Monday, March 09, 2009


Por Haley McGregor Warrick

No dia seguinte ao da briga, num dos intervalos das aulas, encontramos Connor no corredor e ele nos deu uns papéis verdes enquanto dizia:
- Galera, detenção hoje depois do jantar, na sala de troféus. Não se atrasem.
- Ai não faxina? Minhas unhas vão ficar nojentas. - resmungou Keiko e rimos.
Connor nos acompanhou e lá encontramos os grifinórios acompanhados pelo do monitor da Grifinória. Nos encaramos e dava para ler as promessas de desforra escritas na testa de James, Brittany e sua turma, mas ficamos calados. Connor passou uns papéis verdes ao McKenzie, que disse:
- Chronos, você fica aqui. Os outros me acompanhem até a sala das armaduras. Até depois Connor.- e Arte soltou o ar aliviada por ficar conosco. Connor nos mandou entrar na sala de troféus e deu as intruções:
- Alguns de vocês de já conhecem a sala de troféus, de cor e salteado. - e olhou para Clara, que sorriu marota:
- Então já sabem que a tarefa de vocês será limpar todos os troféus, quero tudo brilhando. Ah! Suas varinhas, por favor. - e a contragosto entregamos nossas varinhas a ele.
- Vocês têm até o toque de recolher para deixar tudo limpo. Divirtam-se! - e saiu assobiando uma das melodias da banda.
Ficamos nos olhando desanimados quando Rupert disse:
- Uau! Isso é tão legal!
- Hein? Detenção é legal? - perguntou Ártemis de olhos arregalados:
- Socaram a cabeça do Rup na parede, só pode. - disse Clara.
- Eu nunca tive uma detenção na vida, nunca ninguém mandou carta ao meu pai reclamando de meu comportamento, e eu nunca, mas nunquinha briguei com uma pessoa quanto mais com um bando inteiro. Isso é demais! - começamos a rir da animação de Rupert.
- Clara, qual o lado menos sujo? Você já esteve aqui não é?- Julian perguntou:
- Já, nem faz muito tempo, mas a sala parece enfeitiçada para ficar suja rápido.
- Vamos atacar logo esta sala, quem sabe terminamos logo e aí Connor nos libera mais cedo. - sugeri e começamos a limpar a sala, e íamos conversando sobre as coisas do dia a dia.
- Como vocês nos acharam? Que eu me lembre vocês não estavam na biblioteca. - Julian perguntou e JJ disse distraído lustrando uma enorme taça dourada:
- Estávamos jogando snap explosivo no salão, ai a Haley ficou toda esquisita, então ela disse que iam acabar com você e saiu correndo. Aí viemos atrás, acho que foi um dos fantasmas. - e eu fiquei calada. Clara e Keiko ficaram do meu lado quando Julian perguntou:
- Ah um fantasma te avisou...Foi a Dama Cinzenta?
- Não. - e me virei para pegar outro troféu para limpar.
- Que mané Dama Cinzenta. Esta só fica atravessando a parede com ar esnobe. Foi um dos desgarrados da Haley, que vivem pedindo a ajuda dela. - disse JJ.
- JJ! - fez Jamal e ele parou de falar:
- Que foi? Ah, Você ainda não sabe disso não é Corvo? Desculpa Haley.- disse JJ sem graça, fiz que tudo bem e aguardei as perguntas que viriam. Julian me encarava sério:
- Fantasma desgarrado? O que é isso? É alguma coisa tipo o Pirraça?
- Não, o Pirraça é um poltergeist, que é um espírito da desordem que mesmo tendo a substância de um fantasma, tem controle maior sobre os objetos podendo atirá-los contra as pessoas, gerando o caos. Isso está em... - dizia Hiro quando Keiko disse numa vozinha irritante:
- ‘Hogwarts uma História’. Todo mundo sabe disso. - e rimos da cara indignada dele para a irmã gêmea, mas Julian e Rupert esperavam a minha explicação. Então falei logo:
- Eu vejo fantasmas que não deveriam mais estar aqui.Muitas vezes são pessoas que deixaram algo por fazer e precisam de ajuda para terminar seus assuntos e seguir em frente.
- Certo e como é? Quer dizer, ele chega em você e diz: ‘Ae, garota to precisando resolver uma parada ali com meu cumpadi, seja minha intérprete’. - disse Julian e não pude deixar de rir do jeito dele imitar um rapper.
- Não, mas me pouparia de alguns sustos. Nem todos são bonitos de se ver. - respondi enquanto estremecia lembrando de alguns eventos e continuei:
- Na maioria das vezes, eu apenas os vejo e eles nem se aproximam. Alguns falam comigo só para confirmar se já morreram mesmo, e na maioria das vezes eles continuam a seguir seus parentes, mas o de ontem veio a mim pedindo ajuda.
