Tuesday, June 05, 2012 Parte II - Blank Infinity - Vejam só! Eles deixaram um sacrifício para nós! – Um dos membros do meu barco falou rindo e logo todos os vampiros riam com ele, mas eu me mantive calado. Eu podia sentir algo estranho e todos meus instintos me diziam para me manter afastado daquela praia. Havia uma neblina estranha que envolvia todo o local, escondendo grande parte da floresta que existia próximo à praia. Mas eu não recuaria, eu era o General, o Segundo em Comando, o Viking Devorador.
A praia estava
completamente deserta, não fosse aquela única mulher parada na areia a nos
encarar. Seu porte era altivo e ela tinha uma espada longa presa na cintura em
uma bainha muito bela. Ela usava um vestido branco com detalhes em azul que
esvoaçava ao vento, junto de seus cabelos loiros. Mesmo a essa distância eu
podia sentir seus olhos fixos em mim e eu mais sentia do que os via: de um
verde intenso e puro.
Senti minha tripulação
se agitando e ordenei antes que fosse tarde.
- Parem. Ninguém desembarca
até eu mandar.
Eles tentaram
contrariar minha ordem, mas um olhar meu os paralisou e ficaram calados. Meus
poderes sobre o vento, que nos haviam trazido até ali sem dificuldade, foram
usados para parar todos os meus 10 navios, cheios de vampiros prontos para
invadir a grande Bretanha. Eu então saltei para a água e caminhei até a praia.
A mulher sequer se mexeu, mas não tirava os olhos de mim.
- Parado ai. Mais um
passo e eu acabo com você. – Ela falou e havia autoridade em sua voz. Eu ri
alto e mostrei minhas pressas e ia avançar contra ela, mas a espada longa
estava em meu pescoço antes de eu conseguir pensar em me mover. A mulher então
sorriu.
- Eu sou uma mulher
sim, vampiro, e sou poderosa. Não me importo com as suas guerras ou com seus
reis. Só me importo com minha terra e nela você não vai pisar.
- E quem seria você
para me impedir?
- Eu sou Arturia
Pendragon Chronos, a Grande Rainha da Bretanha. E você é Siegfried, o Viking
Devorador. – Nos encaramos por um longo tempo e ela sorriu. – Surpreso por eu
saber sobre você e suas guerras? Eu sei sobre tudo que ameaça minha terra.
- Estou
impressionado... Mas acha que vai me impedir de atacar? – Eu falei e ela sorriu
novamente. Então aconteceu algo que apenas centenas de anos depois eu soube
explicar...
Eu senti a lâmina de
sua espada em meu pescoço, empunhada por trás, mas ao mesmo tempo ela parecia
continuar parada diante de mim, mas então a que estava diante de mim sumiu e eu
não pude acompanhar seus movimentos. Senti medo pela primeira vez em muitos
milênios. Nenhum vampiro que eu enfrentara era capaz disso.
- Eu não me importo
para onde vai levar seus barcos e seus seguidores imundos. Mas se voltar a
chegar perto da minha terra enquanto eu estiver viva, eu juro por todos os
deuses e por Chronos que acabo com você. Entendeu?
Ela forçou a espada um
pouco e um filete de sangue escorreu pela ferida. Ela deveria ter se fechado
rapidamente, mas permaneceu aberta e senti como se fosse queimado de dentro
para fora.
- Estou de acordo.
- Muito bem. – Ela
falou e tirou a espada de meu pescoço e estava diante de mim novamente. – Eu
gostaria de matá-lo agora e acabar com todos os seus navios... Mas no futuro
você ainda terá um papel importante para alguém semelhante a mim. Quando a ver
você saberá a que me refiro e saberá também que devia ter seguido o conselho
dela.
Ela então virou-me as
costas e caminhou na direção do bosque. Vi então que havia um exército a
esperando. E não era um exército comum: haviam humanos normais, mas haviam
espíritos antigos e seres poderosos, além de dragões e grifos.
Ela montou em um
dragão que a aguardava e me olhou uma última vez. Ela acenou com a cabeça e o
dragão levantou voo.
