Friday, February 10, 2006

T.P.M. - Tentem Perturbar Menos!

Do diário de Louise Storm

Mulher quando acorda naqueles dias é dose, pois você acaba descontando os problemas em quem não te fez nada. E normalmente é em quem você gosta mais. Acordei com o pé esquerdo naquela terça-feira, tava tudo dando errado. Na primeira aula não conseguia me concentrar e não acertei o que o professor pediu. Coisa que detesto já que não sou má aluna em poções. Depois consegui ganhar dever extra em História da Magia, acho que sou pioneira nesse quesito. Quando achei que nada podia dar errado em Herbologia, a professora Sprout vem me cobrar melhores resultados com o time de quadribol. Tava todo mundo tão atolado que os treinos não estavam fluindo. Sai da aula dela já de cabeça quente e encontrei Remo, pensando em melhorar meu dia. Teria sido melhor nem ter o encontrado, desse jeito não teria descontado nele meu stress. Estávamos parados conversando no corredor do 4º andar. Teria aula de Aritmancia dentro de alguns minutos. Tava tudo muito bem, até que Scott passou por nós entrando na sala e acenou para mim, dizendo que guardaria meu lugar. Remo deixou escapar uma risada irônica e olhei feio para ele.

LS: Qual o problema? Ta rindo do que?
RL: Não to rindo de nada
LS: Ta sim. E não é a primeira vez. Você ta rindo do Scott.
RL: Louise, você ta doida...
LS: Não me chama de maluca! Eu já notei a cara de desdém que você e seus amigos fazem pra ele, muito antes da gente começar a namorar. E já me enchi!
RL: Desculpa, não quis dizer que você é maluca. E não tenho nada contra o seu amigo, mas você já reparou que...
LS: Já reparei sim! – não deixei ele terminar a frase. – E isso não é problema meu, e muito menos seu. Alias isso não chega a ser um problema!
RL: Eu não faço cara de desdém! – disse ofendido. – Não tenho nada contra...
LS: É engraçado isso... – falei, soltando uma risada irônica.
RL: O que é engraçado?
LS: Vocês, grifinórios. Gostam de se fazerem de heróis, que apóiam tudo e todos, reclamam dos sonserinos que são preconceituosos, dizendo que eles deveriam tratar todos da mesma forma, mas, no entanto não é bem isso que vocês fazem. Vocês acham que são os melhores de Hogwarts, são até mais presunçosos que os sonserinos, fecham a panelinha lá dentro do Grifinória mesmo, ignoram o resto da escola.
RL: Ei, eu não fecho panelinha e nem me acho melhor do que ninguém. Isso que você ta falando também é preconceito sabia?
LS: Por favor, você ta querendo me dizer que se sente injustiçado? Você vem falar isso pra mim, que sou da Lufa-lufa? Como é mesmo que vocês falam? Ah sim, a casa dos panacas.
RL: Louise, eu nunca falei isso, juro. E não penso assim de nenhum Lufo, muito menos de você.
LS: Ta bom Remo, você até pode ser uma exceção, mas o resto da escola diz isso. E esse mesmo resto fala do Scott pelas costas dele.
RL: Eu não quero brigar com você, você ta nervosa. E ainda mais se o motivo da briga for ele.
LS: Pois pode se conformar, porque o “ele” a quem você se refere é meu melhor amigo e não gosto do que dizem e fazem com ele pelas costas.
RL: Você ta me confundindo com o Tiago e o Sirius. Eles que azaram o Scott e essas coisas. Eu mal falo com ele! A gente só comenta.
LS: E agora eu te pergunto: O que vocês têm a ver com isso?
RL: Nada oras, já disse que não tenho nada contra ele.
LS: Se não tem, para de implicar. Vocês ainda têm muito que aprender, antes de quererem dar lição de moral pro resto da escola!
Virei às costas pra ele irritada e entrei na sala sem me despedir. Remo ficou parado lá, sem saber o que falar. Scott e Sarah estavam me esperando. A maioria das meninas não fazia essa aula, diziam que era muita conta, então éramos somente nós três. Sarah me olhou assustada. Minha cara devia estar péssima. Sentei-me entre os dois e antes que eles pudessem perguntar o que tinha acontecido, comecei a chorar. Estava com raiva de mim mesma por ter brigado com ele sem razão. Sei que ele não gosta do Scott, mas ele realmente não tinha feito nada. Scott me perguntou por que eu estava chorando, mas não tive coragem de contar. Sabia muito bem que ele se magoava com os comentários sobre isso e fora que ia brigar comigo por ter dado ataque sem motivo. Ele se levantou para buscar uma água para mim e contei para Sarah o que tinha acontecido, antes que ele voltasse.

SB: Diz que você não fez isso...
LS: Fiz – falei batendo a cabeça na mesa.
SB: Coitado Louise, você nem deu chance a ele.
LS: Eu sei, eu sei. Depois eu falo com ele, mas não agora, vou acabar estourando de novo.
SF: Aqui Lou, bebe que você se acalma. – disse ele ao voltar.
LS: Obrigada Scott. Já to mais calma.
SF: Não precisa contar o que aconteceu, mas você sabe que pode contar com a gente né?
SB: Ela sabe e depois ela conta. Deixa-a respirar e organizar os pensamentos. – disse Sarah e eu fiquei grata. Ela também havia concordado que era melhor não dizer nada para ele agora. Não ao menos sem antes pensar no que dizer.
LS: Sim, depois eu explico direito pra vocês, aqui não da, tem muita gente.

Eles não perguntaram mais nada durante o resto da aula. Não me dei ao trabalho de abrir minha mochila, não ia mesmo copiar nada. Deitei a cabeça sobre as mãos e passei o resto da aula pensando em como contar a Scott o motivo da briga e como pediria desculpas a Remo. A aula nunca demorou tanto a passar. As palavras da professora Vector entravam e saiam da minha cabeça facilmente. A sineta tocou e saímos de sala. Remo estava parado lá fora, no mesmo lugar. Não sei se ele chegou a ir para sua aula. Ele veio até mim.

RL: Louise vamos conversar com calma.
LS: Eu não quero conversar com você agora, porque se tem uma coisa que não to é calma!
SB: Remo, agora não.
RL: Droga Louise, a gente precisa conversar e tem que ser agora!
LS: Já disse que depois a gente conversa. – puxei Scott pelo braço e sai arrastando-o pelo corredor. Remo reteve Sarah.
RL: Sarah, por favor, fala com ela.
SB: Falar eu falo, mas ela ta nervosa, melhor você não tentar nada agora.
RL: O que foi que fiz? Sei que não estamos bem, mas acho que dessa vez não foi minha culpa!
SB: Não foi você, ela já tava tendo um dia péssimo. Deixa ela se acalmar.
SF: Sarah anda logo.
RL: Tenta acalmar ela...
SB: Depois a gente conversa.

Sarah nos alcançou e entramos em outro corredor. Minha cabeça girava. Scott sugeriu que fossemos jantar logo, mas sentia que se ingerisse algo, colocaria pra fora em seguida. Disse que queria evitar perguntas (o que não deixava de ser verdade) e que iria direto para o dormitório. Isso me daria tempo de ensaiar o que diria a ele no dia seguinte, pois não poderia mais evitar o assunto. E fora que teria que encarar o Remo e conversar sério com ele. Ótimo, mais uma discussão e logo às vésperas do dia dos namorados... Mas a anterior não foi minha culpa, ele que resolveu dar ouvidos aos amigos retardados e me questionar as coisas. Agora é minha vez de falar sobre o quanto prefiro meus amigos a ele!