- Como ele era?- quis saber Rupert e meus amigos prestavam atenção:
- Bem jovem, devia ter a mesma idade do Connor, mas as roupas...Parecia um daqueles rebeldes dos anos 60 sabe? Com jaqueta de couro e topete, tipo o Elvis. Ele veio até a mim e disse agitado: 'salve o garoto, ele precisa de ajuda...' Vi medo nos olhos dele. Então eu o segui, o mais rápido que pude.
- Como você sabia que era de mim que ele falava?- Julian perguntou:
- Porque eu já tinha visto aquele rapaz na estação de trem perto de você. Ele parecia vigiar você, e ele percebeu que eu o enxergava. Deve ter algum laço com você...
- Não lembro de ninguém da família com estas características...Mas que bom que ele me ajudou não é? Os grifinórios batem bem, sinto reconhecer. - ele mudou de assunto e ficamos conversando enquanto limpávamos os troféus e Julian ia contando sobre como foi emboscado e Rupert ia pegando dicas de como se sair melhor numa briga.
Notei que às vezes ele me olhava esquisito e evitei comentar isso com as meninas, ou elas iriam tirar satisfações com ele. Depois de algum tempo, quando as meninas estavam mais afastadas Julian se aproximou, com a desculpa de me ajudar a levantar um troféu enorme.
- Posso te perguntar uma coisa?
- Se forem os números da loteria bruxa, eu não os tenho. Meus fantasmas, ainda não se preocupam com isso. - tentei fazer graça, mas percebi que ele estava tenso e não sorriu, levantei os ombros e esperei. Ele tomou coragem e disse:
- Você acha que este fantasma que você viu perto de mim pode ser algum parente meu?
- Pode ser, ele não falou mais nada comigo. Apenas pediu ajuda para você. Porque? Você conheceu alguém como ele?
- Não. - depois de alguns segundos ele disse:
- Será que ele... Poderia ser o meu pai?
- Seu pai? Ele morreu?- perguntei e ele disse sem jeito:
- Eu não sei... Nunca vi uma foto do meu pai, não sei como ele é. - senti pena, mas tentei disfarçar e disse.
- As roupas do rapaz eram bem antigas Julian, talvez ele fosse algum parente mais velho, tipo um avô ou tio. Você deveria perguntar pra sua mãe, talvez ela lembre de alguém com este estilo e se o seu pai morreu, talvez agora ela te conte...
-Ela nunca fala sobre ele, por isso minha pergunta. Não que ela não seja uma boa mãe. Ela é, só não se sente preparada para falar dele. - ele se apressou em defendê-la, e eu disse:
- Não estou julgando ninguém Corvo, fica tranqüilo. - e ele disse:
- Mas você deve ter razão, deve ser algum avô ou sei lá, algum fantasma entediado, que resolveu fazer uma boa ação. - e enquanto ele voltava para o outro lado do salão para continuar a limpeza, eu ficava pensando no que ele havia me falado.
Já estávamos terminando a limpeza quando JJ, gritou animado:
- Olhem o que eu achei. - eu e meus amigos nos aproximamos para ver, a taça brilhante que ele tentava por num lugar mais alto:
- Esta é a taça do campeonato de quadribol interescolar, ganha pelas nossas mães e pelo tio Lu.- disse Hiro reverente. E até Clara que não ligava muito para quadribol, quis ver mais de perto.
- Vejam aqui depois destes nomes: Louise Storm, Yulli Kinoshita, George Storm, Alucard Chronos e Alexandra McGregor, campeões de 1979/80.
- Alex McGregor? Mas ela é a mãe do Ty McGregor, o melhor batedor da liga mundial. - disse Julian e eu ri:
- Sim, ela é, e também é a minha mãe. Ty é meu irmão.
- Não! E você só me diz isso agora? Eu sou o maior fã do Ty!- disse Julian.
- Ah é? Deixa ver se tenho algum autógrafo dele aqui no bolso e quanto vai custar...- remexi minhas vestes e observamos Julian procurar dinheiro e rimos:
- Não seja bobo, Corvo. Se eu tiver alguma coisa do meu irmão, no dormitório te dou. Ty sempre me manda as figurinhas novas, para dar aos meninos. - e apontei com o queixo para Hiro, JJ e Jamal.
- Sério? Vou ficar te devendo o resto da vida. Tem como me arrumar uma figurinha autografada? Tenho um presente de aniversario para enviar, e se mando uma figurinha autografada do melhor batedor da liga, o Tonto vai surtar. Eu tenho algum dinheiro guardado, posso pagar por ela. - e dispensei com a cabeça.
- Tonto? É nome, apelido ou um estado mental permanente? - perguntou Keiko e rimos.
- É o apelido de meu amigo Justin Silverhorn. Ele é meio índio, nós crescemos juntos e...
Enquanto ouvíamos Julian contar sobre seu amigo, e lustrávamos o troféu que tinha os nomes de nossas mães, o horário da detenção chegava ao fim.
Connor estranhou nos encontrar tão animados sentados conversando e ficamos melhor ainda quando percebemos que os grifinórios, saíram da sala das armaduras, com alguns arranhões e caras de poucos amigos, mas o que fazer se nós conseguimos tirar coisas boas, até de situações ruins?