Friday, February 03, 2006

Mamãe virei um peixe

Dos piores pesadelos de Scott Foutley

Horário: 8hs da manhã
Local: Ala Hospitalar
Situação: Caótica


Acordei deitado numa cama na ala hospitalar, sem ter idéia de como tinha ido parar nela. Louise, Alex, Yulli e Mark estavam ao meu lado, me olhando temerosos. Quer dizer, Mark não, ele parecia mais ansioso. Presumi logo que ele não deveria ter culpa no cartório, estava ali por motivos dos quais desconheço mais que minha atual situação. Louise levantou e se sentou ao meu lado, puxando minha orelha e fazendo uma cara não muito animadora, encarando as outras duas em seguida. Alex olhou pra mim e deixou escapar uma exclamação triste enquanto Yulli parecia intrigada. Ok posso me desesperar agora??? Sentei depressa na cama passando a mão no rosto, mas não detectei nada de diferente nele pelo tato. Cacei então um espelho e tive que arranca-lo da mão de Alex, que insistia em escondê-lo. Minhas amigas fizeram uma notável careta quando consegui apanha-lo e leva-lo em direção ao rosto.

SF: AAAAAAAAAAAH! O QUE ACONTECEU COMIGO?
LS: Calma Scott, não precisa fazer escândalo.
SF: COMO NÃO? O QUE SÃO ESSES CORTES AQUI??? – falei desesperado apontando para os tais cortes atrás de minhas orelhas.
YH: São guelras, não cortes, fica tranqüilo...
SF: Ah sim, obrigado, estou bem mais calmo agora... PORQUE TENHO GUELRAS ATRAS DAS ORELHAS? TENHO CARA DE AQUAMAN? – falei já irritado por ninguém me dar uma explicação aceitável
MF: Calma Scott, as meninas podem explicar tudo. Uma pena não poder ficar pra ver isso, mas ainda preciso tomar café ou posso morrer...

Mark saiu rindo da enfermaria e encarei as três serio, cruzando os braços à espera de uma explicação. Louise então começou a contar tudo que aconteceu desde minha ultima lembrança, quando caminhávamos para a biblioteca ontem à tarde. Minha vontade era de voar no pescoço das três e torcer como se torce pescoço de galinha na hora do abate, mas elas pareciam realmente arrependidas e soltei apenas meia dúzia de palavrão antes de dizer que estava tudo bem. Madame Pomfrey voltou correndo atraída pelo meu sofisticado vocabulário e me deu alta, avisando que as guelras iam desaparecer em um prazo de uma semana. Até lá teria que me manter hidratado e sem estresse ou esforço exagerado.

AM: Ah Cott, não ficou tão feio assim... Você pode procurar nossos galeões perdidos no fundo do lago sem se afogar!
YH: Puxa é mesmo! Não foi uma boa idéia dançar naquela canoa na ultima festa de dia dos namorados...
LS: Não mesmo, perdi uns 5 galeões quando a canoa virou e minha bolsinha de moedas afundou!
SF: Que bom que vocês acham isso divertido...
LS: Tem que rir pra não chorar Cott!Nós já dissemos o quanto nos arrependemos... E também quantas caixas de bombons vamos comprar pra você na próxima visita a Hogsmeade, não?
SF: Sim, 8! E quero os sortidos, por favor...

Fomos direto para o salão principal tomar café e me sentei à mesa da Lufa-lufa com elas, pois não estava com humor de encarar perguntas dos meus colegas de casa. Essa manha o café parecia estar mais variado do que nunca, mas por uma estranha razão tudo que eu conseguia pôr para dentro era água... Será que é efeito das guelras? Sentia que ia começar a vazar a qualquer instante, então decidi seguir para a biblioteca e estudar o que não pude ontem graças às 3 sobrinhas do professor Pardal. Já estava lá há mais ou menos 2 horas e começava a ler os resumos de Transfiguração quando a Becky me cutucou com a pena.

RM: Scott...
SF: Hã? O que foi?
RM: Seus lábios... Eles estão mais brancos que uma vela! Estão quase com o Nick Quase sem cabeça!
SF: Como é??

Passei os dedos nele e os senti secos, pareciam cactos. Becky tirou um espelho da bolsa e apontou pra mim, que deixei escapar um grito de pavor. A pele ao redor da minha boca estava quase esturricada, como se eu estivesse exposto ao sol por horas sem me molhar. Larguei os livros na mesa e corri atrás de um bebedouro, mas quando se precisa de um, não se encontra. Alias, existem bebedouros em Hogwarts?? Atravessei o jardim depressa, já sentia minha cabeça rodar e tudo escurecer, como se fosse desmaiar a qualquer momento. Só via grama na minha frente, nem sinal de chuva. A ponto de entrar em pânico, me lembrei do imenso lago que consta nos terrenos da escola, disparando até ele sem nem olhar pra trás ou me preocupar com o que ou quem estivesse no caminho. George estava sentado perto dele e parei ao seu lado apoiando as mãos nos joelhos.

SF: Cadê?
GG: Scott, ta tudo bem?? Você ta pálido! – ele falou espantado
SF: Água... Cadê?? – falei com dificuldade apontando pro lago
GG: A água ainda está congelada, até semana passada nevava...

Maldito inverno! Maldita água congelada! Malditos alunos que patinam nesse gelo estúpido dos infernos! Tomei fôlego sabe Merlin de onde e refiz todo o caminho de volta, atrás agora do banheiro, onde eu sabia que haviam torneiras e nenhuma porcaria de água congelada nos canos da escola. Subi as escadas ligeiro, abrindo a porta do banheiro masculino quase que com um chute e fazendo um aluno do2º ano cair feio. Alucard lavava as mãos na única torneira que funcionava naquele banheiro e empurrei-o sem cerimônias pro lado, enfiando a cara debaixo dela.

AW: O que houve cara? Que sede é essa?
SF: Não é sede, é manual de sobrevivência se você tem amigas com parafusos a menos!
AW: Ah sim, Mark me contou o que aconteceu. Mas fora isso, está tudo bem não é?
SF: Sim, sim, descontando só o fato de que eu preciso sobreviver sem trauma há uma semana ingerindo água como um cavalo no deserto, ta tudo uma maravilha! – falei sentando no chão e respirando devagar, para não ter um colapso.

Lu ainda ficou me fazendo companhia ate ter certeza de que não desmaiaria e depois me ajudou a chegar até a biblioteca de volta. Ele me deixou lá e saiu, voltando em seguida com uma garrafa d’água laranja. Botou-a ao meu lado e disse que era pra carregar comigo durante um tempo, para não correr mais o risco de virar uma espécie de peixe em extinção. O laranja berrante era pra ter certeza de que eu não a perderia de vista. Agradeci pela garrafa e voltei minha atenção às revisões, folheando o livro de Transfiguração atrás do capitulo onde ensinava como transformar garotas em chimpanzés amestrados.