Tuesday, August 30, 2005

No Beco Diagonal

Faltava menos de uma semana para o reinício das aulas. As férias haviam sido simplesmente maravilhosas. Tudo que eu havia desejado nos últimos dois anos estava acontecendo. Danna longe, Sirius perto. O mundo parecia conspirar a meu favor.

Eu não via minhas amigas há quase dois meses, e havia muita coisa a contar. Então convenci papai a me deixar ir para Londres fazer as compras da escola.

Então, lá estava eu, babando por entre as prateleiras da Floreios e Borrões, carregando os livros que a lista de material pedia e mais as dúzias de outros exemplares que me interessavam. Quando tentava puxar um livro da estante mais alta, ouvi uma voz conhecida.

LS: Sarah!!! Sabia que só podia te encontrar aqui.
SB: Louise, que saudade! Eu tenho tanta coisa pra te contar....
LS: Eu imagino... esse sorrisão estampado aí te denuncia. Pode ir contando.
SB: Aqui não. Vamos tomar um sorvete, lá eu conto. Os seguranças do papai estão aqui, mas lá eu os distraio.

Um dos armários se aproximou a um sinal meu e pegou a pilha de livros que eu iria levar. Entreguei-lhe alguns galeões e enquanto ele realizava as "transações financeiras", como diz papai, eu e Louise saímos da livraria, com os outros dois gigantes atrás de nós. Murmurei meia dúzia de palavras e arrastei Louise para a sorveteria. Os postes ficaram plantados a um quarteirão de distância.

Na sorveteira, pedimos dois enormes sundaes de chocolate com cereja e calda de caramelo. Eu me sentia leve, feliz. Tanta coisa boa estava acontecendo, parecia um sonho. Um sorriso de orelha a orelha iluminava o meu rosto.

Louise me encarava com os olhos arregalados e, quando estávamos no meio do sorvete, ela falou:

LS: Sarah, o que foi que aconteceu?
SB: Dois galeões se você adivinhar.
LS: Pela sua cara, você conseguiu se livrar da Danna nessas férias.
SB: Em cheio. Põe os dois galeões na conta, ok?
LS: Pra onde ela foi?
SB: Pra uma colônia de férias junto com aqueles amigos esquisitos dela. Graças a Merlin, porque eu seria capaz de fazer picadinho com molho dela nessas férias depois do que ela aprontou no nosso último dia de aula.
LS: Mas... vem cá: o que foi que ela te fez?
SB: É mais pelo fato de existir, sabe? Vive empatando a minha vida.
LS: Ela mencionou o nome do Sirius. Sarah, você gosta dele, não gosta?
SB: Eeeeu? Tá doida?
LS: Eu não sou cega, tá bom? Pode ir falando: o que foi que aconteceu nessas férias entre vocês?
SB: Aaaai saco... Tá bom, você venceu, dona curiosidade. Sirius esteve na Dinamarca. Ele estava estranho, deprimido. Acho que brigou com os pais de novo e saiu de casa.
LS: Verdade?? E aí?
SB: E aí... bom, digamos que eu fui consolar ele...
LS: Vocês se beijaram?
SB: Er....
LS: FALAAA!!!
SB: Sim.
LS: Yupiiiiiiiiiii!! Eu sabia que tinha fogo aí!! E como foi?
SB: Foi... sendo, oras.
LS: Eu quero saber dos detalhes.
SB: Nem pensar.
LS: Aaaah, conta!!
SB: Assunto encerrado. Vamos, ainda temos que passar na Madame Malkin. Preciso de vestes novas. E preciso também de uma loja trouxa, quero comprar uma bolsa para a minha mãe.

Duas horas caminhado pelo beco Diagonal e uma dezena de pacotes depois, Louise e eu fomos para a Londres trouxa. Louise andava com um sorrisinho irônico nos lábios, e de vez em quando me cutucava e ria alucinadamente. Não podíamos conversar muito, os seguranças nos rodeavam. Na nossa frente havia uma loja verde repleta de artigos com a aparência de sapos. Sem pensar, eu marchei loja adentro. Louise ficou olhando e dando risada. Minutos depois, apareci carregando uma coisa enorme, com braços e pernas, e uma cara de rato sorridente estampada no meio da mochila de pelúcia. Um legítimo Topo Gigio. Havia uma espécie de botão dentro da perna esquerda, que a vendedora havia me ensinado a apertar insistentemente.

SB: Olha só, Louise, ela fala! E nem tem magia! Que coisa fantástica!!
LS: Tá bom, Sarah. Se acalma. Guarda isso, tenho certeza que a sua mãe vai adorar.
- Com licença, senhorita Batland. Precisamos ir embora.
LS: Como você agüenta eles?
SB: Esse três aqui são terríveis. Na verdade eles são quatro, mas um deles, justamente o que encobre minhas escapulidas, resolveu tirar férias.
- Hem, hem.
SB: Louise, tenho que ir. A gente se vê sexta feira, no Expresso!
LS: Ok. Se você tiver alguma notícia do Aluado, me escreva.
SB: Pode deixar. Adeusinho.

Os armários do meu pai me arrastaram pelo meio da rua, de volta ao Beco Diagonal, deixando Louise acenando alegremente.