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Por centenas de anos eu carreguei dentro de mim o sangue de
Drácula, o Rei dos Vampiros, mas nunca o usei, com medo de perder o controle
sobre ele. Drácula era maligno e poderoso, talvez uma das criaturas mais
poderosas que já existiu nesse mundo e ele me odiava. Eu sabia que se usasse
seu sangue, ele tentaria me destruir.
- Vê agora o seu erro, Siegfried?! Vê seu erro em não usar
os poderes do Grande Rei! Agora eu serei o Grande Rei! – Cadarn gritou,
gargalhando e sua voz estava misturada à voz de Drácula, cheia de ódio e poder.
Agora Cadarn sugara o sangue dele e eu podia sentir Drácula
misturando-se a Cadarn, dando a ele suas forças apenas pelo prazer de me
destruir e destruir tudo ao redor.
E então me lembrei daquele encontro a tantos séculos.
Fora a única vez que eu sentira medo de uma humana: Arturia.
Ela me proibira de invadir a Inglaterra e por muitos anos, enquanto ela ou suas
filhas viveram, nenhum vampiro pisou na ilha.
E agora eu me lembrava de suas palavras: “Você saberá que
deveria ter seguido o conselho dela”.
Eu não tinha escolha e liberei todo o meu poder, deixando o
sangue de Akasha, de Ishtar, de Lilith e de Caim percorrerem o meu corpo e me
emprestarem o seu poder. Mas Cadarn tinha esses mesmo poderes dentro dele e eu
sabia que teria pouca chance contra ele.
Ele fora mais rápido do que eu e sem que eu pudesse fazer
muita coisa saltara sobre mim, gargalhando enquanto um de seus braços
transformava-se em uma foice negra. Eu saltei de lado, mas fui lento demais e
ele furou minha barriga, prendendo-me com força. Senti meu sangue sendo sugado
pela ferida e rosnei para ele mas ele já abria a mandíbula pronto para destruir
o meu pescoço.
Eu estava pronto para aceitar a destruição, mas uma flecha
de luz branca atingiu o braço de Cadarn que me prendia e no segundo seguinte,
uma centena das mesmas flechas atingiam-no em diversos pontos.
Quando olhei para o lado Artemis ainda estava no ar,
disparando novas flechas contra Cadarn, mas ele envolvera a si própria em um
casulo grosso de sangue e continuava a gargalhar.
Ela pousou ao meu lado e me olhou séria e eu fui empurrado
para longe, por uma força poderosa, enquanto ela corria a frente. Todos ao
nosso redor foram empurrados para longe e eu pude ouvir relâmpagos explodindo
no céu.
A noite se encheu de luz e uma semi-esfera envolvia Artemis e
Cadarn. A esfera parecia feita de neblina e luz.
Senti então a presença dos dois diminuindo e compreendi o
que ela fazia.
Seth tentou correr para ajudar a irmã, mas eu gritei junto
de Mirian.
- Não entre na barreira! – Mirian falou enquanto corria para
a floresta e Seth olhou sem entender para mim.
- O que ela está fazendo? – Ele perguntou preocupado. E seu
pai estava do nosso lado olhando surpreso para a barreira.
- Não consigo acompanhar os movimentos deles!
- Ela está transcendendo o tempo. Só assim ela será capaz de
enfrentá-lo. Ninguém deve entrar na barreira agora.
Eu falei e voltei a lutar.
Cabia agora a Artemis acabar com Cadarn e eu deveria ter
aceito isso desde o início. Senti um gosto estranho na boca e reconheci que era
medo. Sentia medo de uma mortal mais uma vez.
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Eu não tinha outra escolha.
Eu evitara enfrentar Cadarn diretamente por medo de ser
incapaz de enfrentá-lo e manter a Dança do Destino ao mesmo tempo e precisava
guardar energias para o Ritual.
Mas quando ele absorveu o sangue de Drácula tudo mudou. Eu
senti como se uma sombra negra envolvesse a todos e pude ver como muitos
estavam para morrer.
Eu já sentira as primeiras explosões de Rupert, sentia mamãe
correndo para ajudar Clara, sentia a energia da tribo de Justin aumentando,
pois sentiam que eu precisaria da ajuda de todos. Papai sabia que caso eu
ficasse fora de combate, ele devia assumir o comando.
Então eu fiz o que devia ser feito.
Afastei Siegfried e ataquei Cadarn, enquanto a tempestade
explodia nos céus.
