Tuesday, September 27, 2005 Jogado aos seus pés, eu sou mesmo exagerado Ala Hospitalar. Sarah estava deitada em uma cama próxima a janela, sob o efeito dos sedativos. O rosto pálido, as manchas roxas, resultantes do envenenamento e da asfixia já haviam desaparecido. A garota dormia serenamente e Madame Pomfrey separava alguns frascos coloridos na estante de medicamentos. Então, ouviu-se um "toc, toc" na porta e Melchior e Louise surgiram, carregando um vasinho de flores e uma caixa de sapos de chocolate. Antes que os dois pudessem chegar à cama de Sarah, Madame Pomfrey agarrou-os pelas golas das vestes e os conduziu para fora, esbravejando: Pomfrey: Não, não, não! Já falei que as visitas estão proibidas até amanhã de manhã. Não adianta resmungar, senhorita Storm, ordens são ordens. Boa noite pra vocês. Blam!! Do lado de fora da ala hospitalar, um letreiro grudado na porta: “Proibida a entrada”. Melchior e Louise voltaram cabisbaixos aos seus respectivos salões comunais, certamente amaldiçoando até a vigésima geração da enfermeira mal-humorada. Madame Pomfrey aproximou-se do leito de Sarah, tirou-lhe a temperatura e examinou a garota pela trigésima vez. Tudo parecia sob controle, então a enfermeira fez algumas dezenas de frascos coloridos levitar e, tomando alguns livros nos braços, dirigiu-se ao quarto que ficava nos fundo da enfermaria. Separado por uma porta de madeira, garantia-lhe a privacidade. Alguns minutos depois a porta que ligava a enfermaria ao corredor do quarto andar abriu-se lentamente por alguns segundos, o tempo necessário para um vulto a atravessar. Somente a luz da lua iluminava o leito de Sarah, onde a garota continuava a dormir. O cachorrão preto aproximou-se da menina e pôs as patas dianteiras sobre os finos lençóis brancos. A pata direita tocou a mão de Sarah, que deu um pulo na cama. A garota quis gritar, mas nesse exato momento madame Pomfrey tossiu no cômodo ao lado, o que fez a garota engolir o berro ao mesmo tempo em que Sirius Black assumia a forma humana. Sirius: Oi, princesa! Sarah: Quer me matar de susto, é? O que está fazendo aqui? Sirius: Ué, eu vim te ver. Não gostou da surpresa? Sarah: Pensei que fosse mais interessante ficar lá na companhia do seu fã-clube. Sirius: Sarah, você ainda ta zangada? Quase morreu, imagina a minha aflição... Você não ia poder realizar seu sonho de casar comigo! Sarah: Convencido!! É só com isso que você se preocupa? Sirius: Não. Eu fiquei preocupado de verdade. Juro. Não quero que você morra brava comigo. Sarah: Então pode ficar despreocupado. Sirius: Isso significa que você me perdoa? Sarah: Não. Significa que eu não vou morrer tão cedo. Sirius: Sarah!!! Sarah: Você precisa aprender a estabelecer prioridades nessa sua vidinha mundana, meu caro. Você se acha o máximo, Sirius, mas imagina como foi lindo e emocionante ver o meu namorado se esfregando numa mocréia cabeluda na frente do quinto ano inteiro. Sirius: Não foi culpa minha. Sarah: Claro que não. A culpa foi minha mesmo. Eu deveria por um cinto de castidade em você e colar a sua boca. Sirius: Não, não precisa! Eu prometo que vou me comportar! Sarah: Você já prometeu dez vezes. E nunca cumpre. Sirius: Dessa vez é diferente. Eu vi que podia perder você. Não sei o que aconteceria se você morresse. O Ranhoso me paga, ah, ele vai ver só com que se meteu! Sarah: Não precisa se preocupar. Eu posso cuidar dele sozinha. Eu mesma vou mostrar ao Narigudo com quantos caldeirões