Saturday, October 29, 2005 Dia das bruxas agitado Do diário de Alex McGregor Estava difícil superar a derrota para a Sonserina. Ainda mais com aquele saco de graxa como artilheiro. Apesar de cairmos de pau em cima dele e ele apanhar bastante, ainda tenho vontade de afogá-lo no lago, mas a lula gigante é inocente coitadinha, não merece sofrer indigestão. E o cheiro? Demorei um tempão pra tirar aquele cheiro de óleo de peixaria barata da minha mão. Recebi outras cartas do mascarado e as devolvi. A coruja em todas às vezes me olhou indignada, mas acatava minha ordem. Mas assim que ela alçava vôo, eu me arrependia. Continuei a observar o salão comunal durante as refeições, mas ninguém, dava sinais de ser "ele". Ok, eu sei que ele não ficaria com uma placa e luzes pisca-pisca em volta da cabeça, mas sei lá... Ninguém me olhava "diferente". Apesar de ser dia das bruxas, o dia de aulas foi normal, e a novidade deste ano seria a festa organizada pelo grêmio, e a Monn estava super animada. Num dos intervalos de aula, Fábio se aproximou: FP - Oi, baby. - me deu um beijo e correspondi friamente. AM - Oi. FP - Vamos ficar na festa hoje ou você está com dor de cabeça? – provocou. AM-Se você for bancar o engraçadinho, acho melhor não ficarmos juntos. - disse seca. Ele arregalou os olhos e mudou de atitude: FP - Você anda muito irritada. É por causa do jogo ainda? AM - Um pouco. - menti. FP - Amor não liga... Vocês foram ótimos, você foi fantástica. Haverá outros jogos. AM – Odiei ser roubada, Fábio, e o pior: perder pontos da minha casa. Espera... Espera que eles vão aprontar com vocês... FP - Imagina se teriam coragem de fazer isto conosco. AM-E porque não fariam? Vocês são melhores do que a gente em quê? O maior erro dele foi hesitar em dar a resposta. AM -Melhor não dizer nada. – avisei e ele optou por ficar calado. Voltamos para o castelo e assistimos o restante das aulas do dia. Logo que terminaram as aulas, fui ao dormitório largar minhas coisas e me aprontar para a festa. Louise estava tensa, mas bastou olhar para o calendário mágico que temos atrás da porta do quarto, para entender seu nervosismo. Noite de lua cheia. Desci ao salão lufano e Fábio já estava a postos. De lá fomos para o salão principal e Monn havia caprichado na decoração e na animação: ela contratou cervejeiros e wiskeiros, que traduzindo são: rapazes lindos demais, servindo drinks para as meninas durante sua dança para lá de sensual. Claro, que eu disse UAU, e o Fábio olhou feio, mas se tivessem posto garotas dançando e servindo bebida aposto cinco galeões, que todos os caras estariam lá babando. Quando Fábio quis protestar dizendo que aquilo era uma sem vergonhice, olhei feio e disse: AM-Nós mulheres temos tanto direito quantos os homens, estamos nos anos 70, vamos evoluir por favor. - e sai andando. O jeito foi ele vir atrás de mim, bufando. Muitas abóboras iluminavam o salão, morcegos sobrevoavam de cá para lá, uma banda bem animada tocava no palco, várias mesas com comida e bebida estavam espalhados pelo salão e após comermos, fomos dançar. Por mais animada que a festa estivesse, eu ficava olhando para todos os lugares, procurando alguém, enquanto dançávamos. FP-Alex dá pra prestar atenção no que eu tô falando? - disse irritado. AM-O quê? Desculpe dá para repetir o que você disse? FP - Quem você procura? AM - Ninguém. FP - Isso é que não... Você age como se tivesse perdido alguma coisa ou alguém. AM - Impressão sua. E fomos nos sentar nos jardins. Começamos nos beijar, mas eu ficava lembrando do beijo do mascarado e não correspondia ao beijo dele direito. FP-O você tem? AM - Nada. FP - Dá para não me tratar feito um bobo? Se não quer ficar comigo hoje, diz