Tuesday, October 11, 2005

Guerra dos Botões

Do diário de Louise Storm

Depois de um cansativo e sufocante dia de aula, fui com Scott para os jardins tentar fazer os deveres atrasados e estudar um pouco, já que não tinha mais mesa vazia na biblioteca. Como de costume, não fizemos nem 1/3 dos deveres e iniciamos um bate-papo animado sobre todos os tipos de assunto, desde que eles passassem longe da matéria que jazia na grama. Scott começou a me relatar animado os bastidores dos concertos trouxas que ia com sua mãe quando vi uma sombra parada a nossa frente.

LS: Ah, você. Bem que senti respingar óleo nas minhas vestes. – falei ao ver Severo Snape plantado no gramado.
SF: Você se incomoda de nos dar licença? Alem de estar atrapalhando o papo, ta bloqueando o sol.

Snape não respondeu. Apenas nos lançou um olhar de nojo, como se fossemos dois vermes. Tenho certeza que se ele fosse um dragão, já estaríamos chamuscados.

LS: Vai sair por livre e espontânea vontade ou vamos ter que chamar um guincho?
SF: Acho que ele não sabe o que é guincho, Lou...
SS: Sei perfeitamente o que é um guincho, frutinha!

Scott se levantou de um salto, a varinha em punho apontada para o peito do seboso. Levantei-me também sacando a minha e me posicionando ao lado do meu amigo. Snape enfiou a mão no bolso, mas não puxou sua varinha. Acho que estava esperando o momento certo ou ficou com receio de reagirmos assim que ele sacasse a dele.

SF: Retire o que disse.
SS: Se mordeu Foutley?
LS: Retire o que disse ou vai se arrepender.
SS: E o que os dois vão fazer? Não estou vendo a gangue completa por perto e muito menos seu namoradinho maroto patético pra te defender.
LS: Não preciso dele pra me defender, posso muito bem te envergonhar sozinha.
SS: Veremos!

Snape puxou a varinha das vestes antes que pudéssemos perceber e lançou um feitiço que não conhecia. Mas Scott também foi rápido e gritou protego, bloqueando-o. O que quer que ele tenha lançado rebateu com tanta força no escudo de Scott que voltou para ele, arremessando-o a alguns metros de distancia. Corremos a tempo de vê-lo lutando com as vestes que embolaram em seu rosto branquelo. Snape levantou furioso, mas antes que pudesse pensar em tentar nos atingir de novo, usei o impedimenta, fazendo-o cair feito uma tábua no chão outra vez.

SF: O que faremos com ele?
LS: Não sei... Não gosto de desperdiçar minhas melhores peças com ele sem o pessoal, vamos ver uma mais levinha...

Snape tentava se mexer desesperadamente. Dava para ler em seus olhos negros e frios que se pudesse e não fosse mandado para Azbakan por isso, nos lançaria um Avada Kedavra. Scott puxou do bolso da mochila uma pena e um tinteiro. Olhei para ele intrigada, mas logo compreendi.

SF: Deu vontade de transformá-lo em um rabisco humano, topas?
LS: E você ainda pergunta? Mas não com essa tinta comum, vamos usar esse aqui que comprei sábado na Zonko’s, é tinta ultra-resistente, longo prazo. Só sai depois de três dias. Isso se a pessoa esfregar com muita força sem descanso, obviamente.

Molhamos cuidadosamente as penas na tinta laranja e começamos a trabalhar. Scott incorporou o Leonardo da Vinci e fez desenhos mirabolantes no rosto do sebex. Eu me contive e desenhei apenas um bigode de português e reforcei suas sobrancelhas, pois Scott disse que estavam com falhas e era feio. Quando terminamos, puxei um canivete da mochila. Vi os olhos de Snape se arregalarem e atingirem o tamanho de um balaço.

SF: Calma cortina de óleo, ela não vai te matar.
LS: Sim, não vale a pena ser mandada pra Azkaban por assassinar você...

Arregacei as mangas e me aproximei dele. Mesmo Scott tendo dito que eu não o mataria, acho que ele ainda não estava acreditando. Puxei suas vestes para perto e comecei a cortar os botões dela, deixando somente o que segurava as calças. Não queria ver nada que me fizesse passar mal. Os olhos dele corriam de um lado para o outro, acompanhando o canivete, uma expressão que misturava incredulidade e incompreensão estavam estampadas na cara feia.

LS: Nova lei, seboso.
SF: Cada vez que pegarmos você, vamos levar seus botões como troféu.
LS: Sim, nossa meta é ate o fim do ano ter o suficiente para vestir Hogwarts inteira.
SF: Creio que não será difícil atingir essa meta.
LS: Nem um pouco. Vamos embora, acho que vai chover...

Scott lançou o feitiço do corpo preso nele, só para garantir que não levantaria antes do tempo, e seguimos para dentro do castelo com as mochilas nas costas, deixando ele estirado lá no chão parecendo ter saído de um gibi trouxa.