Thursday, November 24, 2005 Quarenta e poucos dias em pouco mais de cinqüenta linhas Do diário de Sarah Victoria Batland Hogwarts, 24 de novembro de 1976. Querido Diário! Ué, porque me olha com essa cara assustada? Não, eu não sou uma assombração. Continuo vivinha da silva, obrigada. Sim, eu tenho certeza disso. Só tirei férias de você por algum tempo. Onde eu estava? Estudando, oras. Eu faço alguma coisa nessa escola além de estudar, cumprir minha função de monitora e jogar quadribol? Ok, eu ainda lembro que tenho um namorado, não precisa fazer essa cara beijoqueira não. Vou relatar brevemente o que aconteceu comigo desde o dia do aniversário do Sirius. Claro que é brevemente, seu enxerido, você não vai ficar sabendo dos detalhes sórdidos não, nem vem. Sirius e Melchior brigaram, óbvio. Saíram os dois com olhos roxos e narizes ensangüentados daquela batalha ridícula, e eu não dei bola pra nenhum dos dois. Me poupe né, diário, não vem você também dizer que eu deveria defender um ou outro. Chantagem emocional comigo não funciona, e Sirius e Melchior sabem disso tão bem quanto você. Enfim, alguns dias depois Melchior me chamou pra conversar, e disse que não quer deixar de ser meu amigo, pediu desculpas por ter revidado a provocação do cachorrão, e prometeu que não vai se intrometer no meu namoro de novo. Estranhei um pouco, ele sempre foi tão preocupado comigo, e sinceramente, eu não entendo a raiva infundada que ele tem do Sirius. Mas, deixa pra lá. O cachorrão teve que cortar um doze pra ganhar uns beijos depois disso, ah, teve!! Que foi diário? Não me olha com essa cara conspiradora, você não vai conseguir me fazer sentir culpada. Acho que é isso que as pessoas lá na Dinamarca chamam de "greve de sexo". Não arregale os olhos, eu não fiz nada, sei muito bem me cuidar e sei também até onde posso ir... Sirius também parecia um cordeirinho manso nas semanas que se seguiram ao fatídico aniversário. Acho que ele finalmente percebeu que eu não gosto desse tipo de gracinhas e que não é bancando o fortão estúpido pra cima dos meus amigos que ele vai me conquistar. Já entendi que ele e Melchior jamais serão mutuamente tolerantes, então cada um que fique no seu canto. Desde que os dois não saiam rolando no chão igual dois rinocerontes novamente, tudo bem. Não vou deixar de namorar e nem deixar meu melhor amigo de lado só porque os dois se detestam. Isso é problema deles. Ah sim, você viu a Vallentynne, né? Minha linda morceguinha! Lição de casa de Trato das Criaturas Mágicas (e pelo jeito, não mágicas também...) Cuidei dela direitinho, comparado com os morcegos do Scott e da Alex, Vallentynne tem vida de rainha! Ela não engordou 10 quilos nem está necessitada de um tratamento psiquiátrico com urgência. Eu apenas enfeitei ela um pouquinho. Afinal, sou a herdeira da Dinastia Batland, então não posso ter animais de estimação feiosos. Por isso a Val é branquinha, com pêlo sedoso e usa dois lacinhos vermelhos nas orelhas, e sua gaiola tem uma almofada e algumas frutas falsas pra ela brincar. Não, seu lerdo, eu não ganhei um morcego branco não. Eu mudei a cor dela, entendeu? Já ouviu falar em varinha mágica e feitiços para colorir? Quer que eu desenhe?? Ah bom, assim está melhor. Eu gosto quando as pessoas (e as coisas) entendem rápido o que eu falo. Você sabe, não é meu caro diário falante, que eu odeio ter que ficar repetindo uma explicação... Que foi?? Tá curioso porquê?? Ah sim, você ficou sabendo do incidente Remo & Lou na festa das estufas? Quem te contou?? Aham, sei... as paredes em Hogwarts têm ouvidos. E os diários futriqueiros também, né? Ta bom seu inconveniente, eu conto. Mas vê se não espalha pra escola inteira, tá? Os dois amanhecerem nos jardins, abraçados e um tanto descompostos. É, eles resolveram dormir por lá mesmo. Estavam com as vestes totalmente amarrotadas e com uma bela ressaca. Lou jura de pés juntos que não aconteceu nada, que eles simplesmente dormiram por terem bebido um pouco além da conta. Já Remo diz que não lembra de absolutamente nada. Não que eu não acredite na Lou, ela é minha melhor amiga, e acho que se tivesse acontecido "alguma coisa" ela teria sentido, não? Pelo histórias que eu já vi nos romances trouxas, todas as pessoas sentem uma espécie de calor no baixo ventre bastante forte quando isso acontece. Eu tenho lá minhas dúvidas, achei a Lou meio estranha depois daquele dia... ela já enjoou duas vezes, embora ninguém ainda saiba disso. Tomara que seja paranóia da minha cabeça, meus amigos são muito jovens para serem pais... Agora chega, diário. Já falei mais do que devia! Ok, eu prometo que não vou ficar mais quarenta dias sem dar o ar da graça. Sei que sou linda e você me ama, obrigada. Mas eu preciso terminar meu relatório dos morcegos, o Kettleburn me espera... |