Thursday, September 01, 2005

Lar, doce lar

Do diário de Scott Foutley

Cheguei a estação de King’s Cross às 9:45. Cedo demais, mas foi culpa da Megan que insistiu que pegaríamos transito em Londres. Papai estava trabalhando e não pode nos acompanhar, por isso usávamos meios trouxas de locomoção com mamãe, que se recusa ate hoje a usar chaves de portal e pó de flu. Não havia transito algum, os londrinos resolveram ficar em suas camas ate tarde nesse 1º de Setembro absurdamente quente. Ao menos pra mim, pois Megan dizia que estava com frio. Paramos em frente às barreiras 9 e 10 e mamãe ficou por ali. Ela não poderia atravessar conosco. Despediu-se de nós dois, pedindo que tivéssemos juízo e escrevêssemos toda semana. Prometi manter a correspondência em dia, desde que ela me mandasse noticias também. Deixamos mamãe do lado trouxa de King’s Cross e atravessamos a barreira. O expresso de Hogwarts já estava parado lá, mas pouquíssimas pessoas circulavam pela plataforma 9½.


SF: Chegamos primeiro que o maquinista, Megan...
MF: Ai Scott, não começa a reclamar. E se tivesse transito?
SF: Pois é, não teve. Agora vou ter que ficar te olhando, porque tenho certeza de que minhas amigas não chegaram ainda.
MF: Me esquece maninho. Vou ver se alguém já chegou.
SF: É né, vou pegar um vagão. Há tantos disponíveis, da ate pra escolher...


Sai de perto de Megan entediado, deixando-a resmungando que eu era um chato. Ocupei um vagão no meio do trem, pela primeira vez em 5 anos. Arrastei meu malão vagão adentro e o larguei de qualquer jeito no chão, pois estava muito pesado e não tinha força para erguê-lo ate o compartimento no alto. Acho que dava para contar quantos alunos tinham no trem. Puxei o Semanário das Bruxas da mala e comecei a ler. Precisava me distrair de alguma forma. Ouvi vozes conhecidas no corredor. Eram as vozes de Marcus e Alucard, os únicos meninos que não implicavam comigo. Embora não me considerasse amigo deles, até que eles eram bacanas. Acenei para os dois, que retribuíram o aceno e vieram ate mim. Conversamos amenidades por uns minutos, cada um resumindo suas férias e eles saíram para reencontrar os amigos que já estavam chegando. Voltei minha atenção à revista, até ouvir outra voz familiar. Mas a dona dessa voz não me agradava muito: Monn Speaker, 5º ano da Corvinal. Melhor amiga da Sammy. Blergh. Detestava aquela garota. Nunca fui fã da criatura, muito metida. Mas só piorou quando ela bateu o pé que não me queria na banda idiota dela e das meninas, dando a vaga pra minha irmã. Ri sozinho, pensando em azarações divertidas para usar nela caso viesse me amolar. “Não Scott, controle-se. Não vá arrumar detenção antes mesmo de chegar à escola.”, disse para mim mesmo e sacudi a cabeça, espantando as idéias malucas.

Olhei pela janela e vi Yulli chegando. Até que enfim uma amiga! Deixei a preguiça de lado e voltei a batalhar com meu malão, para deixar espaço no vagão para as meninas. Nem percebi quando Yulli entrou e quase me matou do coração, berrando feito uma louca e se pendurando em meu pescoço. Senti tanta falta dela e das outras meninas. Elas não imaginavam o quanto.
Logo Alex, Louise e Sarah chegaram, mas nem conseguimos matar as saudades, porque as metidas da Yulli e da Sarah agora eram autoridades e foram se juntar aos demais mandões.

YH: Não fale assim cott! Você sabe muito bem que o lugar de monitora era pra ter sido de Louise e não meu! – reclamou ao me ouvir chama-la de metida.
LS: Eu? Que nada, Sprout disse que nunca ganharia a monitoria da Lufa-lufa porque me falta a capacidade de me comportar.
SF: Exatamente. E você quer enganar quem? Você ta adorando ter autoridade. O poder subiu a sua cabeça...
YH: Nojento... Cuidado, ou te dou uma detenção!

As duas saíram rindo da cabine e Louise tratou logo de nos inteirar no assunto do momento: o caso “Sarah e Sirius”, ou SS para não dar bandeira aos fofoqueiros de plantão. Depois de ter contado a miséria que sabia, começamos a dissertar:

SF: Sempre desconfiei que Sarah tivesse uma queda por ele...
AM: O que ela viu nele além dos olhos lindos, não sei...
LS: Eles são totalmente diferentes, mas os opostos se atraem.
SW: É aquela velha fabula da princesa e o plebeu. E é literalmente com uma princesa!
SF: Princesa e plebeu, Sammy? Que coisa mais ultrapassada...
LS: Não começa a implicar Scott.
SF: Imaginem o que os pais dela dirão? Vão proibir isso.
AM: Será que vão trancafiá-la numa torre? Como nos contos trouxas?
LS: Não delira Alex. Isso só acontece em conto de fadas...
SW: Mas fadas existem. Só os trouxas que não sabem e dizem que é historinha.
SF: Fadas existem, mas príncipes encantados em cavalos brancos não!

O assunto sobre fadas, príncipes e princesas se entendeu pelo resto da tarde. As teorias mais absurdas surgiam naquele vagão, fazendo a viagem correr mais depressa. Quando o assunto morreu, a distração foi deixar Louise estressada. Alex e eu soltávamos risadinhas estúpidas e cutucávamos a pobre coitada sempre que o príncipe encantado dela, como Sammy insistia em dizer apesar de meus protestos de que era uma coisa muito cafona, aparecia na porta do vagão. Na quarta cutucada Louise se estressou e passou o resto da viagem com Bob, meu gatinho que também estava deveras irritado. Acho que ele esta no cio. Uma pena o gato de Louise também ser macho...

Passado algum tempo, já sem assunto nenhum, a tia da comida apareceu na porta da cabine. Yulli e Sarah apareceram logo atrás, acho que atraídas pelo carrinho. Compramos muitos doces, e ficamos ali apenas saboreando e conversando sobre assuntos aleatórios, quando o trem começou a diminuir a velocidade, e já dava pra vermos luzes do povoado de Hogsmeade.

Quando ele finalmente parou, saltamos apressados, atropelando os novatos que cruzavam nosso caminho. Sarah e Yulli reclamaram que estávamos dificultando o trabalho delas e ouviram uma grande vaia nossa. Deixamos elas lá, com caras emburradas, e fomos atrás de uma carruagem vazia.
A insuportável da Monn cruzou nosso caminho, procurando por Sammy. Ela me olhou atravessado e eu retribui o olhar com a melhor cara de desprezo que consegui fazer. Sammy disse que ia com ela e saiu empurrando-a no meio dos alunos, antes que penas começassem a voar ali. Pegamos uma carruagem e as vaiadas logo nos alcançaram. Louise pôs a cara para fora da carruagem e me espremi ao seu lado, sentindo a brisa bater em meu rosto. Enfim, lar, doce lar.