Tuesday, September 06, 2005

Perseguição e Premonição

Do diário de Scott Foutley


Todos os quintanistas estão dizendo que esse ano tudo vai ser diferente, mas pra mim ta diferente em outros aspectos. Ganhei uma fã. É, uma fã. Tem uma menina do 4º ano da Grifinória que resolveu me perseguir. Se não me falha a memória, seu nome é Hilary. Ela parece ter decorado meus horários, pois do nada ela surge na minha frente, como se tivesse acabado de aparatar, piscando sinistramente com aquelas enormes pestanas. Ela não é feia, muito pelo contrario, é muito bonita. Mas já ta começando a me assustar. Mas esquecendo ela um pouco, quinta-feira era meu dia favorito, pois tinha aula de Adivinhação. Só não é melhor porque antes de rever minha mestra, teria aula de Trato de Criaturas Mágicas. Não suporto essa aula, não sou muito chegado a bichos asquerosos. De animal, só o meu gato. Mas ao menos a aula seria com a Lufa-lufa.

Passamos a aula toda de papo, eu tentando me esquivar das tarefas pedidas pelo professor Kettleburn. Imagina que ele queria que eu colocasse minha mão numa arvore suspeita e tirar de lá, com sorte, um tronquilho. Deixei que Mark pegasse o bicho na arvore e me encarreguei de lhe dar de comer. Louise parecia querer me falar algo, mas não conseguia. Era constantemente interrompida pelo tronquilho rebelde. Precisava conversar com ela também, mas na aula seguinte seria difícil, tinha que prestar atenção. Saímos daquele gramado imundo e nos dirigimos para a torre norte. Minha querida mestra Endora já estava lá, nos esperando sorrindo. Abracei-a imediatamente e ela disse que sentiu minha falta, que eu era seu aluno predileto. Os outros começaram a chegar e me sentei bem na frente. Infelizmente foi sozinho, pois as meninas se recusam a sentar na frente nessa aula e ficaram lá no fundo da sala. Acabei me sentando com duas meninas da Grifinória cujos nomes nem desconfio quais sejam. Revisamos o orbe naquela 1ª aula. Dava para ouvir minhas amigas rirem no fundão. Com certeza debochavam da revisão e faziam piadinhas a respeito da mesma. Mas eu não ligo, gosto mesmo da matéria. Louise diz que eu tenho o dom de ler pensamentos, mas eu já acho que ela é doida. Eu saberia se possuísse esse poder.

Fiquei na torre conversando com a professora depois da aula e as meninas desceram. Quando ia saindo sozinho, quem eu encontro? Um sapo de chocolate pra quem falou Hilary. A própria, minha sombra, estacionada no pé da escada da torre, as pestanas piscando descontroladamente. Tive a impressão de que iriam saltar do rosto dela. Tentei me desvencilhar da criatura, mas me pareceu que ela iria correr se eu corresse. Acabei desistindo e fui pro salão comunal, pulando o jantar. Ela se enterrou no sofá do meu lado, abraçada numa almofada. Por sorte, boa parte dos grifinórios circulavam por lá, o que me deu a desculpa de sempre ir falar com alguém, evitando-a. por umas 3 vezes ela puxou assunto, mas não me estendi, eles sempre terminavam me lembrando o quanto ela era chata e fresca.

Já eram quase 20:30 quando decidi sair para procurar Louise. Estava me roendo de curiosidade para saber o que ela tinha pra me dizer e também para conversar um pouco sobre algumas coisas que estavam acontecendo. Encontrei-a chegando à Grifinória quando ia saindo e fomos caminhando pelos corredores, conversando. Contei minhas coisas e quis bater nela ao ouvir que deixou a chance de conversar com o Remo escapar. Eu juro que não sei o que ela vê naquele garoto, mas ela gosta mesmo dele, então aprovo e ajudo no que posso. Num determinado momento, ele apareceu onde estávamos e se juntou a nós dois no papo. Tive a impressão de que ele não apareceu ali por acaso e confirmei a suspeita quando resolvi sair de fininho de perto deles. Sabe quando você se pergunta “será que sentiriam minha falta aqui?”. É, eu não fiz falta, pois ambos não perceberam quando comecei a caminhar lentamente de costas, ate sumir pela porta do saguão.
Não sabia do final da conversa deles ate agora pouco, quando Louise me abordou no corredor, batendo em mim com seus livros.

LS: Cachorro!
SF: Cachorro é com a Sarah
LS: Você me largou lá sozinha!
SF: Olha pra minha cara e diz se ela se parece com um castiçal?
LS: Quando você saiu, que não vimos?
SF: Com 5 minutos de papo. Vocês estavam tão concentrados se babando que nem perceberam que sai.
LS: Não fala assim. Não tava babando ninguém!
SF: Ah meu amor, quer enganar a mim? Tava com receio de me afogar se ficasse ali mais tempo. Mas conta... Beijou ao menos?
LS: Que nada... Quando tava tomando coragem, Yulli, Mark e Alex surgiram sabe Merlin de onde e me arrastaram pra longe dele.
SF: O QUE? MAS POR QUE ELES FIZERAM ISSO?
LS: Queriam que eu aproveitasse a festa que tava tendo na Lufa-lufa.
SF: Bando de empatas! Deixei você lá numa bandeja pro coisa e eles levam ela de volta pra cozinha...
LS: Que sutil o seu modo de se referir a mim... Mas deixa isso pra lá, já era.
SF: Já era não. Agora é questão de honra você pegar esse garoto!
LS: Scott, fala baixo!

Olhei a minha volta e algumas pessoas estavam paradas, prestando atenção. Enxotei-as e saímos rindo do corredor. Não estava acreditando no que aqueles três lesados fizeram. Ia bater nas duas assim que as visse. Tanto trabalho pra fazer a Louise tomar coragem e elas empatam? Ah não, assim não dá!