Wednesday, February 15, 2006

Quem ta solteiro levanta a mão

Do diário de Scott Foutley

Mais um dia dos namorados em Hogwarts. Mais um dia dos namorados sozinho... Não, não estou reclamando! Muito pelo contrário, gosto de ser solteiro, tem muito mais liberdade. E depois, antes só do que mal acompanhando, concordam? E parece que desde que voltamos das férias de natal tem mais gente que me apóia nessa causa, pois uma onda de desmanches assolou essa escola. Estão todos solteiros, até as improváveis Louise e Sarah terminaram seus romances com os marotos. A 1ª terminou o namoro justo ontem e embora diga que está tudo ótimo, que está muito melhor agora sem o Lupin no pé dela, sei que ela não está nada bem.

Tivemos nossas aulas normalmente, ou o mais normal que os eventos permitiram. O grêmio da escola, liderado pela Barbie Monn, teve a idéia de organizar um correio elegante e incumbiram os já atarefados elfos de circularem pelas salas trajados de cupidos para entregar bilhetinhos. Alguns alunos mais empolgados pediam para eles cantarem e suas vozes esganiçadas ecoavam pelos corredores. Louise olhava para os elfos com um olhar assassino e com receio de que minha amiga cometesse um elfocidio, grudei nela como um chiclete. Teríamos uma aula de Transfiguração fora do cronograma aquela tarde e seguimos para a sala de McGonagall. A turma do 6º ano estava saindo bem na hora que chegamos e a cara da Lou fechou quando viu o Lupin passando com seus amigos. Talvez o que tenha tornado a cena menos agonizante foi o fato dele também não estar com uma expressão muito animada.

Entramos na sala e fui atrás dela me sentar na ultima cadeira. McGonagall já entrou dando revisão sobre uns feitiços que fazem as coisas sumirem, mas foi interrompida por um elfo-cupido. Foi engraçada a cara da professora tendo que esperar o elfo ridiculamente caracterizado cantarolar uma canção melosa para uma aluna da Corvinal. O elfo terminou e os risos ainda nem tinham cessado quando um segundo elfo entrou desta vez entregando um bilhete para Sarah. Vi minha amiga corar muito e mais elfos entraram enfileirados. Um deles parou ao nosso lado e ao estender a mão para Louise pense: “pobre elfo, vai virar churrasco!”. Ela pegou o coração da mão dele espantada e arregalei os olhos para ela, esperando o ataque ao elfo.

SF: De quem é? – perguntei receoso.
LS: Do Bright...
SF: Não vai abrir?
LS: Não.

Louise triturou o coração sem nem ler e jogou os pedaços mutilados no chão, olhando com aquele mesmo olhar assassino para o Sonserino. Depois disso nem me atrevi a tentar tocar outra vez no delicado assunto, obvio. Vi o Dashwood olhando com cara de cachorro faminto e ele fez menção de se aproximar, mas acho que desistiu ao ver que levaria um fora bem dado se chegasse perto. Depois da 8ª interrupção McGonagall trancou a porta, colando um aviso do lado de fora que proibia a entrada de criaturas mágicas durante o resto do dia. O restinho de tarde passou depressa e logo a noite já caia, indicando que o pequeno baile organizado pela escola estava prestes a começar. Depois de me arrumar, sai da Grifinória direto para a Lufa-lufa. Esperei alguns minutos e vendo que Louise não ia sair, aproveitei que um garoto do 7º ano passava e entrei. Mark estava terminando de se pentear no salão comunal.

SF: Hei Mark, viu a Lou?
MF: Ta lá em cima ainda... Acho que ela não vai não Scott.
SF: Ah, mas é claro que ela vai! Hei você! Faz um favor e chama Louise Storm pra mim? Dormitório do 5º ano!