Ergui uma barreira ao nosso redor e confinei a influência de
Cadarn-Drácula em seu interior, atraindo seu poder para mim. Na hora eu soube
que isso fora suficiente para salvar a maioria das pessoas do campo de batalha,
mas podia sentir alguns mortos, mas não poderia fazer nada agora.
Quando lancei Cadarn para longe, o prendi com correntes e
por mais que ele tentasse se soltar, não conseguia.
Comecei a recitar o canto que Arturia me ensinou e senti
minha voz espalhando-se pelo campo de batalha. Raios brancos saltaram dos céus
para o chão e começaram a cair ao nosso redor, formando um círculo perfeito. A
terra começou a tremer aos meus pés e eu sentia todo o meu corpo brilhar em
branco.
Eu comecei a levitar diante de Cadarn, abrindo doze asas
brancas as minhas costas. Saquei a espada de Seph e a lança de Chronos e
pronunciei seus nomes.
- Lognus. Masamune.
As armas pulsaram e brilharam intensamente, reduzindo o
próprio tamanho, ajustando-se a mim, já que agora eu era a nova mestra de
ambas. As duas soltavam raios negros e brancos, mas estes não me machucavam e
continuei entoando o canto do Ritual.
Então a tempestade ficou ainda mais poderosa e cinco raios caíram
ao meu redor, cada um formando a ponta de um pentagrama. Os raios se tornaram
intensos, tomando a forma de cinco grandes pedras, negras e brancas ao mesmo
tempo. Cadarn silvou para elas, assustado, mas sem conseguir se mexer direito.
Cadarn então olhou para mim e seus olhos sangravam devido ao
meu poder. Eu vi que ele tinha medo, pois reconhecera o que eu estava para
fazer.
- Pelo tempo e pelo espaço, eu ordeno, espíritos da vida, da
justiça, da morte, da harmonia e da destruição obedeçam ao meu chamado.
Eu falei com força e finquei com força a espada e a lança no
chão diante de mim e Cadarn sentiu calafrios. Do ponto onde a lança tocava o
chão, raios brancos saltaram para as pedras e runas, hieróglifos, letras
gregas, japonesas e hindus surgiram nelas, uma de cada vez. Os raios saltavam
ao redor de nós, formando um intrincado desenho no solo, desenhos de vida e de
morte, de justiça e de harmonia, de destruição. Mais correntes de luz e raios
prenderam os punhos, pescoço e pés do vampiro, obrigando-o a se ajoelhar.
Mas então Cadarn começou a gargalhar. Eu continuei entoando o
cântico, mas me surpreendi com a risada do vampiro. Ele então urrou, sua voz
misturada com a voz de centenas de outros e ele quebrou as correntes que
prendiam seu punho direito, acertando um soco no solo logo em seguida. Por todo
o campo de batalha, os combatentes sentiram um calafrio e medo, enquanto uma
voz antiga entoava um cântico em uma língua maligna e cruel.
Eu fiquei logo alerta e apontei uma de minhas espadas para
uma das pedras, tentando acelerar o processo da magia. As letras japonesas
brilharam intensamente e era como se uma forma surgisse na superfície da pedra.
- Você acha que é a única que pode ver o futuro? A única com
segredos ancestrais? – Cadarn riu. Ele partiu a outra corrente que prendia seu
braço e ficou de pé, me encarando com ódio. – Sarcofag de moarte.
Quando ele enunciou essas palavras, o sangue de Siegfried,
que estava caído em poças no chão, saltou para mim, prendendo-me como
correntes. Eu fui surpreendida e cortei o ar com minhas espadas, enquanto
saltava para trás, para ganhar espaço, mas o sangue se desfazia e voltava a
tomar a forma de correntes.
- Artemis! – Ouvi meu pai gritar, pois com minha surpresa a
barreira que eu erguera diminuiu de força.
- Não entrem no círculo! – Eu gritei para ele e Cadarn os
olhou com escárnio e mexeu os braços de lado. Uma nuvem de sangue nos envolveu
e todos foram jogados longe, enquanto vampiro revertia minha barreira a seu
favor. Era como se as brumas estivessem lutando com a nuvem de sangue por
espaço.
