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Do diário de Lady Katrina

Esse castelo realmente me surpreende mais a cada dia. O povo daqui é meio desnorteado! Deve ter algum desvio de verbas ou será que teria outro motivo pra bibliotecária também dar plantão na enfermaria?
Passou-se o enterro de Jack, fiquei mal por alguns dias e resolvi levantar minha vida adiante, sem olhar pra trás.
Outubro então começou, e eu tinha a festinha da Louise na Lufa-lufa. Resolvi que não iria. Não estava animada para festinhas, então desci pro Salão Comunal, decidida a estudar para as provas que se aproximavam. Peguei minhas anotações e meus livros... Pessoas passavam por mim animadas, rumo à festa. Enfeiticei uma pequena vitrola e improvisei um projeto de música.
Um repentino vento soprou e derrubou algumas folhas. Senti um calafrio e levantei-me para apanhá-las. Alguns primeiranistas pareciam decididos a pisar nas minhas anotações e ignoravam meus gritos. Alguma alma bondosa se abaixou e começou a me ajudar. Fui pegar a última folha e fizemos isso ao mesmo tempo. Nossas mãos se tocaram e foi quando olhei para o tal estranho para agradecer.

Davies: Acho que ainda não fomos devidamente apresentados! Davies, e dessa vez, o prazer é todo meu.

Olhei-o de cima a baixo. Esse monumento estava atrás de mim e eu chorando pelo Jack, que até morrer só tinha me feito sofrer e nunca, ao menos, me deu bom dia? Pela primeira vez realmente reparei nele. Na primeira vez que nos vimos a pancada na minha cabeça não me permitiu reparar direito. UAU! Na hora mudei de idéia sobre a festa, e me produzi pra ir!
Passados todos os vexames do tipo Hilary correndo atrás do Scott e Monn cantando, pude aproveitar um pouco. Tentei me vingar da Hilary e ir colocando obstáculos na frente dela, enquanto ela procurava Scott usando uns feitiços que vi Jack fazer. E ela é tão burra que nem reparou que não é comum cadeiras e escrivaninhas aparecerem no meio do Salão enquanto pessoas dançam. Tocavam músicas realmente legais. Foi quando alguém resolveu colocar músicas lentas. Como eu não tinha um par, me aproximei da janela e me sentei por lá. Olhei para a floresta e me lembrei do Jack. Queria não ter sido covarde e infantil e ter dito o quanto gostava dele quando pude. Agora já era tarde. Eu sei que de nada adiantaria, já que acho que ele nunca gostou de mim, mas pelo menos eu teria a certeza de que tentei. Começou a tocar uma música que eu gostava muito e não pude conter as lágrimas. Fiquei aonde ninguém pudesse me ver chorar. Passei pelo Diggory, que deu um passo na minha direção, mas recuou quando notou o olhar de censura daquela sua namoradinha e recordou de alguns outros acontecimentos.

"Mais um dia vem chegando e passo as horas a contar quanto tempo
se passou desde que você se foi...
passo as mãos pelos cabelos procurando um sinal..
de que esta longa viajem está chegando á um final...

Mas eu não sei como chegar
até vc já não posso esperar
esta ilusão que me deixou...preso em você
vai buscar a minha paz..que eu perdi a muito tempo atrás...
já não posso mais viver...viver se não for com você"

A música tocava quando Davies se aproximou de mim, me olhou nos olhos e disse com a voz mais meiga e carinhosa que já ouvi:

Davies: Queria que tivesse sido eu ao invés desse Jack, porque pelo menos agora ele estaria aqui e talvez por um segundo, eu poderia te ver com um sorriso no rosto...
LK: Não diz isso! Por favor...

Eu não pude terminar a frase. Começou a tocar uma outra música que eu também gosto muito, e ele enxugou minhas lágrimas delicadamente e então me beijou. Sorri meio sem graça, não sabia o que fazer...

"Aconteceu tão de repente
Me senti tão diferente
Depois daquele olhar

Tudo em minha volta escureceu
Eu só pude ouvir aquela voz
Não queria mais voltar

A sua aparição me dá
Calafrios, fico sem pensar
Não consigo nem respirar

Eu quero o brilho desse olhar
Se for preciso vou buscar
Até no fundo do mar"

Hilary se aproximou da gente, sem perceber o que estava acontecendo e com a voz estridente e esganiçada de sempre, e disse algo que não entendi, só entendi algo como: o Scott, e blá blá blá... Não queria ouvir o que ela tinha a dizer e na verdade acho que o alto teor de uísque de fogo no sangue dela ajudou a tornar a frase impossível de se entender. Quase caí com o bafo dela. Fiquei bêbada só com o bafo daquela garota que parecia prestes a tirar a roupa pra ver se o Scott olhava pra ela. Me despedi de Davies para levar a Hilary para a cama porque a menina estava realmente mal. Ele já foi se levantando também e dizendo que fazia questão de me acompanhar. Depois de deixar Hilary, fui para a Corvinal, e quando subia pro meu dormitório ele me deu um beijo no rosto e sussurrou:

Davies: Você sorriu! Isso é um bom começo...
LK: E espero que não esteja próximo de um final...
Dormi com a cabeça nas nuvens. Pela primeira vez desde a morte de Jack, não acordei durante a noite a noite chorando e gritando por ele... Fiquei pensando: Talvez Hogwarts não fosse tão patética quanto imaginei... Os outros dias que se seguiram passaram sem nenhuma novidade. Não tive tempo de vim te relatar da festa antes, mas, antes tarde do que nunca, não é?

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As letras citadas no texto, são das músicas "Minha Paz" e "Depois daquele olhar", da banda Mr.Gyn...