempo de ver meu irmão Kegan puxando ele pela gola da camisa e aplicando uma gravata tão forte que Wayne começava a ficar roxo. - Se manda Wayne. Não quero ver você perto do meu irmão outra vez, entendeu? - Aham – ele realmente estava roxo - Não, não, não foi assim que lhe ensinei. Vou perguntar de novo: fique longe do meu irmão, entendeu? - Sim senhor – Kegan soltou Wayne e ele saiu correndo pelo corredor - O que está fazendo aqui?? – perguntei me aproximando de Kegan, mas não contendo a risada - Salvando seu traseiro, irmãozinho, como sempre... Kegan prendeu minha cabeça com um dos braços e bagunçou meus cabelos com a mão livre, rindo. Não sei o que ele está fazendo em Hogwarts, mas não posso negar que meu irmão sempre chega na hora certa... |