Aquele momento de desatenção enquanto eu gritava com meu
pai, foi tudo que Cadarn precisava. As correntes de sangue se multiplicaram e me
envolveram, enquanto eu me debatia tentando me soltar. O sangue me envolveu
completamente, como se fosse um casulo que se debatia. Eu sabia que não
adiantava lutar contra aquela força e comecei a relaxar, esperando o momento
certo de revidar. Ouvi então Cadarn falando, como se estivesse muito longe de
mim.
- Eu descobri quem você era. Uma única gota de sangue foi o
que precisei. Soube que não poderia tocar em seu sangue diretamente, ou eu
morreria. Mas vou absorver você e usar seus poderes assim mesmo!
Eu não conseguia ver nada através do sangue que me
pressionava.
É um pouco difícil de explicar, mas eu conseguia fazer com
que minha consciência estivesse em dois lugares diferentes e era capaz de me
conectar a Fidelus e sentir o campo de batalha através dele. Fidelus sobrevoava
a barreira com raiva, tentando chegar a mim. Eu o acalmei e me concentrei em
sentir o campo de batalha através dele. No local onde eu estava presa, havia um
enorme cubo vermelho-sangue e soube que era o casulo onde eu estava presa.
Liberei então todo o meu poder e envolvi meu corpo com luz.
Vi através dos olhos de Fidelus quando Cadarn jogou os dois
braços para trás e urrou para a noite. A lua pareceu ficar vermelha e chão
começou a tremer. De todas as direções do campo de batalha, onde ainda havia
luta entre vampiros e humanos, o sangue começou a escorrer pelo solo. Os litros
de sangue iam na direção de Cadarn e o envolviam. Ele então levantou os dois
braços a frente e o sangue subiu pelo seu corpo, envolvendo seus braços.
- Morra, garota! Ritualul de Agatat! – Ele gritou e o sangue
saltou de seus braços e à sua volta.
O sangue voou rapidamente na direção de onde meu corpo
estava preso pelo casulo de sangue, tomando a forma de estacas que perfuraram o
cubo vermelho. Eram milhões de estacas de sangue e perfuraram o cubo em cada
centímetro de suas faces. O barulho de carne sendo perfurada era alto e
novamente tentaram invadir o círculo, mas a barreira de sangue de Cadarn os
empurrava para fora. Não ouviram um único grito... Apenas a risada de Cadarn,
que agora fechava as mãos, ordenando que o sangue voltasse para ele.
- Vocês serão os próximos, malditos. – Cadarn falou,
virando-se para seus inimigos. Ele voltou a erguer os braços, mas o sangue não
o obedeceu.
Uma luminescência começou a surgir às suas costas e ele
virou-se surpreso.
Nos locais onde as estacas tinham perfurado, luz branca
começava a surgir e iluminar tudo ao redor do cubo.
Houve uma explosão de luz e poder e Cadarn saltou para trás,
os olhos arregalados.
Eu surgi diante dele, intacta, flutuando no mesmo lugar onde
estivera. Soube que meus olhos brilhavam em branco e vi que as estacas estavam
ao meu redor, mas não tinham perfurado um centímetro sequer do meu corpo. Na
verdade parecia como se meu corpo não tivesse forma física, pois algumas
estacas passavam por mim, enquanto outras estavam esmagadas no ar, como se
tivessem batido em algo muito rígido. O sangue começou a borbulhar e Lognus
surgiu em minhas mãos e eu a levantei, apontando para Cadarn. O sangue explodiu
ao meu redor, criando uma chuva de sangue. As estacas voaram contra Cadarn e
ele usou seus poderes para esquivar e bloqueá-las.
- Seus poderes malditos ou os de seu rei não podem me tocar.
– Eu falei e finquei Lognus novamente no chão. O círculo que eu havia criado
antes voltou a brilhar e raios brancos voltaram a saltar ao meu redor, enquanto
as brumas tomavam força e se fechavam ao nosso redor novamente, reerguendo a
barreira.
Eu prendi Cadarn novamente, evitando-o de chegar até mim.
Ele tentava se soltar novamente, mas eu o prendia com força.
– Espíritos, obedeçam
ao meu chamado!
