Tuesday, December 20, 2005 Enfim férias Do diário de Louise Storm Lar doce lar. Enfim estou em casa, depois de uma longa e cansativa viagem de trem. Não houve incidentes no trajeto de volta, apenas uma surpresa quando desembarquei, mas nada grave. Espero que Remo também pense assim... O que acontece é que meus lindos e nada discretos primos resolveram me buscar na estação de King’s Cross no lugar da vovó. Eles já estavam me esperando quando atravessei a barreira com George e Remo e simplesmente começaram a gritar quando me viram. Brendan e Julian vieram correndo na minha direção e saíram me carregando de lá, não deixando eu me despedir de Remo. Ele ficou olhando assustado, meio sem reação, e George ainda faz o favor de dar três tapinhas nas costas dele e dizer pra ele não se preocupar, pois eram apenas meus primos. Eu realmente espero que ele não fique com ciúmes de novo dos meninos. Cheguei em casa já rindo da situação, pois não havia mais nada a se fazer. Vovó havia preparado um verdadeiro banquete para receber os netos de volta em casa por uns dias e após nos empanturramos daquele tanto de comida, fomos para a varanda botar o papo em dia e fazer planos para as atividades do dia seguinte. A 1ª idéia que surgiu foi sairmos para uma pizzaria famosa de Londres. Nossos programas quase sempre são de comer, não entendo como não somos quatro bolas com braços e pernas. *************************** Passamos o dia dentro de casa, hibernando. Fazia um frio assustador na rua e a neve que caia atolou a entrada da casa, tornando impossível de alguém passar sem um trenó. Ao invés de passearmos, nosso dia se resumiu a jogar cartas e comer as porcarias que vovó botava na mesa em curtos intervalos de tempo, assim que percebia o prato esvaziando. Determinados a não deixarem uma marca nas cadeiras da sala e loucos para comer fora, Julian e Brendan pegaram pás e se empenharam a tirar a neve na entrada. Foram horas de trabalho suado enquanto Susan e eu ficávamos da varanda dizendo onde ainda tinha neve, mas finalmente conseguimos passar. Por volta das 20hs da noite nos esprememos no carro de Brendan e seguimos para Londres enquanto Julian ia buscar a tal namorada em casa. Para chegar a Londres foi uma aventura, pois Brendan tinha acabado de tirar sua carteira de motorista e a neve na estrada piorava a situação. Situação essa que se tornou critica quando ele começou a ir devagar com medo, fazendo uma viagem que normalmente dura meia hora se transformar em longos e cansativos 75 minutos... Quando conseguimos chegar à pizzaria Julian já estava lá com a menina e alguém que reconheci de imediato como o ser mais chato da face da terra: Fenton Armstrong, o amigo idiota de Julian. Tudo que eu mais detestava em alguém, aquele menino possuía. Ele tinha o dom natural de me tirar do sério só ao dizer “Bom dia”! Entramos antes que congelássemos e Julian me apresentou a namorada. Chelsea Hemingway era o nome dela e tratei logo de me sentar ao seu lado, no canto da mesa, correndo do Fenton. Passamos o tempo todo conversando e percebi rápido que ela era gente boa, super animada e maluca, completamente louca! Volta e meia uma de nós soltávamos umas risadas altas e ninguém entendia o porquê das gargalhadas. Do outro lado da mesa, Brendan, George e Fenton disputavam quem comia mais. Brendan ia rasgando o papel para não perder a contagem conforme os pedaços de pizza iam evaporando de seu prato, George bebia refrigerante para ajudar a descer e o mala do Fenton tentava acompanhar meu primo, mas em vão: se tinha uma coisa que Brendan fazia melhor que ninguém era devorar comida depressa. Eu tenho certeza que ele não tem suco gástrico no estômago, e sim acido sulfúrico! Nem Freud