Friday, September 23, 2005

O simulado de Adivinhação

Do diário de Louise Storm

Toda a turma de adivinhação estava parada sob o alçapão que levava à sala, esperando pela professora. Endora Berrs pôs a cabeça para fora dele, revelando sua escada, e subimos. A sala estava toda dividida em pequenas mesinhas que cabiam apenas duas pessoas em cada. O simulado seria em dupla, estava claro isso. Sarah agarrou logo meu braço, dizendo que faria dupla comigo. Adorava fazer dupla com ela em adivinhação, era extremamente divertido. Scott grudou em Sam, Yulli sentou-se com Alex e Monn fez dupla com Agatha. Só os sortudos do Mark e do Alucard não faziam essa aula e estavam dispensados do simulado. A professora ordenou que nos sentássemos e começou a explicar como seria. Primeiro veríamos o orbe. Teríamos 20 minutos para descrever o que aparecia nele, 10 minutos para cada um. Passado o orbe, leríamos borras de chá e também teríamos 20 minutos para isso. Para finalizar, Cartomancia. Teríamos que ler umas cartas de um baralho doido que só havíamos estudado em duas aulas e não havíamos entendido patavinas.

Endora imitou o som de uma sirene, anunciando o inicio do simulado, e a turma explodiu em gargalhadas. Eu não gostava de adivinhação, mas admitia que essa professora era uma figura. Quando os risos cessaram, começamos a nos concentrar no orbe. Perdemos 10 minutos olhando para ele, não vendo nada alem de fumaça.

EB: Preciso que me digam o que vêem meninas.
SB: Ok. Eu to vendo algo... Tem uma machinha aqui na mesa, acho que derrubaram uma vela nela.
EB: Sim, mas concentre-se no orbe minha querida, o que vê no orbe?
SB: Fumaça. Nevoeiro talvez. Será que vai chover?
LS: Não é nada disso, provavelmente alguém vai morrer. Um fumante, possivelmente.
EB: Sim, sim srtª. Storm, sinto que vê algo. Relate-me o que vê. Você enxerga a aparência dessa pessoa?
LS: Aaah, ok... Um fumante deve morrer... Ele parece ser magro, um pouco alto, usa um bigode ridículo que mais parece que ele engoliu um passarinho e deixou só o rabo de fora... Acho que ele só tem mais uns meses de vida.
EB: Muito bem, excelente. Vou avaliar outra mesa agora.
SB: Você viu mesmo isso tudo ai? – Sarah arrancou o orbe do suporte e começou a girá-lo no alto, tentando ver algo.
LS: Claro que não, só descrevi meu tio Alfred. Foi o único fumante que me veio à cabeça.

Começamos a rir e ninguém viu mais nada no orbe. Endora mais uma vez imitou uma sirene, indicando que deveríamos guardar os orbes e pegarmos as xícaras de chá. Essa ao menos daria pra ver qualquer mancha da borra e interpretar algo. O chá era amargo e engoli tudo de uma vez. Esperei Sarah beber o dela e comecei a examinar sua borra. Como de costume, o desenho não fazia sentido algum.

LS: Vamos lá. Isso parece ser... Uma borra de chá.
SB: Mas que coincidência, o seu também se parece uma borra de chá. Será que nossos destinos estão ligados?
LS: Sim, duelaremos ate a morte num futuro não muito distante.
SB: Ou, menos trágico, você será madrinha do meu casamento! Anda logo, o que é o desenho no meu?
LS: O seu se parece com um tapete peludo, mas se virar assim parece o sinistro... Espera, não é o sinistro. É um vira-lata sem dona!
SB: Ei! Esse vira-lata tem dona viu? – falou rindo, arrancando a xícara da minha mão. – Mas o seu é parecido com o meu, Lou. Mais uma coincidência...
LS: E o que é o meu? – falei curiosa, esticando o pescoço para ver dentro da minha xícara na mão dela.
SB: É um lobo carente, auuuuuuuu

Sarah desatou a uivar na sala, desencadeando um ataque de risos na nossa mesa. Eu mantinha quase o punho inteiro na boca, tentando conter a gargalhada, mas não estava obtendo sucesso. Já ela nem tentou conter o riso, o que chamou a atenção de toda a turma. Sam olhava com cara de desanimo para nossa mesa. Como ela fazia dupla com Scott e ele adorava a matéria, significava que seria um simulado sem piadinhas. Dessa vez Endora não foi ate nossa mesa nos avaliar mais detalhadamente, o que foi um alívio. Não estávamos conseguindo parar de rir. A sirene disparou mais uma vez e a professora distribuiu o baralho nas mesas. Embaralhamos as cartas na mesa, como se jogássemos um jogo trouxa chamado buraco. Sarah ate tentou tirar as cartas pra mim, mas não entendia o que elas significavam. A carta que saiu foi a da morte, mas essa não significava de fato a morte. Segundo o livro, era algo como mudança, transformação imediata. Já estávamos ficando confusas com os significados trocados das benditas cartas. Resolvi tentar e tirei pra ela a carta do Imperador, que significava algo como vida eterna, e lutar pelo progresso. Sarah fez uma careta confusa e vendo que a minha não era diferente, desistimos do baralho. A professora dessa vez foi nos avaliar e repetimos as conclusões confusas das duas cartas que tiramos e Endora nos explicou com uma interpretação teatral. Por fim, associamos números às cartas e começamos uma animada partida de buraco. Quando a sirene tocou pela 4ª vez, indicando finalmente o fim do simulado, Sarah me devia três galeões por perder no jogo. Vantagens de ser parte trouxa...

LS: Acha que vamos passar nos NOMs de adivinhação?
SB: Essa previsão eu sei fazer: Vamos ser reprovadas, com mérito!
LS: Mas pensa pelo lado positivo: não teremos que fazer essa aula ano que vem!

Saímos da sala ainda rindo do total desastre que foi o simulado, nos juntando a nossos amigos. Os únicos que pareciam contentes eram Scott e Agatha, pois os demais tinham expressões desapontadas. Como se não bastasse o fiasco do simulado de História da Magia naquela manha e a bagunça desse, os próximos seriam Trato, Astronomia, Transfiguração e Poções... Pelo menos teríamos o fim de semana para estudar.