Monday, September 12, 2005

Tortura Mental

Do diário de Agatha Becker Carrara


Já haviam se passado alguns dias do meu encontro com o Amos, mas mesmo assim eu não estava mais conseguindo voltar à ficar sossegada. Hoje na aula de Adivinhação aconteceu uma coisa interessante, bem no meio da aula, onde eu estava observando a bola de cristal, ao invés de ver algo naquela fumaceira toda, eu ouvi uma voz bem baixinha sussurrando no meu ouvido. Nesse momento dei um berro alto, e todos olharam para a minha cara, assustados... A Lou e a Sarah, que estavam sentadas na mesa ao lado da minha olharam impressionadas, e a Monn quase deu um pulo da cadeira com o susto, mas eu já as tranqüilizei, dizendo que estava tudo bem. A voz dizia para “eu ficar calma pois tudo iria acabar bem”.

Tudo? Tudo o que?? Será que isso tem a ver com os meus sonhos? Será que tem a ver com o aluno sendo levado pelos comensais? (ai, Merlin... não gosto de lembrar disso). Bom, isso só serviu para piorar o meu estado. Sem pensar duas vezes, fui até a professora Endora, e expliquei somente o que tinha ouvido. Ela me respondeu que, para uma pessoa que tinha o dom da adivinhação, era normal ouvir esses tipos de vozes, e era para eu me acostumar pois isso iria ocorrer várias vezes, e sempre que acontecesse, era para eu confiar, relaxar e seguir o meu coração para achar a resposta. Bom, depois que eu conversei com ela, eu consegui ficar mais calma, pois tudo o que ela disse faz sentido.

Mas agora à noite, voltei a ficar aflita, pois eu não posso conversar com absolutamente ninguém sobre isso, e eu me sinto muito mal, e com o coração muito apertado... Não vi mais o meu irmão Perseu depois desse meu sonho, e o Amos disse que ele seria essencial aqui em Hogwarts. Mas não estou tão preocupada, pois eu sei que a qualquer momento ele está de volta.

Está muito difícil ter que disfarçar esse nervoso, pois sou muito transparente. A Monny tem notado que eu ando diferente, mas eu disse que era porque eu andava estudando muito para os NOM's e estava estressada, e eu acho que depois dessa ela entendeu. Realmente eu ando estudando muito para os NOM's... outra coisa que está me deixando de cabelo em pé. Fiquei aflita por dizer isso, mas na verdade eu não menti para minha amiga, só omiti o resto dessas 'novidades'.

Tudo por causa do juramento que eu fiz ao Amos, tudo porque ele me pediu para jurar que eu confiasse nele e que era para manter tudo em sigilo absoluto. Por um lado até que eu o entendo, pois é um assunto muito sério e perigoso de se comentar aqui em Hogwarts. Mas, não poder confidenciar todos estes mistérios nem para a minha amiga já é um sacrilégio... Tentei conversar com ele no intervalo, dizendo que eu não agüentava mais tanta expectativa, mas ele olhou para mim preocupado e disse que ele me entendia perfeitamente, mas por segurança me chamaria em outra hora mais apropriada.

Ficar 24 horas calada está me deixando muito aflita e impaciente com qualquer coisa que me acontece. Eu preciso desabafar com alguém!!!

Como eu sabia que não ia conseguir dormir mais essa noite com todas essas caraminholas na cabeça, resolvi pegar o Elvis e descer para a sala comunal... Sentei na poltrona da lareira, puz o Elvis no meu colo e deixei levar pelos meus pensamentos... Lembrei da querida Sra. Janis, uma velha bruxa amiga que considero a minha segunda mãe... Sempre foi uma grande amiga, conselheira e mestra, que me ajudou a trabalhar o meu dom adivinhatório e descobrir o lado invisível, além de me ensinar a tradição da Lua e do Sol. Era ela quem eu mais precisava, eu sei que ela iria me entender. Me distraí olhando a lareira acesa, acariciando meu gato manhoso, até que de repente achei que estava ficando maluca, pois eu vi a cabeça da Sra. Janis aparecer na lareira! O Elvis pulou do meu colo e correu para o dormitório, fechei e abri os olhos para confirmar se o que eu estava vendo era real. Era ela mesmo, ali me visitando no meio da noite, na lareira da sala comunal da Sonserina.

SJ: Oi minha querida, que saudades da minha pequena vidente!! Será que eu estou certa de que algo muito sério te aflige?

AC: Sra. Janis!!! Puxa, mas como a senhora adivinhou??

SJ: Ah, minha querida, você sabe que eu sempre sei quando você está com seu coraçãozinho aflito. Senti que nestes últimos dias você não anda muito bem, e hoje eu percebi que eu estava certa, vendo você lembrando de mim através da minha bola de cristal... Me conta o que houve, minha querida!

Foi então que eu finalmente tive alguém em que pude desabafar com segurança. A Sra. Janis me ouviu pacientemente sob um olhar atencioso e apreensivo, e assim que eu terminei ela me questionou docemente:

SJ: Então esse seu amigo Amos sabe quem é o aluno que os comensais irão levar?

AC: Sim, Sra. Janis... ele sabe. Ele não quis me contar quem era, por que ele fez isso?

SJ: É de se compreender, minha filha... Fique calma, que tudo tem o seu tempo certo. Agora eu preciso ir. Fique na paz, e tente se acalmar sempre que o medo te atingir. Segure bem firme no amuleto, faça uma prece e tudo se resolverá. Lembre-se sempre disso.

Foi então que a Sra. Janis desapareceu da lareira, e o ponto de interrogação aumentou mais ainda em minha cabeça. Ela disse a mesma coisa que o Amos disse, “tudo tem o seu tempo”. Por Merlin, o que eu faço agora?