explica como ele come tanto e não fica satisfeito. Pra onde a comida vai?? Tudo corria muito bem, estranhamente bem, devo dizer, quando Julian tocou no inevitável assunto sobre meu namoro. Eles desataram a fazer piadinhas sem graças, daquelas que eu costumo fazer quando a coisa é com eles, e não tinha como impedir. George começou a contar historias embaraçosas minhas antes de começar a namorar Remo, mas parou assim que o ameacei com um garfo apontado pra ele. LS: Ta vendo esse garfo balançando? Ele ta louco pra aprender a voar, basta dar motivo! BS: Ora Louise, conta mais sobre ele, estamos curiosos! LS: Pra que? Pra dar mais assunto pra vocês pegarem no meu pé? Não, obrigado, prefiro que vocês fiquem sem saber nada. CH: Isso, não conta nada não Louise, eles são muito bobos. FA: Acho que você esta perdendo seu tempo com ele, devia estar comigo... SS: Como você é modesto Fenton... JS: Minha prima não é pro seu bico não, moleque! FA: A Chelsea é pro seu, porque a Louise não é pro meu? LS: Porque você é chato, só por isso! Meus primos começaram a rir, mas Fenton não se deu por vencido. Ele era um pentelho nato. Conheço aquilo faz mais ou menos uns 8 anos, só que de uns 4 pra cá ele adquiriu o péssimo habito de dar em cima de mim, me cantando 24hs por dia. Eu fuzilava Julian com os olhos e beliscava ele nas costelas sempre que conseguia, por ter me dado esse maravilhoso presente de boas vindas na nossa 1º noite de férias. Susan, Brendan e George riam abertamente das investidas frustradas dele e dos cortes que eu dava, tentando fugindo do assunto sem muito sucesso. FA: Se você saísse comigo, ia esquecer esse tal ai. LS: Ai meu pai, o que eu fiz pra merecer isso... FA: Que tal sexta? Podemos fazer o que você quiser... LS: NÃO! Eu não vou sair com você nunca, desiste! FA: Mas se você ao menos... LS: Não, não e não! Faz o favor de me esquecer, sai do meu pé! Você é uma mala! E-u-n-ã-o g-o-s-t-o-d-e-v-o-c-e! Pra sua segurança, mantenha certa distancia de mim ou eu não me responsabilizo pelos meus atos! Ninguém falou nada na hora e Fenton amarrou uma tromba do tamanho do próprio elefante. Mas o silencio durou pouco... Julian iniciou uma serie de gargalhadas ao constatar que eu tinha perdido a paciência de vez com Fenton e ria da cara do amigo. Os outros, vendo que Fenton não havia explodido com Julian, desembestaram a rir descontroladamente. Saímos da pizzaria algum tempo depois, entupidos de tanto comer e o mala foi logo se despedindo e correndo pra casa. Ele nem se atreveu a vir me dar dois beijinhos, acho que estava com receio de que eu cuspisse bolas de fogo nele. Assim que ele foi embora, belisquei com todas as minhas forças a costela de Julian, que gritou se contorcendo. JS: Ai, isso dói! Ta louca? LS: Doeu? Que ótimo! Isso foi por ter convidado esse chato! JS: Ora, ele nem é tão chato assim, é ate divertido! – falou rindo. LS: Olha bem pra minha cara e vê se ela se parece com a de alguém quem ta achando isso hilário??? Julian começou a rir e foi me empurrando pra dentro do carro dele, prometendo que não iria mais convida-lo para sair quando eu também estivesse junto. Acabei voltando pra casa com ele, dando um passeio por Londres para deixar Chelsea antes de voltarmos. No caminho de volta fomos fofocando sobre os últimos acontecimentos e pude contar a ele um pouco sobre Remo, enquanto ele me contava sobre Chelsea. Ainda paramos para tomar sorvete naquele frio todo antes de pegarmos a estrada para St. James. Quando conseguimos entrar em casa, já estávamos atualizados sobre a vida um do outro. Programação para amanha: piquenique na neve! ********************************** N.A.: Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência |