Wednesday, November 23, 2005

Insônia

Do inferno astral de Scott Foutley

"Trabalho Semanal de Trato de Criaturas Mágicas

Aluno: Scott Valentine Foutley
5º ano – Grifinória
Profº: Aloísio Kettleburn

5º dia:

Tobias apresenta comportamento insano, mordendo as barras de ferro da gaiola quando não esta comendo ou dormindo. Tanta por diversas vezes no dia serra-las com os dentes afiados e rejeita as frutas que lhe são servidas. Perda de peso notável. A ausência de pêlos em alguns pontos do corpo é visível.
Alimentação: Pedaços de pergaminhos. Sapos de chocolate com muita dificuldade. Não tento mais oferecer alimentos saudáveis, visto que ele os cospe em mim.
"


Já passava da meia noite e eu não havia pregado os olhos ainda. Na tentativa de adormecer, peguei meu material de Trato e comecei a adiantar o relatório do dia, mas nem a matéria chata do professor Kettleburn ou a maçante revisão de Binns conseguia me fazer apagar. Meus companheiros de quarto roncavam alto, o que dificultava mais as coisas. Tobias estava pendurado de ponta a cabeça na gaiola, os olhos vermelhos arregalados me observando atentamente.

-Ta olhando o que, feioso?

Tobias mostrou os dentes pontudos e recomeçou a tentativa frustrada de serrar as barras. Peguei a gaiola do chão com a ponta dos dedos e abri a janela. Ventava forte, um vento gelado que cortava o rosto. Larguei a gaiola lá fora e tornei a fechar a janela.

-Quero ver exibir os dentes agora...

Silencio. O único som agora eram os roncos, Tobias finalmente se calara. Mas estava calado demais... Corri até a janela e ao abri-la, o morcego tava deitado no chão da gaiola. Coloquei-a para dentro outra vez e cutuquei o bicho com a varinha. Nada, ele estava mais duro que pedra. Ai Merlin... Matei o morcego congelado! Vou ser reprovado em Trato e obrigado a fazer a matéria de novo ano que vem! Tentando me lembrar rapidamente de algum feitiço útil, lancei um que encontrei no livro de feitiço. Uma pequena chama saiu da ponta da minha varinha, atingindo Tobias em cheio na asa direita. O morcego instantaneamente saltou da gaiola, em chamas. Como nada útil me vinha à cabeça, agarrei a jarra de água em cima da mesinha e joguei nele, apagando o fogo. Tobias parou de se debater e se recolheu no topo da gaiola, fechando as asas avariadas e escondendo a cara, revoltado comigo.

Bob, meu gato de estimação, assistia a tudo escondido debaixo da minha cama. Ele pulou no meu colo assim que deitei outra vez, mas ainda estava sem sono e tornei a me sentar na cama. Puxei o pergaminho novamente e pensei em escrever para mamãe. Escrevi para ela, para minha avó, para meu tio, minha madrinha, meu primo, para papai e nada de dormir. Olhei para a gaiola. Tobias ainda estava imóvel, provavelmente dormindo. Puxei a varinha e apontei para ele.

-Lumus!

A luz forte acertou Tobias e ele caiu como uma jaca no chão da gaiola. Sem saber que vassoura tinha o atropelado, ele tornou a se pendurar e fechar os olhos. Rindo baixo para não acordar os demais, tornei a atingi-lo com o feitiço. Tobias caia desajeitado e eu acendia a varinha repetidamente. Derrubei-o sete vezes. Quando ele levou o 8º tombo, grudou na grade da gaiola guinchando e se debatendo furioso, mordendo elas com força, sem se importar que elas pudessem partir seus dentes. Ele sacudia a gaiola tão violentamente que ela tombou, rolando pelo quarto e só parando quando bateu no pé da cama vazia de Alucard. O bicho estava irado. Pulava freneticamente, fazendo a gaiola saltar do chão. Meus colegas realmente têm o sono pesado, pois nenhum se moveu com a barulheira toda. Saltei da cama assustado e corri escada abaixo quando Tobias começou a bater as asas, pois tive a impressão que ele conseguiria passar pelas grades.

Estou agora sentado no sofá do salão comunal da Grifinória, sozinho, depois de congelar meu morcego, atear fogo nele e quase o cegar. Acho que vou dormir por aqui, quem sabe amanhã ele acorda mais calmo...