Saturday, December 17, 2005

Uma causa nobre, um amigo bêbado e promessas para as férias

Do diário de Louise Storm

Sábado finalmente chegou, ultimo dia na escola, amanha estaríamos todos embarcando no Expresso de Hogwarts rumo as nossas casas para as férias de natal. Estava com Yulli tomando café quando Sam entrou no salão irritada, falando muito rápido e gesticulando alucinadamente, chamando a atenção do resto dos alunos.

LS: Sam? Sam? Sam, calma, fala devagar, não estamos te entendendo.
YH: Senta amiga, você ta assustando o pessoal. O Nigel já ate se escondeu debaixo da mesa com medo de ser atingido pelo pão que esta prestes a voar da sua mão...

Puxamos Sam para sentar-se entre nós duas e ela parou de falar, respirando fundo. Em seguida olhou para a mesa da Corvinal onde Josh ria e conversava alto com seus amigos. Não foi preciso ela explicar, estava obvio que ele mais uma vez tinha deixado claro, mesmo sem intenção, de que ela era como uma irmã pra ele. Ela ainda contou um pouco do que tinha acontecido e depois seguiu com Sarah de volta a torre para terminar de arrumar as malas, desanimada.

Tinha que fazer alguma coisa, não agüentava mais ver minha amiga se estressando por causa dele. Ta certo que ele não fazia por mal, acho que nunca percebeu que ela gosta dele, mas já tava na hora dele sacar as coisas. Yulli concordou comigo que estava na hora de nos metermos nisso ou Sam morreria encalhada e começamos a pensar no que poderíamos fazer.

Levamos quase o sábado todo para pensar em algo, mas finalmente parecíamos ter bolado o plano perfeito... Combinamos com Monn, que era quem mais tinha contato com Josh. Ela teria que leva-lo até o armário de vassouras, com o pretexto de que Filch queria falar com ele. Uma vez que estivessem lá, Mark e Scott cuidariam do resto. Eu e Yulli ficamos encarregadas de Sam.

Faltava meia hora para o baile começar. Passamos na torre da Corvinal para buscar Sam, dizendo que precisávamos de sua ajuda para arrumar as coisas. Foi ela pôr os pés para fora que agarramos seu braço e a arrastamos até o armário de vassouras. Ela se debatia, sem entender o porquê de estar sendo arrastada, mas éramos mais fortes. A coisa toda aconteceu numa fração de segundos: Mark abriu a porta, Yuli e eu empurramos Sam para dentro e Scott a trancou.

SF: Nossa você foram rápidas!
LS: Obrigada. Josh já está aí? Ele nem tentou sair.
MF: Está cansado. Tem uns vinte minutos que o trancamos, mas há dez que ele parou de gritar.
SW: Louise, Yulli, suas retardadas! Tirem-me daqui! – Sam socava a porta
YH: Só vamos solta-los quando estiverem com tudo esclarecido.
LS: Vocês têm muito que dizer um pro outro.
SW: Já começaram a beber foi? Só to eu aqui!
SF: Não, Josh está aí com você.

Nesse momento, o rosto de Josh saiu do escuro e Sam gritou de susto.

JC: Boa noite. Acho melhor você desistir, porque parece que isso tudo foi planejado nos mínimos detalhes.
SW: Vou abrir isso, cadê minha varinha? Suas larapias, vocês pegaram minha varinha! – berrou ao se dar conta de que não tinha a mesma.
JC: Eles pegaram a minha também. Como eu disse: tudo muito bem armado.
SF: Quando parar de gritar, vai ver que aí no canto esquerdo tem uma cesta, com algumas comidas e suco. Caso vocês sintam fome, pois a porta só será destrancada ao amanhecer.
MF: Exatamente, e também tem dois travesseiros, pra quando o chão começar a ficar desconfortável.
LS: Nós já vamos indo ou vamos nos atrasar para o baile. Boa noite e não se matem.
YH: Odiaríamos ter que limpar pedaços de gente amanha.

Saímos rindo da porta do armário e refizemos o caminho pra Lufa-lufa. Ainda dava pra ouvir Sam urrando lá dentro.

SW: Eu vou matar aquelas duas quando sair daqui!
JC: Quer um biscoito? Ou suco?

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Já estava quase na entrada da Lufa-lufa quando esbarro com Remo indo para lá também, me buscar. Ele estava lindo usando terno e pareceu surpreso de me encontrar voltando também. Não tinha contado a ele da brilhante idéia que Yulli e eu tivemos por imaginar que ele não fosse aprovar o fato de dois alunos passarem a noite no armário de vassouras, sob a perspectiva de um dos professores os pegar lá.

RL: De onde você saiu?
LS: Ah, eu fui levar uma coisa pra Sam na corvinal, não achei que você chegaria antes de mim.
RL: Bom, não faz mal. Vamos?

