Saturday, December 31, 2005

Julgando meu próprio lugar

Do diário de Igor Kanne

Estava espantado, diante daquele imenso castelo. Então isso é Hogwarts? Pensei comigo mesmo. Como nunca nenhum humano pode ter encontrado algo tão grande e belo como esse lugar? A sensação que tive era de que aquele lugar me acalmaria. Todos meus medos estavam passando, pouco a pouco.

Corri em direção à porta, e logo fui empurrando-a para que abrisse. William Stroke me impediu no meio do caminho, dizendo que não entraríamos por ali. Não entendi muito bem o porque, mas concordei com o que ele me dissera. Fui acompanhando o caminho que ele fazia, agora dando a volta em torno do castelo, como se procurasse alguma outra entrada.

Ao mesmo tempo que ia seguindo aquela direção, também observava cada detalhe de Hogwarts, mas o que me chamara mais atenção foi uma luz que vi piscando da janela de uma das masmorras ali existentes. Logo após o último dos piscares, vi uma garota, que me encarava de longe. Ela parecia ter os cabelos longos e ruivos, e me parecia espantada, não entendi bem o porque. Mas observava-a com muita cautela, até que Sr. Stroke me chamou, e disse para apressar meus passos, porque havíamos chegado aonde ele queria me levar.

- Igor Kanne, te levei até essa outra entrada, porque Sr. Dumbledore gostaria de falar contigo. E por aqui você pode chegar mais rápido até a sala onde ele se encontra. Vamos, continue me acompanhando, que já estamos bem perto.

Sr. Stroke apontou a sua varinha para uma porta que parecia bem antiga e de madeira, dizendo Alorromora, e como em um passe de mágica a porta se destrancou. Continuei à segui-lo, agora por um corredor bem escuro, e comprido. Havia um tapete vermelho no chão, que seguia até o fim do corredor, ele era bem limpo e reto, como se tivesse passado um caminhão bem pesado por cima, alisando-o. Nas paredes haviam quadros, vários deles. O mais engraçado é que eles tinham vida, conversavam-se entre si, cantavam, pulavam e até se mexiam.

Enfim chegamos ao fim do corredor, Sr. Stroke, novamente em frente, abriu a porta e me falou para que entrasse, dizendo que Dumbledore, o diretor de Hogwarts estava ali me esperando. E que depois de minha conversa, ele me acompanharia até meu dormitório.

Entrei pela porta, e me encontrava em uma sala grande, redonda, cheio de luminárias vermelhas e verdes. Vi então um homem velho, de costas para mim, até que perguntei:

- Dumbledore? É o senhor?
- Ah, Igor Kanne. Nem te vi entrar. Venha, sente-se aqui nessa cadeira.
- Ah, obrigado.
- Você deve estar bem confuso com toda essa história, não é mesmo? Pois bem, quem não estaria?
- Na verdade eu senti um certo conforto, logo que pisei nos terrenos de Hogwarts. Mas queria que o Sr. me respondesse à algumas dúvidas. Posso?
- Você vai ter de me desculpar Igor, mas infelizmente agora preciso terminar algumas coisas. Pedi para que o Sr. Stroke lhe trouxesse aqui, apenas para olhar seu rosto e definir em que casa você irá seguir com os estudos daqui à adiante. Você deve estar cansado, não está?
- Sim, estou. Mas, casa? Como assim? Cada um tem uma casa?
- Hogwarts é uma escola de Magia e Bruxaria. Cada aluno que entra para o colégio no primeiro ano, é selecionado para uma das quarto casas aqui existentes. Na verdade essas casas são dormitórios onde os alunos ficam, se acomodam e vivem enquanto estudam aqui no colégio. Elas são definidas pelas características dos alunos. Portanto, agora iremos ver em qual das quatro você mais se encaixa, mas creio que até posso já imaginar...
- Pode imaginar?!
- Espere, não vamos dizer nada antes do resultado.

Dumbledore se virou, tirou sua varinha de seus vestes e disse em um tom de voz forte a palavra Accio. Logo pude ver um velho chapéu voando em direção de suas mãos.

- Igor, esse é o Chapéu Seletor. É ele quem defini em que casa você e sua personalidade mais se encaixam. Colocarei ele em sua cabeça, e veremos.

