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Do diário de Louise Storm

-“Sabia que eu te amo?”

Aquelas palavras estavam martelando na minha cabeça desde que as ouvi pela 2ª vez de Remo. Não dormi a noite, meus olhos se recusavam a fechar, então passei boa parte da madrugada sentada na varanda do meu quarto olhando as estrelas e escrevendo cartas para minhas amigas. Susan levantou por volta das 8hs daquela sexta-feira e eu fingi que dormia quando vi que ela ia falar alguma coisa. Não estava com vontade alguma de conversar, muito menos de descer para tomar café e lidar com aquela atmosfera de fim de férias. Querendo evitar estresse por conta do meu mau humor, resolvi não sair do quarto.

Aquela sensação de que algo muito estranho esta acontecendo e o aperto que eu sentia estavam me incomodando muito, e mais ainda por não saber do que se tratavam. Sensação de que algo ruim vai acontecer... Todo ano, quando estou às vésperas de regressar a Hogwarts, fico esquisita. Quando estou lá, não quero sair. Mas uma vez que estou em casa, não quero mais voltar.

A porta do meu quarto abriu e Julian entrou, a trancando em seguida. Ele tinha os cabelos brancos de tanta neve e tinha um ar serio: algo raro no meu primo. Ele se sentou na cama de Susan e me encarou.

JS: O que esta acontecendo? Não vi você o dia todo.
LS: Nada, tinha algumas coisas pra arrumar, volto pra escola amanha.
JS: Louise, você ainda ta de pijama e já são quase 17hs! Alguma coisa aconteceu... Você sabe que pode me contar qualquer coisa não é?
LS: É, acho que sim...
JS: Então? O que houve? Foi algo com o seu namorado?
LS: Também...
JS: Ele fez alguma coisa com você? – disse já se levantando.
LS: Pode-se dizer que sim... Ah por favor, senta, não é nada disso! Na verdade, ele tem me balançado já faz umas semanas...
JS: Até onde eu sei, uma pessoa fica balançada por outra quando ainda não namoram... Explica isso direito.
LS: Ele... Ele falou que me amava, umas duas vezes, e eu...
JS: E você não disse o mesmo, não é?
LS: É! O que tem de errado comigo??
JS: Uh, não vamos entrar nesse assunto... – ele falou rindo.
LS: Ah cala a boca! – respondi lhe atirando uma almofada. – é serio!
JS: Não tem nada de errado com você, ao menos não nesse quesito. Não é crime não sentir o mesmo que ele.
LS: Mas o problema é que eu acho que eu sinto, só não consigo dizer! Sentiu o drama?
JS: É... ai complica. Mas ainda é normal. Algumas pessoas não têm tanta facilidade para se expressar, os outros que tem que entender e não ficar pressionando! – ele parecia irritado.
LS: Julian... Por acaso a Chelsea disse isso a você e você não respondeu?
JS: Pois é, bem vinda ao clube!
LS: Credo será que isso é genético? Porque eu tenho certeza que Brendan nunca disse isso a nenhuma de suas namoradas!
JS: Isso não é genético, relaxa. E Brendan não é exemplo pra ninguém.
LS: Então qual é o nosso problema?
JS: Olha, não esquenta com isso. Se você gosta dele do jeito que acha, uma hora diz sem perceber. Esquece que quando você menos esperar, sai. E outra: você só tem 16 anos, ta nova demais pra ficar se remoendo por causa disso.
LS: É você tem razão... Obrigada Julian!
JS: Viu? Não sou tão ruim assim com conselhos! Agora troca de roupa e vamos descer, pois Brendan, George e Susan se uniram contra mim numa guerra de neve, preciso de ajuda! E também tenho que levar você e meu irmão ao hospital antes que a noite caia.

Uma bola de neve estourou na janela do meu quarto e pude ouvir o grito dos três no quintal. Troquei de roupa depressa e desci com Julian. Depois de uma violenta batalha de bolas de neve, saímos rumo ao St. Mary’s Hospital. O que fui fazer no hospital? Ah, fui trocar meu gesso... Que gesso? Como que gesso? Não contei?? Cai tem três dias de ski, um lobo do mato atravessou meu caminho enquanto descia a rampa e me embolei com Brendan e o maldito lobo. Descemos os três rolando como uma bola de neve e nos chocamos com uma arvore. Sim, eu quebrei o braço e Brendan quebrou a perna. Fomos de lá direto pro ambulatório e depois pra um veterinário por desencargo de consciência, já que o bicho quebrou duas patas. Julian ia nos dar carona até lá hoje, pois nossos gessos estavam encharcados de tantas bolas de neve que bateram neles. Preciso chegar a Hogwarts o mais rápido possível para madame Pomfrey dar um jeito nisso com uma simples poção gosmenta. Não sei mais viver como trouxa muito tempo!