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Era o último dia antes das férias. Sarah terminava de colocar alguns livros no malão. Iria passar as festas na Dinamarca, com os pais. O incidente com Sirius ainda não havia sido resolvido, nenhum dos teimosos queria dar o braço a torcer. Sarah não havia deixado o rapaz explicar sua versão na tarde em Hogsmeade, e ele também estava determinado a não dar à garota o gostinho de destilar o veneno em cima dele. Depois de revisar seus pertences e ver que tudo estava organizado, a garota saiu da torre da Corvinal Em direção ao salão Principal. Era hora do almoço de dezenas de estudantes tagarelas já se encontravam reunidos em torno das quatro mesas devorando tortas de rins e coxas de peru. Sirius estava sentado entre Tiago e Remo, segurando a cabeça com uma das mãos e balançando o garfo frente aos olhos, entediado. Sarah o olhou de relance, e desviou o olhar quando passou em frente à mesa deles e o garoto virou o rosto para encará-la. Agiam como duas crianças birrentas. O baile de inverno seria à noite, e pelo andar dos testrálios, Sarah iria sozinha para a festa. Alguns passos, à frente, entretanto, a garota sentiu alguém segurar levemente seu braço esquerdo.

SB: Ei! Ah, olá, Harper.
SH: Como vai, Batland? Vai ao baile esta noite?
SB: Vou... er, quer dizer... não sei.
SH: Estive pensando... bem, toda a escola está sabendo do seu problema com o troglodita ali, e você é uma garota bonita demais pra ir ao baile sozinha. Você não gostaria de ir ao baile comigo?

Como posso te esquecer
Se tudo aqui me faz lembrar você
Nesse quarto a solidão
De um pobre coração

Stephen Harper era o apanhador da Sonserina. Um rapaz do sétimo ano, alto, forte, pele morena, cabelos arrepiados, olhos verdes e uma voz grave, mas ao mesmo tempo rouca. Apesar de sonserino, calculista e por vezes bastante frio, e mesmo sendo rivais no campo de quadribol, ele e Sarah toleravam-se com uma certa simpatia. O convite a pegou de surpresa, mas a garota percebeu que o antes entediado Almofadinhas agora tinha olhos e ouvidos bem abertos, e a fitava descaradamente, com cara de quem comeu e não gostou. Sorrindo por dentro, Sarah pôs no rosto seu mais belo e conquistador sorriso.

Que não entendeu o adeus
Quero você outra vez
E não aceito o fim
Diz, por favor, que vai voltar pra mim

SB: É muita gentileza de sua parte, Harper. Eu adoraria ir ao baile com você.
SH: Você não irá se arrepender, eu garanto! Vamos nos divertir muito! Estarei à sua espera, às 8 horas, no Saguão de Entrada, certo? Ah, e pode me chamar de Stephen!
SB: Ok, Stephen! Até depois.

O rapaz se afastou de Sarah, com ares de quem havia acabado de ganhar a taça do campeonato mundial de quadribol. Na mesa da grifinória, Black estava realmente furioso. Levantou-se em um pulo, e antes que Remo ou Tiago conseguissem detê-lo, ele já havia passado por Sarah e a empurrado sobre uma garota da Lufa-Lufa, e dirigia-se à mesa da Sonserina. Sentou-se ao lado de Danna Batland, e, sob a mira de olhares mortíferos, convidou-a para a festa.

Teu corpo é o mar reflete o luar
O amanhecer do meu despertar
Calor do sol que vem de você
O nosso amor, razão de viver

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Dez para as oito da noite. Saguão de entrada da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Sarah estava sentada no alto da escadaria de mármore. Usava um vestido branco que a deixava singularmente bonita. Harper ainda não havia chegado, e Sarah avistou Sirius entre os alunos que se dirigiam ao Salão Principal. Ele também a viu, sentada sozinha, e um sorriso irônico brotou no canto de seus lábios. Então subiu os degraus até onde a garota estava.