Na pedra atrás do vampiro, um homem surgiu, saindo de dentro
da própria pedra, ganhando vida. Ele tinha um corpo musculoso e moreno,
carregava uma pena na mão direita e uma balança na esquerda e sua cabeça era de
chacal. Da pedra à direita do vampiro uma mulher vestindo uma toga grega, com
cabelos negros, olhos bondosos e um colar branco preso ao pescoço surgiu. Da
pedra à esquerda de Cadarn um homem de pele escura surgiu. Ele tinha um olhar
severo, uma naja enrolada ao pescoço e à cintura e parecia crepitar em chamas,
além de possuir quatro braços. De uma das pedras atrás de mim, uma mulher
vestida para guerra e batalha surgiu, usando um elmo que lembrava uma águia e
uma espada branca estava em seu punho. Da outra pedra, surgiu uma japonesa
vestindo um longo quimono branco com listras vermelhas que brilhava em dourado
com o calor do sol. Ela tinha uma pele lisa e branca e seus olhos eram negros e
segurava um disco na mão.
Cadarn agora estava apavorado, pois agora reconhecia aqueles
poderes. Ele se sentiu traído, pois mesmo seu deus e mestre estava a serviço
daquela mortal e isso era um ultraje para ele. Porém eu soube que o deus lhe
dizia que ele estivera errado esses anos todos e não passava de uma alma impura,
indigna dos serviços dos mortos.
Cadarn sabia o que aqueles seres significavam.
- Pelos seus crimes, pela sua maldade e pela sua crueldade
eu o condeno à danação eterna. Que o calor do sol queime-o eternamente, pagando
pelas vidas que roubou. – Dizendo isso, a japonesa as minhas costas apontou seu
disco para o vampiro e um raio de sol o atingiu no peito e o vampiro gritou de
dor, mas não se incinerou.
- Que você pague por cada um de seus crimes eternamente, que
o aço da justiça o corte por toda e eternidade. – A mulher com armadura
perfurou o peito do vampiro com sua espada branca.
- Que o fogo da destruição o aniquile a cada dia, para na
manhã seguinte o recompor e queimá-lo novamente. – O homem de quatro braços
apontou sua palma para o vampiro e um raio de fogo o atingiu no peito.
- Que os espíritos que você torturou ao longo desses séculos
possam enfim descansar, envoltos pela luz da harmonia. – A mulher grega retirou
seu colar de seu pescoço e o jogou contra Cadarn. O colar prendeu-se ao pescoço
de Cadarn com força, queimando sua pele.
- Que a morte que você tanto causou não lhe ofereça
descanso, pois você não merece a paz da morte. – O homem com cabeça de chacal
perfurou o peito do vampiro com suas mãos e um orbe negro saiu de dentro dele
quando ele retirou o punho. O orbe foi colocado em um dos pratos da balança e
no outro a pena, e os braços penderam para o lado do orbe. O chacal então olhou
severamente para Cadarn e balançou a cabeça negativamente.
- Você está condenado pelo Ritual da Purificação, Cadarn,
Filho Maldito. – Eu entoei, concentrando todas as minhas forças nessa magia.
Senti que minha voz ecoava com a voz de todas as 5 entidades.
- Não! Não serei punido assim! – Cadarn gritou, sua raiva e
medo a flor da pele. Então as cinco pedras começaram a ficar negras, oscilando
entre o negro e o branco. – Você comete outro erro humana! Acha que só você
conhece os Portões?! – Ele gargalhou enquanto um frio monstruoso tomava o campo
de batalha. – Eu nada podia fazer, pois haviam selos nessa terra. Mas você
acaba de abrir os Portões! – Ele falou, com um sorriso malvado no rosto. – Eu
os convoco demônios das eras! Demônios da destruição! Mephisto! Baal!
Yog-Sothoth! Cthlhu! Belzebur!
O próprio ar tremeu com aqueles nomes, enquanto urros
tomavam a noite.
Eu fiquei amedrontada pela primeira vez e intensifiquei o
poder da barreira. As batalhas ao nosso redor ficaram cada vez mais lentas,
enquanto eu transformava a minha barreira em uma nova dimensão. Eu me lembrei
então do que Arturia disse para mim, ao me ensinar o Ritual.
