Sunday, October 02, 2005

Surpresas de aniversário – Parte II

Do diário de Louise Storm


Perdi a noção do tempo. Não sabia nem mais onde estava. O beijo parecia durar uma eternidade e tudo a minha volta perdera o som. Não ouvia nada, apenas nossas respirações fortes, ofegantes. Se não estivesse surda teria reparado a gritaria que se iniciou quando ele me puxou pra junto dele. As meninas e Scott faziam uma verdadeira algazarra. Não era bem assim que tinha em mente me entender com ele, imaginava menos platéia... Mas isso não importava, nem um pouco. Quando o beijo terminou, ouvi os gritinhos histéricos dos meus amigos. Gritos os quais eu ignorei completamente. Fomos nos sentar em algumas almofadas ainda vagas e ali ficamos pelo resto da festa.

Conversamos sobre algumas besteiras e acabei contando que gostava dele há 2 anos. Meu queixo caiu quando ele me disse que também gostava de mim há certo tempo. Fato que, fiz uma anotação mental, me esqueceria propositalmente de contar as minhas amigas depois. Não estava com disposição de ouvir de Scott e Yulli coisas do tipo: “nós te avisamos”, “Viu? Se não fosse tão banana...” e “Perdeu 2 anos sem beijar porque é burra!”. A festa rolava solta. De relance dava pra ver o pessoal dançando, comendo, gritando, uns se agarrando e todos, literalmente, bebendo. Certa hora captei a imagem de Scott em cima da mesa, Yulli, Sam, Alex, Sarah e algumas outras meninas se esgoelando em volta dele, todas rindo descontroladamente. Ele dançava de palhaçada e ameaçava tirar a camisa, fazendo a gritaria aumentar. Acho que estava na hora de suspender o Whisky de fogo... Monn dava um show de equilibrismo, pois estava em pé em cima da lareira tocando aquele violão chato. Sei lá como ela conseguiu se manter ali, mas dizem que Merlin protege em dobro os bêbados... Eu não estava com a menor vontade de me juntar a bagunça que meus amigos faziam, por mais atrativa que fosse. Preferia, obviamente, ficar com o Remo onde estava. Tudo nele era fofo. Os olhos, a boca, o jeito de falar, o sorriso, principalmente o sorriso, era lindo. Sei que eu sou suspeita pra falar, mas e daí? Quem se importa!

Não fazia idéia de que horas eram. Já devia ser muito tarde, pois muita gente já havia ido embora, os únicos restantes alem de nós dois de fora da casa eram Sarah, Sirius, Tiago obviamente, Lílian, Scott que estava largado por cima de Yulli, ambos totalmente bêbados, Sam, Monn, Agatha, Alucard, Mirian, meu irmão George, Fabio Prewett e mais poucas pessoas da Corvinal. Já estávamos todos sentados juntos no sofá e poltronas do salão. Os poucos casais que ali estavam se mantinham o mais grudados possível, quando a passagem secreta se abriu. Todo mundo olhou automaticamente, pra ver quem havia voltado. Provavelmente alguém que esqueceu bolsa ou qualquer outra coisa. Com a mesma rapidez que olhamos, ficamos todos de pé ao ver Minerva McGonagall e a professora Sprout adentrarem o salão, com cara de pouquíssimos amigos.

Foi um sermão fenomenal. Praticamente um monologo, pois ela não nos deixou abrir a boca pra falar um A. Ouvimos por aproximadamente 25 minutos a professora fazer um discurso conservador, pra não mencionar tedioso, sobre a moral e os bons costumes e que deve se manter a ética na escola. Do jeito que ela falava, parecia que estávamos fazendo algo de errado. Era só uma festinha! Se ela soubesse quantas já aconteceram e das histórias delas... Remo apertava minha mão e fazia cara de cínico enquanto McGonagall falava. Tive que me segurar pra não rir, a situação já estava deveras critica sem eu soltar uma gargalhada no que deveria ser uma conversa, digo, monologo, sério. Sprout não disse uma palavra, apenas sacudia o dedo roliço em desaprovação.

As professoras saíram marchando de lá depois do sermão de McGonagall, ordenando que cada um fosse para sua casa. Estraga prazeres! Despedi-me de Remo com um beijo e ele saiu com os demais moradores além-Lufa-lufa. Scott e Alucard saíram se escorando, com Lílian Evans e Fabio Prewett ladeando ambos, caso caíssem. Foi quase que instantâneo. Seis mãos voaram na minha cabeça, bagunçando meu cabelo todo. Consegui me desvencilhar delas e voltamos a sentar no sofá, agora vazio.

YH: Loooou, to tão feliz por você amiga!
LS: Merlin Yulli, você está completamente bêbada.
AM: Ai, a festa foi maravilhosa, pena que acabou... Alguém sabe que horas são?
MF: Já são mais de 4 da manha.
YH: Mimi ficou nervosa... Será que foi por causa da festa ou porque pegou alguns se amassando aqui?
LS: Falando nisso, ela já deve até estar imaginando os climas das festas aqui, não?
AM: Parem de fazer pergunta difícil a essa hora da manhã!
MF: Acho melhor não estar! – Mark falou rindo alto
AM: Ai, minha cabeça dói...

Embora tentasse disfarçar, o imenso sorriso que ia de uma orelha a outra me denunciava. Parei para olhar meus amigos. Mark já estava sem camisa, brincando com os sapatos; Alex mantinha os olhos fechados e a mão apertando a cabeça, como se isso fosse fazer a dor sumir; Yulli estava deitada no sofá, suas pernas largadas em cima de Mark. Ok, não era uma dessas cenas que você registra e cola no álbum de fotos, mas ainda assim era a imagem dos amigos mais doidos e divertidos que tinha e que não mediram esforços pra que eu me entendesse de vez com o Remo, mesmo só tendo me empatado nas tentativas...

Alex abriu os olhos ainda pesados e subiu dizendo que ia dormir. Mark aproveitou a deixa para ir também. Fiquei ainda por lá mais uns minutos conversando com Yulli, até que paramos de lutar com o sono e fomos dormir. Mas acho que não iria conseguir pregar os olhos mesmo... Aquele com certeza foi meu melhor aniversário!

“I got arms that long to hold you
And keep you by my side.
I got lips that long to kiss you
And keep you satisfied, oooh”

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N.A.: Trecho da musica From me to you, dos Beatles.