Friday, March 24, 2006

O que você quer ser quando crescer?

Do diário de Alex McGregor

Ela caminhava apressada... Não sabia aonde ia, mas sabia que tinha de chegar logo. Uma voz a chamava insistentemente. Não a chamava exatamente, apenas suplicava ajuda, qualquer ajuda. Estou indo, agüente firme eu estou indo... Ela sussurrava, enquanto seus pés descalços pisavam a grama gelada pelo orvalho da noite. Olhava ao redor enquanto andava, finalmente avistou a casa, encarapitada na colina. Parecia antiga, e quando uma nuvem se moveu, expondo a Lua branca e brilhante, ela sentiu um arrepio gelar-lhe a espinha. Respirou fundo e concentrou-se na casa. Logo, entrava pela porta da frente que estava só encostada. Sabia que era perigoso, mas não pode evitar atender ao pedido de socorro, que estava mais forte agora. Seus olhos viram rapidamente a degradação em que a casa estava, e seus sentidos se aguçaram...
Concentre-se em não ser vista. Só se revele a quem interessar...- repetia mentalmente as instruções da professora.
Seus passos não faziam barulho, subiu as escadas e viu uma luz no fim do corredor. Vozes eram ouvidas. Aproximou-se cautelosamente, levou as mãos às vestes, mas não encontrou sua varinha. Ouviu quando alguém disse Crucio e gritos de dor passaram a ecoar pelos corredores...
Aprontou-se para invadir o quarto, quando duas massas sólidas passaram por ela, e entraram no aposento. Gritos, vozes, feitiços e feixes de luz de um lado a outro. Homens mascarados fugindo...
Entrou no local e viu dois homens caídos, entorpecidos de dor e um homem agachado amparando-os. Dois mascarados estavam caídos ao chão; e do outro lado um homem ainda duelava com dois comensais. Era um homem maduro de olhos puxados; usava uma túnica chinesa, e tinha um longo cabelo negro, que preso numa trança. Teve a impressão que ele olhou em sua direção, mas ficou quieta não era a hora ainda. Logo o oriental sobrepujava um dos oponentes, e ele caía desmaiado, enquanto desviava dos feitiços do outro.
Olhou para o outro homem, e este lançava feitiços curativos nos homens que haviam sido torturados. Ele tinha os cabelos bem curtos, e uma barba por fazer no rosto. Parecia cansado, sua roupa estava um pouco folgada.
Seu coração falhou uma batida. Aquele homem era Kyle. Era ele que estava cuidando dos feridos. Ele tinha um brilho diferente nos olhos, estava muito concentrado em curar e não a viu.
Ouviu passos e sabia que os comensais estavam vindo. Eles precisavam sair dali...Por mais fortes que eles fossem, não agüentariam duelar com muitos ao mesmo tempo, e ainda resgatar os feridos.
Deixou a cautela de lado, revelou-se e disse:
- Saiam daqui agora, eles buscaram reforços...
- O que você faz aqui? É perigoso.- disse Kyle nitidamente em dúvida entre sorrir ou brigar.
- Alguém chamou por ajuda. E eu vim. - ela respondeu e olhou para o homem oriental que sorria para ela.
- Sua ajuda é bem vinda. Vamos Kyle, não podemos nos demorar.
- Mestre, ela não pode ficar aqui...- disse apontando para mim.
- Ela sabe o que faz... Vamos ou não haverá chance para nenhum de nós. - disse pondo um dos homens feridos em seu ombro, Kyle fazia o mesmo, mas não a perdia de vista.
Viu quando eles arrebentaram a parede com um feitiço e saltaram na escuridão. Ela ouviu o som de asas batendo, e soube que os homens estavam quase conseguindo escapar.
Só mais alguns segundos para eles fugirem...
Ela saiu porta afora dizendo alguns feitiços para retardar a aproximação dos comensais. Talvez tenha sido a surpresa, mas eles pararam ao ver uma garota em trajes de dormir, sem varinha dizendo feitiços para desarmar. Levantaram suas varinhas ao mesmo tempo e disseram juntos: Matem-na: AVADA KEDRAVA.
Os jatos de luz saíram de suas varinhas e encontraram o vazio.