“Ao invocar seus espíritos, não use nomes. Nomes são coisas
poderosas, você lhes dará poder demais. Convoque-os sem usar seus nomes, pois
ao usá-los, estará trazendo a essência deles para esse mundo”.
E Cadarn invocava espíritos com seus nomes reais. E todos
eram espíritos malignos, de destruição, morte, covardia e maldade. Cada um
deles mais perverso que o outro.
Das cinco pedras que eu invocara, seres começaram a sair
delas. Atrás de Anúbis surgiu um homem que parecia metade mosca, metade homem e
que tinha um cheiro fétido ao seu redor. Atrás de Harmonia surgiu um ser com
milhares de tentáculos, cuja presença trazia medo. Atrás de Shiva surgia um
demônio sem forma física aparente, semelhante a uma gosma disforme, que trazia
insanidade apenas com sua presença. Atrás da Valquíria surgiu um demônio alto,
com aparência humana, vestindo uma armadura de ossos humanos. E atrás de
Amaterasu surgia um homem com porte nobre, mas os olhos vermelhos e o corpo
manchado de sangue humano.
Cada uma das entidades convocadas por mim virou-se para seus
inimigos, prontos para lutar e impedir que tomassem aquele mundo. Cadarn virou-se
rindo para mim e rompeu as correntes.
- Agora, humana, é um contra um. – Ele urrou, saltando a
frente.
Eu gritei em desafio e voei a frente, as minhas espadas
brancas brilhando intensamente.
Não podia me envolver com as lutas das 10 entidades, pois
elas deveriam decidir a própria batalha. Mas a principal batalha seria lutada
por mim e eu lutava com ferocidade.
Cadarn estava ainda mais rápido do que nunca, usando todos
os poderes de Drácula e era como enfrentar dois vampiros ao mesmo tempo. As
feridas que eu abria se curavam rapidamente ou então se transformavam em braços
e garras feitos de sangue.
O espaço que tínhamos para lutar era pequeno e as batalhas
eram caóticas. Quase fui atingida pelos tentáculos de um dos demônios, enquanto
desviava de um golpe de Cadarn.
Eu lutava apenas com minhas duas espadas brancas, mas
tentava manter Cadarn próximo de Masamune e Lognus. Mas o vampiro sabia que não
podia me deixar pegá-las, pois eu ficaria ainda mais poderosa. Porém, só de
estar perto delas eu ficava mais forte e várias vezes Cadarn foi obrigado a
escapar de raios brancos de Lognus.
Não sei por quanto tempo lutei com ele, pois naquela nova
dimensão o tempo fluía de uma forma diferente.
Cortei horizontalmente com uma das espadas e Cadarn saltou
de lado, mas eu voei para frente e com o impulso o joguei na direção de
Masamune. Ele caiu no chão com força e raios negros saltaram para ele,
fazendo-o gritar de dor. Eu levitei acima dele e segurava Lognus pronta para
perfurar o seu peito, mas um tentáculo negro me segurou, levantando-me no ar e
eu gritei de dor.
Cadarn gargalhou, mas então Anúbis cortou o tentáculo que me
segurava e vi quando Amaterasu, transformada em um lobo branco, arrancou a
cabeça do demônio que enfrentava. Ela então passou suas forças para mim,
fortalecendo-me ainda mais.
Cadarn saltou em minha direção, desviando de um raio de luz
lançado por ela, mas eu conseguira pegar Masamune e Lognus e passei a lutar com
as duas. A lança me garantia um alcance maior e eu mantinha uma distância entre
nós enquanto estocava e cortava com ela. Com a espada eu cortava o ar e lançava
raios negros contra Cadarn e comecei a pressioná-lo. Prendi a espada em minhas
costas e iniciei uma série de estocadas rápidas com a lança, obrigando Cadarn a
recuar. Ele recuou até a Valquíria e ela o atingiu com seu escudo jogando-o
para mim. Eu saquei a espada e cortei horizontalmente com força, abrindo um
rasgo largo em seu peito. Ele urrou, mas saltou para longe, tentando ganhar
espaço.
Mas estava acabado.
Anúbis estava cercado por tentáculos sem vida, Shiva estava
envolto por uma nuvem fétida que subia de uma massa disforme que queimava. O
inimigo de Amaterasu e da Valquíria jaziam mortos aos seus pés e o demônio que
Harmonia enfrentava estava sendo trucidado por almas.