Meus amigos vão falar
Achar que sou romântico demais
Gosto de poder gostar
O que importa é ter você pra sempre

- O que faz aqui?
- Estou contando hipogrifos. O que acha que estou fazendo?
- Pensei que estava se divertindo nos braços daquele brutamontes. Mas pelo visto ele te deixou plantada, né?
- Brutamontes? Olha quem fala! Não que eu lhe deva alguma satisfação, Senhor Reinento, mas para sua informação, ao contrário de você, eu não vou passar a festa sentada de cara amarrada. Tenho uma excelente companhia, inteligente, agradável e bem humorada. Stephen, estou aqui!

Sarah acenou para o sonserino, que em poucos segundos venceu os lances de escadas que os separavam. Aproximou-se sorrindo.

SH: Você está encantadora!
SB: Obrigada, Stephen. Você também está muito bem.

Sirius olhava de um para o outro, incrédulo. Sarah não estava fazendo aquilo, não podia ser verdade. Stephen Harper ofereceu o braço à jovem, que sorriu delicadamente e o aceitou.

SH: Vamos, Sarah? Black, até a vista, espero que se divirta!

Sarah desceu as escadarias acompanhada pelo belo apanhador, que sorria deixando seus dentes perfeitamente brancos à mostra. Era, sem dúvida, um belo rapaz. O casal adentrou o Salão Principal, e Harper conduziu Sarah a uma mesinha próxima à pista de dança. Pegou duas cervejas amanteigadas e iniciou uma animada conversa, enquanto esperavam que os professores iniciassem o baile. Algum tempo transcorreu até que Dumbledore, com suas magníficas vestes roxas repletas de estrelinhas que piscavam, acompanhado pela professora McGonagall, saiu rodopiando pela pista de dança. Logo alguns alunos juntaram-se ao diretor, e Stephen levantou-se, beijou a mão de Sarah e a conduziu ao centro do salão. Sarah sentia-se como uma pluma ao vento. Stephen dançava muito bem, e a jovem estava extasiada. Nem percebeu Sirius e Danna sentados a um canto, ele com cara de velório, uma garrafa de whisky de fogo na mão, já pela metade, e duas completamente vazias caídas ao lado da cadeira. Ela, tentando em vão arrastá-lo para a pista. Danna esforçava-se para que os braços de Sirius envolvessem sua cintura e ele ficasse de pé, mas ele parecia alheio a ela. Frustrada, a menina tomou uma garrafa de whisky de fogo de uma bandeja e decidiu acompanhá-lo na bebedeira.

Quero você outra vez
E não aceito o fim
Diz, por favor, que vai voltar pra mim

Sarah e Stephen dançaram a noite inteira. Quando as músicas românticas começaram, ele a tomou nos braços e Sarah entrelaçou seus dedos aos dele. Ao visualizar aquela cena, Sirius reuniu as forças, levantou trôpego e saiu se arrastando por entre os casais que dançavam. Esbarrou propositalmente em Sarah e quase a derrubou, murmurou um palavrão e desapareceu pela porta de carvalho.

SH: Gênio do cão ele tem, não?
SB: Literalmente... Não liga pra ele não, daqui a pouco passa.

Teu corpo é o mar reflete o luar
O amanhecer do meu despertar
Calor do sol que vem de você

Assavam das quatro horas da manhã quando Stephen deixou Sarah à porta da torre da Corvinal. Despediram-se com um amigável abraço e votos de "Feliz Natal" e "até no ano que vem". Sarah estava feliz, com a consciência tranqüila. Alguma coisa havia mudado naquela noite. Das duas uma: ou Sirius entrava nos eixos de vez, ou o fim daquela história estava muito próximo. Ela não iria se preocupar.

Quero você outra vez
E não aceito o fim
Diz, por favor, que vai voltar pra mim

Era hora de dormir, o Expresso Hogwarts partiria bem cedo na manhã seguinte.


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N.A. A música citada é Romântico Demais, do Roupa Nova.