Monday, November 14, 2005 Morcego, morcego meu, existe alguém mais azarado do que eu? Do temores de Scott Foutley Desde que sonhei com aquele fatídico dia em que fiquei preso por horas num poço habitado por morcegos que não paro de ter visões com esses bichos nojentos. E como se não bastasse, Hilary resolveu me presentear com um bem parrudo! Mas não foi culpa dela, pois ela só estava seguindo um conselho da Alex de que eu adoraria ter um daqueles para criar... Alex já ouviu poucas e boas de mim. Por conta de sua brincadeira, a menina além de ter se passado por maluca, agora ta me evitando. Também pudera né? Deve estar morrendo de vergonha de ter feito com que eu atingisse a tonalidade do Nick Quase-sem-cabeça no meio do salão principal... Em todo caso, aceitei o bicho. A educação que tive diz que não se deve recusar presentes, mesmo que ele não lhe agrade em nada. Ainda não sei o que fazer com ele, mas o fato é que não tenho dormido direito com aquele dentuço gordo no dormitório. Me da uma aflição, parece que ele ta em mim... E nem tive a oportunidade de agradecê-la, já que ela corre toda vez que me vê! Caminhava distraído ate a bancada do professor Kettleburn para deixar meu relatório da aula quando ouvi um barulho de asas batendo freneticamente sob um pano preto. Quando ia puxá-lo para ver o que era, o professor pediu a atenção dos alunos e fui obrigado voltar para onde estavam as meninas. -Atenção, por favor, todos já entregaram os relatórios? Muito bem, então vou começar a explicar o trabalho para os próximos dias. Ele foi andando em direção ao pano e ao arrancá-lo, revelou diversas gaiolas prateadas, cada uma contando um morcego. Saltei de susto, largando meus livros e caindo sentado na grama. -Estão vendo essas belezinhas? Elas serão seu trabalho. Cada um deverá pegar uma gaiola e leva-la para suas casas. Durante uma semana vocês estarão cuidando deles como se cuidassem de si próprios. Vocês terão que alimenta-los da maneira adequada e observar seu comportamento. Quero relatórios diários sobre o comportamento do morcego e o que ele comeu no dia. Para quem não sabe o tipo de alimento correto, sugiro que comecem a abri o livro que compraram em Agosto. Turma dispensada. Não esqueçam de pegar seu morceginho antes de irem... Ótimo, só me faltava essa! Como se não bastasse ter o balofo dormindo do lado da minha cama, agora teria que levar mais um?? Corri ate o professor com a cara mais desesperada que consegui fazer e depois de ensaiar algumas lágrimas, ele me autorizou a estudar o meu próprio morcego. Sai da aula mais pálido que o normal e as meninas me perguntando como eu ia fazer. Elas pareciam animadas com o projeto estúpido e já começavam a dar nome aos bichos. YH: Ai olha como ele é fofinho? Acho que vou chamá-lo de dentinho! AM: Como você sabe se é macho ou fêmea? MF: O professor amarrou fitinhas nas gaiolas, Alex... LS: Vou chamar a minha de Fiona! SF: Merlin... Não estou me sentindo bem, vou direto pro dormitório. Vejo vocês amanha... Deixe as meninas e Mark pelo caminho e fui para a torre da Grifinória. Ela ainda estava vazia, os alunos provavelmente tinham ido jantar. Subi as escadas que levavam ao dormitório do 5º ano e ao abrir a porta, lá estava ele: peludo, gordo, dentuço e de olhos vermelhos me encarando, como se pudesse sentir meu medo. Atirei minha capa por cima da gaiola e me deitei. O bicho começou a bater nas grades, tentando voar no espaço minúsculo e retirei a capa com o pé. Fiquei sentado na cama olhando para o morcego e ele me olhando de volta. Puxei o material de Trato da mochila e comecei a rabiscar no pergaminho. Trabalho Semanal de Trato de Criaturas Mágicas Aluno: Scott Valentine Foutley 5º ano – Grifinória Profº: Aloísio Kettleburn 1º Dia: O morcego apresenta um comportamento anormal. Aparenta estar desenvolvendo características humanas ao demonstrar ler os pensamentos de seu dono (eu). Passa horas trancafiado em sua gaiola observando a movimentação do dormitório e quando estou por perto, fixa os olhos em mim, me encarando (está fazendo de novo, vou deixar esse bicho cego se ele não parar!). Apresenta sinais de rebeldia ao ficar se debatendo na gaiola quando está entediado. Talvez precise de um terapeuta de animais. Alimentação do dia: uma maçã, 2 penas e uma tampa de tinteiro. Dobrei o pergaminho com cuidado e coloquei-o dentro do meu livro. Pronto, 1º relatório feito, só restavam seis dias dessa palhaçada. O morcego estava me encarando de novo e agora mostrava os dentes pontiagudos, talvez sorrindo de deboche ou em desafio. Abusado, vai passar a noite no corredor se não parar! |