Cadarn viu tudo aquilo com horror, enquanto os demônios que
ele invocara estavam sendo reabsorvidos pelas pedras e eu caminhei lentamente
até ele, sentindo minha aura expandindo-se a cada passo.
- Eu já falei que você ou seus demônios não podem me tocar! –
Eu falei com raiva e o perfurei com a lança na barriga. Ele urrou de dor e o
joguei para o meio do círculo, enquanto correntes o prendiam com força. – E você
se esquece que eu tenho o apoio de muitos outros seres!
Não precisei me virar para saber que um exército de
espíritos estavam as minhas costas. E não eram apenas os Exércitos de Chronos,
mas também os espíritos de todos que Cadarn matara, o espírito de meus amigos,
familiares, da tribo de Justin, além de entidades poderosas. Eu sabia que todas
as entidades e deuses da água me apoiavam e todos me emprestavam seu poder.
Cadarn forçou as correntes uma vez mais e tentou me atacar,
mordendo meu pescoço. Mas eu sequer me mexera e perfurei seu peito com Lognus,
que começou a queimá-lo de dentro para fora. Ele engasgou no próprio sangue e
me olhou com ódio e medo.
- Pelo poder do tempo, ordeno que você nunca seja perdoado
ou receba descanso. – Eu falei e torci Lognus, que brilhou intensamente. Cadarn
tossiu, cuspindo sangue, e tentou debilmente me morder, mas eu o cortei verticalmente
com a espada, cortando-o de baixo para cima na altura do peito. – Pelo poder do
espaço, ordeno que jamais encontre onde se firmar e onde possa existir. Eu,
Artemis Arashi Capter Chronos, Grande Rainha e Espada da Verdade, o condeno!
Eu terminei de entoar o cântico e as cinco entidades
cantavam comigo e cada uma lançando um raio de luz contra o peito do vampiro.
Cadarn urrou de dor, sendo levantado acima do chão pelos raios e correntes. Milhares
de almas e espíritos brancos saltavam de dentro dele, rodopiando ao seu redor
antes de se dissiparem no ar.
Com um último grito de pavor e ira, Cadarn se desfez em pó,
enquanto uma aura negra flutuava onde ele estivera. De cada uma das entidades,
um fio saltou de suas mãos, envolvendo-a completamente e a aura se desfez,
desaparecendo no ar.
Minha barreira foi desfeita e um silêncio profundo
apoderou-se da batalha e as cinco entidades curvaram a cabeça para mim e eu as
agradeci, exausta, mas me ajoelhei. Uma a uma as entidades desapareceram, voltando
para as pedras, que continuaram onde estavam, mas agora apagadas e comuns.
Estava tudo acabado.
Eu sentia a batalha terminando e os últimos vampiros sendo
destruídos. Não havia sinal de Cadarn, pois eu conseguira condená-lo
eternamente.
Eu estava exausta, mas ainda tinha muito o que fazer e me
levantei com dificuldade. Fidelus pousou com suavidade às minhas costas e me
apoiei nele. Ele urrou de alívio.
Então Tuor me abraçou com força e me surpreendi por ele
poder entrar tão rapidamente no círculo que eu havia criado. Eu retribui o
abraço com força e ele me beijou e na mesma hora me senti ainda melhor. Então
eu sorri para ele cansada, e logo meu pai corria para mim, com um sorriso
aliviado. Siegfried o acompanhava, além de outros bruxos e alguns de meus
amigos. Eu acenei para eles.
Dali fui rapidamente para enfermaria da escola, para ajudar
todos que precisassem. A primeira que exigia minha presença era Clara e eu
faria de tudo para ajudá-la, mas sabia que ela ficaria bem. Tudo que fiz não
faria sentido se ela morresse...
We are wandering towards a blank infinity
And extinguishing will now be the only way To diminish your sins, this vortex can't be Filled up again, a hole in space and time
Do you cry to the
heaven's high when you're confined in here?
Do you not ever wonder why these leaden tears will never dry? They'll leave behind so many shadows in my mind
High in the sky, all
of the clouds are passing by
Wait for this storm, wait for the rain, And wait for the tears to fall down on me
N.A.: Blank Infinity, Epica.
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