Nem perguntei mais nada, só esperei que Dumbledore fizesse o que fora dito. Colocando o chapéu em mim, comecei a ouvir uma voz, como se rondasse por dentro de minha cabeça. Essa voz começou a dizer:

“Alguns nem precisam perguntar
Outros demoram para se decidir
Mas uma cabeça como essa tua
Não há muito do que se duvidar”

O Chapéu Seletor falava de uma maneira como se estivesse cantando...

“Você tem um grande poder em mãos
Talvez esse valor que julga sua perseguição
Mas o que mais lhe conta aí dentro
São suas dúvidas que voltam sem parar
Qual caminho é o que você melhor se dará?
Sonserina poderia te dar o poder que você tanto esconde
Grifinória seria o seu próprio equilíbrio e paz.
Mas não consigo entender muito bem o que vejo em você
Tenho medo de errar, e nem você sabe por onde se guiar
Mas como em uma das quatro casas você deve estar
Sonserina, ah sim, esse é seu lugar!”

- Bem como eu previa! (cochichou Dumbledore) – Igor, creio que não temos mais o que descutir. O Chapéu Seletor é bem esperto, e se é a Sonserina que ele diz ser teu lugar, vá em frente. Espero que você se dê bem. Acho melhor você ir agora com o Sr. Stroke, ele irá te acompanhar até o seu alojamento. Descanse, porque amanhã será um dia bem puxado para você.

Terminei de ouvir Dumbledore falar, e acenei um sinal de “sim” com a cabeça. Eu ainda estava meio sem entender essa “disputa” que acabara de acontecer em minha cabeça pelo Chapéu Seletor. Sonserina, será que é lá mesmo que eu deveria estar?

Saí da sala e o Prof. Stroke me levou por outro corredor, outra porta, e várias assim, até chegar em uma sala bem grande, parecia a central, e com uma escadaria bem alta. Prof. Stroke disse que precisaria cuidar de mais algumas coisas, mas me falou como chegar em meu alojamento. Era só subir as escadas, seguir pelo primeiro corredor à direita, logo, apenas ir subindo e subindo até o sexto andar. E eu viria um quadro bem grande, que me perguntaria a senha. Dizendo-me a senha, o Prof. Se afastou de mim, e disse para não explorar o castelo por hoje, que eu deveria era ir descansar.

Segui o caminho em frente explicado pelo Prof. Subi as escadas, segui para direita, e fui carregando minha mochila e os matérias que estavam guardados dentro dela. Quando eu estava passando pelo corredor do quinto andar, achei ter ouvido algo sussurrar em meus ouvidos, e me virei para olhar para trás. Pude sentir um frio em minha barriga, e então no mesmo instante minha corrente de prata começou a vibrar e o anel se ergueu no ar, assim como da outra vez em minha casa. Eu sentia uma força me puxando para uma direção do corredor, oposto de onde eu deveria ir. Quando cheguei de frente para uma porta, o anel parou de vibrar. Fiquei encarando a porta, não sabia se deveria abri-la e nem como, pois parecia estar trancada. Até que ouço um ruído vindo de dentro da sala, e a porta se abre de uma vez revelando bem no feixe da mesma um rosto. O mesmo rosto da garota que eu vi mais cedo na masmorra.

Me assustei quando à vi, foi de surpresa. E parece que não fui o único, pois sua cara também foi de espanto. A porta bateu-se de uma vez, provocando um barulho estridente pelo corredor do quinto andar. Eu pensei em sair de lá, mas é como se eu sentisse que eu precisava ver quem era aquela garota. O jeito que ela me encarara na janela, e agora na porta, me deixava muito curioso. Resolvi então entrar. Empurrei a porta, e ela foi se arrastando pelo chão. Quando me dei conta, já estava lá dentro. A sala era bem escura, suja e pequena. Mas não havia mais ninguém lá. Fiquei sem entender, olhei para todos os lados como se procurasse a garota. Como que ela podia ter sumido assim? Não tinha outra saída. Quando vejo do outro lado da sala, uma janela. Corri até lá, e percebi que o ar estava mais frio naquele local da sala. E no vidro, com um susto, pude ver o formato de uma mão, como se marcasse na janela com o frio que aquela sala estava provocando. Tão pequena a mão, tão feminina. Me passou pela cabeça que aquela poderia ser a mão da garota que estava lá dentro. Toquei minha mão sobre a dela que estava marcada no vidro. Quando fiz isso, olhei lá fora, e percebi que estava na janela da mesma masmorra que a garota se encontrava quando me viu pela primeira vez. Era como se eu pudesse senti-la por perto, mas não conseguia vê-la. Por quê?