se faz uma boa poção. Sirius: Eu faço questão. Ele vai aparecer na minha frente... vai se ver comigo. Madame Pomfrey abriu a porta do quarto. Pomfrey: Senhorita Batland, está acordada? Quem está aí? Sirius congelou. Sarah o puxou pela capa e o empurrou pra debaixo da cama. Sarah: Ninguém, Madame Pomfrey. Eu estava recitando a revolta dos duendes em voz alta, sozinha. Adoro estudar isso, a senhora sabe. O vulto da enfermeira surgiu. Ela fez a habitual inspeção e não encontrou nada de errado. Pomfrey: Você precisa descansar. Por favor, durma. Boa noite! Sarah: Pode deixar. Boa noite, madame Pomfrey! No instante em que ouviu o barulho da porta sendo fechada, Sarah puxou Sirius. Sarah: Pode sair. Já terminou o seu discurso? Sirius: Shiii, fala baixo! Quer que ela te escute? Sarah: Não. Eu quero dormir. Sirius: Mas eu não quero que você durma. Sarah: Já ta na sua hora, você nem devia estar aqui. Sirius: Você é minha namorada, e é aqui que eu devo estar sim senhora... Sarah: Sirius, que é isso? Me solta, eu vou gri... Tarde demais. O rapaz colou seus lábios aos da namorada. Sarah tentou reagir e empurrar o garoto, mas ainda estava fraca. Foi menos cansativo ceder. Sirius sabia mesmo envolver uma garota. Quando se separaram, Sarah via estrelinhas. Sirius: Huum, acho que fui absolvido. Sarah: Não vale. Você abusou de mim. Sirius: Você não fez nada pra impedir. Sarah: Como eu ia fazer? Olha o seu tamanho. E eu estou fraca, lembra? Sirius: Não diga que você não quer, Sarah. Eu já pedi desculpas, já prometi me comportar, o que mais você quer? Sarah: Quero que você pare de dar corda às lorotas do Potter. Sirius: Tiago é meu amigo. E ele é um cara legal, você devia dar uma chance a ele. Sarah: Claro, uma chance. Chance de ver outra arara empalhada se pendurando no seu pescoço? Sirius: Eu não sabia que você era tão ciumenta. Sarah: Então é bom ir se acostumando. E não é ciúme, é precaução. Você mesmo me disse isso uma vez. Sirius: Ok, você venceu... Eu faço tudo que você quiser. Quer que eu cante? Dance? Faça piruetas? Eu faço tudo!! Sirius subiu na cama, conjurou um buquê de rosas vermelhas e, fazendo de conta que segurava um microfone, desatou a cantar com sua voz rouca um tanto desafinada. Paixão cruel desenfreada Te trago mil rosas roubadas Pra desculpar minhas mentiras Minhas mancadas Exagerado Jogado aos teus pés Eu sou mesmo exagerado Adoro um amor inventado A cada nota fora do lugar, o maroto jogava uma rosa em direção à Sarah, que não sabia se ria ou chorava diante de tal espetáculo. Eu nunca mais vou respirar Se você não me notar Eu posso até morrer de fome Se você não me amar Exagerado Jogado aos teus pés Eu sou mesmo exagerado Adoro um amor inventado Não demorou muito e Madame Pomfrey apareceu novamente, furiosa. Seus olhos chispavam em direção a Sirius Black. O rapaz voltou ao chão, deu um beijo em Sarah e entregou-lhe as últimas rosas, ficando com apenas uma nas mãos. Papoula segurou-o pelas vestes e arrastou o garoto porta afora. Sirius jogou um último beijo à namorada e entregou a rosa à Madame Pomfrey, que pareceu estarrecida. Jogado aos teus pés Com mil rosas roubadas Exagerado Eu adoro um amor inventado Jogado aos teus pés Eu sou mesmo exagerado Adoro um amor inventado Sorrindo, Almofadinhas deixou a Ala Hospitalar. E também sorrindo, Sarah pôs a cabeça no travesseiro e dormiu. *~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~* N.A.: A música Exagerado é de Cazuza. |