Monday, October 03, 2005

Quem mandou encher a cara?

Do diário de Yulli Atormentada

Acordei hoje, sabe Merlim como... A cabeça pesada, os olhos vermelhos, o mundo girando, e eu ainda querendo vomitar só de lembrar do cheiro do whisky. O dormitório ainda estava sendo povoado por Louise e Alex. Louise estava procurando suas vestes com um sorriso triunfal, e Alex escrevia algo com os dedos no ar.

Sentei na cama, segurando a cabeça com os braços, porque tinha impressão de que ela ia cair do pescoço direto pra minha mão, e encarei as duas, que me olhavam com a mesma expressão de minha mãe: você ainda vive? Tem certeza que está bem?

YH: Bom dia, meninas... Tudo bem?

LS: Não poderia estar melhor!

AM: Um pouco tonta, mas nada demais...

Levantei da cama e fui até a janela, mas tinha uma coisa muito, muito errada. Meu braço estava com um roxo imenso, aliás, roxo-esverdeado, e estava doendo. Fiquei ali me perguntando de onde tinha originado aquilo, porque, que me lembre, não tinha sido espancada. Se bem que essa expressão “que me lembre” não está valendo, uma vez que me lembrava de poucos acontecimentos de ontem. Aquele hematoma não poderia simplesmente ter brotado do chão e ter sido grudado no meu braço não é?

Olhei para as minhas amigas, intrigada, e perguntei se elas tinham uma mera noção do que tinha acontecido. Louise deu uma risadinha de canto e disse:

LS: Isso aí foi quando você estava dançando com o Scott, os dois começaram a rodar e caíram. Acho que ele bateu a cabeça e você bateu o braço na mesa.

YH: Como assim, nós caímos? Em frente de todo mundo?

AM: Ah, se isso fosse o pior amiga...

Nossa, imagina a minha cara de idiota. Tinha caído na frente de todo mundo, não lembrava de nada, tinha um hematoma gigante e dolorido no braço e descobri que isso não tinha sido nada, perto do que veio depois... Por favor, diário, na próxima vez que falar que vou a uma festa, me lembre que não posso beber, ta?

Sentei na cama, de frente pra elas e pedi que me contassem tudo, sem nenhuma omissão. Fiquei sabendo de cada absurdo que falei... Merlim, como uma pessoa pode ficar tão retardada bêbada como eu? O Scott pode, mas acho que adquiriu isso com a convivência. Até achar que eu estava brincando de pique-esconde trouxa, eu achei. A última coisa que lembro, foi minha visão toda escurecendo, eu não sei onde eu estava... Louise disse que fiquei acordada até o final, e que ela me ajudou a subir pro dormitório, onde eu deitei bem consciente na cama e dormi. Bom, já que ela insiste...

LS: Ai, McGonagall e Sprout apareceram e, McGonagall começou o monólogo sobre a falta de respeito, que isso era ato de pura irresponsabilidade e falta de ética, e depois disso todos voltaram pra suas casas e dormiram.

Choquei, aliás, preciso de uma mandrágora pra voltar ao normal! Minerva, a escocesa séria, me viu bêbada e com cara de bocó apontando pro lustre e sorrindo. E o exemplo que eu tinha que dar para os outros alunos, afinal, eu era monitora! E se ela começar com vigilância de cão em cima da gente e tivermos que nos despedir das nossas festas? Ah, não, isso não, por favor! Qualquer coisa, mas ficar sem festa nessa escola é tortura, tiro no pé, suicídio dos piores!

Depois de ficar sabendo de tudo da noite anterior, resolvi ir tomar um banho gelado e um café, aliás, um pó de café com alguns mililitros de água. Quando estava no Salão Comunal, Scott veio à minha direção, com uma bolsa térmica na cabeça, dizendo que o tombo fez um galo gigante, e que a cabeça dele ia explodir a qualquer momento. Sentamos à mesa, sem falar muito, afinal, quem mandou encher a cara? Agora, agüenta a ressaca e caladinha! Yakute, minha coruja, entrou e pousou um pequeno pergaminho na minha frente...

“Senhorita Hakuna,

Devido sua participação na brincadeira de mau gosto feita com os sonserinos, informo-lhe que cumprirá uma detenção, nessa quarta-feira. Portanto, esteja às 17:30 pronta no Campo de Quadribol, onde enviarei um monitor para explicar o deve ser feito. Que isso não se repita mais.

Profª Minerva McGonagall”

Dá pra acreditar na minha sorte? Além de estar tonta e morrendo de dor de cabeça, ainda teria que cumprir uma detenção injusta. Hunf... Não é brinquedo não!