Wednesday, February 01, 2006

Sleeping Beauty

Do diário de Louise Storm

YH: Esta pronta a experiência, Igor...
LS: Sim mestre... Está viva, está viva!
AM: O que está vivo?
YH: Droga Alex, quebrou a brincadeira!

Alex levantou do chão ofendida e tacou um livro em Yulli, que saltou em defesa na hora certa. Estávamos mais uma vez no banheiro do 2º andar e havíamos concluído finalmente todas as fases de preparação da poção. Ela estava lá, da cor descrita no livro e sem parecer venenoso. Restava apenas uma questão: quem serviria de cobaia para termos certeza que estava certa? Até então nenhuma de nós tinha se candidatado ao posto, mas todas concordávamos que alguém precisava experimentá-la antes do professor.

AM: E se pedíssemos ao Mark? Ele disse que ajudaria caso precisássemos...
YH: Não sei se a disponibilidade dele em cooperar inclui essa parte.
LS: E o Scott? Eu sei que ele é contra isso, mas e se não soubesse o que está bebendo?
YH: Sinto sua mente diabólica trabalhando com velocidade... Em que está pensando?

Expliquei a elas o que havia elaborado: rechearíamos uns bolinhos com a poção e faríamos Scott come-los, sem dar na cara. Alex correu até a cozinha e voltou 15 minutos depois com os braços recheados de muffins. Separamos alguns para nós mesmos comermos sem a poção e recheamos os demais, arrumando todos em uma cesta enquanto íamos para os jardins, onde sabíamos que Scott estaria estudando. Ele estava lá, no lugar de sempre, cercado por livros e pergaminhos. Chegamos já comendo os que não estavam recheados e ele levantou ao nos ver.

SF: Olá meninas... Já estou de saída, tem uns livros que ainda não revisei. Será que podem me ajudar aqui?
YH: Claro Cott, deixa que eu levo esses pergaminhos.
AM: Aceita um bolinho?
SF: Não obrigado, não estou com fome.

Seguimos até os corredores com ele, mas nada de Scott pegar o muffin. Alex saiu para falar com Alucard e continuamos insistindo. Já estávamos quase na biblioteca quando ele se rendeu ao cheiro e aceitou um. Olhei para Yulli apreensiva quando Scott mordeu o bolinho e nada aconteceu. Já pensava que a poção não havia funcionado quando escuto um baque forte. Paramos de andar e olhamos para trás assustadas. Scott estava deitado no chão, os livros que carregava espalhados a sua volta. Corremos até ele animadas, a poção havia funciona... Mas ele não dava sinal de que estava apenas dormindo. Foi aí que o pânico brotou. Cacei o pulso dele para ver se ainda havia algum, mas não pude sentir nada. Yulli abria seus olhos, levantava os braços, mas nada acontecia. As pessoas começavam a passar no corredor e olhar espantadas. Será que matamos o Cott??

LS: Temos que tira-lo daqui rápido, já ta atraindo a atenção desses fofoqueiros...
YH: Também acho... O QUE É? PERDEU ALGUMA COISA AQUI?
MF: O que aconteceu? É O SCOTT?? – Mark berrou ao vê-lo apagado no chão.
LS: Fala baixo Mark! É ele sim, ele desmaiou. Da uma ajudinha aqui!
MF: Melhor leva-lo para Madame Pomfrey, ela saberá o que fazer...
YH: NÃO! Quer dizer, ele só está fraco e estudou demais, nada que um cheiro forte enfiado no nariz dele não resolva...

Mark relutou um pouco, mas acabou nos ajudando a carregar Scott até a Lufa-lufa e não deixar que o ocorrido chegasse aos ouvidos da enfermeira da escola. Nunca imaginei que ele pesasse tanto, magrinho daquele jeito... Osso pesa, e pesa muito! Estávamos os três suando quando alcançamos à entrada do nosso salão comunal. Nunca fiquei tão feliz por não ser uma Corvinal ou Grifinória, pois não agüentaria subir sete andares carregando aquela carga. Deitamos Scott na cama de Mark, já que eles não podiam ir até o dormitório das meninas e Yulli correu até a cozinha para buscar panos molhados ou qualquer coisa com um cheiro realmente forte, voltando depressa até o quarto. Já havia contado a Mark o que aconteceu de verdade e ele ria, apesar da aparente desgraça.

LS: Dá esse pano aqui! – falei passando um pano encharcado no rosto de Scott
YH: Vai com calma Lou, vai afogar ele!
MF: Água não funciona, passa essa erva ai. O que é isso?
YH: Não sei, mas o elfo disse que é parecido com uma pimenta.