Uma menina loirinha do 2º ano subiu as escadas e minutos depois Louise apareceu, sorrindo desanimada. Arrastei-a pelo braço até o salão comunal e após uma pequena discussão onde eu disse por que ela iria ao baile e por que iria se divertir muito, saímos. Havia corações por todos os lados no salão principal e os alunos já estavam espalhados nas mesinhas redondas. Nos acomodamos na mesa de Alex e depois de um momento de tensão, me vi forçado a relatar meu momento aquaman para descontrair os carrancudos. Mas certa hora eu enjoei, aquele excesso de coração de espuma e olhares dementes estava me irritando. Levantei da mesa e estendi o braço à Lou, que o segurou sem contestar e saímos do salão em direção aos jardins.

LS: Para onde estamos indo?
SF: Você veio comigo ao baile, eu sou seu par hoje e lhe prometi uma noite divertida. Tem glicose demais naquele salão, aqui fora está melhor.
LS: Você não precisa fazer nada Scott, basta me fazer companhia.
SF: Não, nada disso. Já falei que você é minha acompanhante. Só não espere que eu a beije sabe, não confunda as coisas. Fora que você pode se apaixonar perdidamente por mim...

Louise me deu um leve beliscão rindo e entramos em uma das gôndolas dispostas no lago. Éramos o casal mais incomum dali, pois éramos os únicos a não se agarrar. Peguei o remo e levei a canoa para o meio do lago, longe dos empolgados que se amassavam dentro delas. Pude ver Yulli e aquele russo, Sergei, em uma delas aos beijos e Alex e Logan em outra, mais contidos que os outros dois. Na tentativa de não deixar minha amiga se deprimir de novo, desatei a falar dos meus planos para as férias, onde incluía uma ida dela e de todas as meninas até a Suécia para agitarmos aquela casa enorme e vazia. Precisava descontraí-la para falar do que aconteceu ontem, Yulli era a única que sabia e se recusou a contar pros curiosos de plantão. Uma canoa encostou ao nosso lado e Mark saiu do escuro, sozinho nela.

MF: Não estou interrompendo nada, não é? – falou rindo, pois sabia que não tinha o que se interromper ali.
LS: Não, claro não, só estamos conversando sobre besteiras.
SF: Ta sozinho hoje Mark? O que deu em você?
MF: Ah cansei de namorar, o time de solteiros é muito mais divertido. Cheguem pra lá, vou trocar de canoa.
SF: Cuidado, não pula!

Mas era tarde demais. Mark tomou impulso e saltou para dentro da nossa canoa, a fazendo balançar violentamente e tombar, atirando nós três direto no lago. Até que não seria nada ruim ainda ter minhas guelras, mas quando elas parecem finalmente serem úteis, já sumiram. Desviramos a canoa tombada e com um pouco de dificuldade conseguimos subir novamente. Sentamos completamente encharcados nela e nos encaramos, caindo na gargalhada.

MF: Desculpa, não esperava por essa...
LS: Tudo bem, ao menos foi engraçado.
SF: Mas então Lou... Parabéns, você conseguiu!
LS: Consegui o que?
SF: Mais um dia dos namorados e você está solteira!
LS: Ah Cott, você é ridículo...

Mas ela não ficou chateada, muito pelo contrario. Louise começou a rir do meu comentário e sem que eu pedisse, contou toda a briga, desde a hora em que Mark pegou a mochila dela e seguiu para a biblioteca na frente, deixando-a com sozinha com Remo. Ela parecia se sentir bem melhor depois de desabafar e até ameaçou chorar, mas secou logo as lagrimas que iam cair e disse que não queria mais pensar nisso. Acatando seu pedido, Mark e eu começamos a remar pelo lago pelo meio das outras gôndolas, atirando água nas meninas quando passávamos perto delas. Tenho que admitir que apesar dos pesares, esse dia dos namorados foi um pouco melhor que o do ano passado, que só resultou em uma tremenda dor de cabeça no dia seguinte depois que decidimos afogar as magoas nessas mesmas canoas... Ao menos esse ano eu não vou acordar de ressaca!