Remo estendeu o braço e caminhamos para o salão principal, que tinha a decoração de costume, toda de gelo. Escolhemos logo uma mesa no canto e sentamos, esperando os professores tradicionalmente abrirem a pista de dança. Não demorou nada para Dumbledore entrar com uma professora McGonagall visivelmente encabulada pelo corredor de mesas, seguidos pela professora Sprout e o pequeno professor Flitwick, ambos acenando e sorrindo para os alunos que assobiavam e aplaudiam em meios aos risos.

Levantamos em seguida, assim que o diretor puxou dois alunos para dançar também e os demais seguiram o exemplo. Estávamos dançando animados no meio do salão quando Tiago passou por nós depressa, deu um tapa na cabeça do Remo e continuou andando, resmungando que era culpa dele. Intrigado, ele saiu me puxando atrás do Potter.

RL: Ei, qual o seu problema?
TP: Meu problema? Qual é o seu! Porque apresentou aquele nerd cabeludo pra Yulli?? – disse apontando para minha amiga, que dançava com Jeremy do outro lado.
RL: Ela tava do meu lado, queria que eu fizesse o que? E também, como ia imaginar que ele ia convidá-la pro baile?
TP: Você acabou com as minhas chances!

Tiago saiu batendo pé de perto de nós dois, revoltado. Eu não pude conter o riso, era engraçado ver Tiago Potter levando fora de uma garota, ainda mais quando a mesma é minha amiga. Remo me puxou de volta para o meio do salão e recomeçamos a dançar, quando Tiago parou ao nosso lado outra vez com a cara emburrada.

TP: Só quero saber uma coisa: quantos anos ele tem? É de que ano?
RL: Tem 17, é do 7º. Por quê?
TP: Quero saber as chances de apanhar dele quando for lá tirar satisfação.
LS: Acho que são grandes... Eu no seu lugar, ficava quieto. Yulli já falou que não quer nada com você.
TP: É... Ele é alto...

Remo sacudiu a cabeça e disse que iria ficar de olho em Tiago. Ao menor sinal de que ele iria lá caçar confusão, ele impediria. Mas continuamos a dançar e Tiago não parecia estar disposto a levar uma surra, então tratou de se sentar-se à mesa com a menina que tinha ido com ele e olhar feio pra eles. Parecia que ele não iria mais incomodar, já haviam se passado horas desde que ele se afastou, quando vejo aqueles cabelos desgrenhados obstruírem minha visão de Scott dançando com a fadinha dele.

LS: Você de novo? Não vê que ta sobrando aqui?
RL: O que foi agora Pontas?

Mas Tiago não respondeu. Ele piscava depressa e parecia estar com dificuldades de formas sentenças. Remo olhou pra mim impaciente e segurou Tiago na hora que ele iria cair. Ele estava completamente bêbado e aparentemente havia esquecido o par dele na mesa, pois a menina estava sentada lá com uma cara péssima.

TP: Ela me trocou por aquele bolha d’água... Por que aluado???
RL: Talvez por você estar bêbado feito um gambá...
TP: Eu vou lá, me solta! Vou bater naquele gigante, você me ajuda a bater nele?
RL: Eu acho que nós dois apanharmos não é a solução meu amigo. Vamos, vou te levar pra Grifinória. Lou desculpa, vou deixar ele lá e volto rápido. Prometo compensar você depois, ok?
LS: Sem problemas, não esquenta. Se fosse um dos meus amigos também socorreria. Leva ele embora antes que ele faça besteira e estrague o baile dos outros.

Ele saiu rebocando Tiago do salão e eu aproveitei para conversar um pouco com as meninas. Elas estavam sentadas numa mesa bem na beira da pista, observando a guerra de vontades de Scott e Snape, que não davam folga a seus pares, dançando sem parar. Hilary e Elizabeth tinham expressões cansadas e pediam clemência, imploravam para se sentarem um pouco, mas eles não deixavam. Queriam mostrar que agüentavam até o fim, tentando cada um matar seu par de tanto girar.

Quando Remo voltou, me chamou para dar uma volta pelos jardins decorados como o salão. Muitos dos alunos estavam por lá, principalmente aqueles que não eram adeptos da dança. Aquelas sensações esquisitas já haviam passado, tínhamos voltado ao normal finalmente. Sentamos em um dos bancos e ficamos conversando por horas, sem pressa de voltar para junto dos outros. Ele olhou no relógio depois de um tempo e viu que passava das três da manha. Levantamos depressa, acompanhando os últimos alunos que ainda resistiam ao sono. Scott e Snape ainda dançavam no salão, embora ambos fizessem isso em um ritmo bem lento.

RL: Amanha no trem você me passa o seu endereço em Londres, ok?
LS: Claro! Pretende me escrever nessas semanas?
RL: Não sei... Talvez, vou pensar ainda no seu caso... – disse sorrindo e me abraçando.
LS: Como você esta engraçadinho hoje... É bom escrever, viu? E quero o seu também.
RL: No trem te passo ele. Quem sabe eu não vá visitar você qualquer hora...

Ele sorriu e me beijou, voltando para a torre da Grifinória enquanto eu entrava no cafofo junto com Yulli, Alex e Mark, todos com sorrisos que iam de uma orelha a outra. Acho que foi unânime: esse foi o melhor baile até agora.