Monday, November 21, 2005 Amores e Conflitos Do diário de Louise Storm RL: Deixe-me ver Lou. LS: Não. RL: Por favor? O que custa? LS: Custa ouvir você resmungar depois. RL: Não digo nada, prometo. Agora me deixa ver a foto? LS: Saco! Ta bom... Abri mais uma vez o envelope e lhe entreguei a foto. Era do ultimo final de semana que meus primos foram à praia e Julian havia me mandado para que eu conhecesse sua namorada. Tinha também uma menina ao lado de Brendan, mas ele não explicou quem era. Remo olhava para a foto dos meninos e me olhava em seguida, com cara de poucos amigos. Fiz um gesto impaciente e arranquei a foto da mão dele, guardando de volta na bolsa. LS: Satisfeito? Podemos ir agora? Não quero me atrasar pra festa da minha amiga. Sai andando pelo corredor e deixei-o pra trás, mas Remo logo veio me seguindo. Caminhamos em direção às estufas, local escolhido por Yulli para celebrar seus 16 anos e imediatamente aprovador por todos nós. Como ela conseguiu as chaves? Pegamos num momento de distração de Sprout, meu primo fez logo cinco cópias e me mandou de volta. Claro que tivemos trabalho para fazer a estufa ser a prova de som, mas estava tudo no esquema, sem chances de algum professor ouvir a musica alta. Já estavam todos lá quando chegamos. O tema da festa era brega, ou seja, estávamos todos vestindo roupas ridículas. Fui logo cumprimentar Yulli e em seguida Scott surgiu do meio das cadeiras me rebocando para o meio do povão para dançar. Embora Remo ainda estivesse de tromba, não me perdia de vista um segundo. Podia ver seus olhos me seguindo para onde quer que meu amigo me rodasse. Quando começou uma musica lenta, saímos da pista. Fui ate Remo, mas seu bico ainda estava plantado na cara e ele disse que não queria dançar nem fazer nada, que tava cansado e ia ficar sentado ali. Bom, azar o dele. Virei às costas e fui com Scott ate onde as meninas estavam. Gosto muito dele, mas tenho que admitir uma coisa: desde que começamos a namorar que não aproveitava tanto uma festa como essa. Estávamos todos felizes, animados com tudo. Alex tinha descoberto quem era o mascarado e era só sorrisos; Eu contava os dias pras férias de natal e apesar do emburrado, estava agitada; Mark estava solto, sem a namorada mala dele e parecia mais leve; Scott apesar de estar convivendo com seu maior pavor, estava empolgado com noticias que recebera da mãe nos últimos dias; Sarah estava menos estressada com Sirius e Melchior e só queria saber se curtir o namorado; Sam adotara a filosofia de não esquenta a cabeça com os NOMs, Josh ou qualquer coisa que a aborecesse e só queria dançar; E Yulli, bom, estava mais feliz do que todos, pois estava fazendo aniversário e tinha os amigos todos juntos na festa. Scott propôs um brinde a aniversariante e todos, incluindo Mark, erguemos nossas taças e bebemos. Mas ele parou por ai, ao contrario de nós. Acredito que brindamos Yulli umas sete vezes seguidas e então resolvemos dançar de novo pro álcool evaporar. Lembro-me de estar dançando com Mark algo que lembrava muito um twist desengonçado quando senti uma mão apertando com força meu pulso. Viramos os dois e demos de cara com um Remo mais bicudo ainda nos encarando serio e tentando a todo custo me arrastar pra fora da pista. Ainda resisti por uns minutos, mas já estava fraca por causa da bebida e acabei cedendo. Pedi desculpas ao Mark e ele assentiu com a cabeça rindo, indo dançar com Sam. LS: O que é? RL: Podemos conversar? LS: Agora? No meio da festa? Jura? RL: Você pode parar um minuto aqui? LS: Não posso não, é a festa da minha amiga e não posso fazer nada se você ta de birra. Não vou deixar de me divertir com eles por sua causa. RL: Não to pedindo pra você não se divertir, só parar de se exibir! Soltei meu pulso das mãos dele e voltei pra junto dos meus amigos. Continuei dançando com eles e às vezes captava a imagem de Remo sentado perto da porta, sempre bebendo alguma coisa. Hora ou outra Tiago e Sirius iam lá, mas não demoravam. Nunca o vi beber daquele jeito, devia estar realmente revoltado, mas não fiz nada. Não tenho culpa por ele estar se rasgando de ciúmes dos meus primos sem motivo algum. Se queria ficar de cara amarrada a festa todo, paciência. Já era tarde, acho que mais de 3 da manha, quando o vi saindo da estufa devagar. Ainda hesitei, pensei duas vezes, mas acabei indo atrás dele. Remo estava andando em círculos pelo gramado que cercava as estufas da professora Sprout e parou quando me viu, abaixando a cabeça. Aproximei-me devagar e parei em frente a ele, perguntando o que aconteceu. Ele só balançou a cabeça negativamente, ainda sem olhar pra mim. Levantei seu rosto à força e perguntei outra vez. LS: O que ta acontecendo? RL: Na verdade acho que nada. LS: É, nada mesmo. Sei muito bem porque você passou a festa toda com essa cara. Não confia em mim? RL: Claro que confio! LS: Pois não é o que parece... RL: Em você em confio, não confio neles... LS: O “eles” por acaso são Brendan e Julian ou você agora ta incluindo o pobre do Mark e o Scott na lista? RL: Só os dois primeiros. LS: Acho bom você começar a se acostumar, porque se pretende ficar comigo por um tempo longo, terá que conviver com eles nas férias. E já falei, é bobagem sua, pois nunca ia me envolver com nenhum dos dois. Eles são como meus irmãos, eca. RL: Ah, é que os garotos ficam me perturbando por causa disso, dizendo que tenho que abrir o olho com você... LS: Eles falaram isso? Belos amigos esses seus... RL: Desculpa Lou, eu exagerei um pouco. LS: Um bocado, mas eu também não facilitei muito ao ficar falando deles o tempo todo... Ele me puxou depressa pra perto dele e como estávamos ambos meio alterados, ele tropeçou e caímos no chão. Começamos a rir, eu ainda deitada em cima dele, e ele começou a me beijar. Eu já tava fácil e não me esquivei, ate que depois de um tempo sai de cima dele e deitei ao seu lado. Ficamos mudos, olhando para as estrelas. Os olhos de Remo pareciam entrar e sair de órbita. É, o primeiro porre faz dessas coisas. Ele me olhava meio tonto, como se fizesse força para focalizar meu rosto. LS: Que foi? RL: Eu te amo sabia? Olhei pra ele sem reação, era difícil dizer a expressão estampada em minha cara naquela hora. Ele nunca havia dito isso pra mim. Nós podíamos estar de pileque, mas eu sabia que Remo estava sendo sincero. Ele acariciou meu rosto devagar e me beijou outra vez. Totalmente perplexa ainda, me deixei levar pelo momento. ... |