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Do diário de Louise Storm


Já havia se passado quatro dias desde a festa na Lufa-lufa. Festa da qual fui empatada pela 2ª vez só esse ano e sabe Merlin quantas em dois anos! Meu humor não podia estar pior, andava me irritando por qualquer motivo. Já havia brigado com Scott pelo menos umas 5 vezes naqueles dias, pois ele insistia em querer me fazer ir falar com o dito cujo e eu não queria, não sentia mais o animo de antes, só estresse. O professor Stroke, de DCAT, tinha me dado uma detenção por azará-lo durante um duelo em sala. Eu disse que foi sem querer, mas ele não acreditou. E pior que não foi mesmo intencional. Eu não o suportava, mas ainda não tinha perdido o juízo para azarar um professor. Minha intenção era acertar o enjoado do Filipe Whiters, mas errei o alvo e calhou dele passar bem na hora. Bom, sai de sala com uma ocupação garantida pra noite daquela quarta-feira, que não seria treinar com o time de quadribol...

A aula seguinte era aritmancia. Podia ouvir a voz da professora Vector ao longe, todos os cálculos e tabelas ensinados por ela embaralhados na minha cabeça, se misturando à voz do Scott.

SF: Vai falar com ele sua idiota!
LS: Cala a boca Scott.
SF: Vai perder a chance. Ele vai se cansar.
LS: Já mandei calar a boca.
SF: Quer saber? Desisto de você. Não agüento mais seu estresse, sabe o que é isso? Falta de beijo na boca!

Minhas mãos automaticamente foram em direção ao pescoço dele, prestes a enforcá-lo. Mas então lembrei que se o enforcasse e ele morresse, perderia meu melhor amigo e por mais que ele estivesse me amolando não suportaria viver sem a coisa chata ao meu lado. Limitei-me a fuzilá-lo com os olhos e não lhe dirigir mais a palavra pelo resto da aula. Sarah olhava de mim para ele sem entender nada. Vector nos dispensou depois daquela longa aula e fiquei para trás, arrumando meu material. Sarah e Scott já haviam saído e podia vê-los parado do lado de fora, me olhando ansiosos. Assim que pus os pés para fora da sala, senti uma mão me segurar com força e me empurrar contra a parede. Em seguida senti lábios gelados tocarem os meus e meus livros caírem com um baque no chão. Era Remo. Ele me mantinha presa contra a parede enquanto me beijava. Toda minha turma de aritmancia assobiava e ria, nenhum dos desocupados seguiu seu rumo.

Quando ele me soltou, estava completamente sem fôlego e com a respiração ofegante. Ele segurava minhas mãos, que tremiam. As dele estavam geladas. Ele me olhava serio e vendo minha cara de espanto, desatou a falar. Disse que não parava de pensar no que aconteceu na festa e de como fomos interrompidos mais uma vez. Que não ia esperar pela próxima pra ter a chance de falar comigo e que desde o episodio onde bati no amigo gordo dele, o Pettigrew, ele passou a me olhar de uma maneira diferente. Eu não tava acreditando no que tava ouvindo. Minha mão tremia ainda mais, meu coração tava disparado, tinha a impressão que ele ia ou explodir ou parar de vez. Scott e Sarah tinham sorrisos irônicos estampados no rosto e Scott dava pulinhos contidos ao lado dela. Eu não podia ver, mas sentia que um sorriso imenso brotava na minha cara. Ele me puxou mais pra perto dele e acariciou meu rosto. Ele vinha se aproximando para me beijar de novo. Seus lábios já estavam tocando os meus novamente...

SF: Acorda Louise! Já acabou a aula!

Estava na masmorra. Uma fumaceira enchia o ar e impedia uma visão clara. Eu tinha meu rosto colado num pergaminho e babava sobre ele. Minha poção inacabada jazia no caldeirão, metade dos ingredientes mutilados largados sob a bancada. Scott, Yulli, Alex e Mark estavam parados perdidos na fumaça ao meu lado e Scott me sacudia. Tinha sido um sonho, obvio. Scott havia me despertado para minha realidade, o mau humor do sonho começando a ser real...