logo. AM - Dá para me deixar em paz? Que coisa irritante. - disse. FP - Talvez, eu devesse te deixar em paz para sempre. - disse brincando. Olhei bem para ele e resolvi ser franca: AM - Eu... Acho que nós devíamos terminar. FP - Como? Eu tava brincando. - tentou me abraçar e eu me esquivei. AM-Fábio eu não consigo te amar do jeito que você merece. FP - Mas o meu amor é grande o bastante para nós dois. Você sabe disso. AM - Isso não é justo. Você merece alguém que queira dividir os seus sonhos. Ele me olhou longamente, e pude ver a compreensão se instalando em seus olhos. Disse baixo: FP - Você se apaixonou por outra pessoa não é? AM - Acho que sim. Não sei... FP-Eu conheço? AM-Não sei se você o conhece. O que sei é que não posso ficar com você, pensando em outra pessoa, mesmo que ele não queira nada comigo. FP- Podemos continuar amigos? AM-Eu gostaria muito. FP-Quer voltar para a festa? AM-Vou ficar aqui um pouco. -Enquanto ele se levantava para ir embora, eu o chamei e disse: AM-Fábio desculpa. FP-Tudo... Bem. – e voltou para a festa. Passado algum tempo, resolvi ir para o salão da Lufa dobrei rápido um corredor, e dei uma trombada com um muro e quase fui ao chão: -Cuidado. - disse um par de mãos fortes me segurando. AM-Kyle, você aqui?Veio só?- estava espantada e feliz ao mesmo tempo, enquanto o abraçava. KM-Viemos trazer algumas mensagens do Ministério para o diretor, e como tá rolando uma festa ele perguntou se gostaríamos de ficar. Sergei já se enturmou com umas garotas no salão e eu comecei a te procurar pelo castelo. - explicou. AM-Você deve querer voltar para a festa não? KM-Só se você quiser. - deu de ombros. Enquanto andávamos de volta para a festa, demos de cara com Fábio aos beijos com uma garota, num corredor. KM - Aquele garoto não é o seu namorado? AM - Rompemos. - e voltei pelo mesmo caminho. KM - Você deve estar chateada... AM - Não. KM -Tive uma idéia: Vamos passar pela cozinha, pegar algumas coisas e arranjar um canto para nós? Tô morrendo de fome. - sugeriu. AM - Adorei. Pegamos uma cesta cheia de coisas gostosas na cozinha e fomos para a torre de Astronomia, de onde podíamos ver todo o castelo. Kyle conjurou um cobertor para nos sentarmos e depois que ele comeu bastante, começamos a conversar: KM- Selene, você está diferente. - disse depois de algum tempo. AM-Como diferente? Cresceram chifres em minha cabeça? - brinquei, enquanto bebia minha cerveja amanteigada. KM- Você sabe que não é isso. Porque você terminou com o garoto? AM-O nome dele é Fábio. E terminei porque não o amava. Tive a impressão que Kyle tinha um ar de triunfo no rosto. KM-E você sabe o que é o amor? AM - Talvez... Mas tenho certeza que não é esta indiferença que senti quando o vi beijando outra garota. Está cansado? Perguntei notando seus olhos cansados. KM - Um pouco. Comi demais. AM - Vem cá. - e o puxei para que se deitasse em meu colo. KM - Não. Sou pesado demais para você, venha cá. - encostou-se na parede e me puxou para que eu ficasse encostada nele. AM - Kyle... Está namorando alguém? - a pergunta me escapou. KM - Não. AM - Não gosta de ninguém? - virei meu rosto para ele e estávamos tão perto que podia ver sua íris aumentada. KM - Eu a adoro. - ele disse rouco. Não gostei do que ouvi e senti uma pontada no peito pela resposta. Do nada meus olhos brilharam cheios de lágrimas. KM-O que foi? - disse preocupado. AM - Nada... Talvez eu esteja triste pelo Fábio. - dei uma desculpa, e me virei. Ele me abraçou mais forte enquanto eu segurava as lágrimas, olhando para a lua. Claro que não tinha nada a ver com o Fábio, mas saber que Kyle ama tanto alguém, me deixou um pouco abalada. Droga... Que inveja que eu tenho desta garota... |