Mark esfregou o matinho no nariz de Scott, mas não funcionou. A única mudança ali foram nossas mãos, que ficaram vermelhas e começaram a coçar depois de tocarmos aquilo. Scott ainda dormia tranquilamente estirado na cama... Quer dizer, nós rezávamos para que ele estivesse apenas dormindo. Já fazia 2 horas que estávamos ali encarando ele, tentando de tudo para acordá-lo, mas ele sequer se movia. Mark e Yulli já haviam perdido a aula de Estudo dos Trouxas quando ela nos lembrou que teríamos aula da McGonagall em alguns minutos e que se três alunos não aparecessem ela iria querer saber o motivo, pois já bastava Scott que não apareceria na aula conjunta do penúltimo tempo. Deixamos ele lá quieto e saímos preocupados, mas conscientes de que não havia muito o que se fazer no momento.

Foi impossível manter a concentração. Enquanto boa parte da turma transfigurava magistralmente suas ampulhetas em ratos, os nossos estavam passando longe da perfeição. Meu rato não parava de cuspir areia e o de Yulli parecia sufocar, enquanto o de mark era na verdade um montinho de terra com olhos e um rabo. Quando os alunos da Grifinória e da Sonserina se juntaram a nossa turma para o aulão de Transfiguração, Alex percebeu que Scott não estava entre eles. Ela correu para se sentar ao meu lado e contei o que havia acontecido minutos depois que ela saiu para encontrar o Lu. Alex entrou em pânico e por sorte o restante da aula foi dedicado às revisões teóricas, como era costume no penúltimo tempo de sexta-feira, não deixando que causássemos mais nenhum acidente.

Transfiguração terminou e ainda tínhamos que encarar Trato de Criaturas Mágicas. Aquela aula nunca me pareceu tão longa e cansativa e o fator que ajudou a torná-la mais irritante foi que todos os alunos vinham perguntar se sabíamos por que Scott tinha faltado. Corremos daquele gramado feito balaços quando a sineta tocou direto para a Lufa-lufa. Devo ter derrubado uns três calouros na ânsia de entrar no dormitório e ver se meu amigo ainda estava vivo! Mark abriu a porta e o grito que soltamos chamou a atenção dos que estavam no salão comunal. Scott estava ligeiramente verde, com pequenas aberturas perto das orelhas. Me aproximei dele e passei os dedos nos cortes.

MF: Como ele se cortou??
LS: Não são cortes, são guelras!
YH: Guelras? Peixes tem isso, certo?
MF: Exatamente... Como brotaram guelras nele? O que tinha naquela poção?
LS: Nada demais, seguimos as instruções e nada no livro sugeria que guelras poderiam surgir como um efeito colateral.
AM: Que substancia faz a pessoa adquirir isso?
MF: Até onde sei só o guelricho...
YH: O que foi Alex? Você ta pálida!
AM: Ai gente, não me matem, mas acho que caiu um pedaçinho disso no caldeirão...
LS: O QUE? COMO?
AM: Calma, deixe-me explicar! Eu encontrei algo muito parecido com guelricho no lago esses dias e estava com ele no bolso quando preparávamos a poção. Não sei como ele caiu, mas não encontrei mais nada nas vestes quando cheguei ao dormitório. Deve ter caído quando fui puxar aquele vidrinho roxo pra vocês...
LS: Ai meu Merlin, e agora? O que vamos fazer?
YH: Primeiro, vamos manter a calma. Matar a Alex não vai resolver nosso problema, só aumentar eles! – Yulli falou fuzilando Alex com os olhos.
MF: Guelricho não é venenoso, então ele não corre risco de vida. Mas acho que agora teremos que leva-lo até a enfermaria, não tem jeito.
LS: Mark tem razão, não temos mais como esperar...

Erguemos Scott da cama ainda desmaiado e o rebocamos até a ala hospitalar. Madame Pomfrey soltou uma exclamação de horror quando entramos com um aluno quase verde e com guelras, mas dissemos apenas que ele havia bebido uma poção da aula que não funcionou quando ela nos indagou sobre o que ele tinha. Passamos a noite toda na enfermaria, ocupando as camas em volta dele. A enfermeira tentou nos expulsar, mas nos recusamos a sair e deixa-lo sozinho, ele não podia acordar lá, sem ter idéia de onde veio o Noitebus que o atropelou. Não consegui dormir a noite pensando no quanto ia me sentir culpada se ele não acordasse mais, com remorso por ter ido adiante com essa idéia maluca. Passei a noite em claro olhando para Scott esverdeado na cama ao lado dormindo tranqüilo e tentando descobrir como explicaria a ele no dia seguinte porque ele acordou na enfermaria, com guelras atrás da orelha. É definitivo: precisaria de um outro jeito de entrar no escritório de Slugorn sem assassiná-lo para isso!