**************

No dormitório da Lufa-Lufa
- COF, COF, COF...- eu tossia arquejante, acordando minhas colegas, que dormiam no quarto. Yulli e Louise pularam da cama e foram ver o que eu tinha.
LS - Ei Alex, o que houve? Você engasgou?
YH - Não diga que foi outro pesadelo com os NOMS...
AM - Não foi um pesadelo, foi...- não terminou de dizer, pois a professora Sprout, diretora de sua casa, entrava no quarto das meninas.
OS - Senhorita McGregor, venha comigo até a ala hospitalar. E vocês tornem a dormir, amanhã o dia será cheio, já vou avisando. - dizia enquanto puxava Alex com suas mãozinhas gorduchas, enquanto saíam pela tapeçaria.
AM - Eu estou bem professora, não foi nada.
OS - O professor Dumbledore, mandou-me tirá-la do dormitório agora. Pelo jeito, o treinamento da professora Beers, está surtindo efeito, você não está esgotada. Estou orgulhosa.
Chegamos na ala hospitalar, e encontrei Dumbledore com um roupão roxo cheio de estrelas, conversando com Endora e Madame Pomfrey, que ao me ver deu-me a poção revigorante que segurava.
AD - Recebi um aviso do mestre Khan, relatando a sua ajuda numa missão do Ministério, senhorita McGregor.
AM - Mas eu não fiz de propósito diretor. Sério, eu ouvi alguém me chamar... Não podia... Quer dizer, não consegui dizer não. - tentei me defender.
AD - Eu acredito em você. O Mestre Khan, relatou-me que um dos homens que eles haviam resgatado havia solicitado ajuda, através de seu poder de projeção, e ele e seu primo estavam próximos. Para ele foi uma surpresa, ver no local, uma bruxa menor de idade, tentando ajudar, mesmo sem saber como fazê-lo.
Olhei sem graça para o diretor. Droga, porque eu não me controlei melhor, devo ter prejudicado ao Kyle com o mestre dele e provavelmente a missão. Será que eles estão bem?
Dumbledore deve ter lido meus pensamentos, pois disse:
AD - O mestre Khan e seu discípulo agradecem sua ajuda para distrair os comensais, pois deu a eles tempo de sair do local em segurança. Todos estão bem e os feridos já foram para o St.Mungus.
Suspirei aliviada, enquanto tomava a poção com gosto de repolho que Madame Pomfrey me empurrava garganta abaixo.
AM - Posso voltar ao meu dormitório agora? Estou bem, juro. - o que eu menos queria era perder minhas aulas do dia seguinte, em observação na enfermaria. Ia deixar meus amigos preocupados.
O diretor olhou para a enfermeira, quando ela começou a falar que eu deveria dormir o resto da noite ali, e disse:
AD - Vá e descanse, vou saber se você não dormir. - disse com aqueles olhos azuis claros, que pareciam enxergar tudo.
A professora Sprout me levou de volta, e ao entrar no dormitório encontrei Yulli e Louise me esperando. Susan nossa colega dormia a sono solto, então contei baixinho para as meninas o que havia acontecido. Ao final Louise disse:
YH - Bem, pelo menos desta vez você está inteira.
LS - Er... Como está o Kyle? Continua mal humorado?
Comecei a lembrar de seu olhar de preocupação para mim, e disse:
AM - Estava um pouco abatido, meio magro até. Talvez não esteja conseguindo controlar a projeção, por isso seu ar cansado.
Conversamos mais um pouco e logo voltamos para debaixo das cobertas, e ouvi quando suas respirações assumiram o ritmo regular do sono. Fiquei deitada pensando no que havia acontecido e uma pergunta que meu avô sempre me fazia quando eu era criança se formou em minha mente:
O que você quer ser quando crescer Alexandra?
Antes desta noite eu responderia: Vou jogar quadribol e viajar pelo mundo todo, vovô.
Hoje depois do que houve, com certeza eu direi: Eu vou ser Auror.